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São Bernardo
São Bernardo
O Autor
2. Introdução ao tema:
Segundo romance de Graciliano Ramos, São Bernardo [1934] é uma das obras
mais expressivas da vertente regionalista do segundo modernismo brasileiro,
voltado, na ficção, para o questionamento social e psicológico, para o
desnudamento dos anacronismos de uma sociedade primitiva, violenta, pré-
capitalista. As mazelas e desigualdades do Nordeste Brasileiro foram o fermento
da retomada da atitude crítica do Realismo/Naturalismo, enriquecida com o
instrumental analítico das novas teorias sociológicas e psicológicas, e com as
conquistas do Modernismo de 1922. Graciliano Ramos construiu seu próprio
caminho e usou, com parcimônia, tanto a leitura marxista da luta de classes e da
mais-valia, como as invenções formais da 'fase heróica', desdobramento da
Semana de 22. Teve o discernimento de evitar os 'clichês' esquerdizantes da
época e se opôs ao 'à vontade', ao informalismo, que tentava mimetizar,
literariamente, o linguajar regional, a fala sertaneja.
Ao contrário, foi homem de esquerda, sem limitar-se a uma visão unilateral; foi
moderno, sem concessões aos 'ismos' e facilitações do Modernismo. Por isso, é
tido como o melhor escrito de sua geração.
3. Enredo
Paulo Honório não sabia muito de seus pais nem de sua infância. Lembrava-se
apenas de uma Margarida que vendia doces, a quem agora ele sustentava. Até os
18 anos trabalhou na enxada.
Depois de um tempo, cansado da antiga vida, resolveu morar na sua terra natal,
Alagoas, já tencionando apropriar-se de São Bernardo.
Quando o velho Padilha [ dono das terras ] morreu, Paulo criou laços de amizade
com seu filho Luís, logo emprestando-lhe dinheiro, tendo como garantia as terras.
Paulo acabou por tomar-lhe São Bernardo com escritura e tudo o mais. No ano
seguinte, Paulo teve que trabalhar muito.
Durante todo o tempo foi superando todos os obstáculos com meios lícitos e
ilícitos.
Tudo começou a funcionar como Paulo queria e ele se tornava cada vez mais
importante e respeitado. Alguns o criticavam, alegando que desejava possuir o
mundo todo.
Paulo Honório mandou construir uma estrada, uma escola e uma igreja. Recebeu
visita até do Governador. Depois mandou chamar Luís Padilha para ser professor
na escola.
Numa noite, foi visitar o juiz Dr. Magalhães com a desculpa de um processo que
estava em suas mãos, mas na verdade tinha interesse na filha do magistrado, D.
Marcela. Chegando à casa do juiz encontrou muita gente e, entre outras pessoas,
uma loirinha que o deixou impressionado, cuja tia encontrou mais tarde no retorno
de uma viagem. A partir daí passou a freqüentar a casa delas até que pediu
Madalena em casamento.
Madalena teve um menino. Completaram dois anos de casados. Daí por diante,
Paulo começou a sentir ciúmes de sua esposa. Tinha uma certa desconfiança de
todos os amigos. Observava o filho que nada tinha de parecido com ele. Ele só
queria saber se sua esposa lhe era fiel. Se fosse, ele a faria a mulher mais feliz do
mundo. A situação foi-se agravando. Paulo Honório desconfiava até do padre e
dos caboclos. Estava quase louco. À noite, ouvia passos e assobios que
acreditava serem sinais. Não dormia. Madalena, nas conversas, mantinha-se
serena. Só dizia que caso morresse de repente queria que dessem seus vestidos à
família do Mestre Caetano e a Rosa; e os seus livros ao seu Ribeiro, Padilha e
Gondim. Até que um dia se suicidou.
4. Comentário crítico