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De maneira aleatória e nada científica, pesquisei entre colegas, qual seria a escolha
de cada um deles para determinar uma “suposta” carreira militar. Mais da metade me
respondeu quase sem pensar: “-- General né, é claro! Que pergunta mais besta.”
Pensando pela visão econômica ou de status social, realmente esta pergunta torna-se
“besta”, pois o impacto que a patente General traz consigo é de longe maior do que a
de um Soldado. Isso, de forma alguma, desmerece a carreira dos soldados, que
morrem por sua pátria em linha de frente. Entretanto, o que muitos não medem é que
juntamente com a patente, vêm as obrigações e responsabilidades inerentes ao cargo.
Saindo um pouco do âmbito profissional e trazendo para a vida cotidiana, vemos que
tais “cargos” são desempenhados diariamente, não é algo fixo e rígido, é tão maleável
quanto à sociedade em que se vive. Ser general não exclui ser soldado, mudamos de
papel em várias ocasiões.
Das qualidades que um General deve ter, encontram-se: liderança, atitude, influência,
poder, respeito e temor. Siga esse raciocínio para o setor comercial. Seu chefe, por
exemplo, não necessariamente possui todas essas características, mas sem dúvida
alguma delas destacam-se nele. Já os soldados, devem possuir pelo menos uma das
seguintes distinções: garra, solidariedade com seus iguais, ambição e a necessidade
de aprovação ou auto-afirmação.
Se quiser parar de ler o texto aqui, não tem problema, a negação está dentro de cada
um de nós, parece balela, psicologia de chiclete, mas não é. A procura do objeto “a”
ou objeto do desejo aparece também, no meio profissional, o sentir-se realizado não
dura para sempre. O que não pode ser esquecido é que com a realização, vem a
cobrança e em consequência a angústia.
Por sua vez, o soldado deve apenas seguir ordens, ser obediente ao seu General, a
angústia coletiva já não o incomoda, neste espaço surge à garra, com o objetivo de
fazer algo imposto, que aparentemente é impossível de ser realizado, mas que pela
determinação do soldado realiza-se. Esperasse em troca a recompensa, seja ela um
bônus, um tapinha nas costas, um muito obrigado. E quando esse reconhecimento
não vem? E quando parece que ninguém nota o que foi realizado, após algumas
experiências deste tipo é que se cria a combinação de combustíveis responsáveis pelo
desejo de ser General, a impotência e a honra ferida. O soldado deve ter a capacidade
de lidar com a mudança de responsabilidade e cobrança, tomando cuidado para que
seu narcisismo não o torne um General pior do que seu antigo castrador.
Para se chegar ao patamar de General, deve-se primeiro ter sido soldado, e ter feito a
OPÇÃO de se tornar um General. Sair do que era cômodo, mudar do que era
conhecido para o que esta por vir. A cada momento essa e muitas outras opção são
feitas no cotidiano individual; na faculdade; no trabalho; no meio familiar; entre amigos
e colegas; na sociedade. Basta apenas escolher ou até mesmo escolher não escolher.
“Não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito.”
William Shakespeare