Modelos com câmera e funções de áudio ganham popularidade, e desbancam a oferta de
aparelhos mais baratos
BEATRIZ CAMARGO
Há algumas semanas a assessora de imprensa Fabiana Albuquerque ficou
temporariamente incomunicável. Seu telefone celular ficou mudo após uma queda e mediante o problema ela chegou a pensar que teria que abandonar o aparelho adquirido há apenas seis meses. “Felizmente ele voltou a funcionar de uma hora para outra, mas já estava até pensando em qual modelo escolheria. O novo celular teria que ter, no mínimo, outros recursos que o meu aparelho não tem”, comenta. Entre os aparelhos disponíveis na sua operadora, ela diz que escolheria um modelo com câmera digital de maior resolução e armazenamento de música (mp3 player), cujo preço se aproxima dos R$ 1.500. “Gosto de telefones mais funcionais, que me permitem acessar a internet, tirar fotos, porque o celular é uma ferramenta indispensável ao meu trabalho”, diz. Devido ao alto gasto mensal com a conta de telefone, Fabiana pode utilizar o desconto oferecido pela operadora pela troca num aparelho novo, mas afirma que dificilmente compraria um modelo de valor tão alto. “Eu não teria coragem de gastar muito dinheiro na compra de um novo. Com o valor de um celular sofisticado posso, inclusive, comprar uma moderna câmera digital”, acrescenta. Enquanto os telefones mais modernos - e conseqüentemente mais caros - invadem as prateleiras, os modelos mais simples e baratos dificilmente são encontrados. “Perdi meu celular e precisei comprar um novo. Optei pelo modelo mais barato, mas tive que fazer uma grande pesquisa antes de encontrá-lo”, conta o auxiliar administrativo Júlio César Vieira. O aparelho, que custou R$ 99, quase foi preterido por um modelo que tinha também função de rádio FM, porém três vezes mais caro. “Acabei pesando que a compra era mais emergencial e que não poderia gastar além do previsto, mas fiquei tentado quando vi os recursos trazidos nos novos modelos”, afirma. Usados Os altos preços e a rápida defasagem tecnológica não colaboraram para o aumento na venda de telefones usados. Segundo Raí Rodrigues, que há 10 anos comercializa celulares, a procura por aparelhos de segunda mão não se alterou. “A procura por celulares novos continua maior. Na verdade grande parte dos celulares mais modernos que entram na troca não apresentam bom estado de conservação, afirma. A venda de usados também está comprometida pela falta de garantia do fabricante. “Os aparelhos com mais de um ano em uso ficam vulneráveis a defeitos”, acrescenta. O comerciante explica ainda que, mesmo com o aumento no valor dos celulares, sua margem de lucro diminui. “Muitas vezes reduzimos o preço para concorrer com as grandes lojas, que vendem o telefone parcelado em 10 vezes e com juros”, acrescenta.