Você está na página 1de 4

Nome: Simoni cristina Franquini 3° Periodo vespertino

O Existencialismo

A proposta é a de entender o Existencialismo como especulação filosófica que visa a


análise minuciosa da experiência humana em todos os seus aspectos teóricos e práticos,
individuais e sociais, instintivos e intencionais, mas acima de tudo dos aspectos
irracionais da vida humana.
Encontramos as origens do Existencialismo em Sören Aabye Kierkegaard (1813
-1855). Embora suas idéias filosóficas só tenham sido reconhecidas após a tradução de
suas obras nos anos de 1909/1922 por Christoph Schrempf, o sucesso de suas idéias
após a chamada "Renascença Kierkegaardiana" foi tanto que quase todos os autores da
época a ele fizeram referência.

Além da tradução, a situação histórica tornou-se uma aliada de Kierkegaard. A


primeira Guerra Mundial mostrou a vacuidade de todos os sistemas filosóficos para dar
conta de uma compreensão sobre a complexidade da problemática humana.
Favorecem a sua difusão:
· O fracasso dos grandes ideais humanitários, calcados no progresso, derrubando a
previsão do positivismo;
· O ambiente de insegurança e pessimismo ideológico gerado pela técnica e pela ciência,
que dá origem a uma angústia vital.

Esta filosofia apresentou aos vivos e sobreviventes as interrogações que lhes eram
pertinentes e próprias: qual é o sentido da existência? Da morte? Da dor? Da liberdade?
Do desespero? Da angústia?
O Existencialismo é uma filosofia que considera a existência como ponto de partida
para a sua reflexão.
Mas, o que significa existir? O que significa exatamente a afirmação "eu existo"? Será
uma simples experiência de fato da minha existência? Em que, então, o fato da minha
existência difere do fato da existência de outros seres animados ou inanimados? Será a
existência o fato primordial a partir do qual os outros fatos adquirem sentidos - o fato da
existência dos outros, da existência do mundo, da existência de Deus?
O fato da existência pode ser indubitável. Já o sentido e a interpretação da existência
não são únicos e indubitáveis, ao contrário, são diversos e diferentes.

Emmanuel Mounier em seu livro "Introdução aos Existencialismos" apresenta uma


classificação dos filósofos existencialistas, recorrendo à metáfora de uma árvore. Na
raiz da árvore estão: Sócrates, filósofo da Antiga Grécia fazendo apelo ao "conhece-te a
ti mesmo"; os estóicos gregos e romanos, enaltecendo o domínio humano de si próprio,
face às adversidades da vida e do destino; São Bernardo propondo um cristianismo
vivido e que leve o homem à sua conversão religiosa, face às sistematizações teóricas da
religião vigentes em sua época.
No tronco da árvore estão os filósofos franceses: Pascal, relembrando que o
desenvolvimento dado às ciências naturais havia feito esquecer o homem diante da vida
e da morte; Maine de Biran, mostrando que á preciso compreender o homem enquanto
uma unidade corpo-alma, refutando, assim, as filosofias dualistas ou monistas de tipo
sensualista. Está ainda o filósofo dinamarquês Kierkegaard, considerado pelos
historiadores como o pai da filosofia existencialista moderna, mostrando como a razão é
importante para, sozinha, justificar o sentido da existência humana; ela necessita de
Deus que vem em auxílio do homem que se encontra no abandono injustificado.
Encontra-se ainda, neste tronco a fenomenologia que, desde o seu fundador, o alemão
Edmund Husserl, toma como objeto principal da filosofia o projeto de constituição da
ciência do vivido, Erlebniz. Esta ciência difere das ciências positivas no estudo do
homem, pois nestas o homem é apenas considerado em seu aspecto factual e objetivo. A
ciência do vivido deve abordar o vivido nele mesmo, isto é, enquanto consciência,
subjetividade, corporeidade, historiedade e liberdade.
Do tronco da árvore separam-se dois galhos. Um que se desenvolve com os autores
de inspiração religiosa, influenciados direta ou indiretamente pela fenomenologia
existencial. Dentre esses autores citamos: Max Scheller, Karl Jasper, Paul-Louis
Landsberg, Nicolas Berdiaeff, Gabriel Marcel e o próprio Emmanuel Mounier. O outro
galho que se desenvolve com os autores que se afastam explicitamente das inspirações
religiosas: Jean Paul Sartre, Martin Heidegger, Maurice Merleau-Ponty, Jean Hippolyte,
Simone de Beauvoir, Albert Camus.

Existem alguns traços comuns em todos esses autores para que possamos agrupá-los
sob a denominação de existencialistas. Todos concordam que a filosofia da existência
seja a negação da filosofia concebida como sistemas da existência no que esta possui de
mais fundamental e concreto, os momentos vividos.
Todos concordam, também, que a existência não pode ser conhecida nela mesma como
um dado objetivo da ciência: o caráter essencial da existência é a subjetividade. Assim,
não se pode definir ou conceituar a subjetividade como faz a ciência natural. Só se pode
descrevê-la, apreendê-la e compreendê-la sob a forma de uma história pessoal, dirá
Kierkegaard, ou sob a forma da Temporalidade, dirá Heidegger.
Seguindo estas indicações podemos dizer que o existencialismo é um humanismo.

Seguindo a indicação de N. Herpin pode-se dizer que o humanismo existencial


aparece em duas vertentes. A primeira que se caracteriza pela "filosofia do absurdo"
com os temas, dentre outros, da angústia e da contingência. A segunda que se
caracteriza pela "filosofia da liberdade" com os temas do projeto humano e da vivência
de valores, dentre outros.
Vejamos o que significam estas duas vertentes:
1) A filosofia do absurdo - "se opõe às concepções clássicas que justificavam a
existência do mundo e do homem por uma razão imanente ou por uma providência
divina = noção de harmonia pré-estabelecida na própria natureza = cosmos". Aqui
citamos Kierkegaard.
2) A filosofia da liberdade - põe em realce as noções do projeto existencial e de vivência
de valores. Aqui citamos Sartre, homem = nada "a liberdade como condenação.
Heidegger, Dasein "facticidade e transcendência.

A verdadeira realidade é o existente, singular. E o singular que lhe interessa é o


singular homem, porque somente ele é verdadeiramente singular. Somente o homem
singular vale mais que a espécie, ao contrário do que acontece entre os animais, onde o
indivíduo vale sempre menos que sua espécie (vive por instinto). Somente o singular
humano tem consciência de sua singularidade (pensar é doloroso e é uma forma de
provocar a angústia), como ser eu em meio a todos? Chegou a desejar que por sobre a
sua campa se colocasse a inscrição: "aquele singular". Consequentemente a verdade é
subjetividade e bem longe de ser a "adequação da mente com a coisa" é a adequação do
objeto com minha subjetividade, com as mais profundas exigências do indivíduo que eu
sou e quero ser. Quanto mais passional minha ligação com a coisa, tanto mais
verdadeira. E quanto menos ela é evidente à razão, tanto mais certa. A realidade é
irracional por ser singular.

É por isso que ele se opunha à mentalidade de seu tempo que via no socialismo e no
comunismo a panacéia dos males da sociedade. O princípio associativo pode ter valor
em relação aos interesses materiais, mas é espiritualmente nocivo. Não pode haver
igualdade neste mundo como sonham os socialistas porque lhe é própria a
diferenciação.
E vocês sabem disso porque tentam unir homem e mundo enquanto vivência pessoal, na
tentativa de salvaguardar o indivíduo num mundo em que a sociedade não passa de um
conjunto de criaturas animais que se parecem com o rebanho - À sociedade importa que
cada um de nós seja como os outros" a clonagem é um fato. É considerado normal quem
aceita e se adapta aos padrões e valores comumente recebidos; um excêntrico e/ ou
rebelde quem os recusa e combate.

Para Kierkegaard o absurdo implica no distanciamento da subjetividade das


concepções que atribuem à razão o papel de realizadora de um sistema racional do
mundo. O indivíduo é uma subjetividade que não pode encontrar o seu fundamento em
nenhum sistema racional. A ética religiosa, que repousa na fé em Deus é quem pode
explicar o fundamento da existência humana. O absurdo é o "lugar do silêncio", ou seja,
o lugar de Deus, bem como a distância que há entre a subjetividade finita do homem e a
pessoa infinita de Deus.

No pensamento de Kierkegaard, Abraão é o exemplo vivo do herói absurdo. Sem


saber porque, Abraão oferece a Deus o sacrifício de seu filho Isaac. Mas, este absurdo é
revelador de Deus. Com efeito, no momento exato em que se daria o sacrifício, um anjo
aparece a Isaac sustando a sua ação. Deus reconheceu a fidelidade e o amor de Abraão
para com Ele, pois, na sua prova, seria capaz de sacrificar o seu filho bem amado Isaac.
É preciso lembrar, portanto, que a revelação de Deus não vem tranqüilizar ou
consolar o homem. Ela instaura o sentimento da angústia existencial. O homem
existente se prova na inquietação e na angústia existencial. O homem existente se prova
na inquietação e na angústia, como no exemplo de Abraão. Por isto é que Kierkegaard
define esta angústia como "síncope da liberdade". Assim, liberdade e angústia se unem
na existência. O homem é livre, em sua vida, para optar e escolher. No entanto, não há
opção sem angústia. Ao escolher deixo de lado outras coisas sem ter certeza de que a
escolha foi a melhor ou será bem sucedida. Quando escolho sou eu quem me escolho,
pois toda opção é feita em função de uma opção interior, pela qual eu julgo que irei me
realizar. No entanto, a escolha é um "salto no escuro". Não posso ter certeza a priori de
que a escolha é boa, como já disse acima. Mas esta escolha não é feita arbitrariamente.
Ela deve ser motivada pela busca da verdade.
A busca da verdade é a questão filosófica essencial, pensa Kierkegaard. Não se trata
de uma verdade abstrata ou formal. É uma verdade vital, verdade para mim, verdade
pela qual eu quero viver e morrer.
Neste sentido é que se diz que a verdade é vivida antes de ser objeto do juízo lógico.
Esta verdade é expressão do modo de existir autêntico que só a vida cristã, diz
Kierkegaard, é capaz de compreender, com tudo o que ela implica de angústia e
dilaceração.

O existir autêntico supõe compromisso e risco. Na minha vida concreta eu busco


uma verdade vivida, e esta vai expressar-se em meu comportamento cotidiano. Por isto
a verdade é fruto da ação e não de um pensamento teórico, segundo Kierkegaard. A
angústia existencial não leva o homem à solidão, ao individualismo, à
incomunicabilidade ou à doutrina da salvação e da redenção.
Este existir autêntico me faz buscar o singular, mas não acontece sem sofrimento.
Ninguém é ele mesmo sem antes querer sê-lo em sua liberdade. Daí a angústia porque
ninguém pode fugir a este sentimento que acompanha toda escolha.

A Condição Humana
A porta de acesso à condição humana é a experiência da angústia, nisto concordam
todos os existencialistas.
O que é? Sob o ponto de vista subjetivo, a angústia é uma experiência extremamente
intensa com uma nota emocional absolutamente peculiar. Nela misturam-se admiração,
espanto, terror, exaltação, náusea e sublimidade. O caso de Abraão, por exemplo,
demonstra espanto e sublimidade.
O objetivo da experiência da angústia é que diverge.
a) realidade da existência = angústia de ser = angústia do nada
b) particularidade ou individualidade humana = angústia do aqui e agora
c) liberdade humana = angústia da liberdade

Em síntese, angústia é desespero. E o homem só sai do desespero quando


orientando-se para si próprio, querendo ser ele próprio, o eu mergulha, através de sua
própria transparência, até o poder que o criou", (Desespero Humano). Deus não pode
estar numa realidade transcendente, mas em mim. Somos mais íntimos de Deus do que
de nós mesmos.

Você também pode gostar