Todos Os Amores Sao Impossiveis

TODOS OS AMORES SÃO IMPOSSÍVEIS
Poemas
2007
victor de almeida
Contato: victor_deltasantos@hotmail.com
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Do título
Todos os amores são impossíveis,
a eternidade é simplesmente longa demais.
Todos os amores são impossíveis,
pois a morte está em cada esquina
e a vida é um mundo solitário,
o coração labirinto,
floresta densa,
mar revolto.
Tudo o que sou, o que vejo, o que sinto,
é vida,
sou morte,
sonho perdido,
loucura.
Todos os amores são impossíveis
os amores são impossíveis
amores são impossíveis
são impossíveis
impossíveis
possíveis.
Novo amor
Só você e eu
neste mundo solitário.
Procurando um ao outro
e separados por uma distância intransponível.
Perdidos ao estarmos juntos,
cada um em sua solidão.
Mas como todos os amores são impossíveis,
nada disso tem importância,
é melhor estar sempre sozinho,
a contaminar-te com meus sonhos perdidos.
Ver desaparecer seu sorriso
e uma lágrima escorrer pelo seu rosto.
Eternamente
Era escuro,
canto escuro da cidade,
canto eterno da cidade
e no canto do canto
um triste menino sentado,
tão escondido,
que ninguém o veria
por toda a eternidade.
Mesmo que gritasse,
mesmo que chorasse,
ninguém o veria.
Mesmo que morresse,
mesmo que levantasse,
ninguém o veria.
Esperava sozinho
no escuro
alguém,
quem?
Sem esperanças
esperava.
Sem sonhos
esperava
e esperava
e esperava.
Era escuro
em um canto escuro do coração.
Ritmo
Sentou-se na minha frente
um gênio,
era negro,
velho,
nas mãos um Disco de Jazz
com sua foto na capa.
No coração
o ritmo,
a batida,
interpretada por seus dedos sofridos,
tirando música do nada,
da caixa.
O jazz do mundo,
a beleza do improviso,
que só ele escutava.
A tal ponto,
que quando ele pegasse o saxofone
tiraria o som do metal
e o ritmo da vida.
Solidão.
Eu preciso ver-te,
uma última vez,
uma última e eterna vez.
Eu preciso ver-te,
como se nunca a tivesse visto,
como se sua imagem nunca tivesse sido cravada na minha memória;
no meu coração.
Ver-te é encontrar a luz que me guia através da escuridão,
que me livra de toda tristeza.
Ver-te é minha última esperança,
meu único sonho;
meu último sonho que o mundo não conseguiu acabar.
Quero ver-te
olhar-te nos olhos,
tocar-lhe a pele,
beijar-lhe a boca,
mesmo que dure apenas o tempo da espuma que a onda trás do mar;
surge e desaparece.
Viver
Sonhar é morrer,
é o cessar das horas,
fugir do real.
Tudo o que você deseja
ja foi proibido
há muito tempo.
Vivemos sob regras,
normas, costumes,
todos negando a liberdade,
a felicidade.
Ninguém tem o direito de sonhar,
muito menos seguir seus sonhos.
Ter uma vida
comum, senil,
banal, falsa
é o nosso único direito.
Mar
É para o mar que eu vou
quando o mundo
mostra a outra face,
aquela face escura e cruel,
que sufoca,
faz sofrer,
faz chorar.
O mundo falso,
mas eu vivo pelo mar,
vivo para amar.
Uma nova ilusão.
Quando ouço sua voz.
Quando sinto sua pele
e vejo seus olhos.
Sinto no meu coração machucado
o quanto você é especial.
Onde você esteve esse tempo todo?
Os dias estão impossíveis,
tanto que eu preciso de um milagre.
Quando eu pensei que nunca mais amaria,
você apareceu de uma maneira tão doce.
E o meu destino irônico
tirou você de mim.
Um minuto.
Eu queria ter ficado,
eu devia ter ficado
mais um minuto com você.
Porém não fiquei,
fugi nas asas do vento,
para longe, bem longe.
Apesar de estar tão perto.
Eu senti teu coração
batendo,
pulsando,
por uma vida que não pude te dar,
afinal a felicidade não é minha,
apenas as lágrimas que escorrem das estrelas
me pertencem.
Seu amor não foi meu,
já que o amor é eterno
e isso é proibido para mim.
O eterno dura muito
e eu não tenho tanto tempo.
Minha vida é curta,
tão curta quando aquela noite fria
e aquele beijo que eu nunca te dei.
Mundo.
As esperanças há muito perdidas
são as borboletas que voam na memória,
junto com todos os sonhos de cristal,
que se chocaram com o chão da realidade
e cujos pedaços varri
com angústia e sofrimento.
Meu mundo é feito do fogo que forja o aço,
frio,
sem sentimentos,
sem forma.
Inteligível,
como o mistério da Morte.
O puro mistério,
onde correr é não chegar nunca,
desejar é perder o que se tem,
amar é estar-se eternamente só.
Um labirinto cuja única saída é esquecer,
renunciar à liberdade,
à perder-se em seus beijos.
Mas ainda resta a beleza,
A pura beleza.
Salvação
A esperança sempre é a primeira a morrer
e a verdade com o tempo virou mentira.
O canário do realejo fugiu,
agora vazio, continua tocando música.
O que é a vida se não uma eterna repetição?
Uma repetição de dores e amores.
Não vá fique mais um pouco.
Como eu queria acreditar,
que o mundo não é só ilusão,
crer que um dia você estará comigo.
Provar que a vida é possível.
Pensando bem, no final
tudo é solidão,
futilidade.
O canário do realejo foi morto,
porém ele continua tocando a música;
como a vida.
Simples
Só um pedido,
um que dure para sempre,
que nunca se quebre.
Apenas um pedido,
não um milagre,
afinal não acredito nessas coisas,
o paraíso existe?
Se existir deve ser longe
de mim.
Um
e não desejaria outro,
eternamente
pode confiar,
não sou político.
Não quero a riqueza
três vezes maldita.
Nem a eternidade,
já disse.
Dá vida não quero esperanças,
o tempo, deixe-o curto.
Não me restaram sonhos,
mas não faço questão.
Sem ilusões, ao menos uma vez,
primeira/(última?) vez.
Pense, não peço muito.
Apenas um pedido,
Apenas um milagre.
Cubatão
De dia
suas Industrias,
chaminés, fumaças.
Lugar onde o fogo eterno
queima nos céus,
onde os trens sempre estão cansados
e estruturas de metal cruzam-se,
unem-se
formando prédios inabitáveis.
De noite,
a surpresa do inesperado,
um infinito de estrelas
que se confundem com as do alto.
Como luzes natalinas
decorando a árvore do mundo,
celebrando um natal que dura o ano todo.
A beleza de uma cidade
mal compreendida,
entretanto na vida
não é preciso entender nada,
basta ver o outro lado.
De dia,
chaminés, fumaças
e sua alma escondida.
TODAS AS ILUSÕES/CORDEIS
Cordel do Baralho Sertanejo
Foi numa velha andança
que isso me aconteceu.
Jogado no solo seco
desde infinito sertão
estava o baralho
que o diabo perdeu.
O futuro de todos
nas pontas dos dedos,
nesse baralho cigano
a que muitos tem medo,
onde a magia esquecida
é reencontrada
nele enxergo o futuro,
o tudo, o nada.
Embaralho e corto,
girando na mão.
Retiro três cartas
e coloco no chão.
Sobre esse solo sofrido
que cobre o nosso Nordeste
do governo esquecido
e onde o povo padece.
Estando o trem do futuro
preparado pra partida,
viro a primeira carta
me deparo com a Vida,
só encontro seca e fome,
no sinal que a sorte deu,
de um povo acostumado
desdo momento que nasceu.
Na segunda carta
vejo a Fortaleza,
símbolo de um povo
cheio de destreza,
que persiste na luta
sempre com amor.
Nordestino é guerreiro,
mais forte que a dor.
Na última estava
o que eu esperava.
O esqueleto remando
o barco do além
levando as almas
sem saber donde vem.
Pois se soubesse, rezava uma prece
pela vida que esse povo tem.
E assim é esse mundo
entre a vida e a morte
um corte profundo
uma canção do Norte,
de um povo que apesar de tudo
tem uma fé forte
e acha que cada homem do mundo
faz sua própria sorte.
Benedito do cordel.
Em meio à correria do mundo,
um menino está parado.
Sem saber onde ir,
e sabendo que está tudo errado.
Seu nome é Benedito,
Benedito é sonhador.
Sonha ter o mundo inteiro,
só para esquecer sua dor.
É engraxate na esquina,
sonhando em ser escritor.
Escrever sobre a vida dura,
e seu contos de amor.
Amor que ele nunca teve,
pois todos sempre o deixaram.
Órfão de pai e mãe,
pois a morte os levaram.
Tenha pena do Benedito,
pensa ele todo dia.
Seu nome de Bendito,
e a vida quem diria!
Mais difícil que a de um sertanejo,
lá no interior da Bahia.
Seu teto é iluminado,
com o brilho das estrelas.
Sua cama recoberta
com asfalto e madeira.
Ele sonha em um dia,
ter uma casa para morar.
Sonho besta Benedito,
já é hora de acordar.
Vai trabalhar Benedito.
Sonhos não levam a nada
são apenas besteira
na cabeça colocada.
Para que sonhar
se sabe que em sua vida
nada vai se realizar.
-Tenha pena do Benedito.
Ele dizia
ao velho Lobo Alves,
dono da padaria.
-Vagabundo eu não ajudo,
vá trabalhar seu covarde!
Benedito saiu correndo
levando a caixa de engraxate.
Correndo sem direção
esbarrou em dois namorados.
Ela de olhos azuis,
ele falando enrolado.
“Inglês é língua de rico.”
Pensou Benedito confundido.
Não sabia se era inglês,
só sabia que nunca fora amado.
Esquece isso Benedito
que amor não existe.
É tudo coisa inventada
para te deixar triste.
Seu destino não é esse,
suas cartas foram dadas.
Por que está chorando?
-Eu queria uma namorada.
Benedito fora menino,
agora não é mais nada.
É vulto passando na vida
e responsável pelo sapato engraxado
dos doutores que andam na rua,
sem ligar para a vida obscura
que Benedito sempre levara.
Anos morrendo de frio
de fome, sede e solidão.
Fora uma bala
que lhe atingiu o coração.
Bala perdida ou não,
fora uma que o matara.
Seu corpo estendeu-se no chão
e a caixa de engraxate roubada.
E em seu enterro,
só havia dois presentes.
O que trajava uniforme
era o coveiro Bezerra Paixão.
E o que trajava luto
era um urubu errante
que passando naquele instante
teve pena no coração.

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TODOS OS AMORES SÃO IMPOSSÍVEIS

Todos os amores são impossíveis,

a eternidade é simplesmente longa demais.

Todos os amores são impossíveis,

pois a morte está em cada esquina

e a vida é um mundo solitário,

Tudo o que sou, o que vejo, o que sinto,

Todos os amores são impossíveis

os amores são impossíveis

amores são impossíveis

neste mundo solitário.

e separados por uma distância intransponível.

Perdidos ao estarmos juntos,

cada um em sua solidão.

Mas como todos os amores são impossíveis,

nada disso tem importância,

é melhor estar sempre sozinho,

a contaminar-te com meus sonhos perdidos.

Ver desaparecer seu sorriso

e uma lágrima escorrer pelo seu rosto.

canto escuro da cidade,

canto eterno da cidade

um triste menino sentado,

que ninguém o veria

por toda a eternidade.

Mesmo que gritasse,

mesmo que chorasse,

Mesmo que morresse,

mesmo que levantasse,

em um canto escuro do coração.

Sentou-se na minha frente

nas mãos um Disco de Jazz

com sua foto na capa.

interpretada por seus dedos sofridos,

tirando música do nada,

que só ele escutava.

que quando ele pegasse o saxofone

tiraria o som do metal

uma última vez,

uma última e eterna vez.

como se nunca a tivesse visto,

como se sua imagem nunca tivesse sido cravada na minha memória;

Ver-te é encontrar a luz que me guia através da escuridão,

que me livra de toda tristeza.

Ver-te é minha última esperança,

meu único sonho;

meu último sonho que o mundo não conseguiu acabar.

olhar-te nos olhos,

é o cessar das horas,

Tudo o que você deseja

Vivemos sob regras,

todos negando a liberdade,

Ninguém tem o direito de sonhar,

muito menos seguir seus sonhos.

Ter uma vida

é o nosso único direito.

É para o mar que eu vou

mostra a outra face,

aquela face escura e cruel,

mas eu vivo pelo mar,

vivo para amar.

Quando ouço sua voz.

Quando sinto sua pele

e vejo seus olhos.