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Introdução
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Tannenberg, mas eles possuíam ainda um forte exército e continuavam sendo
uma séria ameaça à Alemanha. Resumindo: a Alemanha tinha que se preparar
para uma longa guerra. Os aviadores alemães começaram então, a pensar
seriamente no desenvolvimento de uma força de bombardeiros, que pudesse
lançar bombas pesadas bem atrás das linhas inimigas, contra alvos vitais,
interrompendo a produção industrial de guerra, desmoralizando a população e
danificando a logística de apóio aos exércitos terrestres.
Com dois anos e meio de guerra, a Alemanha construiu uma poderosa força de
bombardeio estratégica capaz de infringir sérios danos à Grã-Bretanha. Além
do mais, a Alemanha montou uma força de bombardeiros, em ambos os fronts,
capaz de atacar uma variedade de alvos operacionais, força esta, acompanhada
de uma desenvolvida tecnologia. Entretanto, mesmo a mais impressionante das
armas necessita de uma certa explícita concepção de emprego para ser
utilizada com real efetividade. Durante os dois primeiros anos da guerra, o
Exército Alemão desenvolveu uma doutrina razoavelmente sofisticada de
emprego de sua força de bombardeio pesada. Durante a campanha de 1917 –
1917, contra cidades britânicas e francesas, a Luftstreitkräfe (Serviço Aéreo
Imperial) desenvolveu tecnologias e aprendeu lições táticas, que refinaram sua
doutrina durante os últimos dois anos de guerra. Ao final da guerra, o
Luftstreitkräfe havia maturado uma genuína força aérea moderna, com visão
estratégica de todos os aspectos da guerra aérea, incluindo a defesa anti-
aérea, o reconhecimento, o apoio aéreo aproximado e o bombardeio
estratégico.
A Doutrina de Pré-Guerra
Embora a arma de aviação fosse algo novo no exército alemão, ela havia atraído
um elevado números dos melhores e mais brilhantes oficiais, de todas as
patentes. Em 1911, mesmo após o primeiro acidente fatal com uma aeronave,
mais de 900 oficiais do exército se voluntariaram para treinamento de vôo.
Alguns talentosos oficiais do Estado Maior transferiram-se para a arma de
aviação entre 1910 e 1914, incluindo os Majores Hermann von der Lieth-
Thomsen, Wilhem Siegert e os Tenentes Wilhem Haehnelt, Helmuth Wilberg e
Hugo Sperrle. Quando do início da guerra, duas ou três dúzias de oficiais
generais já haviam ido para a aviação.
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Desde os primeiros dias de existência da arma de aviação, o Estado Maior
Alemão demonstrou grande interesse nas possibilidades de utilização do avião
como bombardeiro e como arma de combate. Com a criação de uma pequena
aviação em 1910, o Estado Maior tentou convencer o Ministério da Guerra (que
controlava o orçamento e realizava as compras) de liberar verba para a
expansão da arma. O General von Moltke, Chefe do Estado Maior, demonstrou
grande interesse nos experimentos de lançamento de bombas e de colocação
de metralhadoras em aeronaves. Numa carta a Inspetoria de Transporte do
Exército, datada de setembro de 1912, Moltke escreveu: Estou com muito
interesse em saber qual é a maior carga possível de ser lançada de uma
aeronave, em segurança. De 1912 a 1914, vários testes foram realizados, com
bons resultados, e o Estado Maior começou a lutar por um aumento do tamanho
da arma de aviação.
Uma vez iniciada a guerra, no outono de 1914, o Estado Maior Alemão teve que
desenvolver um plano estratégico de longa duração. O Estado Maior entendeu
que a Grã Bretanha era o centro de gravidade político e econômico das
potências aliadas. Embora a contribuição britânica, do ponto de vista de tropas
terrestres, nessa época, fosse relativamente pequena, seu enorme poder
industrial e financeiro eram a chave para manter os aliados na luta. Sem o
dinheiro e a industria britânica, França e Rússia não conseguiriam vencer a
poderosa Alemanha, numa guerra de longa duração. E mais, a Marinha inglesa
tinha capacidade de atacar os fracos aliados alemães, como por exemplo, o
Império Otomano. Além disso, a Grã-Bretanha era virtualmente invulnerável a
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ataques diretos. Assim sendo, a Alemanha tinha de encontrar uma maneira de
atacar o poder econômico e político da Grã-Bretanha, e essa maneira era
através da utilização do dirigível e do submarino.
No final do ano de 1914, Wilhelm Siegert, oficial do Estado Maior, que havia
servido na Inspetoria de Aviação e comandado um batalhão aeronáutico,
recebeu a aprovação do Alto Comando para criar uma unidade de bombardeiros
especial, que operaria, não como parte da força de aviação do exército, mas
sob supervisão direta do Alto Comando. A unidade, que recebeu o codinome de
Brieftauben Abteilungen Ostende (Destacamento de Pombos Correios de
Ostende), seria uma força de elite, baseada na recém ocupada Flanders, com
missão de bombardear a Grã-Bretanha, com aeronaves. Siegert rapidamente
recrutou um grupo de experientes pilotos, que inicialmente voaria uma
diversidade de aeronaves monomotores de reconhecimento, capazes de lançar
pequenas bombas. No mar, a marinha utilizaria sua pequena força de
submarinos na tentativa de bloquear os portos britânicos e deter a economia. A
esperança alemã era que, a Inglaterra, que tinha muito menos a perder com a
guerra do que a França ou Rússia, poderia abandonar a causa Aliada quando
colocada sob ataque aéreo e marítimo.
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A Marinha, por sua parte, possuía uma diferente visão do dirigível, pois ela o
apreciava principalmente pelo grande raio de ação, que o tornava um excelente
equipamento para escolta de comboios.
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operação de dirigíveis. Enquanto a Marinha aguardava a chegada de novos e
maiores dirigíveis, eles treinavam os homens e testavam uma variedade de
bombas a serem utilizadas, o Brieftauben Abteilungen Ostende realizava seu
primeiro ataque do ano, ao realizar operação contra Dunquerque, utilizando
aeronaves lideradas por Siegert e lançando 123 bombas. Nesta mesma época, o
Alto Comando autorizava a criação de uma força de bombardeio estratégica, a
operar em Metz.
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dirigível era capaz de triangular seu rumo e determinar sua posição com
exatidão. Esta foi a primeira utilização do rádio, como mecanismo de
determinar a posição de uma aeronave.
Rumpler
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pouso, atuavam como balizas luminosas, e uma série de luzes vermelhas,
radialmente a pista, indicava a direção do vento. Eles também possuíam pistas
iluminadas. Os aliados também não possuíam nada parecido.
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de aviões, também estava trabalhando no projeto de um avião grande no
começo da guerra.
AEG G I
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von der Lieth-Thomsen designado para o cargo, tendo Wilhelm Siegert como
seu segundo. A Inspetoria da Aviação do Exército, o controle da produção e do
desenvolvimento da aeronáutica alemã foram colocados sob o controle de
Thomsen e de Siegert.
Gotha
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oficiais superiores. O Tenente General Hoeppner, era agora diretor de toda a
aviação e possuía controle total sobre a indústria aeronáutica alemã. A
Luftstreitkräfe tentou aumentar a força de bombardeiros o mais rápido
possível, mas estava limitada por problemas na produção bem como pela falta
de pilotos treinados nas unidades de bombardeiros. Os bombardeiros eram
muito mais difíceis de pilotar, navegar, manter e apoiar do que caças e
aeronaves de reconhecimento, além de necessitarem de pessoal de terra
especializado. Nesse estágio da guerra, a escassez de homens treinados
tornou-se uma limitação para a força de bombardeiros tanto quanto de
aeronaves. Entretanto, no início de 1917 o Serviço Aéreo havia conseguido
montar uma força de bombardeiros com mais de 100 aeronaves, prontas para
serem utilizadas no front ocidental.
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denominado Weisungen für die Einsatz und vie Verwendung von
Fliegerverbänden innerhalb einer Armee (Diretivas da Missão e Utilização de
Unidades Aéreas com o Exército). Esse documento delineava a doutrina de
todas as missões importantes que as unidades da Luftstreitkräfe realizariam.
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mais. Por ser uma missão de longa duração, a meteorologia era fator muito
importante, fator este importante até os dias de hoje.
O Siemens-Schuckert
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conclusão que não valia a pena continuar com esses ataques. De junho de 1917
até maio de 1918, a Englandgeschwader perdeu 62 bombardeiros em 27
ataques, mas não para as defesas britânicas, que foram responsáveis por
apenas 19 aeronaves abatidas, mas para problemas operacionais, sendo que 37
apenas em acidentes durante o pouso, principalmente por causa da fragilidade
dos trens de pouso. Essas aeronaves possuíam motores com potência limitada,
eram perigosas de pilotar e de pouso dificílimo. Se nos dias de hoje, o pouso de
uma aeronave grande à noite por um piloto mediano é difícil, imagine naquela
época, em uma pista despreparada e com iluminação precária, com uma
aeronave difícil de pilotar.
Toda a campanha alemã contra Londres entre 1917 e 1918, custou a vida de
836 militares além de 1.982 feridos, um número pequeno para os padrões da 2ª
Guerra Mundial, mas elevadíssimo para aquela época. Embora a primeira
tentativa de se utilizar o bombardeio como fator decisivo da guerra tenha
falhado, o Alto Comando Alemão ainda o via como uma arma de extraordinária
importância.
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A Campanha de Interdição Alemã em 1917
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levando quatro dias para apagar o fogo. Os alemães não conseguiram prejudicar
a logística britânica no nível que desejavam, mas com toda certeza causaram
inúmeros inconvenientes para os britânicos.
A Campanha de 1918
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ameaçados. Durante todo o ano de 1918, o Alto Comando Alemão manteve sua
meta de montar uma poderosa força de bombardeio, apesar das perdas que a
aviação alemã sofria. No início de 1918, um oitavo grupo foi incorporado e no
verão um nono, ao mesmo tempo em que a Englandgeschwader diminuía de
tamanho.
Conclusão
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razoavelmente sofisticada doutrina operacional funcionava bem, assim como as
táticas para emprego dos bombardeios diurnos e noturnos.
Embora desapontadora, quando dos ataques contra Londres ou Paris, no que diz
respeito a quebra da força inimiga, os alemães impressionaram pelo
desempenho de sus bombardeiros contra alvos grandes. A habilidade dos
alemães em bombardear a industria francesa, em especial a que ficava ao redor
de Nantes, deve ser lembrada. Ao final da guerra, o Alto Comando Alemão
tinha certeza de que o bombardeio estratégico teria grande importância em
qualquer guerra que viesse a acontecer.
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O Exército Alemão e o grupo secreto do Estado Maior, utilizando a experiência
do bombardeio estratégico da 1ª Guerra Mundial, desenvolveram uma doutrina
pragmática e completa sobre a guerra aérea. O estudo do bombardeio
estratégico da 1ª Guerra Mundial tornou-se a base da doutrina da guerra aérea
utilizada no começo da 2ª Guerra Mundial. Apesar das limitações e dos
obstáculos tecnológicos, o programa de bombardeio estratégico alemão obteve
um moderado resultado. Após a 1ª Guerra Mundial, novas tecnologias se
desenvolveram com extrema velocidade.
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