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APROPRIAÇÃO INDÉBITA
PREVIDENCIÁRIA
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“Deixar de:
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à
previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados,
a terceiros ou arrecadada do público;
II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado
despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de
serviços;
III – pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já
tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social.”
A pena cominada é a mesma para o crime definido no caput.
pagar benefício.
48.2 TIPICIDADE
Podem realizar o tipo agentes públicos, porque as contribuições das empresas que
incidem sobre o faturamento e o lucro, e sobre a receita de concursos de prognósticos (Lei
nº 8.212/91, art. 11, parágrafo único, alíneas d e e), são arrecadadas e fiscalizadas pela
Secretaria da Receita Federal (Lei nº 8.212/91, art. 33), cujos valores devem ser
repassados pelo Tesouro Nacional (Lei nº 8.212/91, art. 19).
São crimes dolosos, devendo o sujeito ativo agir com consciência e vontade livre de
realizar os tipos, todos omissivos, deixando de repassar, de recolher ou de pagar os valores
mencionados nas normas incriminadoras.
Penso que tais delitos são espécies de apropriação indébita. A uma porque foram
incluídos, entre os crimes patrimoniais, no Capítulo que reúne as várias espécies típicas de
apropriação e isso não pode ser levado como mera coincidência ou puro acaso. A
construção da lei não é feita aleatoriamente.
Por último é de ver que, à semelhança da apropriação indébita do art. 168, nos tipos
comentados, os valores a que eles se referem, antes de serem entregues a quem de direito –
a previdência (caput, incisos I e II) ou o segurado (inciso III) –, ingressam na posse ou
detenção do agente, que deixa de repassá-los, recolhê-los ou pagá-los. Como na
apropriação indébita, o agente tem a posse ou a detenção legítima do valor e, devendo
entregá-lo, não o faz, retendo-o consigo.
Ora, é evidente que tal raciocínio é frágil. Quando o empregador paga o salário do
trabalhador, retém, no mesmo ato, o valor da contribuição. Este integra o salário, mas é
dele descontado no ato do pagamento, por força de lei. Esta operação retrata a
transferência ao empregado do valor integral de seu salário, inclusive o valor da
contribuição por ele devida à previdência e, no mesmo ato, com o desconto feito, a
devolução, pelo empregado, do valor da contribuição, ficando o empregador com o dever
de recolhê-la ao órgão estatal.
Tecnicamente, ação só pode ser compreendida como processo judicial. Para se referir
aos procedimentos administrativos, a expressão deveria ter sido, quando muito, processo
administrativo fiscal ou procedimento fiscal. Penso que enquanto o órgão administrativo
ainda realiza atos buscando a apuração de possíveis ilícitos administrativos e mesmo
depois de instaurado o procedimento, com a notificação do contribuinte, pode este,
espontaneamente, e antes do ajuizamento da cobrança executiva, confessar os valores
devidos e efetuar seu pagamento, extinguindo-se a punibilidade porque, nesse caso, o bem
jurídico protegido – o patrimônio da previdência – terá sido recomposto pela ação
espontânea do agente.
Ajuizada a ação executiva, não poderá mais fazê-lo, a não ser para merecer tão-
somente o perdão judicial do § 3º do art. 168-A ou a causa de diminuição do art. 16 do
Código Penal.
“o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele
estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo
para o ajuizamento de suas execuções fiscais”.
São direitos subjetivos do acusado que realizar os seus pressupostos e não mera
faculdade do juiz.