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Plano Real

O programa brasileiro de estabilização econômica é considerado o mais


bem-sucedido de todos os planos lançados nos últimos anos para combater casos de
inflação crônica. Combinaram-se condições políticas, históricas e econômicas para
permitir que o Governo brasileiro lançasse, ainda no final de 1993, as bases de um
programa de longo prazo. Organizado em etapas, o plano resultaria no fim de quase
três décadas de inflação elevada e na substituição da antiga moeda pelo Real, a
partir de primeiro de julho de 1994.

A partir daí, a inflação foi dominada sem congelamentos de preços,


confisco de depósitos bancários ou outros artificialismos da heterodoxia econômica.
Em conseqüência do fim da inflação, a economia brasileira voltou a crescer
rapidamente, obrigando o Ministério da Fazenda a optar por uma política de
restrição à expansão da moeda e do crédito, de forma a garantir que, na etapa
seguinte, o Brasil possa registrar taxas de crescimento econômico auto-
sustentáveis, viabilizando a retomada do crescimento com distribuição da renda.

Nas páginas seguintes você encontra um resumo dos antecedentes


históricos que levaram o Governo Federal a editar, no final de junho de 1994, o
conjunto de medidas econômicas que ficariam conhecidas como Plano Real. Você pode
acessar essa retrospectiva na opção Histórico, que contém o texto original da
Exposição de Motivos que o então ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, encaminhou
ao então presidente da República, Itamar Franco.

Finalmente, você encontra neste trabalho uma área específica para os


resultados do Plano Real onde são apresentados os números referentes à inflação, às
políticas monetária, fiscal e cambial e ao desempenho da economia brasileira na
vigência do plano de estabilização:

•Balanço dos doze meses do Real

•Vinte meses do Plano Real

•Vinte e dois meses do Plano Real

•Vinte e quatro meses do Plano Real

•Vinte e seis meses do Plano Real

Histórico

Neste ítem você encontra os documentos com as fundamentações teóricas e os


antecedentes históricos do Plano Real. O primeiro documento é o Programa de Ação
Imediata (PAI), elaborado em julho de 1993, já sob a coordenação do então Ministro
da Fazenda do Governo Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso. O PAI contém as
primeiras medidas econômicas destinadas a "preparar a casa" para enfrentar a ameaça
da hiperinflação, um ano antes do lançamento do Plano Real. O segundo é a Exposição
de Motivos da Medida Provisória do Real, encaminhada em 30 de junho de 1994 ao
então presidente da República, Itamar Franco. Assinada por vários ministros,
apresenta as razões para a edição da MP do Real, publicada no Diário Oficial da
União no dia primeiro de julho de 1994, já com força de lei, e posteriormente
confirmada com pequenas alterações pelo Congresso. 1 . Programa de Ação Imediata
(PAI)

2. Exposição de Motivos da Medida Provisória do Real

Medidas recentes

Aqui você obtém algumas das medidas mais recentes tomadas pelo Governo Federal,
dando continuidade ao programa de estabilização da economia brasileira. O primeiro
documento disponível nesta área é a exposição de motivos enviada pelos ministros ao
presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, no dia primeiro de julho de
1995, encaminhando a Medida Provisória da Desindexação submetida ao Congresso. O
segundo são a Medida Provisória e a Exposição de Motivos publicadas em 08 de
agosto, que oferecem aos governadores opções de restruturação para os bancos
estaduais. 1. Exposição de Motivos da Medida Provisória da Desindexação

2. Medida Provisória dos bancos estaduais

Balanço dos 12 meses do Real

O Plano Real completou no dia 1º de julho de 1995 o seu décimo segundo mês de
existência. Chegou-se ao primeiro aniversário do Real com uma taxa de inflação em
torno de 2% ao mês, um sinal incontestável de que este é o plano de estabilização
econômica mais bem-sucedido entre todos até hoje tentados no país. A taxa de
inflação que, em junho de 1994, estava ao redor de 50% ao mês, baixou para taxa
mensal em torno de 1,7% nos primeiros seis meses de 1995. Há quase um quarto de
século o Brasil não experimentava taxas tão baixas de inflação para o período
janeiro-junho de um mesmo ano. Índices de Preço (%)
--------------------------------------------------------------
| período | IGP-DI | IGP-M | IPC-FIPE | IPC-r | INPC |
|----------|-----------|---------|----------|---------|--------|
| 94/ jun. | 46,60 | 45,21 | 50,75 | ------ | 48,24 |
|----------|-----------|---------|----------|---------|--------|
| jul. | 5,47 | 4,33 | 6,95 | 6,08 | 7,75 |
|----------|-----------|---------|----------|---------|--------|
| ago. | 3,34 | 3,94 | 1,95 | 5,46 | 1,85 |
|----------|-----------|---------|----------|---------|--------|
| set. | 1,55 | 1,75 | 0,82 | 1,51 | 1,40 |
|----------|-----------|---------|----------|---------|--------|
| out. | 2,55 | 1,82 | 3,17 | 1,86 | 2,82 |
|----------|-----------|---------|----------|---------|--------|
| nov. | 2,47 | 2,85 | 3,02 | 3,27 | 2,96 |
|----------|-----------|---------|----------|---------|--------|
| dez. | 0,57 | 0,84 | 1,25 | 2,19 | 1,70 |
|----------|-----------|---------|----------|---------|--------|
| 95/ jan. | 1,36 | 0,92 | 0,80 | 1,67 | 1,44 |
|----------|-----------|---------|----------|---------|--------|
| fev. | 1,15 | 1,39 | 1,32 | 0,99 | 1,01 |
|----------|-----------|---------|----------|---------|--------|
| mar. | 1,81 | 1,12 | 1,92 | 1,41 | 1,62 |
|----------|-----------|---------|----------|---------|--------|
| abr. | 2,30 | 2,10 | 2,64 | 1,92 | 2,49 |
|----------|-----------|---------|----------|---------|--------|
| maio | 0,40 | 0,58 | 1,97 | 2,57 | 2,10 |
|----------|-----------|---------|----------|---------|--------|
| junho | 2,62 | 2,46 | 2,66 | 1,82 | 2,18 |
--------------------------------------------------------------

IGP-DI: Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna, apurado pela Fundação


Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro.
IGP-M: Índice Geral de Preços do Mercado, da FGV.
IPC-FIPE: Índice de Preços ao Consumidor, da Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas (FIPE), Universidade de São Paulo (USP).
IPC-r: Índice de Preços ao Consumidor do Real (deixou de ser apurado desde o dia
1º de julho deste ano).
INPC: Índice Nacional de Preços ao Consumidor, da Fundação Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE).

Tomando-se a média dos cinco índices publicados por diferentes institutos de


pesquisa, a taxa de inflação acumulada havia chegado a 758,59% no primeiro semestre
de 1994. Isso representou uma inflação média mensal de 43,1%, equivalente a uma
taxa anual de 7.271,84%. No segundo semestre de 1994 a taxa de inflação acumulada
foi de 18,72% (uma média mensal de 2,9% entre os cinco índices mais conhecidos).
Deve-se considerar, ao analisar a evolução das taxas, que os índices de julho e de
agosto de 1994 ainda estavam "contaminados" pela inflação do cruzeiro real
observada em junho e até em maio imediatamente anteriores. A taxa de inflação
acumulada em julho e em agosto de 1994 foi de 9,66%. No entanto, isso não reflete,
de forma alguma, o tamanho da perda do poder aquisitivo do Real naqueles dois
primeiros meses do plano. A partir de setembro de 1994, quando se tem a primeira
inflação "descontaminada" do efeito estatístico, verifica-se que a taxa acumulada
do último quadrimestre de 1994 foi de 8,31%, com a taxa mensal tendo se situado no
nível de 2,02%. No primeiro semestre de 1995, a taxa média acumulada dos cinco
índices de preços chegou a 10,57%, equivalendo a uma inflação média mensal de 1,69%
no período. O quadro abaixo mostra a evolução da inflação em 1994 e 1995, em termos
médios, segundo o comportamento dos cinco índices de preços mais conhecidos:
Evolução da Inflação (%)
------------------------------------------------------------------------
| | IGP-DI | IGP-M | IPC- |IPC-r | INPC | MÉDIA | M.M.A.*|
| | | | FIPE | | | | |
|Variação | | | | | | | |
|Acumulada | | | | | | | |
|jul/93-jun/94 |5.153,5 |4.852,9|5.167,3| 0,00 |5.167,3|5.083,48|5.083,48|
|--------------|--------|-------|-------|------|-------|--------|--------|
|1º semestre/94| 763,48 | 732,26|780,18 | 0,00 |759,15 | 758,59 |7.271,84|
|--------------|--------|-------|-------|------|-------|--------|--------|
|jul-ago/94 | 8,90 | 8,44| 9,40 |11,87 | 9,74 | 9,66 | 73,93 |
|--------------|--------|-------|-------|------|-------|--------|--------|
|set-dez/94 | 7,32 | 7,45| 8,50 | 9,12 | 9,17 | 8,31 | 27,06 |
|--------------|--------|-------|-------|------|-------|--------|--------|
|2º semestre/94| 16,97 | 16,52| 18,30 |22,07 | 19,81 | 18,72 | 40,94 |
|--------------|--------|-------|-------|------|-------|--------|--------|
|1º semestre/95| 10,02 | 8,87| 11,84 |10,83 | 11,33 | 10,57 | 22,26 |
|--------------|--------|-------|-------|------|-------|--------|--------|
|set/94-jun/95 | 18,07 | 16,98| 21,35 |20,94 | 21,54 | 19,76 | 24,16 |
|--------------|--------|-------|-------|------|-------|--------|--------|
|jul/94-jun/95 | 28,69 | 26,85| 32,31 |35,29 | 33,39 | 31,27 | 31,27 |
------------------------------------------------------------------------

*- média mensal anualizada de todos os índices


A questão relevante que se coloca para o Governo e para os mercados - que operam
sempre na base do forward-looking, olhando para frente, como deve ser - diz
respeito não ao fato de a inflação acumulada nos primeiros seis meses de 1995 ter
sido da ordem de 10,57%, mas à tendência para os próximos meses. Alguns analistas,
sempre que um determinado índice de preços mostra uma taxa mensal mais elevada do
que o mês imediatamente anterior, projetam tendência altista de inflação, o que nem
sempre se confirma. Isso aconteceu em outubro e em novembro do ano passado, quando
as taxas de inflação apresentaram-se ligeiramente acima do resultado de setembro.
Vários analistas chegaram a prever taxas de inflação de 5% para dezembro e até
maiores para janeiro de 1995. Um aumento que não se materializou. Do mesmo modo, as
projeções de inflação mais alta para maio, de até 3% ou além disto, não se
confirmaram. A partir das informações já disponíveis sobre a inflação ocorrida até
junho, em termos de média acumulada dos diferentes índices de preços, a taxa de
inflação projetada para todo o ano de 1995 é da ordem de 22%. No entanto, não se
deve tomar essa projeção como uma meta do Governo, mas como uma finalidade
plausível. Esse objetivo depende de uma série de ações necessárias à continuidade
do programa de estabilização, como as reformas constitucionais, a retomada do
programa de privatização e a reestruturação do Estado que garantam a melhor
eficiência da economia brasileira e um profundo e definitivo ajuste fiscal. Vale
notar que, considerando-se as séries históricas para o IGP-DI, a taxa de inflação
para o primeiro semestre de 1995 é a mais baixa desde 1973. Nos últimos 35 anos -
entre 1961 e 1995 - a economia brasileira vivenciou taxas de inflação inferiores
aos níveis atuais, para o primeiro semestre do ano somente em 1969, 1970, 1972 e
1973. A nova moeda trouxe um substancial ganho para o trabalhador. Além de o
salário deixar de ser corroído mensalmente pela inflação, as classes de renda mais
baixas foram favorecidas pelo aumento de 54% no valor do salário mínimo - passou de
R$ 64,79, em julho de 1994, para R$ 100,00, em maio de 1995 - e pela queda de cerca
de 5% no valor da cesta básica, ocorrida nos últimos 12 meses. A combinação desses
fatores redundou em expressivo crescimento do poder aquisitivo (quase 60%) dos
trabalhadores de menor renda, ao longo dos últimos 12 meses, sobre os produtos da
cesta básica. O valor da cesta básica, em 1º de julho de 1994, era de R$ 106,95. Em
30 de junho de 1995, o preço da cesta havia caído para R$ 100,78. Desempenho
Econômico O Plano Real trouxe, também, uma nova perspectiva para a economia
brasileira em termos de oportunidades de emprego. O PIB cresceu 5,67% em 1994, com
o setor industrial apresentando expansão de 7%. A agropecuária acusou crescimento
ainda maior, de 7,6%, confirmado pela safra recorde de cerca de 80 milhões de
toneladas de grãos. O setor serviços cresceu 4%, a taxa mais baixa, denotando, em
parte, o efeito do desaparecimento do ganho inflacionário que antes contribuía para
o grande movimento de dinheiro no sistema financeiro. A economia manteve-se em
expansão nos primeiros três meses de 1995, contrariando aqueles que, de antemão,
qualificavam o programa como recessivo. A taxa de crescimento do primeiro trimestre
(ajustada sazonalmente), em relação aos três últimos meses de 1994, foi de 3,1%,
atingindo o aumento expressivo de 10,4%, sobre o primeiro trimestre de 1994.
Segundo a Fundação IBGE, entre junho de 1994 e março de 1995 a produção industrial
cresceu 15,5% em termos dessazonalizados. O setor de bens duráveis liderava até
março o crescimento industrial estimulado pelo Plano Real, acumulando expansão de
29,7%. No entanto, o setor de bens de capital, responsável pela ampliação da
capacidade de oferta da economia, também teve expressivo crescimento, alcançando a
taxa de 27,2% naquele período. Estas são as estimativas do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (IPEA) para o comportamento do produto interno bruto (PIB), no
decorrer de 1995: Produto Interno Bruto Taxa de variação acumulada no ano em %
-----------------------------------------------------------------------|setores |
observado | observado | estimado | previsto | previsto |
|--------|-----------|-----------|------------|-------------|-----------|
| |94-IV tri. | 95-I tri. | 95-II tri. | 95-III tri. | 95-IV tri.|
|--------|-----------|-----------|------------|-------------|-----------|
|PIB | 5,7 | 10,4 | 8,3 | 7,4 | 6,0 |
|--------|-----------|-----------|------------|-------------|-----------|
|Indúst. | 6,9 | 14,3 | 11,5 | 10,3 | 8,6 |
|--------|-----------|-----------|------------|-------------|-----------|
|Agropec.| 7,6 | 7,2 | 5,6 | 4,5 | 4,1 |
|--------|-----------|-----------|------------|-------------|-----------|
|Serviços| 4,1 | 8,3 | 6,6 | 5,7 | 4,4 |
-----------------------------------------------------------------------

A queda rápida da inflação teve efeitos significativos sobre o poder de compra da


população, com o consumo tendo sido estimulado também pelos efetivos incrementos
ocorridos na massa salarial e no nível de emprego. A Pesquisa Mensal de Emprego
(PME), da Fundação IBGE, mostra que, no período entre junho de 1994 e abril de
1995, nas regiões metropolitanas, o aumento real de salários foi de 12,02%,
( deflacionado pelo INPC), para os trabalhadores com carteira assinada. Maiores
foram os ganhos dos trabalhadores do setor informal da economia, cujo poder
aquisitivo é bem menor. Em média, os rendimentos reais dos trabalhadores que não
têm carteira assinada aumentaram em 20,80 %, enquanto a renda daqueles que
trabalham por conta própria teve um crescimento de 45,48 %, naquele período. Em
termos médios, a massa de salários nas regiões metropolitanas cresceu 21,4%, entre
junho de 1994 e abril de 1995. O nível de ocupação nas regiões metropolitanas,
também segundo a PME, acusou incremento médio de 3,3%, entre junho de 1994 e abril
de 1995. A ocupação para empregados com carteira aumentou em 2,16%. Para empregados
sem carteira, o crescimento foi de 6,13%, na medida que, os trabalhadores autônomos
tiveram o nível de ocupação ampliado em 2,65%. A taxa de desemprego nas regiões
metropolitanas, que era de 5,42% em junho de 1994, caiu para 4,35%, em abril de
1995. Dados do comércio do estado de São Paulo indicam que foi extremamente
expressivo o impacto do Real sobre o consumo. O faturamento cresceu quase 18% em
março de 1995 em comparação a março de 1994, sendo que a venda no setor de duráveis
teve elevação de 57,6%, no mesmo período. De um ano para outro, portanto, as vendas
de eletrodomésticos, automóveis, geladeiras, fogões e outros produtos duráveis
cresceram em mais de 50%. O Governo, ciente da característica expansionista que
normalmente acompanha os planos de estabilização, adotou medidas de controle da
demanda no início da circulação da nova moeda, em 1º de julho de 1994. O objetivo
era prevenir as pressões de consumo que poderiam comprometer o sucesso do Real. A
princípio, foram introduzidos recolhimentos compulsórios sobre depósitos à vista,
depósitos a prazo e depósitos de poupança para brecar um crescimento fora de
controle da oferta de crédito. Ao longo de todo o segundo semestre de 1994, foram
adotadas novas medidas, na mesma linha, sempre procurando um controle da demanda,
mas com a preocupação de não trazer recessão ao país. Nos primeiros meses de 1995,
o nível da demanda ficou ainda mais alto, levando o Governo a adotar medidas
adicionais de restrição ao consumo, em fevereiro e em abril. Política Fiscal No
campo fiscal, a queda abrupta da inflação provocou um nítido alívio para o
equilíbrio das contas do Governo. A receita líquida do Governo Federal aumentou
11,5% em 1994, trazendo a arrecadação para o valor de US$ 63,2 bilhões. Em 1993,
essa receita foi de US$ 56,7 bilhões. O desempenho da receita fiscal tem se mantido
favorável. Em janeiro deste ano, a arrecadação atingiu R$ 6,680 bilhões,
representando um incremento de 34% sobre o mesmo mês do ano passado. Entre janeiro
e maio de 1995, a Receita Federal arrecadou R$ 34,334 bilhões. Em junho de 1995, a
arrecadação atingiu R$ 7,412 bilhões, ultrapassando em larga medida o valor de R$
4,930 bilhões recolhido em junho do ano passado. Entre janeiro e junho deste ano, a
arrecadação acumulada somou R$ 41,746 bilhões, o que representa aumento de 42,11%
sobre a receita do mesmo período do ano anterior, equivalente a R$ 29,375 bilhões.
Três fatores têm contribuído para a melhoria do desempenho da Receita Federal: o
aquecimento da economia, as medidas de ordem fiscal, que ampliaram a participação
das contribuições na fonte, e, ainda, a maior eficiência no sistema de arrecadação.
O Tesouro Nacional acusou, em 1994, superávit primário de US$ 9 bilhões. Isso
corresponde a um aumento de 65% sobre o resultado de 1993. Em termos de
necessidades de financiamento do setor público, que mede o déficit público pelo
lado dos empréstimos tomados no mercado financeiro, houve uma melhora substancial
no resultado de 1994 quando comparado com os três anos anteriores. O Governo
central foi o que mais contribuiu para o desempenho fiscal favorável, acusando
superávit operacional de 1,17% do PIB. Nos primeiros 12 meses do Real - entre julho
de 1994 e junho de 1995 - o Tesouro Nacional apresentou superávit acumulado de R$
1,708 bilhão, a preços correntes. Em junho, o resultado acusou superávit de R$ 253
milhões. Pelo conceito de resultado primário, o Tesouro Nacional apresentou
superávit acumulado de R$ 11,3 bilhões nos últimos doze meses, sendo que, em junho,
o superávit primário foi de R$ 233 milhões. O conceito primário desconta os juros
da dívida interna e externa dos cálculos do desempenho fiscal e considera a receita
pelo critério de competência, incorpora o que é devido em determinado mês, mesmo
que não tenha ocorrido ainda ingresso no caixa do Tesouro. Necessidades de
Financiamento do Setor Público(em % do PIB corrente)
-----------------------------------------------------------------------|
Discriminação | 1991 | 1992 | 1993 | 1994 |
|----------------------------|---------|----------|----------|----------|
|Resultado operacional | 0,20 | 2,84 | 1,25 | 0,03 |
|----------------------------|---------|----------|----------|----------|
|Gov. central | 0,08 | 1,20 | 0,95 | - 1,17 |
|----------------------------|---------|----------|----------|----------|
|Est. e municipios | - 0,72 | 0,70 | 0,12 | 0,80 |
|----------------------------|---------|----------|----------|----------|
|Estatais | 0,83 | 0,93 | 0,19 | 0,40 |
|----------------------------|---------|----------|----------|----------|
|Resultado primário | - 2,88 | - 0,67 | - 1,75 | - 3,83 |
|----------------------------|---------|----------|----------|----------|
|Gov. central | - 1,05 | - 0,61 | - 0,55 | - 2,63 |
|----------------------------|---------|----------|----------|----------|
|Est. e municípios | - 1,47 | - 0,04 | - 0,59 | - 0,73 |
|----------------------------|---------|----------|----------|----------|
|Estatais | - 0,35 | - 0,02 | - 0,61 | - 0,47 |
-----------------------------------------------------------------------

Obs: (-)= superávit e (+)= déficit

O Plano Real abriu o caminho para a estabilização, mas esta só estará garantida com
as mudanças propostas no processo de Reforma da Constituição, já iniciado pelo
Congresso Nacional. Elas apontam para a necessidade de se fortalecer o orçamento
com o objetivo de recuperar as funções prioritárias do Governo; para a
reestruturação da Previdência Social e para a abertura da economia ao capital
privado, tanto nacional como estrangeiro, em áreas de atuação hoje ocupadas
ineficientemente pelo setor público. Política Monetária O Governo cumpriu, dentro
do programado, as metas monetárias fixadas em lei para execução nos dois últimos
trimestres de 1994. A base monetária (emissão primária de moeda) ficou em R$ 14,8
bilhões, pela média dos saldos diários no trimestre outubro-dezembro de 1994,
abaixo portanto do limite de R$ 15,1 bilhões fixado em lei. No conceito de base
ampliada (que inclui os títulos públicos federais em mercado), a média do último
trimestre de 1994 ficou em R$ 78,9 bilhões, também inferior ao limite de R$ 80,1
bilhões. A pressão de demanda por moeda, como consequência natural da monetização,
foi muito forte nos primeiros três meses do Real. A base monetária, pela média dos
saldos diários, passou de R$ 3,538 bilhões, em 30 de junho, para R$ 6,5 bilhões em
31 de julho. Para R$ 9,070 bilhões, em 31 de agosto, e para R$ 11,2 bilhões, em 30
de setembro. No mês de dezembro, pela média dos saldos diários, a base monetária
ficou em R$ 17,2 bilhões. Passados os seis primeiros meses do plano de
estabilização, o processo de remonetização começou a mostrar sinais de
arrefecimento, com a base monetária apresentando queda entre janeiro e abril de
1995. Em janeiro, pela primeira vez nos últimos seis meses, houve contração da base
monetária, com recuo de 2,3%. Pela média, o saldo no mês registrou o valor de R$
l6,8 bilhões. Em fevereiro, mantém-se o comportamento de retração da base monetária
. A base acusou saldo médio no mês de R$ 15,801 bilhões, trazendo para R$ 16,4
bilhões a média nos dois primeiros meses do ano. Em março, o saldo médio da base
monetária alcançou o valor de R$ 15,661 bilhões, tendo ocorrido também retração de
0,9%. Em abril, o mesmo comportamento foi verificado, com a base monetária tendo
encolhido à taxa de 7,2%. O saldo médio diário ficou em R$ 14,535 bilhões, ao final
de abril. Em maio, a base monetária apresentou saldo médio de R$ 14,433 bilhões,
revelando retração de 0,7%. No mês de junho, segundo dados preliminares do Banco
Central, a média dos saldos diários da base monetária acusou valor de R$ 14,662
bilhões, implicando em crescimento de 1,6%. Desde dezembro, conforme determinou a
Medida Provisória do Real, em sua última edição de 1994, deixou de haver meta
monetária fixada em lei. O critério de fixação de metas foi substituído pelo
processo de submissão ao Senado Federal de uma programação monetária que será
previamente definida para cada trimestre. Assim, o Banco Central remeteu, no início
do ano, à consideração dos senadores, o programa monetário para o trimestre
janeiro-março de 1995, que foi totalmente cumprido com folga. Recentemente, enviou
a previsão de estimativas referentes ao segundo trimestre do ano, que é a seguinte:
Programação Monetária do 1º Trimestre/95 (em R$ bilhões, relativo a média dos
saldos diários no trimestre)
-----------------------------------------------------------------------|Período
| Base Mon. | M1 | Base Amp. | M4 * |
|---------------|-------------|-------------|-----------|---------------|
|95/ abr.-jun. | 14,9 - 17,4 | 17,7 - 20,7 | 84,1-85,5 | 200,4 - 203,6 |
-----------------------------------------------------------------------

obs: * média dos saldos em fim de mês (ajustado)


M1 = meios de pagamento pelo conceito mais restrito.
M4 = meios de pagamento pelo conceito mais amplo.

Contas Externas

A balança comercial acusou déficits nos últimos meses como consequência da rápida
abertura ocorrida na economia brasileira, a partir do final do ano passado. As
importações maciças de bens de consumo duráveis, principalmente de automóveis,
tiveram um impacto negativo no movimento do comércio externo do país. Medidas foram
tomadas pelo Governo para frear esse movimento e espera-se que o comportamento da
balança comercial seja revertido a curto prazo. Nos primeiros cinco meses de 1995,
as exportações físicas (representando o valor do produto efetivamente embarcado)
acumularam receita de US$ 17,329 bilhões, enquanto que as importações
(representando o ingresso físico do produto no país) revelaram despesa de US$
20,821 bilhões. Nos últimos doze meses, na posição de final de maio, as exportações
físicas somaram US$ 44,501 bilhões, enquanto que as importações absorveram US$
43,350 bilhões, acusando superávit de US$ 1,151 bilhão. No mercado de câmbio, onde
são feitas as operações bancárias, os contratos de exportação acumularam receita de
US$ 21,895 bilhões, entre janeiro e maio deste ano. Os contratos de fechamento de
câmbio, envolvendo importações, representaram, no mesmo período, US$ 17,899
bilhões. Portanto, o saldo cambial do movimento do comércio externo, nos primeiros
cinco meses do ano, foi de US$ 3,996 bilhões. No mês de junho, os contratos de
fechamento de câmbio de exportação envolveram US$ 4,365 bilhões, enquanto os
contratos cambiais de importação somaram US$ 4,205 bilhões. O saldo positivo
acumulado no mês foi de US$ 160 milhões. No segmento do mercado financeiro, onde
são efetuadas as operações cambiais relativas ao movimento de capitais, houve
ingresso acumulado, entre janeiro e maio de 1995, de US$ 13,806 bilhões, contra
saídas no valor de US$ 21,284 bilhões. No mês de junho, a entrada de capitais somou
US$ 4,349 bilhões, enquanto a saída envolveu US$ 4,346 bilhões. Nesse segmento,
portanto, ocorreu, em junho, pequeno superávit de US$ 3 milhões. A República
Federativa do Brasil, depois de quinze anos, voltou a captar recursos diretamente
no mercado financeiro internacional em duas operações bem sucedidas. A primeira, em
maio, com lançamento de bônus em ienes, de dois anos de prazo, representou captação
de 80 bilhões de ienes (US$ 942 milhões ). A segunda, efetuada em junho, rendeu um
bilhão de marcos (US$ 721 milhões), com o lançamento de bônus de três anos de prazo
referenciados à moeda alemã. A política cambial brasileira continuará sendo guiada
pelas premissas definidas na elaboração do Plano Real. O Governo optou, e já deixou
isto claro, por um regime de banda cambial. No dia 23 de junho, o Governo definiu a
nova banda, entre 91 e 99 centavos de Real por dólar norte-americano. A
tranquilidade com que o mercado reagiu à mudança confirma a aceitação do regime de
bandas como o mais adequado à economia brasileira. O nível das reservas
internacionais do país foi praticamente recuperado em fins de maio, depois dos
efeitos da crise cambial mexicana que abalaram o sistema financeiro internacional,
no final de 1994 e início de 1995. Reservas Internacionais no Banco Central (em US$
bilhões) ------------------------------------------------------------- |
Fim de período | Caixa * | Liquidez Intern. **|
|------------------------|-------------|----------------------| |1994/ junho
| 40,131 | 42,881 |
|------------------------|-------------|----------------------|
|julho | 40,317 | 43,090 |
|------------------------|-------------|----------------------|
|agosto | 40,204 | 42,981 |
|------------------------|-------------|----------------------|
|setembro | 40,873 | 43,455 |
|------------------------|-------------|----------------------|
|outubro | 40,441 | 42,845 |
|------------------------|-------------|----------------------|
|novembro | 39,531 | 41,937 |
|------------------------|-------------|----------------------|
|dezembro | 36,471 | 38,806 |
|------------------------|-------------|----------------------|
|1995/ janeiro | 35,929 | 38,278 |
|------------------------|-------------|----------------------|
|fevereiro | 35,750 | 37,998 |
|------------------------|-------------|----------------------|
|março | 31,530 | 33,742 |
|------------------------|-------------|----------------------|
|abril | 29,918 | 31,887 |
|------------------------|-------------|----------------------|
|maio | 31,664 | 33,731 |
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* conceito que contempla haveres prontamente disponíveis


** agrega ao caixa os haveres representados por títulos de exportação e outros
de médio e longo prazos.

Ao Governo brasileiro interessa estimular ainda mais o ingresso do capital


estrangeiro de médio e de longo prazos. Alguns setores da economia, hoje monopólios
exclusivos do Estado, como por exemplo as áreas de telecomunicações e de exploração
de energia elétrica, serão abertas à participação do capital privado, nacional e
internacional. Avanços significativos já ocorreram no Congresso Nacional a favor
das propostas de reforma da Constituição apresentadas pelo Executivo, no capítulo
da Ordem Econômica.
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