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Despertar para que haja mais vida

Cada manhã o despertador toca. Pode ser a voz da mãe atenciosa, um barulho mais ou
menos irritante, ou mesmo as notícias do dia. Por de traz destes sons, destas vozes há
um chamamento à vida, a abrir os olhos, os ouvidos, a pôr-se de pé e lançar-se de novo
ao caminho. Cada dia traz em si a oportunidade para dar mais um passo na realização da
vocação à qual se é chamado e exige atenção para poder discernir o caminho, o melhor
caminho para que haja mais vida. Da minha resposta ou do meu silêncio depende a vida
de outros.
A todos, sem excepção, Deus chama à vida e à vida em plenitude. Toda a pessoa
humana deveria encontrar neste mundo as condições que lhe permitam ser pessoa. A
primeira vocação é o “nome” da pessoa. O nome exprime a identidade da pessoa, o ser
único e insubstituível diante de Deus. É por este nome que Deus me chama, e se me
chama pede-me uma resposta. Pede-me, mas não me exige, sou livre de responder mas
Deus continua a chamar, aí não há que duvidar, pois o seu povo continua a clamar.
Escutar a voz de Deus é, pois, escutar a voz, o grito de tantos homens e mulheres que
clamam por Justiça. A terra prometida continua uma miragem para muitos povos, o
Reino de Deus uma utopia que alguns “loucos” anunciam e procuram construir mas…
sem sucesso. Não há massas que aderem, mas apenas e só pessoas que se
comprometem… e pequenos focos de esperança surgem. Tudo começa por um pequeno
toque, por um simples SIM à vida, cada manhã, cada dia, todos os dias da minha vida,
da tua vida…

Maria e o despertar de um SIM


Estamos no mês de Maio, o mês dedicado aquela que aceitou ser desperta por Deus:
“Salve o cheia de graça, o Senhor está contigo”. Eis a provocação, o despertador, o
início de um diálogo que culmina aos pés da cruz. Maria não compreendeu à primeira
mas aceitou iniciar as conversações em vista de um projecto de vida. O seu “eis-me
aqui” é um SIM à Vida. Não é só o seu futuro que está em jogo, não é só o da sua
família, o do seu povo… é o da humanidade.
Maria é o exemplo de uma jovem que aceitou dialogar com Deus do princípio ao fim.
Muitas vezes não compreendeu, mas guardou no seu coração o “inaceitável”, esperando
que chegasse a Sua hora. Deixou-se moldar, transformar, gerar por Aquele que ela criou.
A missão à qual foi chamada transcendia-a e ela não hesita em fazer silêncio, em deixar
Deus fazer: “Fazei tudo o que Ele vos disser”.
Foi no Sábado Santo, ao contemplar o silêncio de Maria, juntamente com os jovens que
participaram na Páscoa jovem, que eu compreendi as consequências do seu SIM. A vida
não acaba no sepulcro, a vida começa ou recomeça no cenáculo. Maria estava lá com os
discípulos quando o Espírito Santo os liberta dos seus medos e os lança na aventura da
construção do Reino de Deus. E por instantes senti-me envolvido pelo “Sim” de Maria.
A minha vida já estava naquele “Sim”.
Para Reflexão:
«A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador”
Lc 1, 46-47
Lê atentamente esta passagem do Evangelho: Lc 1, 46-55
Neste canto (Magnificat) Maria dá graças a Deus pela Sua justiça em favor dos mais
pobres e pequeninos, e pela fidelidade e misericórdia para com o seu povo.
Experimenta compor o teu Magnificat, o teu canto de acção de graças.
Quando pensas no teu futuro também pensas nas consequências que as tuas escolhas
podem ter para a tua comunidade e para a humanidade?
O que pode impedir um (a) jovem de descobrir a vocação à qual Deus o (a) chama?

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