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eservo hoje algumas palavras para
o meu amigo Gonçalves da Silva.
Quem não o conhece não sabe que
se trata de um homem de grande
voluntariedade e dedicação, que
me tem trazido muitas alegrias em actos de
pura solidariedade. Tem sido um homem
que tem acompanhado o jornal desde o
primeiro momento e lutado pela sua
manutenção e divulgação. Nem sempre
posso concordar com ele, na sua visão das
coisas e nos compromissos que toma, mas
o respeito e compreensão pelos princípios
que o norteiam fazem dele, aos meus olhos,
um homem de grande valor e fiel aos
mesmos princípios e objectivos. Agora
tratou com grande competência a marcha
da imigração e ajudou a organização a
divulgar as bases que levaram a lançar esta
grande ofensiva. No Domingo, Gonçalves
da Silva vai ser um homem feliz, entre a
sua bandeira das quinas e o seu estandarte
feito para a ocasião. Vai ser uma marcha
cheia de efeito e resultados, onde gente de
grande valor nas áreas do ensino, do
direito, das letras, das artes, da música, das
finanças e da política, lá estará para dar
razão a tudo aquilo que, na base, faz o
Gonçalves da Silva vibrar. O valor não está
muitas vezes da forma como parecemos,
mas sim da forma como conseguimos fazer
com que as nossas ideias apareçam e sejam
bem interpretadas.
O
s deputados ingleses estão
zangados com Gordon Brown. E
estão zangados porque o primeiro
ministro se atreveu a reduzir-lhes
os benefícios no que diz respeito à
pouca vergonha dos encaixes de centenas
de milhares de libras por ano em rendas de
casas que nem sequer habitavam e que
utilizavam amiúde. Zangados porque o
primeiro ministro os obrigou a declararem
as suas despesas e tornarem-nas, de certa
maneira, públicas, isto é, do conhecimento
público. Cada vez mais se percebe que os
deputados se constituem em elites,
intocáveis e acima de qualquer suspeita,
como se o facto de serem deputados fosse
um diploma de seriedade. Com se fossem
uma classe à parte e não fossem de carne e
osso. Como se o que fazem com o erário
referir que foram essas mesmas associações
público tenha de ser um compromisso
interno e não externo. No fundo, foi um
acto de coragem, este de Gordon Brown,
que, com certeza, não lhe trouxe muitos
amigos, nem sequer dentro partido...
“Claro” e “transparente” são apenas
palavras para o “povão”, porque ao longo
dos anos o dicionário parlamentar tem cada
vez menos palavras de uso comum.
E
sta quinzena gostaria também de
falar sobre um artigo dum jornal da
concorrência, assinado pelo porta-
voz dos conselheiros das
comunidades e que versava o papel
das associações na comunidade portuguesa.
Isto porque não acho que o autor tenha
percebido a essência e o real valor dessas
associações no seio da nossa comunidade.
Primeiro, porque o artigo enferma da falta
de conhecimento da legislação para a
formação de empresas neste país, de que
fazem parte as associações. Depois, porque
o papel das associações pode, muitas vezes,
não ser claro, como diz, mas é sobretudo a
única mais valia que temos na “associação”
dos poucos portugueses em Londres que
vivem o fenómeno da imigração. Para não
sev tem dedicado e esforçado por trazer
que garantiram a vitória eleitoral da lista
que defendeu. As mesmas associações que
despertaram o interesse da câmara de
Lambeth no financiamento do Centro
Comunitário Português. Critica, depoi, a
escolha das direcções de muitas das
associações, mas convém não esquecer que,
para esse mesmo centro, não houve
qualquer recrutamento ou concurso para a
sua gestão, mas sim a escolha de pessoas
ligadas ao grupo vencedor. E com isso não
quero dizer que não concordo com a forma
como António Cunha decidiu avançar com
o centro. Com o que não concordo é a
forma como se pretende denegrir o papel
das associações, para deixar livre o
caminho a outras associações. Neste mundo
de apoio às comunidades é preciso deixar
as arrogâncias de lado, manter e avançar
com o projecto do centro. Porque, se por
um lado, ele representa já uma vitória da
comunidade portuguesa em Londres, por
outro, ainda não passou de um projecto e é
preciso provar que há competência para o
pôr de pé. Porque, por enquanto, apesar dos
defeitos que lhes põe, foram as associações
que, em Londres, alguma coisa têm feito
pela comunidade portuguesa. Se através do
trabalho e dos resultados o centro vier a
ganhar a reputação que todos desejamos,
então as associações acabam por
desaparecer e passar a figurar no livro da
história da emigração portuguesa em
Londres. Não destruamos a única coisa real
e palpável que existe e que constitui o
movimento associativo actual. Vamos,
então, construir um outro melhor, mas não
na base da destruição, mas sim na inovação
e na capacidade de melhorar as condições
existentes. Porque, mal ou bem, as
associações reflectem o trabalho de muita
gente dedicada e de grande valor, que se
sacrifica e dá o seu melhor.
O
utro dos temas desta quinzena foi
a entrevista de António Cunha.
Não vou discutir nem contrapor
muito do que lá vem escrito e com
que não concordo. Porque
essencialmente traduz bem as diferenças
em que assentou a minha candidatura.
Depois, porque acho que António Cunha
alguma paz a esta comunidade e, a meu
ver, tem tido um trabalho positivo, dentro
da sua estratégia e objectivos. A única coisa
em que quero tocar e reiterar é a oposição
às mesas de voto em Thetford, Great
Yarmouth e Guernsey. Diz, agora, que foi
por falta de fiscalização e pela nossa falta
de conhecimento que não houve urnas nas
regiões atrás citadas. Esta é a terceira
desculpa que ouvimos. A primeira,
subscrita pelas outras listas, veio numa acta
do Consulado Geral de Londres, onde se
dizia que as instituições que organizavam
as mesas de voto não eram idóneas, e, por
assim dizer, não tinham capacidade para as
organizar. Depois, mais tarde num outro
jornal da oposição, dizia-se que não era
justo estas vilas votarem, porquanto outras
tantas o não podiam fazer. Agora, alega-se
a falta de conhecimento e a falta de meios
(?). Primeiro, é preciso explicar que a lei
exige que a entidade organizadora da mesa
cubra as despesas de organização e
deslocação da entidade fiscalizadora e
consular. Depois, o facto de não se deixar
votar nestas regiões, penaliza os
portugueses que tiveram a capacidade, a
vontade e competência de se organizarem.
Por fim, o conselheiro ignora a impugnação
à decisão, por parte do Comissão Nacional
de Eleições. Ignora, também, que da nossa
lista fazia parte José Bandeira, um jurista
acreditado em Portugal e a tirar uma pós-
graduação em Norwich. Por fim, se se
pagaram as camionetas para ir votar a
Londres, esses meios poderiam ser bem
utilizados a deslocar representantes das
mesas. Mas as razões foram claramente
outras. Para mim isso é passado. Prefiro,
neste assunto, a franqueza de muitos dos
seus colegas, que admitem o erro... e há
que assumir os erros. É um acto de
grandezaadmitir os erros. Claro que esta
zona da entrevista não me parece muito
substanciada e credível. Parece mais uma
intenção de reacender a luta, que, como
atrás digo, está acabada. Nós aceitamos a
sua figura como representante da
comunidade portuguesa e vamos continuar
a trabalhar, no nosso feudo, para melhorar
as condições do portugueses na área. E
contamos com os conselheiros eleitos.
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