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À minha querida filha Ana Vitória, que jamais deixará de habitar dentro do
“meu eu”. Ana Vitória... os filhos não precisam de pais gigantes, mas de seres
humanos que falem a sua linguagem e sejam capazes de penetrar-lhes o
coração.
A ti minha Aninha, este trabalho e o meu eterno amor.
À todos os joaquimpirenses que assim como eu, saiu de sua cidade natal em
busca de seus ideais, e que no dia-a-dia vive a enfrentar as duras
consequências das desigualdades sociais que castigam a nossa sociedade.
Esperança sempre.
AGRADECIMENTOS
Ao poder supremo e sobrenatural, que alguns chamam Deus, Inteligência
Divina, Consciência Cósmica, Sabedoria Universal, Grande Arquiteto do
Universo ou como queiram chamar;
À Lourival Ferreira da Cunha (meu pai)... o tempo pode passar e nos distanciar,
mas jamais se esqueça de que ninguém morre quando se vive no coração de
alguém;
À Maria Dorotéa Ramos (minha mãe)... você deixou seus sonhos para que eu
sonhasse. Derramou lágrimas para que eu fosse feliz. Perdeu noites de sono
para que eu dormisse tranqüilo. Acreditou em mim, apesar dos meus erros. Por
favor, perdoe-me pelas minhas falhas;
À Janayna Tobler, que ao me encontrar eu estava “morto”, e mesmo assim viu
em minha pessoa o potencial que ninguém mais (nem eu) conseguiu ver, e isso
deu-me força para voltar a viver;
Ao Professor Doutor Roberto Kennedy Gomes Franco. Se por ventura
encontrares alguém que não o valorize na proporção de sua grandeza, tenha a
certeza de que sem você a sociedade não tem horizonte. Te agradeço pela
sabedoria e incentivo, dentro e fora da sala de aula. Saiba que este trabalho
também é seu;
À Antônio Miroca (meu avô – in memorian). Se o tempo envelhecer o seu
corpo, mas não envelhecer a sua emoção, você será sempre feliz. Sem você
eu não seria o que hoje sou;
Às minhas avós Maria e Santa e a todos os meus tios (as) e primos (as)
paternos e maternos;
In Memorian aos meus avós Alfredo, Benvindo, Miroca e Binoca...saudades;
Não poderia deixar de agradecer a Édios da Silva Ramos (tio), com quem tive
as primeiras lições sobre a vida sem romantismo, vivendo a realidade que ela
é, quando juntos habitávamos sob o mesmo teto na cidade de Recife, em 1994.
Tio, eu continuo a cavalgada;
Não posso deixar de agradecer a Adão da Silva Ramos (tio), que nos
momentos difíceis foi um ponto de apoio para nossa família;
À Cíntia Costa (Fortaleza/CE), que pelas sementes plantadas, a distância hoje
é nossa companheira;
À João N. Maciel (Fortaleza/CE), pelo exemplo de humildade que lhe abrilhanta
a alma;
À Gideão Santes Machado (amigo e irmão)... Obrigado por estar sempre
disposto a segurar na minha mão nas horas em que não vejo mais ninguém ao
meu lado;
Aos meus irmãos Marcelo e Cíntia, que me acolhendo deram-me um teto para
que eu pudesse concluir este trabalho;
Àqueles que se dispuseram a ceder entrevistas contribuindo assim para o
enriquecimento desta pesquisa;
Enfim... a todos que contribuíram com a realização deste trabalho, seja através
de incentivo, ou através de críticas construtivas ou destrutivas.
PAZ PROFUNDA
MEMÓRIA
Amar o perdido
Deixa confundido
Este coração.
As coisas tangíveis
Tornam-se insensíveis
À palma da mão.
APRESENTAÇÃO ........................................................................................................06
INTRODUÇÃO............................................................................................................. 10
5 AFLORANDO AS REMINICÊNCIAS...................................................................... 43
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 62
BIBLIOGRAFIA............................................................................................................ 66
APÊNDICE................................................................................................................... 69
QUESTÕES DE CONCURSOS................................................................................... 77
APRESENTAÇÃO
A MEMÓRIA POLÍTICA DA CIDADE DE JOAQUIM PIRES-PI
O passado é lição para se meditar, não para se reproduzir.
Mário de Andrade
O contato com estes atores foi feito de uma forma muito simples,
lembrando que tivemos alguns encontros dias antes da gravação de seus
depoimentos, o que os deixou muito à vontade na hora da entrevista, as quais
traz alguns termos e expressões típicas do “homem do interior”, com uma
linguagem que aparece com um tom coloquial, mas que deixa transparecer a
emoção daquele entrevistado (a), de estar voltando ao passado e sentindo como
se estivesse vivendo aquilo novamente. Isso nos faz refletir ainda mais sobre a
importância e a riqueza que tem a oralidade, que transforma em “gênios” do
passado e do presente, o entrevistado e o entrevistador, respectivamente.
Márcia Mansor D’Aléssio (2001, p.69), comentando a respeito da
exposição oral e a participação do entrevistador, fala que:
Depois dele, quem mais se aproximou do poder executivo municipal foi Noé
Fortes de Souza Pires em 1996, apresentado pelo então prefeito da época
Santino Santos numa coligação feita pelos partidos PPB/PTB/PFL/PSDB. Nesta
eleição, Noé Pires perde por 706 votos para o candidato Édios Ramos,
apresentado por seu pai, Antônio Miroca.
Em entrevista com Antônio Miroca, perguntamos qual era sua opinião sobre
o motivo da família Pires nunca ter chegado a dominar a política de Joaquim
Pires, no que ele respondeu:
Agripino Costa e sua esposa Dona Maricota (fonte: Arquivo fotográfico da família Costa)
Era um cidadão com forte poder de persuasão sobre às pessoas, e em
decorrência disso em pouco tempo conseguiu predomínio econômico, social e
político no município. Através de sua hegemonia econômica passou a ser
chamado pela patente de Coronel, e como tal, tinha que desenvolver alguns
atributos de coronel perante a sociedade.
Em entrevista a Francisco Pereira da Silva, mais conhecido por Chico Calú,
neto de um dos primeiros habitantes de Porteirinha, o já citado neste trabalho, o
Sr. José Pereira de Sousa, lhe perguntamos como era o relacionamento de
Agripino Costa com o povo. Chico Calú (2006) nos respondeu que:
Agripino Costa e sua esposa Dona Maricota (fonte: Arquivo fotográfico da família Costa)
Para Antônio Miroca, o fato de Agripino Costa ter permanecido no poder,
mesmo com o gênio que tinha, se explicava pelo fato de o mesmo ser “um
cidadão de bem e... um homem muito inteligente, que conversava, conquistava
todo mundo, e o povo tirava o chapéu pra ele. Ele naquele tempo era o homem
daqui”, diz Miroca.
Proprietário de muitas terras, o que parece é que o Agripino a zona rural
era diferente do Agripino da zona urbana. Em entrevista a Francisca Nogueira,
a mesma relata que nasceu nas terras de Agripino Costa e lá permaneceu até
mais ou menos 1982. Nogueira (2006), relata que Agripino era um homem
simpático que tratava bem os seus moradores. A mesma diz que na época de
eleição o coronel Agripino não obrigava nenhum dos seus moradores a votar
nele ou em algum de seus candidatos, limitando-se apenas a visitas de casa em
casa entregando calendários e pedindo votos. Porém, ela lembra de que os
próprios moradores sentiam-se na obrigação de votar no patrão pelo motivo de
morarem nas terras dele.
Como prefeito, Agripino Costa governou de 1963 a 1966 pelo PSD e depois
pela ARENA. Essa primeira eleição foi disputada contra o Coronel Leôncio da
UDN. Foi uma eleição histórica em Joaquim Pires, visto que foi a única onde os
candidatos eram os próprios coronéis, além de ter sido nessa eleição, que
Joaquim Pires elegeu o primeiro prefeito do município através do voto, visto que
como já vimos, como prefeito Joaquim Pires Costa foi nomeado e não eleito.
Apresentou e elegeu seu sucessor nas eleições de 66 Pedro Agápito da
Silva, o Pedro Justino. Após a saída de Pedro Justino, apresentou o irmão
Bernardo Costa em 1970 onde sofreu a primeira derrota, numa eleição que aos
olhos do grupo que o apoiava estava ganha, porém, foram surpreendidos pela
chapa formada por Antônio Miroca – Prefeito e Pedro Leôncio – Vice-Prefeito,
que faziam parte da UDN. Depois desta derrota, ele mesmo entrou para a disputa
contra a chapa de Zé Leôncio – Prefeito e Zé Maria Marica – Vice-prefeito em
1972, sofrendo a segunda derrota. Nas eleições de 1976 apresentou o genro Zé
Maria Marica contra a chapa de Antônio Miroca – Prefeito e Santino Santos –
Vice-Prefeito sofrendo a terceira derrota.
Estima-se que Agripino Costa, esteve à frente do poderio político de
Joaquim Pires, por mais ou menos 20 anos, sofrendo seu declínio político em
1970 com a primeira derrota. Antes da emancipação da cidade, já ocupava o
cargo de vereador por duas vezes na cidade de Buriti dos Lopes (a qual
Porteirinha fazia parte), onde mantinha estreitos laços de relacionamento com
os chefes políticos daquela cidade, conforme já foi comentado neste trabalho.
Era amigo e eleitor do Deputado Estadual João Clímaco de Almeida, político que
estava sempre pronto a atender os seus pedidos.
Foi curioso o fato de seu declínio político, levando em consideração toda a
sua influência e poderio. Indagado sobre sua opinião, do por que de Agripino ter
perdido o poder político de Joaquim Pires e não ter mais conseguido de volta,
Chico Calú (2006) responde que:
Após sua saída de Joaquim Pires, Agripino da Silva Costa passou a morar
com uma filha na cidade de Fortaleza, onde faleceu em 15 de fevereiro de 1990.
Carteira de Identidade de Francisco Leôncio (fonte: Arquivo fotográfico da família Leôncio de Sales)
O “coronel” da família dos Leôncios era um homem temido por todos por
causa de sua fama de valente. Em entrevista a seu filho Pedro Leôncio de Sales,
hoje com 79 anos de idade, ele confidencia que: “o papai não ia ‘mijar’ se não
fosse com o revólver na cintura”. Segundo Pedro Leôncio, seu pai possuía um
arsenal em casa, que ia desde um revólver 38 a um rifle surdo. Explicando o
motivo de ter tantas armas, o entrevistado fala que seu pai era perseguido por
causa da riqueza que possuía. O “Coronel” Francisco Leôncio de Sales não
temia sequer a polícia, a quem desafiou algumas vezes quando estiveram em
sua casa. Seus atos de valentia quase chegaram a se tornar lendas na cidade,
onde alguns antigos moradores do município comentam com um certo medo,
fatos como algumas mortes cometidas pelo coronel Leôncio.
Francisco Leôncio, só veio a entrar nas disputas políticas após a
emancipação da cidade. Através de incentivos por parte de pessoas que viviam
ao seu lado, decidiu candidatar-se a prefeito nas eleições de 1962 contra a chapa
de Agripino Costa – Prefeito e Clarindo Lopes Castello Branco – vice. Segundo
Pedro Leôncio (2006), seu pai perdeu essa eleição por que a mesma foi
fraudada:
Nas eleições de 1962 teve como Vice-Prefeito Antônio Miroca, indicado pelo
Deputado Estadual Wenceslau Sampaio de Buriti dos Lopes.
Francisco Leôncio não teve a oportunidade de disputar as eleições de
1966, pois, faleceu em 1964 vítima de problemas cardíacos. A liderança do grupo
ficou a cargo do seu filho José Leôncio que, em 1966 entrou contra a chapa
apoiada por Agripino Costa, sendo ela Pedro Justino – Prefeito e Joaquim Pires
Costa – vice, acontecendo desta forma a segunda derrota do grupo.
O grupo político originado pelo coronel Leôncio só alcança sua primeira
vitória com a chapa de Antônio Miroca - Prefeito e Pedro Leôncio - Vice-Prefeito
em 1969, contra o candidato de Agripino Costa, seu irmão Bernardo Costa. A
Segunda vitória do grupo veio em 1972 quando foram apresentados a candidato
José Leôncio de Sales tendo como vice o cunhado de Agripino Costa, Zé Maria
Marica. Segundo informações que se escondem atrás do anonimato, o fato de
Zé Maria Marica ter sido candidato a Vice-Prefeito na chapa dos Leôncios, foi
movida por dois interesses:
1º - Zé Maria Marica tinha um considerável número de votos na zona rural
do município, com redutos eleitorais na localidade Extremas e localidades
vizinhas;
2º - Zé Maria Marica era casado com a filha adotiva de Agripino Costa,
Dona Betinha, e o fato de o mesmo se opor ao sogro iria repercutir bem para o
grupo dos Leôncios.
Nas eleições de 1976, Antônio Miroca vence novamente tendo como vice
Santino Santos, e é nesse mandato que ocorre o rompimento de Antônio Miroca
com o grupo dos Leôncios, tirando dos mesmos a oportunidade de voltarem a
ocupar cadeiras no executivo municipal.
3.3 - Antônio da Silva Ramos
Alguns populares consideram que Pedro Justino foi o melhor prefeito que
Joaquim Pires já teve, e diante disso perguntamos o senhor Chico Calú se na
opinião dele, Pedro Justino estava sendo o melhor desde a emancipação da
cidade, no que ele respondeu:
Pelas notícias que circulam pela cidade de Joaquim Pires, sabe-se que
Pedro Justino está morando na cidade de Brasília – DF, e trabalha com um filho
numa granja.
Santino Raimundo dos Santos, em 1972 elegeu-se a vereador pela primeira
vez. Na época era eleitor de Antônio Miroca, e foi convidado pelo mesmo a
candidatar-se pelo seu partido. Ainda nessa legislatura, chega a ocupar a
Presidência da Câmara após a renúncia² de José Maria de Carvalho, mais
conhecido como “Zé Maria Marica”, que na época era Vice-Prefeito, e o vice
exercia também o cargo de Presidente da Câmara. A renúncia aconteceu em 29
de março de 1971 (I Livro de Atas da CMJP, p.116).
Falando de como entrou na política ele explica:
Quanto a Genival Bezerra da Silva, foi apresentado por Édios Ramos, filho
de Antônio Miroca, numa eleição complexa, onde o filho ficou contra o pai e vice-
versa, dividindo o grupo oligárquico em dois. A vitória de Genival nas eleições
2004, foi um paradoxo, visto que fazia parte do PT (um partido de ideologia que
vai de encontro às ações de grupos oligárquicos) e elegeu-se via oligarquia. De
qualquer forma, essa eleição ficará como marca da ascensão de uma tímida
esquerda política na cidade de Joaquim Pires, fato que merece um estudo mais
aprofundado.
4.2 - Poucos membros das famílias oligárquicas no legislativo
SALES, Pedro Leôncio de. Entrevista cedida a Francisco das Chagas Ramos d
a Cunha. Joaquim Pires, 2006.
SILVA, Francisco Pereira da. Entrevista cedida a Francisco das Chagas Ramos
da Cunha. Joaquim Pires, 2006.
FONTE: piauihoje.com
APÊNDICE 01
VICE-PREFEITO
Chaguinha do
Santino
de 2021 - 2024
APÊNDICE 02
As eleições 2004 na
cidade de Joaquim
Pires, foram a “porta de
entrada” para que
Genival Bezerra se
tornasse o maior líder
político dos tempos
atuais daquela cidade.
Ao tomar posse, os desentendimentos entre Genival Bezerra e Édios
Ramos começaram e não demorou para que acontecesse um rompimento entre
os dois. Para surpresa de Édios, muitos dos seus fiéis aliados que batiam palmas
para seus pronunciamentos públicos, agora estavam fazendo parte do grupo
político de Genival Bezerra.
Com a caneta na mão, Genival Bezerra fez muito pela cidade de Joaquim
Pires, e conseguiu agregar políticos vindos de outros partidos, principalmente do
MDB (partido de Édios Ramos).
Antônio Miroca passou 27 anos como maior líder político da cidade
Joaquim Pires, num período compreendido entre 1970 e 1997, quando foi
sucedido por Édios Ramos nesse posto. A liderança hegemônica de Édios durou
muito pouco tempo. Foram apenas 08 anos, somente no período em que foi
prefeito (1997 a 2004).
Genival Bezerra, no ano atual (2022), já fazendo 18 anos de liderança,
provou ser um excelente estrategista no campo da liderança política. Ao assumir
a prefeitura, em pouquíssimo tempo, trouxe para próximo de si vários cabos
eleitorais da oposição, e passou a mostrar quem era que agora mandava na
política daquela cidade. Apesar de ter menos tempo de liderança do que Antônio
Miroca, bateu o “record” se tornando o único político em Joaquim Pires a ter 04
mandatos de prefeito.
APÊNDICE 03
Fonte: https://www.jornaldaparnaiba.com/
Chagas Ramos
Instagram: @mongechagasramos