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Capitulo 1
“Carma”
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Eu estava eufórica, ainda extasiada pela noite anterior, eu não via a hora
de chegar em casa e ver se encontrava Jonathan na biblioteca.
Meu avô estava dirigindo, nós estávamos voltando e uma cidade vizinha
onde fomos fazer algumas compras. Fiquei até receosa pelo fato do meu
avô estar dirigindo, mas acabei por ceder, pois ele insistira demais. Ele
parecia até disposto nesse dia.
A chuva que se abatera em nós a meio do caminho estava torrencial.
Estava tão forte que nem o limpador de pára-brisa estava dando conta.
- Você não quer parar vô? A gente pode esperar a chuva diminuir!
- Não se preocupe Sophy, estou velho, mas não estou morto!
Eu suspirei, um sentimento de preocupação invadira meu corpo e eu
sabia que isso não era um bom sinal.
O céu já havia escurecido, e um dos faróis do carro estava fraco demais,
o que dificultava mais ainda o caminho. Insisti novamente para que ele
parasse, mas ele era uma velha cabeça dura.
Haviam muitos carros do outro lado, eu os via passar como foguetes ao
meu lado.
- Vô vamos...
Minha voz sumiu quando a enorme luz de um farol invadiu nossa pista,
o barulho ensurdecedor e a pressão que veio depois fizeram com que eu
perdesse a consciência.
O que havia acontecido?
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Abri os meus olhos, fora a única coisa que eu conseguira fazer. Percebi
que a chuva ainda caía, mas... nós não estamos dentro do carro? Como
eu poderia estar me molhando tanto?
Foi aí que a dor invadiu meu corpo por completo, eu não sentia uma das
pernas, mas sabia que minha barriga estava perfurada pela tamanha
dor e ardência que havia no lugar. Eu tentei virar a cabeça, procurar por
meu avô, ver se ele estava bem, se estava a salvo. Mas a única coisa
que eu encontrei foi uma mão inerte em meio às ferragens.
As lágrimas e o desespero me invadiram, eu comecei a entrar em
prantos, tal quando meus pais morreram, num acidente de carro.
Parecia que eu tinha algum tipo de carma com acidentes de carro!
Eu ainda estava chorando, tentando de uma forma inútil sair dali para
salvar meu avô, talvez ele ainda estivesse vivo e só estivesse precisando
de um pouco de ajuda.
O som da ambulância invadiu meus ouvidos, e eu encontrei naquele som
alguma esperança, foi aí que o grito saiu.
- SOCORRO!SOCORRO!! – eu gritei repetidas vezes.
O barulho se intensificou e ouvi barulho dos pneus deslizarem na água e
pararem.
Os “tock tock” dos sapatos dos enfermeiros vindo nos socorrer.
- POR FAVOR, O MEU AVÔ! – eu gritei, era a única coisa que importava
para mim.
Eu não os via, mas ouvi barulhos do lado em que o corpo de meu avô
estava no carro, logo eu vi, muito turvamente, uns dois homens
vestidos de branco.
Eu respirei fundo tentando me manter acordada, o que foi um erro, pois
o ar pareceu mais escasso. O ardor em minha barriga aumentou e eu
finalmente senti minha perna, que até então estava dormente, voltar a
sensibilidade.
Eu urrei de dor, por Cristo, aquilo era uma tortura!
- ME TIREM DAQUI!- eu gritava desesperada, parecia que estavam
arrancando minha perna fora.
A intensa sonolência invadiu meu corpo e eu apaguei em mesmo
momento. Minha ultima curiosidade era saber se meu avô ficara a salvo.
Será que morri?
***