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ACTIVIDADE ECONOMICA

A população da freguesia de Póvoa de Cervães dedica-se desde os tempos mais


remotos a uma agricultura quase e só de subsistência. Tem havido alguma modernização
mas o rendimento está sempre condicionado pelo terreno muito acidentado que inviabiliza
a mecanização total da agricultura.
Com o decorrer dos anos a população teve necessidade de procurar novos rumos
para a sua vida optando inicialmente pela emigração para o Brasil, hfrica e América e nos
anos 60 para a Europa, nomeadamentepara França. Mais recentemente a Suiça tem sido
um país de acolhimento
Este surto de emigração estacionou por diversos factores, nomeadamente algum
aumento da qualidade de vida e de infraestruturas criadas na povoação e principalmente
na sede de concelho
Algumas pessoas conseguiram colocações e empregos na sede do concelho, assim
como noutros centros urbanos do país.

LAGAR DE AZEITE

Como uma freguesia quase ex-


clusivamente agricola. desde
cedo sentiu necessidade de
transformar os seus produtos
nomeadamente a azeitona
Nesse sentido foi construído um
lagar de azeite que era movido
a água (do ribeiro) e que hoje
se encontra parado por motivos
diversos entre os quais o fazer
a sua modernizaçáo, o que
ivviabiliza a sua competitividade.
E mais um legado do passado
que importa preservar.

A OVELHA

A ~astorkiafoi desde semore uma actividade eco-


n6mica muito importante i a P6voa de Cetvães. A
I
feitura do queijo da serra e sua comercializaçtio foi
sustento de grande parte das f a m i i i desta aldeia.
Esta actividade tem vindo a decrescer dada a sua
grande exigência e "espírito de missao". I
Póvoa de Cewães é das freguesias do concelho de Mangualde menos populosa.
Tem vil ibo a perder população para a emigraçáo e para os centros urbanos do país.
A este facto não é alheio o abandono progressivo das actividades agrícolas pela
procura de melhores condições de vida noutras paragens do país e do estrangeiro.
A população que insiste em ficar e/ou regressar está envelhecida, o que dificulta a
dinamização económica e cultural. Tem havido algumas tentativas de inverter esta situação
com a construção de infraestruturas que melhorem a qualidade de vida da população,
evitando a "sangria" e o êxodo das gentes.

"PATRIMÓNIOCULTURAL' é constituído por todos os bens materiais e imateriais


que, pelo seu reconhecido valor próprio, devam ser considerados como de interesse
relevante para a permanência e identidade da cultura portuguesa através do Tempo (Art.
l0 da Lei n.O 13/85, de 06 de Julho de 1985 Património Cultural Português).

ASSOCIAÇÃO CULTURAL
e RECREATIVA CERVANENSE
Em 22 de Março de 1990, foi constituída a Associação Cultural e
Recreativa Cervanense cuja aprovação veio publicada no Diario da \açaoc
Républica em 3 de Maio de 1990. $O=
Era desejo dos seus fundadores desenvolver a parte recreativa e
cultural, na Freguesia de Póvoa de Cervães, objectivos que não vieram a ; e m
2'
ser atingidos devido a falta de estatutos para que fossem criados os C-%
corpos gerentes, pondo assim a funcionar a referida associação. -+o
Em Setembro do ano 2000, um grupo de jovens, liderado pelo Sr. Joaquim
Cardoso da Silva, apresentou os Estatutos aos seus associados para que estes os
pudessemaprecM, tendo sido aprovados pela maioria dos seus sócios, em Outubro desse
mesmo ano.
A Associação Cultural a Recreativa Cewanense tem como principais objectivos o
exercício de actividades de acção social, promoção cultural, desportiva a recreativa dos
seus associados e o seu âmbito de acção abrange sómente a Freguesia de Póvoa de
Cervães, Concelho de Mangualde.
A grande preocupação desta associação é a falta de uma sede própria.
Actualmente esta associação possui pouco mais de 40 sócios, o que e muito pouco
para fazer face as enormes dificuldades que tem de enfrentar.
Está prevista, ainda para este ano, com a colaboração da Câmara Municipal de
Mangualde, a criação de um campo polidesportivo, situado nas Laijoeiras, espaço que
vir&, sem dúvida, facilitar e até valorizar a realização das suas actividades.
O CICLO da VIDA

estão intimamenteligadas ao amanho da terra. Sáo gestos


As gentes de P6ma de Ce~áes
antigos, mas que perduram atravks dos tempos. Alguns deles ainda se repetem no início
do terceiro milénio. Contudo, outros houve que já não se usam, pelo menos de uma forma
generalizada, como, por exemplo, o Ciclo do Linho. 0 s museus da especialidade, um
pouco espalhados pelo país, pretendem perpetuar essa memória colectiva com a recolha
desse instrumental e com exposições temporárias ou permanentes. Este livro pretende
dar mais um contributo nesse sentido, retratando algumas vivencias da Póvoa de Ce~ães
já pouco em voga ou totalmente em desuso.
O FABRICO DO QUEIJO DA SERRA
$ I
saboroso queijo da Serra, famoso
em Portugale também além-fronteiras,é um
dos produtos caseiros que contribuem para
assegurar preciosa fonte de receita às
populações serranas. O seu fabrico no
maciçoda Estrela não é obra do acaso: está
intimamente ligado a duas constantes. do
povoamento da serra, que são o pastoreio,
tradicional actividade das gentes, e a
transumhncia, inevitável deslocação dos
gados. Entre as faldas da serra e as
pastagens de altitude, por lombas e
planaltos, as ovelhas acompanham o ciclo
do tempo, Estio e Inverno, calor e neve, e Mas que é, afinal, o queijo da
produzem a lá e o leite - matérias primas dos Serra?
têxteis e do queijo.
O efectivo ovino regional embora
Um queijo de leite de ovelha, muito
tenha sofrido uma acentuada regressão a
alimentício (cada queijo leva, em média,
partir dos anos sessenta com o incremento a litros de leite por quilo), de casca
do surto emigratóriO, permite ainda
amarelada e male&vele de massa mole, e
considerar esta etnia como segunda mais
que tem a forma de um disco ou cilindro
representativa a nível nacional.
achatado. Produto que é ainda hoje como
O queijo "Serra da Estrela", como
há centenas de anos, o queijo da Serra
produto aqesanal, fabrica-se há mais de
precisa fundamentalmente.de frio e de
600 anos. E um produto de alta qualidade
humidade,
que pertence ao património cultural da
região e que urge proteger na sua
genuidade, melhorando as condições Como é fabricado o queijo?
higio-sanitárias de fabrico, valorizando-o
como facto importante na promoção A primeira operação essencial A a
turística regional. - ordenha. Esta faz-se, normalmente, duas
vezes por dia: & manhã, antes do nascer
do sol, e A tarde, logo que o rebanho
recolhe A palheira. Habitualmente, o leite
da primeiramungiçáo é utilizado para fazer,
de imediato, queijo, enquanto o da
segunda fica numa vasilha descoberta (os
serranos acham que tapar as vasilhas
"abafa" o leite e lhe dá mau gosto) até ao
dia seguinte.

O queijo da Serra é, habitualmente,


feito nas cozinhas das casas velhas de
granito, embora já existam, actualmente,
Queijo da Serra
algumas instalações modernas e funcionais.
A mulher ou filha do pastor retiram o
leite da ovelha para a ferrada (vasilha de
lata) e deitam-no para uma patxela de ferro
(actualmentepara uma panelade alumínio
ou esmalte) em cuja boca foi colocado um
pano branco que serve de coador.
-- A Ferrada
Previamente, foi posta na
panela a flor do cardo (esmagada num
almofariz até ficar reduzida a pó), que é o
coalho natural, hé muito descoberto.
Coloca-se no pano um pouco de sal para
que, com a passagem do leite, derreta
melhor.

F18r do Cardo O "Caco" (alrnoiartzpara esmagar o cardo)


Depois, o leite é aquecido ao lume (em
banho mana), dá-se-lhe uma "quentura" na
lareira aquecida com toros de pinheiro e
rama de giesta, tendo-se o cuidado de não
deixar ferver.

Logo que o leite coalhe, a pastora mete-


lhe a mão, mexendo sempre. Depois
coloca-se a massa do queijo num cincho
(ou acincho), por cujos oriflcios vai
escorrendo o soro de que ser4 feito o
requeijão.
Açafate (pequenocesto para feitura de requeijão)
Pacientemente, a mulher vai
espremendo a coalhada na francela consoante o tempo está mais ou menos
(palmat6ria de madeira com quatro pés), quente, a reimar, ou seja a fermentar e
pressionando-a lentamente com uma deitar soro e impurezas até ficar curado.
rodela de madeira. Todos os dias é mudado o pano em que
assenta. E, também todos os dias, o queijo
Quando o queijo está pronto, envolve- é limpo e lavado com água morna, para ir
se numa tira de pano, para não amarelecendo.
"esbarrigar".
Depois, o queijo vai para a queijaria, Correspondendo, sensivelmente, ao
onde ficará entre quinze dias e um mês, surto da emigraçáo das populaçbes rurais
dos concelhos da Serra, com ameaça de
extinção da profissão de pastor e com o
decrbscimo do fabrico do queijo artesanal,
desenvolveram-se nas duas Últimas
décadas, pequenas unidades industriais
para o fabrico do queijo do tipo serrano.

É evidente que, por um conjunto de


circunstâncias, este queijo industrializado
não reproduz com precisãoa qualidade do
queijo da Serra.

Francela Clncho (Aclncho)


Traje Tradicional do Pastor. O Cão, precioso companheiro na guarda do rebanho

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