INFRAERO SINA luta contra privatização de aeroportos VASP Sindicatos conquistam adjudicação da fazenda Piratininga

Ano V - No 22 - Setembro de 2008

IMPRESSO

Jornal da Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil da CUT

A quem interessa abrir

os céus brasileiros

EDITORIAL
Descamisados
O Sindicato Nacional dos Aeroviários
ainda busca na Justiça recuperar sua antiga
sede. A crise financeira da entidade levou-a
a perdê-la, em abril, após a realização de
um leilão por dívidas condominais. O caso,
todavia, transcorreu de modo estranho na
Justiça. A sede foi arrematada pelo irmão
do juiz da 24ª Vara Cível do Rio de Janeiro.
Nela, o Sindicato tinha uma ação já definida,
paga. Contudo, o juiz da Vara não liberou os
recursos (cerca de R$ 250 mil, muito acima
dos R$ 25 mil acordados com a outra parte)
bloqueados de uma conta da entidade.
Dois leilões foram realizados pela 48ª Vara
Cível, para a venda das dezesssete salas que
compunham a sede. As petições feitas pelo
Sindicato, protocoladas na Justiça, e o contato
dos advogados da entidade não surtiram
nenhum efeito no pedido de suspensão dos
leilões. A entidade contava com parte dos
recursos bloqueados para quitar suas dívidas,
dentre elas o condomínio atrasado da sede.O
juiz da 24ª Vara, que bloqueou os recursos e
é irmão do comprador dos conjuntos, chegou
a chamar os sindicalistas de “descamisados”
e a negar publicamente que tenha recebido
alguma informação sobre a ação na 48ª Vara,
o que o sindicato comprovou ser inverídico. O
despejo e o leilão aconteceram perante todas
essas evidências.
Nesta edição, questionamos a política de
céus abertos, que está sendo implementada
pela Anac. Trazemos também argumentos para
as campanhas salariais. Começamos setembro
com a notícia de que a Azul irá firmar sua
sede operacional no Rio. A previsão é de que
gere 850 empregos diretos. E com o anúncio
de que a Anac autorizou o code share entre
Gol e Varig, o que esperamos seja bom para
os todos. Como podemos ver, a crise do setor
aéreo ainda afeta empresas e trabalhadores.
Mas a luta continua, pois os desafios não
cessaram. Dentre eles, as eleições municipais
e a intenção do governo de privatizar os
aeroportos Galeão e Viracopos. Boa leitura.
Expediente
O jornal CONEXÃO é uma publicação da
Fentac/CUT - Federação Nacional dos
Trabalhadores em Aviação Civil da CUT
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Edição finalizada em 05/09/2008
Capa: Foto de satélite do Google Earth
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Tiragem: 10 mil exemplares
OPINião
Inflação é prima-irmã da especulação;
salário não tem nada com isso
Por Artur Henrique*
Começam a pipocar na grande imprensa
matérias que apontam os reajustes salariais como
um dos fatores que pressionam a inflação. O ponto
de partida de mais essa campanha conservadora
foi dado por um dos diretores do Banco Central,
que em entrevista disse que “se há aumento
de salário sem elevação da produtividade, há
pressão inflacionária”. Esse risco não existe, como
veremos adiante.
A partir daí repórteres e analistas passaram a
dar eco à tese, que se replicada à exaustão pode
convencer muita gente de que a culpa da inflação
é do trabalhador que conseguiu aumento real. O
noticiário da TV até mesmo ressuscitou a palavra
“indexação” para se referir ao assunto.
Em primeiro lugar, queremos deixar claro que
somos contra a volta da inflação, pois sabemos que
a primeira a ser atingida é a classe trabalhadora.
Em seguida, é importante frisar que os
aumentos reais que temos conseguido desde 2004
não pressionam a inflação, por motivos bastante
simples:
1. Faz 14 anos que os salários não são indexados
no Brasil, ou seja, não há mais nenhum mecanismo
que repasse automaticamente aos salários a corrosão
inflacionária;
2. No momento da desindexação dos salários, em
1994, a URV entrou em cena após aumento médio de
preços que ultrapassou 400%, enquanto os salários
permaneceram estagnados no patamar anterior. Tarifas
públicas e contratos em geral, estes sim, não foram
desindexados;
3. Nossas campanhas salariais são anuais e,
portanto, não têm como referência picos inflacionários
sazonais. Por tal característica, não funcionam como
puxadores de preços. Ao contrário, nossas campanhas
salariais contemporâneas apostam na estabilidade;
4. Os reajustes recentes recompõem poder
aquisitivo. Nunca embutem expectativa de inflação
futura;
5. Os reajustes salariais dos últimos anos ainda
permanecem abaixo dos ganhos de produtividade de
todos os setores de atividade. A indústria, em 2007,
aumentou a produtividade em 4,16%. No acumulado
dos últimos 15 anos, a produtividade do setor cresceu
150%;
Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos
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Sindicato dos Aeroviários de Pernambuco
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Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre
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Os textos editoriais e os artigos são de inteira responsabilidade da direção desta entidade.
Setembro de 2008
6. Em 2007, o rendimento médio do trabalhador
cresceu 1,3%. O rendimento mensal médio dos
brasileiros, apesar do recente processo de recuperação
– conquistado com muito esforço – ainda é semelhante
ao que possuíamos em 2003. Em certas regiões
metropolitanas, como São Paulo, é inferior. Os dados
estão todos no Anuário dos Trabalhadores, do Dieese;
7. A comparação entre produtividade nacional e
rendimento médio dos assalariados comprova uma
situação extremamente injusta, pois os ganhos não são
divididos com seus principais autores, os trabalhadores.
Querer imputar aos reajustes a causa de pressões
inflacionárias é uma piada grosseira.
O que estamos assistindo hoje, segundo
demonstram diversos estudos, é a elevação de
produtos alimentícios, especialmente em função
da subida do preço do petróleo, causada pela
especulação internacional.
Fora isso, há diversos setores do empresariado
brasileiro especulando com estoques, à espera
de elevação mais acentuada de preços. Tantos
outros, por sua vez, estão elevando preços sem
razões objetivas para tanto, contando apenas com a
inflação futura. Isso é um cassino, uma roleta-russa
apontada para a cabeça dos brasileiros que vivem
de sua força de trabalho.
O governo federal tem o papel de combater
essas práticas, e tem instrumentos para isso.
De pronto, já podemos lembrar do uso de
estoques reguladores e do recurso à importação
emergencial. No médio prazo, outro instrumento
deve ser o incremento da produção de alimentos
a partir da agricultura familiar e da diminuição de
nossa dependência da produção de fertilizantes.
Queremos salários mais fortes e distribuição de
renda, fatores que geram maior consumo popular
e desenvolvimento. Paralelamente, mais produção
e menos especulação. Menos juros
e mais desenvolvimento. Com
esses objetivos, nos próximos dias
faremos atos em frente à Fiesp,
a um grande atacadista e a um
grande banco.
* Presidente nacional da CUT Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Sindicato Nacional dos Aeronautas
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Sindicato Nacional dos Aeroportuários
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e-mail: sina@sina.org.br / www.sina.org.br
Sindicato Nacional dos Aeroviários
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e-mail: sede@sna.com.br / www.sna.org.br
Setembro de 2008
Sina conquista índice de 5,5% e assina acordo
No dia 1º de agosto, o Sindicato Nacional
dos Aeroportuários (Sina) assinou o Acordo
Coletivo de Trabalho com a Infraero. Os
trabalhadores chegaram a realizar greve,
no dia 30 de julho, em doze aeroportos
administrados pela estatal.
As paralisações foram suspensas depois
que a Infraero apresentou uma contraproposta,
melhorando as condições de negociação
com o sindicato. O índice de reajuste ficou
próximo do reivindicado pela categoria. O
sindicato lutava por 6%, alcançou 5,5%.
Também foi obtido vale-alimentação de R$
24 ao dia e dois padrões de promoção, uma
importante reivindicação dos trabalhadores.
Aéreas são autuadas por
não pagar insalubridade
O Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE) realizou uma fiscalização no
Aeroporto Santos Dumont e autuou as
companhias TAM, Gol e Swissport por não
pagarem adicional de insalubridade aos
funcionários que atuam no reabastecimento
de aeronaves. Trabalhadores de rampa,
operadores de equipamentos, auxiliares de
limpeza e mecânicos de aeronaves também
têm direito ao benefício. A denúncia partiu do
Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA).
CURTAS (SNA-BA)
INTER SERVICE - A terceirizada da Gol em
Salvador “não tem nenhum compromisso com
o trabalhador”, afirma a direção do SNA. No
acidente ocorrido em 11 de julho, em que um
aeroviário ficou preso nas ferragens, ela omitiu-
se da emissão da CAT. O sindicato fez denúncia
à DRT e solicitou fiscalização no local.
OLIVEIRA MARINI - Após três anos do
ajuizamento da ação por descumprimento
da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), o
SNA obteve vitória na Justiça e os funcionários
da empresa irão receber, em seis parcelas, o
pagamento devido. A primeira foi paga em 30/7.
AEROPARK - A empresa propôs acordo com
o SNA, que irá deliberar com os trabalhadores
sobre a proposta. A diferença do reajuste da
CCT 2006/2007 já foi paga. Contudo, falta o
acerto dos demais itens econômicos.
PASSAREDO - A empresa informou ao SNA
que irá regularizar os pagamentos, realizados de
forma incorreta. A entidade segue fiscalizando.
TAM - Nada mudou, em Salvador, na relação
da companhia com os funcionários. Mesmo após
reunião com a empresa, persistem problemas de
sobrecarga de trabalho e assédio moral contra
aeroviários que atuam nas rampas. Um novo
ofício foi encaminhado ao setor de Recursos
Humanos.
Conjuntura
Arquivo/Ag. Virya
Dificuldades na VarigLog continuam
Decisão dos sindicatos de não abrir mão de direitos reverteu parcelamento de rescisões
Atrasos e
parcelamentos
de salários, não
pagamento integral
de rescisões,
homologações não
realizadas, falta de
informações para
os funcionários. Os
problemas da VarigLog
continuam, mesmo
após a redução, em
cerca de 50%, do seu quadro de funcionários.
Contudo, a decisão dos sindicatos de
não abrir mão do cumprimento integral da
legislação fez com a companhia desistisse
de parcelar as verbas rescisórias. No
final de junho, ela fez o depósito devido
a 266 funcionários demitidos. Mas a
companhia ainda deve arcar com multa pelo
descumprimento da legislação, em razão do
atraso nesse pagamento.
As dificuldades enfrentadas pelos
funcionários levou-os a realizar, no dia 6
de junho, paralisação em frente a sede da
VarigLog em Guarulhos. As atividades foram
interrompidas das 22 às 7 horas, incluindo
a entrada e saída de caminhões. A polícia
foi chamada pela empresa para encerrar o
protesto. "Enquanto os trabalhadores são
agredidos e tratados como bandidos, os
empresários continuam sem pagar salários
e nada acontece em relação a isso", ressalta
Celso Klafke, presidente da Fentac/CUT e do
Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre.
“Tem colega que corre risco de prisão por não
poder pagar a pensão dos filhos”, completa
Orisson Melo, diretor do Sindicato dos
Aeroviários de Guarulhos.
Desde julho de 2007, a VarigLog não
deposita o FGTS - Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço. Há denúncias de que a
empresa tem descontado dos trabalhadores os
valores do Aerus sem repassá-los ao fundo, o
que caracterizaria apropriação indébita.
JABUTIS - O Supremo Tribunal Federal (STF)
indeferiu pedido de liminar ajuizada pela Infraero.
O objetivo da estatal era suspender decisão da 5ª
Vara do Trabalho de Brasília, contrária à admissão
de trabalhadores sem concurso para funções de
confiança. A reclamação segue em tramitação.
PRIVATIZAÇÕES - O Sina denuncia as
tratativas do governador do Rio de Janeiro, Sérgio
Cabral, do ministro da Defesa, Nelson Jobim, da
presidente da Anac, Solange Vieira, dentre outras
autoridades, visando a privatização dos aeroportos
Galeão (Rio) e Viracopos (Campinas). O sindicato
e a CUT já estão mobilizados para impedir esse
processo. O tema interessa a todos brasileiros.
Em reunião com os sindicalistas, o
engenheiro Eduardo Arthur Rodrigues Silva,
presidente da companhia, confirmou a falta de
perspectivas para dar conta dos pagamentos
das rescisões e demais itens da legislação
trabalhista.
Novo capítulo na disputa societária
A Anac vai verificar a origem do capital
dos dois candidatos a sócios da VarigLog:
a chinesa naturalizada brasileira Chan Lup
Wai Ohira (irmã de Lap Chan) e Peter Miller,
cidadão americano e brasileiro, que trabalha
para o fundo Matlin Patterson. Pela proposta,
eles ficariam com 80% das ações da empresa,
e o fundo com os outros 20%.
Por exigência da chamada Lei das
Concessões, a Anac também terá de verificar
a regularidade jurídica, fiscal e a viabilidade
econômica da nova configuração da empresa.
Entretanto, uma liminar da Justiça Federal
em Brasília obrigou a Agência a paralisar a
análise até o fim da disputa entre os ex-sócios
brasileiros e o fundo, travada na 17ª Vara
Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo.
* A Fentac/CUT encaminhou pedido ao Ministério
Público do Trabalho da 1ª Região para que intervenha
na disputa acionária da VarigLog, visando resguardar
dinheiro para o pagamento dos funcionários na ativa
e demitidos.
3

Pedido para adjudicação de bens da Vasp é aceito pelo TRT-SP
Pátio dos hangares da Vasp no Aeroporto de Congonhas
O juiz Wilson Ricardo Buquetti Pirotta, do
Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região
(TRT-SP), deliberou, no dia 1º de setembro,
pela adjudicação de bens penhorados do grupo
econômico proprietário da Vasp, atendendo
pedido dos sindicatos de trabalhadores.
Com isso, as entidades, a partir de agora,
poderão trabalhar com a possibilidade de
arrendamento ou venda dos bens, para então
utilizar os recursos no pagamento dos credores
trabalhistas da companhia. A dívida trabalhista
é estimada em cerca de R$ 907 milhões.
A ação judicial, que começou em 2000,
com inúmeras denúncias e dezenas de
reuniões, tem como autores o Ministério
Público do Trabalho da 2ª Região, o Sindicato
Nacional dos Aeronautas e o Sindicato dos
Aeroviários no Estado de São Paulo (SAESP).
E, como assistentes, o Sindicato Nacional
de Aeroviários, Sindicato dos Aeroviários
de Guarulhos, Sindicato dos Aeroviários de
Proposta de PLR da TAM é um retrocesso, afirmam sindicalistas
No dia 28 de agosto, os sindicatos reuniram-se
novamente com a direção da TAM, em São Paulo,
e encaminharam a reivindicação dos trabalhadores
sobre o PLR 2008. Em resposta, a empresa
disse que não poderá abrir mão do plano por ela
estruturado. Os representantes da companhia
acenaram que não há espaço para mudanças, mas
comprometeram-se a levar o plano alternativo para
discussão junto à direção da empresa. Ou seja,
mesmo na melhor das hipóteses, o PLR será muito
baixo, nessa proposta.
“A TAM demonstra que não veio para negociar”,
declaram os sindicalistas. Para eles, a TAM não
conseguiu tornar real o compromisso firmado
antes da assinatura do PLR 2007 de que faria uma
discussão transparente e ampla com os sindicatos
para o plano deste ano. Foi por esse compromisso
que os sindicatos assinaram o acordo, após
consulta aos trabalhadores. Frente a uma situação
ruim, em que a empresa oferecia 0,34 salário, a
decisão de aceitar aquele PLR estava condicionada
à construção de uma proposta mais justa na
4
CONJUNTURA
Henrique Lessa/Ag. Virya
Pernambuco e Sindicato dos Aeroviários de
Porto Alegre.
No despacho do juiz, segundo avaliação
do oficial de justiça que esteve na
propriedade em novembro de 2007, os
bens penhorados transmitidos aos credores
trabalhistas, incluindo a fazenda Piratininga,
suas benfeitorias, imóveis sobre sua terra
construídos, bens móveis e semoventes,
somam, aproximadamente, R$ 421 milhões.
Os sindicatos irão pedir à Justiça o direito
de realizar auditoria e nova avaliação dos
bens, para determinar o valor penhorado
e encaminhar o processo de venda, ou
arrendamento.
A adjudicação é um primeiro passo
em busca do pagamento dos créditos dos
trabalhadores. As próximas etapas, além da
sua assinatura definitiva, incluem prazo para
recurso das partes. Desde já, os sindicatos
estão tomando as iniciativas necessárias,
distribuição dos lucros no ano seguinte.
A discussão demorou para recomeçar e quando
os sindicatos receberam a proposta da empresa,
ela não era a inicial, mas a definitiva. E pior que a
do ano anterior.
A direção da TAM também criticou o material
produzido pela Fentac/CUT e distribuído pelos
sindicatos, que explicou a essência do acordo que
a companhia está propondo e apresentou o plano
alternativo elaborado pelas entidades.
Por isso, os sindicatos conclamam a todos
os funcionários da TAM a ficarem atentos a esse
processo, para que ele seja, de fato, transparente.
No momento, a intransigência da companhia leva
a negociação para uma situação de impasse. Os
sindicatos, no entanto, esperam que a TAM reflita e
abra a possibilidade para que possa ser construído,
com bom senso, um novo plano, que considere as
condições financeiras da empresa e, mais do que
isso, valorize definitivamente seus trabalhadores. “O
sentimento de frustração, que hoje vemos, não faz
bem para ninguém. Somos 22 mil trabalhadores na
Setembro de 2008
dentre elas o pedido de auditoria na fazenda,
acompanhada por oficial de justiça, por
representante do INCRA e por profissionais
indicados pelas entidades.
A ação em trâmite é muito importante
para as entidades sindicais, que esperam ver
ao menos boa parte dos créditos trabalhistas
atendidos por ela. Foi com esse mesmo
argumento que os sindicatos defenderam a
continuidade da Vasp e dos empregos, postura
diferente da tomada por inúmeros advogados
trabalhistas que votaram pela falência da
companhia, no processo de recuperação
judicial, e agora buscam inserir-se na ação,
fruto de um acordo coletivo assinado pelos
sindicatos.
Os sindicalistas ressaltam que há um longo
caminho pela frente, e que todos devem ficar
atentos às manobras jurídicas que podem ser
colocadas em prática para protelar o processo.
Funcionários lutam para Vasp
ficar com área em Congonhas
A Infraero está retomando parte dos ativos
da Vasp: áreas nobres nos aeroportos de
Congonhas (SP) e Santos Dumont (Rio). Em
Congonhas, a área, onde ficam os hangares da
companhia, ocupa cerca de 205 mil m2.
A reintegração de posse já está em fase de
execução na Justiça. No entanto, a atual gestão
da Vasp defende que a área em São Paulo não
pertence à União, mas ao Estado paulista. Os
funcionários seguem na luta pela manutenção
da área e pelo pagamento de seus salários.
TAM, juntos somos fortes, e nosso compromisso não
resume-se a campanhas publicitárias”, ressaltam os
dirigentes sindicais. Henrique Lessa/Ag. Virya
ENTENDA O CASO
Os sindicatos de
trabalhadores, através
de uma comissão intersindical, têm reunido-se
com a direção da TAM para debater o plano de
Participação nos Lucros e Resultados (PLR).
No dia 14 de agosto, a companhia apresentou
uma proposta às entidades. Nela, a TAM agrega um
novo parâmetro, relacionado a índices de satisfação
dos clientes, que influenciaria no cálculo do PLR
2008. Esse e demais aspectos do plano foram tema
de assembléias de trabalhadores realizadas entre os
dias 25 e 27 de agosto. A decisão, por unanimidade
na maioria das bases, foi pela rejeição da proposta
da TAM e pela defesa de uma proposta alternativa,
elaborada pelos sindicatos, que visa garantir, no
mínimo, um salário para o PLR deste ano.
Setembro de 2008
TJ decide sobre pagamento dos trabalhadores da antiga Varig
O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de
Janeiro (TJRJ) julgou o recurso do Ministério
Publico Estadual (MPE) e estabeleceu os
critérios de distribuição das debêntures dos
trabalhadores (classe 1) da antiga Varig,
RioSul e Nordeste.
Segundo o gestor da Flex (antiga Varig),
Aurélio Penelas, e sua equipe, em reunião
realizada com a direção do Sindicato Nacional
dos Aeronautas, o pagamento depende
somente da finalização do quadro de credores.
Tão logo esta seja publicada, não havendo
impedimento legal, o agente fiduciário iniciará
a distribuição de R$ 47,5 milhões relativos às
debêntures da classe 1.
Conforme decisão judicial, a distribuição
dos créditos concursais (valores computados
antes de junho/2005) será, em um primeiro
momento, realizada com um teto de cinco
salários, o que equivale a R$ 2.075,00. Os
credores trabalhistas com créditos até esse
valor terão suas verbas quitadas nesta etapa.
Aqueles que têm mais a receber, receberão
esse valor e ficarão com um saldo.
Pela decisão, o valor das debêntures
(subtraindo o que será pago até o limite de
cinco salários) será rateado por todos os
credores que ainda tiverem crédito a receber.
O teto para o cálculo de pagamento, nesta
segunda etapa, foi limitado em 150 salários
mínimos (R$ 62.250,00) e o valor a ser
efetivamente pago será 13,5% desse saldo.
Em relação aos credores extra-concursais
que aderiram ao Plano de Recuperação, a
mesma regra estará valendo na primeira
e segunda etapa. Entretanto, os credores
concursais e extra-concursais serão pagos
separadamente, e os que tiverem valores a
receber nas duas categorias receberão pelas
duas.
Para receber, é necessário cadastrar-se nos
sites das empresas em recuperação, ou no
do agente fiduciário (Oliveira Trust DTVM
S/A), informando os dados da conta corrente
para o depósito dos valores. Após o cadastro,
o valor será depositado automaticamente. O
procedimento é o mesmo fora do Brasil.
O pagamento das pensões alimentícias
será estudado caso a caso. Concluída essa
etapa, somente o credor poderá cadastrar as
informações do pensionista.
Para os trabalhadores que não aderiram ao
plano, só serão pagos os valores de direito
na categoria concursal. Destes, aqueles que
entraram na Justiça do Trabalho receberão os
valores a que têm direito segundo a cláusula
45 do plano de recuperação judicial.
A antiga Varig afirmou que ainda aguarda
informações da Caixa Econômica Federal para
contabilizar o valor da multa de 40% do FGTS
(Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).
Conjuntura
Henrique Lessa/Ag. Virya
Exemplo de cálculo de pagamento
Um credor trabalhista que tinha R$ 100 mil em crédito, num primeiro momento receberá R$ 2.075,00,
ficando com um saldo de R$ 97.925,00. Contudo, os cerca de 98 mil passam a valer os R$ 62,25 mil
estabelecidos como teto máximo para os créditos restantes. Com o rateio, será pago 13,5% desse
valor, o que equivale a R$ 8,4 mil. Com as duas etapas de distribuição, esse credor, que tinha R$ 100
mil a receber, receberá de fato R$ 10,4 mil, neste primeiro momento.
Os sindicatos entraram com embargo Janeiro. A decisão é esperada para este ano.
de declaração no TJRJ, que deverá ser "A Justiça do Trabalho vem reconhecendo
transformado em recurso especial e julgado a sucessão seguidamente, mas falta a decisão
no Superior Tribunal de Justiça. A ação não de tribunais superiores. Se no final for
interfere na distribuição das debêntures. reconhecida a sucessão, a nova Varig e a Gol
terão de assumir", explica o advogado da
MAIS PRAZO - O juiz Luiz Roberto Fentac/CUT Álvaro Quintão.
Ayoub, da 1ª Vara Empresarial do Rio de
Janeiro, decidiu manter a antiga Varig em PASSIVO - O valor do passivo trabalhista
recuperação judicial até que as obrigações da Varig é estimado entre R$ 500 milhões e
previstas no plano sejam cumpridas. A R$ 800 milhões, segundo Graziela Baggio.
presidente do Sindicato Nacional dos Para ela, os credores trabalhistas aguardam
Aeronautas, Graziella Baggio, ressalta a uma situação que já poderia ter sido resolvida.
importância da medida. “Nós (trabalhadores) Quintão acrescenta que muitos trabalhadores
aprovamos o plano e isso nos garante o entraram na Justiça há anos. “Com o decorrer
pagamento do Aerus com prioridade, além do tempo, outros entraram na Justiça, e há
do passivo trabalhista. Em um fim abrupto do decisões transitadas e julgadas. A tendência
processo de recuperação da Varig, ou seja, sem é que esse passivo aumente com o tempo",
o cumprimento do plano, essas prioridades argumenta o advogado da Federação.
deixariam de existir”, afirma.
Ainda não foi possível determinar o quadro DEFASAGEM - Na ação de defasagem
geral de credores da companhia, pois muitos tarifária contra a União, há também, pendente
fizeram questionamentos à Justiça. Para de julgamento, um recurso extraordinário, sob
Selma Balbino, secretária geral da Fentac/ relatoria da ministra Cármen Lúcia. Esse pode
CUT, é grave o quadro de credores não estar ser levado à Turma, ou ao Pleno do STF. Se
pronto após dois anos de recuperação judicial. o Supremo entender que o recurso deve ser
conhecido, seu mérito será julgado. Em 27
SUCESSÃO - O STF aceitou recurso de junho, a ministra autorizou a realização de
extraordinário para analisar quem tem penhora nos autos do processo.
competência para decidir sobre o pagamento
de salários atrasados e direitos trabalhistas de AERUS - Os sindicatos têm, desde
ex-funcionários da antiga Varig: a Justiça do dezembro de 2006, um agravo regimental,
Trabalho, ou a 1ª Vara Empresarial do Rio de pendente de julgamento, junto ao Supremo
Tribunal Federal (STF). O relator será o
Ministro Gilmar Mendes, presidente do STF.
O agravo visa restabelecer a multa diária
estabelecida contra a União ao não integralizar
as aposentadorias e pensões dos participantes
5
dos fundos do Instituto.

Céus abertos
Porque a pressa e a quem interessa essa idéia
INPE
Desde 1995, as autoridades aeronáuticas
dos países do Mercosul vêm discutindo as
condições necessárias para ligar o espaço
aéreo de seus territórios. As negociações
resultaram, em 17 de dezembro de 1996, na
assinatura do Acordo de Fortaleza, do qual
fizeram parte Argentina, Bolívia, Brasil, Chile,
Paraguai e Uruguai. Em 2000, o Peru aderiu
ao documento.
O Acordo de Fortaleza prevê apenas quatro
limitações: não dá direito à cabotagem (voar
entre duas cidades em um mesmo país);
delimita-se ao território dos países signatários;
não permite sua sobreposição a acordos
bilaterais; e os países não asseguram liberdade
de vôo, e sim uma concessão aos demais
participantes.
Afora essas regras, o acordo é aberto, não
estabelece quadro de rotas, freqüência, libera
todos os aeroportos dos países membros
para suas empresas de aviação. Céus abertos,
visando a integração regional entre os países
do bloco.
Porém, na prática, em parte pela falta
de outras regulamentações, em parte pelas
condições de mercado, o transporte aéreo entre
os países têm seguido mais as determinações
dos acordos bilaterais e limitado-se as
estratégias das companhias. Atualmente, o
Brasil realiza vôos intra-regionais apenas com
o Peru.
Agora, um novo capítulo sobre essa
integração passa a ser desenhado. Oito anos
depois do acordo, a Anac (Agência Nacional
de Aviação Civil) dá novo fôlego às suas
propostas, levando a público um debate sobre
a flexibilização tarifária entre os países da
América do Sul. Ou seja, o acordo ampliado.
O sistema começa a valer agora, a partir de 1º
de setembro.
As companhias aéreas brasileiras parecem
não temer a idéia. Para José Márcio Mollo,
presidente do Sindicato Nacional das
6
Empresas Aeroviárias (SNEA), elas tiveram
CAPA
tempo para se preparar “e hoje encontram-se
em condições de concorrer com as demais
empresas do continente”.
Mas a Anac quer mais: quer abrir o espaço
aéreo do Brasil para o mundo. No dia 26 de
agosto, abriu uma consulta pública sobre um
estudo que propõe liberdade tarifária com os
mercados fora da América do Sul. O objetivo
é constituir uma política de céus abertos para
os demais países, que passaria a vigorar em
até dois anos.
Hoje, a Anac estabelece o valor mínimo
das passagens ofertadas no país por empresas
de aviação estrangeiras. O estudo da Anac,
todavia, pretende demonstrar que as empresas
brasileiras são líderes em eficiência e que
as diferenças de preços não são tão grandes.
A Agência diz que pretende realizar a
implantação da nova política de forma
gradual, permitindo tempo de adaptação das
companhias.
Para Mollo, a proposta da Anac
de flexibilização em relação aos
mercados europeu e americano é “uma
irresponsabilidade inaceitável, demonstrativa
de um significativo desconhecimento do setor
aéreo nacional e internacional”.
Temas que interferem na competitividade,
como a economia de escala, carga tributária,
taxas aeroportuárias, custo do combustível
estão entre os entraves para essa política.
Mas a questão principal, o interesse nacional,
que é comum a todos os países, deve ser
priorizada nesse debate. E ela envolve, não só
a soberania, como o papel social das empresas
na geração de postos de trabalho e renda
no país. Essa é a posição dos sindicatos de
trabalhadores do setor aéreo, que também são
contrários à política de céus abertos da Anac.
Para os sindicalistas, o Brasil não pode
fazer de conta que as forças não são desiguais.
A falta de investimentos suficientes em infra-
estrutura aeroportuária e de controle aéreo
também fragilizam o setor e têm prejudicado
Setembro de 2008
as empresas e seus passageiros. São aspectos
que precisariam ser levados em consideração,
dizem os sindicalistas, “etapas que devem ser
cumpridas antes que qualquer iniciativa nesse
sentido seja tomada”.
A desregulamentação tarifária promovida
pelo governo brasileiro, nos anos 90, dá uma
idéia das conseqüências de uma flexibilização
mau executada. Ela trouxe maior concorrência
às empresas e levou à situação de falência
as três maiores na época: Transbrasil, Varig,
Vasp. A derrocada não deveu-se apenas a
desregulamentação; problemas de gestão
também contribuíram, como ocorreu com a
BRA, mas o papel do governo foi essencial.
A brutal queda no valor das passagens exigiu
companhias mais enxutas e modernas. O saldo
é positivo, em termos de aumento no número
de passageiros e crescimento do setor, mas
é trágico se levada em conta a dívida que as
empresas deixaram e a massa de funcionários
que foi demitida: mais de 40 mil pessoas.
Não se pode falar em céus abertos sem
pensar também nas questões de mercado.
O Brasil possui uma legislação que limita o
capital estrangeiro nas empresas do setor em
20%.
Segundo dados da Iata (Organização
Internacional do Transporte Aéreo), mais
de 20 empresas desapareceram ou foram
incorporadas nos últimos dois anos. Até a
Suíça, um dos países mais organizados do
mundo, teve de reestruturar a aérea Swissair.
O caso VarigLog é um exemplo da
fragilidade do nosso sistema. “Dar maior
liberdade às companhias para entrar em nosso
território significa ampliar os interesses em
fusões e aquisições de nossas empresas por
estrangeiros. Iremos suportar essa pressão,
ou estamos a um passo de desnacionalizar o
transporte aéreo no Brasil”, questiona Celso
Klafke, presidente da Fentac/CUT.
Além disso, que chances reais de
concorrência teriam nossas empresas? Há
condições que justifiquem os céus abertos
nessa amplitude? As chances das companhias
nacionais pararem de operar suas concessões,
deixando o país sem serviço, é imensa,
afirma Klafke. “Tudo que acontece no
mundo fragiliza o setor: guerras, epidemias,
terrorismo, catástrofes”, completa.
Estados Unidos e União Européia levaram
mais de dez anos para chegar a um consenso
sobre um acordo de céus abertos entre suas
nações. Ele começou a valer em março desse
ano e já apresenta conflitos. Que interesse
teríamos em abrir nosso mercado em franca
expansão, enquanto o deles está saturado? E
porque tanta pressa? A quem interessa esse
novo tratado?
Setembro de 2008
PACTO PELA INCLUSÃO DE DEFICIENTES
NO SETOR AÉREO - Os sindicatos que compõe
a Fentac/CUT irão participar, no dia 17 de
setembro, da reunião de assinatura do Pacto
de Inclusão de Pessoas com Deficiência no
Mercado de Trabalho do setor aéreo. A iniciativa
é resultado do trabalho da comissão paritária
que debate o tema, composta por representantes
das entidades sindicais de aeroviários e do
SNEA (Sindicato Nacional das Empresas
Aeroviárias). O Pacto será assinado na sede
da superintendência regional do Trabalho e
Emprego em São Paulo. A TAM será a primeira
empresa a assinar o documento.
ELEIÇÕES EM GUARULHOS - O presidente
da Fentac/CUT, Celso Klafke, e a aeronauta
Marlene Terezinha Ruza irão compor a comissão
responsável pelo encaminhamento das eleições
do Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos. A
experiência de ambos em processos eleitorais
é destacada por outros sindicalistas. Eles
coordenarão o pleito para a renovação da
diretoria da entidade, para o triênio 2008/2011.
TAM (GRU) - Os “balanceiros” da companhia
reinvindicaram, e o Sindicato dos Aeroviários
de Guarulhos conseguiu que a empresa
mudasse a nomenclatura profissional destes
funcionários para “auxiliares de despacho”. A
função é responsável por variadas tarefas “na
linha de frente” do atendimento aos clientes,
como dar informações, ajudar passageiros com
necessidades especiais, auxiliar no embarque,
resolver questões que necessitam de rapidez,
pesar bagagens. O nome constrangia e soava
estranho até para os clientes da TAM, afirmam
os trabalhadores.
CIDADANIA
Nossas escolhas
Pode parecer para muitos que um voto
não significa nada, mesmo que seja o seu. A
consciência política demanda posturas. Ela
exige altruísmo, responsabilidade, crítica, toma
tempo, dá trabalho. A influência do povo no
governo se dá através do voto democrático, dos
movimentos. Avalanches de e-mails de protestos,
atos, paralisações, marchas, passeatas podem
mudar a História. A participação política
também se dá na análise constante dos
acontecimentos.
No setor aéreo, muita coisa poderia ter
sido diferente se a devida atenção tivesse sido
dada às necessidades de infra-estrutura e
regulamentação desse mercado. Se as ações
dos governos tivessem auxiliado as companhias
a superarem dificuldades, se tivessem tido o
pulso necessário para evitar a suspensão de
serviços e a demissão em massa de milhares de
trabalhadores.
Quase tudo que vemos ao nosso redor e que
é público depende das decisões tomadas em
processos eleitorais. Por isso, não dá para abrir
mão do exercício da cidadania. E ai, já está
preparado?
MOVIMENTO SINDICAL
Plenária da CUT: 25 anos de lutas e conquistas
Entre os dias 5 e 8 de agosto, ocorreu a 12a
Plenária Nacional Estatutária da CUT, em São
Paulo. O evento contou com a participação de
quase 600 delegados. Os sindicatos filiados à
Fentac/CUT participaram.
A plenária contou com uma presença
feminina expressiva e com representantes
da Coordenação dos Movimentos Sociais
(CMS), Movimento dos Trabalhadores
Desempregados e Marcha Mundial de
Mulheres. Também contou com delegações
internacionais da CGT (Argentina), CSN
(Canadá), CUT (Colômbia), Comissiones
Obreras (Espanha), CGIL (Itália), LO
(Noruega) e CGTP (Portugal).
Na abertura, foram homenageados os
companheiros(as) Maria Ednalva, Lúcio
Guterres, Chico Mendes, “e tantos outros
lutadores que se dedicaram à construção de
uma sociedade justa e igualitária”, completou
Artur Henrique, presidente da Central. Ele
ressaltou que, para afirmar um modelo de
Presidente da CUT, Artur Henrique, em manifestação organizada pela Central este ano
Interventor participa de plenária no sindicato de Porto Alegre
Frente a mais de duzentos aposentados e
pensionistas da Varig, o liquidante do Aerus, José
Crespo, participou, em 19 de agosto, de plenária
realizada na sede do Sindicato dos Aeroviários
de Porto Alegre.
A participação de Crespo em um encontro com
grande presença de trabalhadores era inédita
até esse evento. A plenária foi esclarecedora,
tranqüila, e o interventor chegou a ser aplaudido.
Crespo também reuniu-se com a Comissão de
Aposentados que organiza o movimento no RS. A
presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas,
Graziella Baggio, prestigiou a atividade e traçou
perspectivas. Divulgação/Sindicato
desenvolvimento nacional e fortalecer um
projeto de país com valorização do trabalho
e distribuição de renda, é preciso a unidade
do movimento sindical e do movimento
popular “contra os que querem diminuir o
papel do Estado, privatizar estatais, entregar
o patrimônio público para o capital nacional e
internacional”.
Para Sônia Leite, da Marcha Mundial
das Mulheres, “a CUT é um instrumento
fundamental para a classe trabalhadora e uma
forte aliada contra a opressão das mulheres,
contra o fator previdenciário que reduz a
aposentadoria em 43% para as mulheres e em
32% para os homens”.
No dia 8, o plano de lutas construído na
plenária foi aprovado em assembléia popular
dos trabalhadores, realizada em praça pública,
em São Bernardo do Campo (SP), tendo
como eixo central a valorização do trabalho
e a garantia de direitos para quem constrói a
riqueza do país.
Divulgação/CUT
No dia 12 de agosto, os aposentados e
sindicalistas reuniram-se com representantes
da Secretaria de Previdência Complementar do
Ministério da Previdência. No dia 29, o presidente
do sindicato e da Fentac/CUT, Celso Klafke, e
Graziella Baggio, reuniram-se, em Brasília, com o
secretário-executivo do Ministério da Previdência
Social, Carlos Gabas. Eles pediram para que
o órgão pressione o Supremo Tribunal Federal
(STF) para julgar, o quanto antes, as ações que
podem beneficiar os participantes dos fundos.
À tarde, os sindicalistas reuniram-se com a
chefia de gabinete do ministro Gilmar Mendes,
presidente do STF, para falar sobre a petição
dos sindicatos em prol da ação que busca
responsabilizar a União pela integralização dos
benefícios.
Novas reuniões com Crespo, representantes
da APRUS e os aposentados foram realizadas,
7
esta semana, em Florianópolis e Curitiba.

Dinamismo do país oportuniza ganhos reais no aumento dos salários
A economia brasileira segue
experimentando bom desempenho, com
crescimento do PIB (Produto Interno Bruto),
no primeiro trimestre de 2008, a uma taxa
de 5,8% (em relação ao mesmo período em
2007). Os resultados apontam para uma
estimativa de crescimento de 5%, em 2008,
mesmo com a desaceleração prevista para o
segundo semestre, causada pelos juros e pela
inflação dos alimentos.
A análise foi feita pelo Dieese
(Departamento Intersindical de Estatística
e Estudos Socioeconômicos) em estudo
realizado recentemente. Segundo o
documento, a comparação do PIB acumulado
de março a março, de 2006 a 2007, e de
2007 a 2008, apresenta a mesma taxa de
crescimento.
Para os economistas do Dieese, o
Brasil obteve quatro trimestres de taxas
de crescimento igualmente expressivas. O
estudo destaca que a demanda interna do país
(consumo e investimentos) é responsável por
esse dinamismo. Ela obteve um crescimento
de 8,4% no primeiro trimestre, como reflexo
do aumento da renda e ampliação do crédito.
A capacidade produtiva da Indústria no país
também cresceu, na ordem de 7,3%, fruto
do amadurecimento dos investimentos das
empresas desde 2004.
Setor aéreo mantém expansão
O crescimento do PIB, desde 2004, e
do emprego formal, têm contribuído para
os ganhos reais, ainda que modestos, nas
negociações coletivas do setor privado.
No setor aéreo, as empresas vêm
apresentando desempenho bem acima do
observado na economia brasileira como um
todo. No primeiro semestre deste ano, o setor
experimentou um crescimento de 18,3% no
total de passageiros transportados nas linhas
domésticas e internacionais. São 5,4 bilhões
8
de passageiros/km a mais nesse período.
Setembro de 2008
análise
Valter Campanato/ABr
A TAM cresceu 22,3%, e ampliou sua nas linhas internacionais, que atingiu 40,1%,
participação de 53,9% para 55,7% no foi expressivo em 2008. TAM (70,6%), Varig
mercado. A Gol cresceu 5,1%, e reduziu sua (18,3%) e Gol (9,7%) respondem por 98,6%
participação de 33,3% para 29,6%. A Varig desse mercado. As linhas domésticas subiram
obteve 86,4% de crescimento e ampliou 10,8%. A Oceanair obteve um crescimento,
sua fatia no mercado de 6,1% para 9,7%. A nesse mercado, de 102%; a Varig, de 54,9%.
Oceanair detém 2,6% do mercado e as demais, A TAM cresceu 11%; a Gol, 7,9%. As duas
juntas, somam 2,5%. maiores respondem, respectivamente, por
O crescimento do transporte de passageiros 49,1% e 38,3% do total das linhas domésticas.
Trechos do documento do Dieese
“O aspecto mais importante do atual crescimento da economia brasileira está no fato
de ser a demanda interna – determinada pela soma do consumo das famílias, consumo do
governo e investimentos – o fator responsável por tal dinamismo”.
“Enquanto a capacidade produtiva da indústria cresceu 7,3%, no primeiro trimestre deste
ano, o consumo das famílias teve expansão de 6,6%”.
“O aumento da taxa de investimentos é, talvez, o ponto mais positivo apresentado pela
economia nos últimos tempos. No primeiro trimestre, a taxa de investimento em relação ao
PIB alcançou 18,3%, a maior desde o ano 2000 na comparação entre os primeiros trimestres.
A taxa é ainda modesta para as necessidades de crescimento do Brasil, mas tem apresentado
inegável evolução”.
“Os resultados do PIB no primeiro trimestre apontam para uma taxa de crescimento
da ordem de 5%, como estimativa para o ano de 2008. Pode-se prever, no entanto, uma
desaceleração da demanda no segundo semestre, em função do ciclo de aumento dos juros e
da perda de poder de consumo decorrente da inflação de alimentos, especialmente entre as
famílias de menor poder aquisitivo”.
“No que se refere às preocupações com a inflação, existem sinais de que muitos dos
problemas que levaram ao crescimento da inflação já estão sendo equacionados, como a
queda no preço do feijão e a diminuição no ritmo de reajuste do óleo e dos derivados do
trigo. No entanto, não há sinais que permitam detectar quedas acentuadas em seus valores.
O que se pode inferir é que haverá certa estabilidade nos preços dos alimentos, porém em um
patamar elevado”.
“O crescimento do produto de 2004 pra cá, somado ao vigoroso crescimento do emprego
formal, têm contribuído para os ganhos reais, ainda que modestos, nas negociações
coletivas do setor privado. Nos primeiros cinco meses de 2008, a tendência de obtenção
de ganhos reais manteve a tendência verificada em 2007. Mesmo que se confirmem o
freio dos investimentos e um menor crescimento da demanda das famílias, resta observar
o comportamento do emprego formal no país, cuja elevação nos últimos anos tem sido
importante para os resultados das negociações coletivas”.