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Título

Curso: Relações Internacionais


Orientador: José Luiz Niemeyer dos Santos Filho
Disciplina: Introdução à Pesquisa em RI
Título

Curso: Relações Internacionais


Orientador: José Luiz Niemeyer dos Santos Filho
Disciplina: Introdução à Pesquisa em RI
Grupo: Amir Niv, Julia Leite, Marcela Potsch e
Pedro Divério.
-Resumo:
No presente trabalho pretende-se analisar a inserção da comunidade menonita no
contexto internacional, assim como a sua inclusão e suas adaptações regionais,
peculiares, como uma cultura de transposição.
Os menonitas são um grupo protestante rigoroso, originário da Reforma Protestante do
século XVI, com um passado extremamente conservador e sectário em termos
religiosos, mas progressista e bem articulado em termos econômicos e sociais.
Consideram os mandamentos do governo incoerentes com o cristianismo que
fundamenta sua irmandade, e assim permanecem lutando pelo seu bem-estar espiritual,
cultural e material.
Devido à globalização e o desenvolvimento econômico que tiveram perceberam que alguns
princípios de ideologia política adentraram em sua comunidade que se pretendia apolítica e
era flagrantemente contrária aos princípios religiosos que davam justificativa à sua própria
existência. Como consequência, observou-se um acentuado declínio na vida espiritual dos
menonitas, visto que em muitos lugares a vida religiosa tornara-se formal e presa a
tradições. .
Essa pesquisa apresenta uma interpretacão da relação conflituosa entre as
integrações sistêmica e social dos menonitas, ambos com a sua sociedade
de destino como dentro do próprio grupo. Teias familiares, pluralidade linguística,
conflitos religiosos internos e a transformação econômica do meio rural ao meio urbano
poderiam ser identificados como fatores importantes na transformação da sociedade
menonita.
Abstract:
In the present thesis, we will be analysing the connections and interrelations
between the menonite community.
Introdução:
Costumes e valores:

Originários da Reforma Protestante do século XVI na Suíça, os menonitas se


destacaram das outras linhagens protestantes por seu radicalismo e auto-isolamento. Por
definição eram apolíticos e pacifistas. Recusam-se a prestar serviço militar compulsório,
rejeitam o envolvimento de cristãos na cena política, não prestam juramentos, recusam-
se a mandar seus filhos às escolas públicas de língua inglesa e são contras ao batismo
infantil, (acreditam que a igreja deve ser formada a partir de membros batizados
voluntariamente). Tais peculiaridades resultaram em uma série de perseguições e fugas
que os levou da Suíça, seu lar ancestral , à Holanda, Prússia, Rússia, Estados Unidos,
Canadá, Brasil, Paraguai, Bolívia, México, Argentina, etc, e mesmo com todas
alternâncias de países manteram como imutável o seu dialeto, o plattdeutch, uma
espécie alemão arcaico. Apesar de tantas imigrações, os menonitas, pelo seu trabalho
árduo e bem planejado principalmente no âmbito rural, adquiriram um nível de vida
invejável.
Assim mais uma vez, religião, trabalho e educação faziam brotar o progresso na
comunidade, ainda que recomeçando sua vida incansavelmente.

O progresso economico dos menonitas é intimamente relacionado ao processo


das primeiras dispersões na Europa em 1530, quando chegaram aos Países Baixos,
Flandres exercendo as suas profissões como tecelões e comerciantes na região enquanto
na Holanda desempenharam funções de agricultores, engenheiros e mercadores.
Fica evidente que desde o principio o desenvolvimento era maior em alguns
grupos e áreas do que em outros e a integração sistêmica e social interna era
exclusivamente religiosa.
Alguns grupos menonitas, atualmente, absorveram costumes modernos em um
grau maior, ao passo de que outros continuam extremamente conservadores, não fazem
uso da luz elétrica e automóveis. Pode-se concluir que os grupos que no passado
tiveram um desenvolvimento e uma maior diversificação sistêmica em suas profissões
se adaptaram melhor a realidade moderna dos dias de hoje.

Religião X Desenvolvimento econômico:

Max Weber, em seu livro A ética protestante e o espírito do capitalismo, buscou


analisar a afinidade entre o protestantismo e o desenvolvimento do espírito comercial,
investigando as razões do capitalismo se haver desenvolvido inicialmente em países
como a Inglaterra ou a Alemanha, concluindo que isso se deve à concepção de mundo e
hábitos de vida instigados ali pelo protestantismo.
O capitalismo funciona como idéias e hábitos que favorecem, de forma ética, a procura
racional do ganho econômico, sendo assim completamente compatível com a moral
racional menonita, que ,categoriza como homem bom, baseada no trabalho e na família
aquele que com seu esforço e labor, de acordo com os costumes e tradições, conseguirá
a melhor maneira de prover para sua familia

As comunidades menonitas, apesar de distintas de acordo com seus costumes liberais


ou conservadores, estabeleceram sistemas próprios de produção introduzindo-se nos
mercados. Foram transformados em grupos economicamente poderosos que realizam
contribuições ao desenvolvimento econômico de sua localidade. Apesar de não
permitirem um sincretismo cultural, a modernidade e o acesso a novos meios de
comunicação, modificam as tradições de toda a sociedade. Assim como os menonitas
recebem influências de todos os locais que povoam, também todas as nações que os
recebem incluem na economia, dieta e costumes algo do mundo dos menonitas.
A economia menonita é essencialmente capitalista e cada chefe familiar possui
grandes superfícies de campo que foi adquirindo de acordo com suas possibilidades
econômicas. Os que não tem suficiente terra, se empregam nas queijarias, oficinas ou
carpintarias. No geral, são empregados os mais jovens da comunidade, que devem
poupar para adquirir sua terra e independência dos pais. Quase todos os grupos
familiares sustentam alguma das atividades econômicas alternativas, como a metalurgia
e a carpintaria e realiza trabalhos por encomenda, alguns já alcançando dimensões
industriais.

Os menonitas acreditam que com a organização, a cooperação, a divisão do


trabalho e a integração de ramos produtivos, os avanços podem ser significativos. A
chave do desenvolvimento nos campos menonitas foi a capacidade de integrar a
agricultura e a pecuária. Assim foram crescendo de forma excepcional diversas
empresas, como fábricas de queijo e maquinaria agrícola, de tal forma que hoje muitos
exportam seus produtos.

Relações menonitas e Estado:

Para compreendermos melhor as atuais relações de certos grupos menonitas com os


Estados em que vivem atualmente é preciso, brevemente mais uma vez, montar o seu
passado histórico.

No início de sua estruturação como grupo, ainda em Zurique, a rejeição da intervenção


do Estado em questões religiosas fez surgir graves conflitos com o governo local,
resultando numa forte perseguição a partir de 1526 e assim iniciou-se a primeira onda
de dispersão. Nos últimos 500 anos desenvolveram uma cultura de migração,
regionalizações cotidianas em ambientes estrangeiros e tornaram-se, assim, grandes
especialistas na formação de culturas de transposição.

Nota-se que devido aos seus costumes e características gerais, existe uma histórica
rejeição da intromissão do Estado, podendo-se tirar como conclusão que os menonitas
pertencem a um grupo de membros classificado como “apatriados”, ou seja, em sua
essência não criam vínculos emocionais ou políticos com um país e não possuem uma
noção de pátria ou território nacional porque a sua própria organização cultural
sistêmica funciona como suprimento para a carência de uma pátria.
Coincidentemente acontecimentos históricos de caráter político e geoestratégico
fortaleceram essa noção.

Para validar esse estudo é possível traçar um paralelo entre dois processos acontecidos
em anos longínquos:
A aplicação, por parte da Rússia, de uma política de colonização em certas partes da
Ucrânia no fim do século XVIII e início do XIX, e o conflito armado entre a Bolívia e
Paraguai que se estendeu de 1932 a 1935 conhecido como Guerra do Chaco.
Em ambos os casos, por terem grandes vocações agrícolas, os menonitas foram
utilizados como fonte de afirmação de soberania dos Estados, e para que realizassem
uma exploração efetiva da área lhes foram concedidos imensos privilégios e isenções
podendo caracterizar os episódios como a criação de um Estado dentro de outro,
reforçando a tese de que não há nenhuma ligação passional com a pátria e sim com a
prática agrícola e a possibilidade de executar suas tradições livremente.

No entanto existem casos onde grupos menonitas, por diferentes razões, foram
impulsionados a terem uma forte participação no rumo e na vida política nacional. Os
casos mais notórios são os no Paraguai e na Bolívia.

O caso boliviano é bastante polêmico pois está ocorrendo um choque de interesses


antagônicos entre o governo e o grupo religioso que ameaça protelar a expulsão da
comunidade menonita do departamento de Beni. Os menonitas que desde a sua chegada
se dedicam à agricultura e ao comércio já foram responsáveis por uma grande parcela da
produção nacional porém estes, por estarem tão arraigados em seus princípios étnicos,
culturais e ideológicos não acompanharam a evolução tecnológica e mantém a
produtividade muito aquém da potencial. O governo alegando de não estarem
cumprindo com a função econômica e social pretende entregar a terra para populações
indígenas, executando uma política contraditória de favorecimento de uma minoria
perante outra.

No Paraguai não foi a reclusão que os colocou na cena política e sim o desenvolvimento
econômico e a maior integração com a sociedade. Hoje são os mais prósperos
produtores de gado leiteiro e de corte do país e devido a essa prosperidade que
atingiram cargos importantíssimos no governo, alterando o eixo de poder que
continuava intacto desde os 35 anos de ditadura de Alfredo Stroessner, que governou o
país entre 1954 e 1989. Três dos mais importantes membros do governo entre 2003 e
2008 pertenciam ao grupo menonita, os ministros do Tesouro e das Finanças e o
assessor econômico do governo. Além do presidente Nicanor Duarte, que convertido
assim que se casou com a esposa.

Inserindo essas análises no contexto das Relações Internacionais fica evidente que o
papel e o processo imigratório, aliado a preservação dos elementos culturais, tem fortes
impactos no desenvolvimento e trajetória de um país.
Cabe ainda levantar a idéia de que a América do Sul, por sua geografia e processo
histórico, se mostrou uma área próspera para o desenvolvimento de tal grupo, sendo um
continente onde a atividade primária continua sendo o principal e maior setor na maioria
dos países, tanto na exportação como no mercado interno.
JUSTIFICATIVA

Decidimos realizar um estudo sobre esse tema porque é relevante tentar compreender
como uma agrupação religiosa tão antiga continua exercendo seus costumes em diversas
áreas do globo, entender como um grupo de origem tão reclusa, que não teve uma
evolução linear, está lidando com os dilemas modernos que a globalização vem lhes
apresentando, sua integração com o mundo e avaliar até onde o governo e o estado
conseguem impor suas normas sobre uma minoria enraizada nas suas tradições,
observar como os fluxos e políticas migratórias alteram a trajetória de um país e além
disso, examinar como um grupo étnico-religioso não possui uma idéia de pátria num
presente onde vários conflitos separatistas ocorreram pelo mundo.

OBJETO DE ESTUDO

As relações contemporâneas de uma minoria, no caso os menonitas, no cenário


internacional.

MARCO HISTÓRICO

Os menonitas na Primeira Guerra Mundial, por se recusarem a integrar o serviço militar,


foram obrigados a realizar um dos maiores fluxos migratórias de sua história,se
espalhando ainda mais pelo continente e saindo em massa da Europa, até então um fato
inédito.
Havia uma grande concentração deste grupo religioso na Rússia e a Revolução Russa
abalou toda a sua estrutura organizacional A política oficial contra o campesinato, que
representava a base econômica dos menonitas até este momento, as ameaças contra a
religião em geral, fez com que em1922, cerca de 21.000 menonitas evacuassem o país
em direção ao Canadá, que dali iriam para o resto do continente americano.
HIPÓTESE

Possível vontade da criação de uma pátria menonita.

Uma maior integração do grupo com a sociedade que pudesse vir a futuramente adotar a
cultura menonita como tradição nacional pertencente ao mosaico de miscigenação de
um país.

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