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Nota-se que devido aos seus costumes e características gerais, existe uma histórica
rejeição da intromissão do Estado, podendo-se tirar como conclusão que os menonitas
pertencem a um grupo de membros classificado como “apatriados”, ou seja, em sua
essência não criam vínculos emocionais ou políticos com um país e não possuem uma
noção de pátria ou território nacional porque a sua própria organização cultural
sistêmica funciona como suprimento para a carência de uma pátria.
Coincidentemente acontecimentos históricos de caráter político e geoestratégico
fortaleceram essa noção.
Para validar esse estudo é possível traçar um paralelo entre dois processos acontecidos
em anos longínquos:
A aplicação, por parte da Rússia, de uma política de colonização em certas partes da
Ucrânia no fim do século XVIII e início do XIX, e o conflito armado entre a Bolívia e
Paraguai que se estendeu de 1932 a 1935 conhecido como Guerra do Chaco.
Em ambos os casos, por terem grandes vocações agrícolas, os menonitas foram
utilizados como fonte de afirmação de soberania dos Estados, e para que realizassem
uma exploração efetiva da área lhes foram concedidos imensos privilégios e isenções
podendo caracterizar os episódios como a criação de um Estado dentro de outro,
reforçando a tese de que não há nenhuma ligação passional com a pátria e sim com a
prática agrícola e a possibilidade de executar suas tradições livremente.
No entanto existem casos onde grupos menonitas, por diferentes razões, foram
impulsionados a terem uma forte participação no rumo e na vida política nacional. Os
casos mais notórios são os no Paraguai e na Bolívia.
No Paraguai não foi a reclusão que os colocou na cena política e sim o desenvolvimento
econômico e a maior integração com a sociedade. Hoje são os mais prósperos
produtores de gado leiteiro e de corte do país e devido a essa prosperidade que
atingiram cargos importantíssimos no governo, alterando o eixo de poder que
continuava intacto desde os 35 anos de ditadura de Alfredo Stroessner, que governou o
país entre 1954 e 1989. Três dos mais importantes membros do governo entre 2003 e
2008 pertenciam ao grupo menonita, os ministros do Tesouro e das Finanças e o
assessor econômico do governo. Além do presidente Nicanor Duarte, que convertido
assim que se casou com a esposa.
Inserindo essas análises no contexto das Relações Internacionais fica evidente que o
papel e o processo imigratório, aliado a preservação dos elementos culturais, tem fortes
impactos no desenvolvimento e trajetória de um país.
Cabe ainda levantar a idéia de que a América do Sul, por sua geografia e processo
histórico, se mostrou uma área próspera para o desenvolvimento de tal grupo, sendo um
continente onde a atividade primária continua sendo o principal e maior setor na maioria
dos países, tanto na exportação como no mercado interno.
JUSTIFICATIVA
Decidimos realizar um estudo sobre esse tema porque é relevante tentar compreender
como uma agrupação religiosa tão antiga continua exercendo seus costumes em diversas
áreas do globo, entender como um grupo de origem tão reclusa, que não teve uma
evolução linear, está lidando com os dilemas modernos que a globalização vem lhes
apresentando, sua integração com o mundo e avaliar até onde o governo e o estado
conseguem impor suas normas sobre uma minoria enraizada nas suas tradições,
observar como os fluxos e políticas migratórias alteram a trajetória de um país e além
disso, examinar como um grupo étnico-religioso não possui uma idéia de pátria num
presente onde vários conflitos separatistas ocorreram pelo mundo.
OBJETO DE ESTUDO
MARCO HISTÓRICO
Uma maior integração do grupo com a sociedade que pudesse vir a futuramente adotar a
cultura menonita como tradição nacional pertencente ao mosaico de miscigenação de
um país.