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Incendiados

por
Cristo
Histórias de cristãos que
sacrificaram suas próprias
vidas em defesa da fé

Dave e Neta Jackson

Primeira Edição

www.LMSdobrasil.com.br
São Paulo – SP
LMS
2012
Incendiados Por Cristo
Histórias dos Mártires Anabatistas
Recontadas a partir do livro Martyrs Mirror
Dave e Neta Jackson

A não ser que se indique o contrário, todas as citações bíblicas fo-


ram tiradas da versão Corrigida Fiel de João Ferreira de Almeida.
Usado com permissão da Sociedade Bíblica Trinitariana.

Impresso no Brasil
Esta edição de Incendiados por Cristo
foi publicada em 2012 pela

Literatura Monte Sião do Brasil


Caixa Postal 241
Av. Zélia de Lima Rosa, 340
18550-970 Boituva – SP
Fone: 15-3264-1402
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www.LMSdoBrasil.com.br

Tradução: Bravo Translations


Revisores: Charles e Faith Becker
Capa: Wilson Costa
ISBN: 978-85-64737-13-6
Copyright © 2012 Literatura Monte Sião do Brasil

RESERVADOS TODOS OS DIREITOS


Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida em
qualquer meio ou forma — seja mecânico, eletrônico ou mediante
fotocópia, gravação, etc. — nem apropriada ou estocada em siste-
ma de banco de dados, sem a expressa autorização da Literatura
Monte Sião do Brasil.
Para Julian
Lista de Ilustrações
Thieleman J. Van Braght . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Jan Luyken. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Dirk Willems. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Maeyken Wens. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Travador de língua. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Maria e Ursula Van Beckum. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Menno Simons . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
Hans Van Overdam. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
Joris Wippe. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
Jacob o fabricante de velas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
Culto secreto num barco. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190

A reprodução das gravuras de Jan Luyken são provenien-


tes do Martyrs Mirror.
A fotografia do instrumento de tortura utilizada na
língua é proveniente da Biblioteca Histórica da Universidade
de Bethel e a gravação por causticação de Menno Simons e
as legendas com essas duas ilustrações são provenientes do
artigo Mennonite Life 22:2, Abril de 1967. Este material foi
utilizado com a permissão da Universidade de Bethel, North
Newton, Kansas 67117.

iv
Índice
Lista de Ilustrações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . iv
Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Martyrs Mirror: Histórias para nossos dias. . . . . . . . . . 9
1. Entre gelo e fogo
Dirk Willems – 1569. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2. A dama e o pirralho
Jacques Dosie – 1550 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3. Mamãe, quero que saiba
Maeyken Wens – 1573. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4. A confissão do Tanoeiro
Hans Blietel – 1545. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
5. Amor mais forte que a morte
Maria Van Beckum – 1544. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
6. O fogo que deu errado
Jan Hendricks – 1558. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
7. Jamais os trairei
Elizabeth Dirks – 1549. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
8. Quanto menos você souber, melhor
Adriaan Cornelisz – 1552. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
9. Juntos suportaremos
Hans Van Overdam – 1550. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111

v
10. Óleo é bom para salada
Weynken Claes – 1527. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
11. A caneta de amora
Joris Wippe – 1558. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
12. A herança do órfão
Jerome Serges e Lijsken Dircks – 1551 e 1552. . . . . . . . 145
13. Frei Cornélio e o fabricante de velas
Jacob de Roore – 1569. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
14. Um longo dia de maio
Michael Sattler – 1527. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173
15. A conversão do garotão rico
Jan Block – 1572. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183

Perguntas para consideração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195


Notas sobre cada história. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .203
Sobre os autores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213

vi
Introdução
Este é um livro sobre pessoas que agiram movidas pela
fé; que através do seu testemunho moveram montanhas e
mudaram a história da humanidade. Foram heróis da fé,
que, assim como Abraão, se tornaram grandes por amarem
a Deus acima de tudo, inclusive as crenças religiosas valo-
rizadas pelos homens.
Em seu livro Fear and Trembling (Temor e Tremor), o
filósofo existencialista, Soren Kierkegaard, escreve que Abraão
era “grande com um tipo de poder cuja força é a impotência,
com uma sabedoria cujo segredo é a tolice, com a esperança
que por fora é insanidade, com o amor que é ódio de si mesmo.”
Os seguidores de Jesus descritos neste livro eram cheios desse
tipo de fé bíblica, que é impulsiva e arriscada. Como resultado,
eles lutavam contra as tradições, doutrinas e expectativas da
sociedade cristã em que viviam e, não é de surpreender, que
fossem perseguidos ao fio da espada pelas autoridades e forças
do mundo daquela época.
Ignorando as súplicas dos amigos, da família, dos padres
e dos magistrados, estas testemunhas da fé desafiavam as
crenças da religiosidade convencional, que identificava a igreja
cristã com a autoridade civil. O que inicia o processo de ade-
rência do crente ao corpo de Cristo é o batismo pela fé, não a
indução de bebês a uma nação cristã, argumentavam. A Santa
Ceia é o alimento espiritual em volta de uma mesa comum

1
Incendiados por Cristo

junto ao corpo quebrantado, não uma regalia sobrenatural da


graça derramada sobre um profissional do clero, diziam eles.
A verdadeira comunidade de Cristo é a base indefesa da lei de
Deus, não o braço armado de um império cristão, proclama-
vam. Convicções como estas incitavam a ira, o medo e o ódio
por toda a Europa cristã. Então, seu sangue era derramado e
seus corpos queimados vivos.
Estas são histórias de discípulos fiéis que “vieram da
grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam
no sangue do Cordeiro” (Apocalipse 7:14). São histórias de
esperança e alegria misturadas com sofrimento e tristeza.
Na conjuntura em que vivemos hoje, muitos se perguntam
qual é a relevância de histórias tão dramáticas para os cristãos
modernos, que vivem com conforto, segurança e responsabi-
lidades sociais. Thieleman van Braght, que compilou o livro
Martyrs Mirror (Espelho dos Mártires), de onde estas histórias
foram tiradas, escreveu aos seus irmãos que viviam entre os
prazeres da Era de Ouro Holandesa: “Há mais perigos hoje que
nos tempos de nossos antepassados, que sofriam morte e dor
por amor ao Senhor.” De que tipo de perigos da prosperidade
estas histórias podem nos salvar?
Primeiro, elas nos salvam do esquecimento e da ingrati-
dão, nos lembrando dos dons da coragem e do amor oferecidos
pelos nossos ancestrais espirituais. Também nos lembramos
de todas as pessoas que sofrem ao redor do mundo por causa
de suas convicções e opiniões. Além disso, somos gratos por
suas vidas, que nos lembram que viver vai muito além do
corpo e do alimento.
Segundo, estas histórias nos salvam das influências opres-
sivas que nos privam de sermos livres e humanos. Os heróis

2
Introdução

desses contos descobriram o que pessoas como nós, cheias de


riqueza, deveres e obrigações importantes também precisam
descobrir: que deixar tudo nas mãos de Deus e seguir a Cristo
é a única coisa que pode realmente nos libertar.
Terceiro, estas histórias nos ajudam a absorver as peque-
nas provações que enfrentamos no dia a dia. Mas é preciso
esclarecer que os mártires não nos ensinam a buscar o sofri-
mento. Dirk Willems estava fugindo de seu perseguidor antes
de voltar para resgatar seu inimigo da água congelante, sendo
por isso que acabou preso e queimado numa fogueira. Mas os
testemunhos dos sofrimentos destes mártires podem ajudar
aqueles que sofrem com doenças crônicas, relacionamentos em
crise, agonias psicológicas ou outros traumas, a descobrir a
presença amorosa e poderosa de Deus em meio ao sofrimento.
Nós também podemos aprender a viver sob a esperança da
ressurreição, mesmo que nosso corpo sucumba à doença e
venha a falecer.
Quarto, estas histórias nos desencorajam a sermos vítimas
das circunstâncias. Assim como Jesus, que recusou aceitar a
autoridade do Império Romano sobre Sua vida e Sua morte, os
mártires nos mostram como soltar nossa vida das garras dos
poderes que nos consomem a alma, sejam eles o poder de um
carrasco com uma espada em mãos, de um pesadelo burocrático
ou de uma traição inesperada. Somente Deus tem poder para
dar e para tirar a vida de alguém, como Jesus e os mártires
nos mostram. Não podemos dar esse poder a mais ninguém.
Por fim, as histórias deste livro nos acordam de uma fé
passiva que aceita tradições e conjeturas sem questionar. Os
personagens deste livro argumentam e nos lembram que
precisamos “exortar-nos a batalhar pela fé que uma vez foi

3
Incendiados por Cristo

dada aos santos” (Judas v. 3). O fogo que consumiu seus corpos
não foi capaz de destruir a fé que sustentava suas vidas. A
voz destes mártires nos convida a viver o mesmo tipo de fé
inabalável, deixando que nossa luz brilhe, para que fiquemos
“Incendiados por Cristo.” Que assim seja.
Gerald J. Mast
Bluffton University

4
Prefácio
Devemos a ideia e o convite para escrever este livro ao
editor de longa data, apoiador criativo e diretor da Herald
Press, Paul M. Schrock.
Ficamos muito animados desde o começo, mas também
meio apreensivos. Pensávamos que poderia ser muito depri-
mente adentrar a vida e as terríveis mortes destes mártires
cristãos durante os muitos meses de pesquisa para escrever o
livro. Mas por uma questão de respeito e pelo dever de conhe-
cer nossa história, lemos o livro Martyrs Mirror várias vezes
e, além disso, mergulhamos nos relatos de outros mártires
cristãos. Foi uma experiência incrível, mais ou menos como
visitar o Monumento dos Veteranos do Vietnã na cidade de
Washington D.C. (Estados Unidos).
Contudo, a oportunidade criativa superou nossa hesitação
inicial e aceitamos o projeto. A experiência recompensadora
que tivemos evaporou todo o medo da depressão.
Esperamos conseguir passar ao menos um pouco deste
mistério para você. A metamorfose aconteceu enquanto
estudávamos os mártires como pessoas, não como um dado
estatístico ou um obituário. Buscamos pistas em relatos antigos
que nos dissessem como eles eram de verdade: Eles tinham
família? O que eles pensavam? O que sentiam? Eram ricos
ou pobres? Do que eles gostavam? A quem amavam? Por que
e como suportaram coisas tão terríveis? Assim, através de

5
Incendiados por Cristo

fragmentos de anotações, conseguimos reconstruir a história


de irmãos na fé. Com o tempo fomos conhecendo um a um e
nos apaixonamos por eles.
Assim que reconstruímos suas personalidades, passamos
a capturar seu entusiasmo, a fim de montar testemunhos fiéis.
Ficamos tão envolvidos, que sentimos vontade de encorajá-los
– do mesmo modo que seus amigos fizeram – em sua cami-
nhada rumo à morte. Como aconteceu isso? Será que fomos
arrastados por um redemoinho de morbidez? Achamos que
não. Na verdade, começamos a entender a realidade da vitória
obtida por cada mártir.
O objetivo deles não era sobreviver, como o nosso talvez
tivesse sido. O objetivo deles era tornarem-se boas teste-
munhas, morrerem fielmente. Uma oportunidade dessas era
considerada um privilégio. A maior tragédia seria salvar a vida
natural, para depois morrer de velhice. Estas pessoas morriam
sabendo que enfrentavam uma grande batalha. E todos eles
venceram! A morte deles teve um sentido heroico.
Passamos a ter outra visão da guerra espiritual que
enfrentamos diariamente. Seria fácil resistir aos maus tratos,
bastaria encontrar alguns meios de ameaçar e pressionar as
autoridades a tratá-los com justiça, mas assim o mal venceria e
eles teriam lutado de forma errada. Seu maior objetivo era dar
um bom testemunho, pois assim não haveria derrota. Pode-se
dizer que ao se tornarem testemunhas fiéis, eles superaram
toda injustiça.
Mas não acredite só no que estamos dizendo, leia as histó-
rias e tire suas próprias conclusões. Isso é tudo o que podemos
adiantar. Garantimos que você não ficará deprimido com esses
testemunhos. Além disso, conhecerá pessoas inspiradoras e

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Prefácio

inesquecíveis: os mártires anabatistas do século XVI.


Uma grande ajuda que Paul Schrock nos deu ao escrever
este livro foi conseguir uma equipe de acadêmicos para nos
ajudar a escolher quais histórias seriam incluídas no livro e
também mostrar perspectivas e correções teológicas e his-
tóricas. Este time era formado por C. J. Dyck, professor de
História Anabatista e do Século XVI no Seminário Bíblico
Menonita Associado, em Elkhart, estado de Indiana; Jan
Gleysteen, historiadora anabatista na Casa Publicadora Meno-
nita, em Scottdale, estado da Pensilvânia; Leonard Gross,
secretário executivo do Comitê Histórico da Igreja Menonita,
em Goshen, estado de Indiana; Dennis Martin, professor
assistente de história da igreja no Seminário Bíblico Menonita
Associado, em Elkhart, estado de Indiana; Lynn Miller, pastor
da Igreja Menonita de South Union em West Liberty, estado
de Ohio, especialmente por seu livreto que nos ajudou muito,
Trail of the Martyrs (Na Trilha dos Mártires), baseamos
praticamente todo o guia para locais de martírio anabatista do
Apêndice B deste livreto; e J. C. Wenger, professor emérito de
teologia histórica no Seminário Bíblico Menonita Associado,
em Elkhart, estado de Indiana. A todos esses acadêmicos e a
S. David Garber, editor geral da Herald Press, expressamos
nossos mais sinceros agradecimentos por terem doado um
pouco do seu tempo para nos ajudar.
Dave and Neta Jackson
(Evanston, Illinois)

7
Martyrs Mirror:
Histórias para nossos dias
É um livro denso, 1.157 páginas. Geralmente está nas
prateleiras das principais bibliotecas menonitas. A maioria
das pessoas que nasceram num lar menonita já ouviu falar de
Dirk Willems… Michael Sattler… Elizabeth Dirks, mártires
do século XVI, cujas histórias estão nas páginas do livro. Ele
foi traduzido para o inglês em 1886, a partir da edição origi-
nal holandesa de 1660. Em torno de mil cópias desta edição
inglesa são vendidas por ano.
O livro Martyrs Mirror é muito conhecido, mas não é
realmente lido. Em cada página do livro, vemos pessoas
sendo torturadas com pregos, tendo seus membros estirados
por aparelhos de tortura, sendo açoitadas, queimadas vivas,
afogadas, decapitadas e enterradas com vida por causa de sua
fé. O livro não é uma leitura leve. Mas que relevância essas
histórias têm para nós, pessoas do século XXI, que usufruímos
da liberdade religiosa?

O nascimento dos mártires anabatistas


Quem eram os anabatistas? E por que eram perseguidos,
não só pela igreja católica do século XVI, como também pelos
grupos protestantes da Reforma?
Apesar de haver existido grupos que rejeitavam o batismo
infantil antes deles, o povo chamado de anabatista só surgiu na

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