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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTAD1J secret~;~~~~-

PROCESSOTC N.o 02847/07

Objeto: Prestação de Contas Anuais


Relator: Auditor Renato Sérgio Santiago Melo
Responsável: Francisco Alves da Silva
Advogado: Dr. Rodrigo dos Santos Lima
Procurador: Sr. Pedro Victor de Melo

EMENTA: PODER EXECUTIVO MUNICIPAL - ADMINISTRAÇÃO


DIRETA - PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAIS - PREFEITO -
ORDENADOR DE DESPESAS- CONTAS DE GESTÃO - APRECIAÇÃO
DA MATÉRIA PARA FINS DE JULGAMENTO - ATRIBUIÇÃO DEFINIDA
NO ART. 71, INCISO 11, DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA
PARAÍBA, E NO ART. 10, INCISO I, DA LEI COMPLEMENTAR
ESTADUAL N.O 18/93 - Gastos com pessoal do Município e do Poder
Executivo acima dos limites definidos na Lei de Responsabilidade
Fiscal - Ausência de equilíbrio entre receitas e despesas
orçamentárias - Divergência entre o valor da despesa com pessoal
apresentado no RGF do segundo semestre do período e o apurado na
prestação de contas - Envio de informações conflitantes ao Tribunal
acerca das fontes de recursos utilizadas para a abertura de créditos
adicionais - Carência de empenhamento e contabilização de despesas
com pessoal e de obrigações patronais devidas ao INSS - Incorreção
na elaboração dos balanços orçamentário, financeiro e patrimonial -
Inexatidão na demonstração da dívida municipal - Utilização de
recursos do FUNDEF sem comprovação - Transgressão a dispositivos
de natureza constitucional, infraconstitucional e regulamentar -
Desvio de finalidade - Conduta ilegítima e antieconômica - Eivas que
comprometem a regularidade das contas - Ações e omissões geraram
prejuízo ao Erário - Necessidade imperiosa de ressarcimento e de
imposição de penalidade. Irregularidade. Imputação de débito.
Fixação de prazo para recolhimento. Aplicação de multa. Assinação de
lapso temporal para pagamento. Encaminhamento de cópias da
decisão à DIAFI. Recomendações. Representações.

e discutidos os autos da PRESTAÇÃO DE CONTAS DE GESTÃO DO


Vistos, relatados
ORDENADOR DE DESPESAS DO MUNICíPIO DE SÃO VICENTE DO SERIDÓjPB,
SR. FRANCISCO AL VES DA SIL VA, relativa ao exercício financeiro de 2006, acordam, por
unanimidade, os Conselheiros integrantes do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA
PARAÍBA, em sessão plenária realizada nesta data, na conformidade da proposta de decisão
do relator a seguir, em:

1) Com fundamento no art. 71, inciso 11, da Constituição do Estado da Paraíba, bem comn

referidas contas. (y
no art. 1°, inciso I, da Lei Complementar Estadual n.O 18/93, JULGAR IRREGULAREtS,,'
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PROCESSOTC N.o 02847/07

2) IMPUTAR ao Prefeito Municipal de São Vicente do Seridó/PB, Sr. Francisco Alves da Silva,
débito no valor de R$ 8.746,80 (oito mil, setecentos e quarenta e seis reais e oitenta
centavos), referentes à utilização de recursos do FUNDEF sem comprovação.

3) FIXAR o prazo de até 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário aos cofres públicos
municipais do montante imputado, sob pena de responsabilidade e intervenção do Ministério
Público Estadual, na hipótese de inércia, tal como previsto no art. 71, § 40, da Constituição
do Estado da Paraíba, e na Súmula n.O 40 do colendo Tribunal de Justiça do Estado da
Paraíba - TJ/PB.

4) APLICAR MULTA ao Chefe do Poder Executivo da Urbe, Sr. Francisco Alves da Silva, no
valor de R$ 2.805,10 (dois mil, oitocentos e cinco reais e dez centavos), com base no que
dispõe o art. 56, inciso II, da lei Complementar Estadual n.o 18/93 -lOTCE/PB.

5) ASSINAR o lapso temporal de até 30 (trinta) dias para o recolhimento voluntário da


penalidade ao Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal, conforme previsto
no art. 3°, alínea "a", da lei Estadual n.o 7.201, de 20 de dezembro de 2002, cabendo à
Procuradoria Geral do Estado da Paraíba, no interstício máximo de 30 (trinta) dias após o
término daquele período, velar pelo integral cumprimento da decisão, sob pena de
intervenção do Ministério Público Estadual, na hipótese de omissão, tal como previsto no
art. 71, § 40, da Constituição do Estado da Paraíba, e na Súmula n.o 40, do ego Tribunal de
Justiça do Estado da Paraíba - TJ/PB.

6) ENCAMINHAR cópias desta decisão à Diretoria de Auditoria e Fiscalização - DIAFI para


subsidiar a análise das contas da Comuna de São Vicente do Seridó/PB, exercícios
financeiros de 2007, 2008 e 2009, notadamente em relação ao exame das despesas com
pessoal do Poder Executivo.

7) FAZER recomendações no sentido de que o Alcaide, Sr. Francisco Alves da Silva, não
repita as irregularidades apontadas no relatório dos peritos da unidade técnica deste
Tribunal e observe, sempre, os preceitos constitucionais, legais e regulamentares
pertinentes.

8) Com fulcro no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, caput, da Constituição Federal, COMUNICAR
à Delegacia da Receita Federal do Brasil, em Campina Grande/PB, acerca da falta de
recolhimento de grande parte das contribuições previdenciárias devidas pelo empregador,
incidentes sobre as folhas de pagamento do Poder Executivo Municipal de São Vicente do
Seridó/PB, no exercício financeiro de 2006.

9) Também com base no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, cabeça, da lei Maior, REMETER
cópias das peças técnicas, fls. 727/741, 983/989 e 1.014/1.018, dos pareceres do Ministério
Público Especial, fls. 991 e 1.020/1.031, e desta decisão à augusta Procuradoria Geral de
Justiça do Estado da Paraíba, bem como à egrégia Procuradoria da República na Paraí ,
para as providências cabíveis. ~ / -. ~'

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PROCESSO TC N.o 02847/07

Presente ao julgamento o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas


Publique-se, registre-se e intime-se.
TCE - Plenário Ministro João Agripino

João Pessoa, 11 de março de 2009

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Auditor Re a~
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Relator

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Representante dO Ministério Público Especial.
PROCESSOTC N.o 02847/07

Tratam os presentes autos da análise das Contas de Governo e de Gestão do Município de


São Vicente do Seridó/PB, relativas ao exercício financeiro de 2006, de responsabilidade do
Prefeito e Ordenador de Despesas, Sr. Francisco Alves da Silva, apresentada a este
egoTribunal em 02 de abril de 2007, mediante o Ofício n.O001, datado de 28 de março do
mesmo ano, fi. 02.

Os peritos da Divisão de Auditoria da Gestão Municipal VI - DIAGM VI, com base nos
documentos insertos nos autos, emitiram o relatório inicial de fls. 727/741, constatando,
sumariamente, que: a) as contas foram apresentadas no prazo legal; b) o orçamento foi
aprovado através da Lei Municipal n.o 024/2005, estimando a receita em R$ 4.973.217,32,
fixando a despesa em igual valor e autorizando a abertura de créditos adicionais
suplementares até o limite de 50% do total orçado; c) a Lei Municipal n.O 031/2006
autorizou a abertura de créditos adicionais especiais, no montante de R$ 10.750,00;
d) durante o exercício, foram abertos créditos adicionais suplementares e especiais, nos
valores de R$ 2.916.504,24 e R$ 10.750,00, respectivamente; e) a receita orçamentária
efetivamente arrecadada no período ascendeu à soma de R$ 6.073.930,77; f) a despesa
orçamentária realizada atingiu a quantia de R$ 6.094.193,25; g) a receita
extra-orçamentária, acumulada no exercício financeiro, alcançou a importância de
R$ 457.273,45; h) a despesa extra-orçamentária, executada durante o ano, compreendeu
um total de R$ 367.453,92; i) o somatório da Receita de Impostos e Transferências - RIT
atingiu o patamar de R$ 3.844.399,48; j) a Receita Corrente Líquida - RCL alcançou o
montante de R$ 6.073.930,77; e k) a cota-parte recebida do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério - FUNDEFmais os
rendimentos de aplicaçãofinanceira do período somaram R$ 1.394.160,41.

Em seguida, os técnicos da DIAGM VI destacaram que os dispêndios municipais


evidenciaram, sinteticamente, os seguintes aspectos: a) as despesas com obras e serviços
de engenharia informadas na prestação de contas totalizaram R$ 12.018,04 e foram pagas
com recursosfederais, no entanto, os dados constantes no Sistema de Acompanhamento da
Gestão dos Recursos da Sociedade - SAGRES MUNICIPAL demonstram que aqueles
dispêndios ascenderam ao valor de R$ 51.542,13, correspondendo a 0,85% da despesa
orçamentária total; e b) os subsídios do Prefeito e do vice-Prefeito foram fixados,
respectivamente, em R$ 7.000,00 e R$ 3.500,00 mensais, através da Lei Municipal n.O005,
de 21 de junho de 2004.

Quanto aos gastos condicionados, verificaram os analistas desta Corte que: a) a despesa
com recursos do FUNDEF na remuneração dos profissionais do magistério alcançou o
montante de R$ 819.519,10, representando 58,78% da cota-parte recebida no exercício,
mais os rendimentos de aplicações; b) o emprego de recursos na manutenção e
desenvolvimento do ensino atingiu o valor de R$ 994.433,18 ou 25,87% da RIT; c) o
Municípiodespendeu com saúde a importância de R$ 682.505,18 ou 17,75% da RIT; e d) os
gastos com pessoal da municipalidade, já incluídos os do Poder ~egi lativo, alcançara o'')
montante de R$ 3.812.350,92 ou 62,77% da RCL.
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02847/07

No tocante aos aspectos relacionados à gestão fiscal, assinalaram os inspetores do Tribunal


que: a) os Relatórios Resumidos de Execução Orçamentária - REOs, concernentes aos seis
bimestres do exercício, foram enviados ao Tribunal dentro do prazo; e b) os Relatórios de
Gestão Fiscal - RGFs, referentes aos dois semestres do período, também foram
encaminhados tempestivamente a esta Corte.

Ao final de seu relatório, a unidade de instrução apresentou, de forma resumida, as


irregularidades constatadas, quais sejam: a) gastos com pessoal do Município
correspondendo a 62/77% da RCl, acima do limite estabelecido no art. 19 da lei de
Responsabilidade Fiscal - lRF; b) dispêndios com pessoal do Poder Executivo representando
59/93% da RCl, superior ao patamar fixado no art. 20 da lRF e sem indicação de medidas
em virtude da sua ultrapassagem no último RGF do período; c) ausência de comprovação da
publicação do REO referente ao sexto bimestre; d) carência de publicação do RGF do
segundo semestre do exercício; e) déficit na execução orçamentária, no montante de
R$ 20.262/48; f) incompatibilidade entre as informações consignadas no RGF do segundo
semestre e na prestação de contas; g) fixação na Lei Orçamentária Anual - LOA de despesas
com folha de pagamento do Poder legislativo em desacordo com o limite percentual
estabelecido no § lOdo Art. 29-A da Constituição Federal; h) uso de créditos adicionais sem
fontes de recursos, na importância de R$ 1.207.352/05; i) utilização de créditos adicionais
sem autorização legislativa, no total de R$ 421.064/45; j) apresentação de balanços
orçamentário, financeiro e patrimonial que não representam a realidade municipal; k) dívida
municipal incorretamente demonstrada; I) realização de despesas sem licitação, na quantia
de R$ 63.581/58; m) diferença de saldo na conta do FUNDEF, no valor de R$ 13.141/73;
n) aplicação em remuneração dos profissionais do magistério representando apenas 58/78%
das receitas do FUNDEF; o) falta de empenhamento e contabilização de despesas com
pessoal, no montante de R$ 606.266/52; p) carência de registro de grande parte das
obrigações patronais; e q) não atendimento, por parte do gestor, de alerta emitido quando
da análise dos aspectos formais da lOA.

Processadas as devidas citações, fls. 742/747/ o responsável técnico pela contabilidade do


Município durante o exercício financeiro de 2006/ Dr. Sérgio Marcos Torres da Silva, deixou o
prazo transcorrer sem qualquer manifestação acerca das falhas contábeis apontadas. Já o
Prefeito, Sr. Francisco Alves da Silva, apresentou contestação, fls. 749/975/ onde juntou
documentos e argumentou, em síntese, que: a) os valores das obrigações patronais
apurados pelos técnicos do Tribunal não possuem consistência, pois não foram levados em
conta diversos aspectos com relação aos limites e alíquotas; b) as cópias do Boletim Oficial
do Município demonstram as publicações do REO do sexto bimestre e do RGF do segundo
semestre do exercício; c) o déficit orçamentário foi insignificante e de pouca expressividade,
representando um percentual de 0/03%; d) a divergência entre as despesas com pessoal
consignadas no RGF e as apuradas na prestação de contas decorreu da inclusão pelos
inspetores do Tribunal de dispêndios que não constavam nas informações do RGF; e) o valor
da RCL foi devidamente corrigido; f) o percentual da despesa com pessoal fixada na LOA
para o Poder legislativo foi de 66/54% e não 73/68% dos repasses previstos para aquele
poder; g) as cópias dos anexos dos Decretos n.os 02 a 08 demonstr;xas fontes de rec.~~ ..... /.),...--<~.'

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utilizadas para a abertura de créditos adicionais; h) a proibição prevista no art. 166, § 3°,
inciso Il, alínea "a", da Constituição Federal diz respeito aos projetos e às emendas que
ocorrem na fase de tramitação da proposta da LOA no Poder Legislativo; i) a Lei Municipal
n. o 039/2006 elevou o percentual para a abertura de créditos adicionais suplementares de
50% para 80% da receita estimada; j) os demonstrativos contábeis não foram
incorretamente elaborados, haja vista que as despesas contabilizadas foram demonstradas
nos balanços; k) os procedimentos Iicitatórios acostados aos autos evidenciam a inexistência
de despesas sem licitação; I) os saldos constantes nos extratos bancários da conta do
FUNDEF ao final dos meses de dezembro de 2005 e dezembro de 2006, respectivamente,
R$ 25.572,82 e R$ 7.046,83, não são reais, pois não estão deduzidos os cheques em
trânsito; e m) o salário-família constitui vantagem do servidor e foi efetivamente pago com
recursos do FUNDEF, devendo, portanto, entrar no cálculo dos gastos com a remuneração
do magistério.

Encaminhados os autos à unidade técnica, esta, examinando a referida peça processual de


defesa, emitiu o relatório de fls. 983/989, onde considerou elididas as seguintes eivas:
a) gastos com pessoal do Município e do Poder Executivo em percentual acima do limite
estabelecido na Lei de Responsabilidade Fiscal; b) carência de comprovação de publicação
do REO referente ao 6° bimestre e do RGF do segundo semestre do exercício; e c) utilização
de créditos adicionais sem autorização legislativa. Em seguida, os técnicos da DIAGM VI
reputaram parcialmente sanadas as máculas relativas à realização de despesas sem licitação,
reduzindo o montante de R$ 63.581,58 para R$ 23.019,46, bem como à diferença de saldo
na conta do FUNDEF, diminuindo o valor de R$ 13.141,73 para R$ 10.606,80, em virtude,
desta feita, da existência de despesas não comprovadas. Por fim, os analistas da Corte
mantiveram in totum o seu posicionamento exordial relativamente às demais irregularidades.

Ato contínuo, o Parquetde Contas, invocando o princípio do contraditório e da ampla defesa,


sugeriu a notificação do Prefeito Municipal para se manifestar acerca da realização de
despesas com recursos do FUNDEF sem comprovação, haja vista que o fato poderia
repercutir em imputação de débito, fi. 991.

Realizadas as notificações do Alcaide, Sr. Francisco Alves da Silva, fls. 993/994, do contador,
Dr. Sérgio Marcos Torres da Silva, fls. 995/996, e do advogado, Dr. Rodrigo dos Santos
Lima, fi. 997, mais uma vez o profissional pela contabilidade do Município de São Vicente do
SeridójPB não apresentou quaisquer justificativas, enquanto que o Prefeito Municipal
apresentou defesa, fls. 1.001/1.009, mencionando, em resumo, que: a) a despesa
orçamentária foi maior do que a receita, tendo em vista a existência de superávit financeiro
no exercício anterior; b) a execução orçamentária demonstrou que os dispêndios com
pessoal do Poder Legislativo estiveram dentro do limite estabelecido; c) a proibição para
anulação de despesas com pessoal estabelecida no texto constitucional não se aplica à
execução orçamentária e sim a fase de tramitação do projeto da LOA junto ao Legislativo;
d) os documentos acostados aos autos evidenciam a correção dos demonstrativos contábeis;
e) a transferência ocorrida na conta do FUNDEF, no valor de R$ 1.860,00, foi destinada à
contrapartida da Comuna no Projeto Dinheiro Direto na Escola - PDDE; f) a diminuição do )
salário-família dos gastos com o FUNDEF MAGISTERIO ocasiona umaex;dUPladeduçãoo' tendo r~:
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

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em vista que o empenhamento das obrigações patronais ocorreu pelo seu valor líquido; g) a
ausência de contabilização de despesas com pessoal ocorreu devido à insuficiência de saldo
nas dotações orçamentárias; h) as máculas concernentes às contribuições previdenciárias
foram corrigidas com a confecção de novos demonstrativos; e i) o alerta emitido quando da
análise da LOA registrou apenas uma falha e não uma irregularidade.

Em novel posicionamento, fls. 1.014/1.018/ os inspetores do Tribunal elidiram a eiva


relacionada à aplicação em remuneração dos profissionais do magistério, passando o
percentual de 58/78% para 60/28% das receitas do FUNDEF, e diminuíram o valor das
despesas não comprovadas de R$ 10.606/80 para R$ 8.746/80. Por fim, ratificaram as
demais irregularidades remanescentes.

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, ao se pronunciar sobre a matéria,


fls. 1.020/1.031/ pugnou pelo (a): a) declaração do atendimento parcial dos requisitos de
gestão fiscal responsável; b) emissão de parecer, sugerindo à Câmara Municipal de São
Vicente do Seridó/PB a reprovação das contas de gestão geral; c) julgamento pela
irregularidade da administração dos recursos da conta do FUNDEF, com imputação de débito
ao gestor; d) julgamento pela regularidade com ressalvas das despesas sem as devidas
Iicitações, sem imputação de débito, em face da ausência de danos materiais; e) aplicação
de multa ao Prefeito, por danos ao erário e despesas sem Iicitação, com fulcro no art. 71/
inciso VIII, da Constituição Federal, e nos arts. 55 e 56/ inciso 11/ da Lei Complementar
Estadual n.O 18/93; f) representação à entidade previdenciária do fato relacionado às
contribuições previdenciárias; e g) recomendação de diligências no sentido de prevenir a
repetição das falhas acusadas no exercício.

Solicitação de pauta, conforme fls. 1.032/1.034 dos autos.

É o relatório.

Examinando as contas apresentadas pelo Prefeito Municipal de São Vicente do Seridó/PB,


Sr. Francisco Alves da Silva, relativas ao exercício financeiro de 2006/ os peritos desta Corte
destacaram diversas e graves irregularidades remanescentes. Entrementes, constata-se
ab initio que as máculas relacionadas à fixação na Lei Orçamentária Anual - LOA de
despesas com folha de pagamento do Poder Legislativo em desacordo com o limite
percentual estabelecido no art. 29-A, § 1°/ da Constituição Federal, à falta de atendimento
pelo Alcaide de alerta emitido pelo Tribunal, bem como à realização de dispêndio sem
licitação no valor de R$ 23.019/46/ cujo objeto foi a reforma e ampliação do POSTO MÉDICO
DE SERIDÓ, não devem prosperar, devido aos seguintes aspectos.

No que diz respeito à fixação na LOA de despesas com folha de pagamento do Poder
Legislativo na importância de R$ 156.000/00/ equivalente a 73/68% dos repasses previstos . -- ,
para aquele poder no exercício, R$ 211.728/00/ superior, por conseguinte, ao percentual dE(
70% estabelecido no art. 29-A, § 1°/ da Carta Magna em vigor, cabe des~tacarque o pró ri" ~;.
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Parlamento Municipal é quem elabora a sua proposta orçamentária e a encaminha ao Poder


Executivo para consolidação, consoante disciplina a Constituição Federal, não existindo a
interferência direta do Prefeito Municipal. Ademais, quando da execução orçamentária, os
gastos sub studio somaram R$ 142.427,17, ou 64,24% das transferências recebidas no
exercício pela Câmara Municipal, R$ 221. 728,00, e se ajustaram dentro do limite legal.

No tocante à falta de atendimento ao Alerta n.O OS/2006, fi. 181, por parte do Chefe do
Poder Executivo, verifica-se que o referido instrumento não gera obrigação de manifestação
por parte do gestor, não havendo, portanto, necessidade de apresentação de defesa e/ou
esclarecimentos, sendo um mero aviso. Ademais, o alerta em comento não estabeleceu
prazo para adoção de medidas e, na fase da execução orçamentária, conforme esclarecido
alhures, o percentual dos gastos com folha de pagamento do Legislativo Municipal ficaram
abaixo da raia prevista no texto constitucional.

Em relação aos pagamentos com a reforma e ampliação do POSTO MÉDICO DE SERIDÓ, os


inspetores desta Corte, na análise inicial, detectaram como não licitada a quantia de
R$ 21.547,48, e após analisarem os procedimentos licitatórios apresentados pelo Prefeito
Municipal de São Vicente do Seridó, Sr. Francisco Alves da Silva, em sua defesa, retificaram
o valor para R$ 23.019,46, tendo em vista que a soma licitada através do Convite
n.o 029/2005, adjudicado em favor da CONSTRUTORA CIVILCON LTDA., foi de apenas
R$ 49.973,04, enquanto que os pagamentos à citada empresa ascenderam ao patamar de
R$ 72.992,50, sendo R$ 47.613,54 quitados no ano de 2005 e R$ 25.378,96 pagos no
exercício.

No entanto, através das informações coletadas no Sistema de Acompanhamento da Gestão


dos Recursos da Sociedade - SAGRES MUNICIPAL, comprova-se que, do total pago no ano
de 2005 (R$ 47.613,54), a importância de R$ 23.019,46 serviu para quitar a obra de reforma
e ampliação do POSTO MÉDICO DE SANTA MARIA, que foi licitada através do Convite
n.O 025/2005, também adjudicado em favor da CONSTRUTORA CIVILCON LTDA.. Assim,
depreende-se que o Convite n.o 029/2005 lastreou os pagamentos ocorridos no dia 31 de
dezembro de 2005, na soma de R$ 24.594,08, consoante Empenho n.O 2661, bem como no
dia 31 de janeiro de 2006, na importância de R$ 25.378,96, conforme Empenho n.O 178,
ambos para a reforma e ampliação do POSTO MÉDICO DE SERIDÓ.

Por outro lado, em que pese o disciplinado no Parecer Normativo PN - TC - 12/2007 e o


posicionamento dos analistas deste Pretório de Contas exarado na análise da primeira
defesa, fls. 983/984, impende comentar que os valores das obrigações patronais integram o
montante das despesas com pessoal para fins de verificação do cumprimento dos limites
estabelecidos pela Lei Complementar Nacional n.O 101, de 04 de maio de 2000 (Lei de
Responsabilidade Fiscal), conforme se depreende do seu art. 18, in verbis.

Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como despesa
total com pessoal: o somatório dos gastos do ente da Federação com oy--
ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargo~, I
funções ou empregos, civis, militares e de mem~os de p0(âd.r ..... \ . .>:
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02847/07

quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens,


fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões,
inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de
qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas
pelo ente às entidades de previdência. (grifos inexistentes no texto original)

Assim, os gastos com pessoal do Município de São Vicente do Seridó calculados inicialmente
pelos peritos do Tribunal com a inclusão das obrigações patronais, fls. 737/738, são os que
devem prevalecer no presente caso, no montante de R$ 3.812.350,92. Contudo, mister se
faz deduzir daquela importância os pagamentos relacionados aos recolhimentos ao Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço - FGTS de exercícios anteriores, no valor de R$ 68.133,78,
fls. 595/596, fato que reduz os mencionados dispêndios para R$ 3.744.217,14 ou 61,65% da
Receita Corrente Líquida - RCL apurada no período (R$ 6.073.930,77), superando, ainda, o
limite de 60% imposto pelo art. 19, inciso UI, da reverenciada Lei de Responsabilidade
Fiscal - LRF, verbatim:

Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a


despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da
Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a
seguir discriminados:

1-(...)

III - Municípios: 60% (sessenta por cento). (destaques ausentes no original)

Importa notar que o descumprimento do referido dispositivo decorreu das elevadas despesas
com pessoal do Poder Executivo da Urbe apuradas no relatório inicial, R$ 3.640.014,04, mas
que diminuem para R$ 3.571.880,26, devido à exclusão dos gastos relacionados ao FGTS de
exercícios anteriores, no valor de R$ 68.133,78, fls. 595/596. Ou seja, os dispêndios dessa
natureza, relativos ao Executivo, R$ 3.571.880,26, representaram 58,81% da RCL,
R$ 6.073.930,77, configurando nítida transgressão ao preconizado no art. 20, inciso UI,
alínea "b", da LRF, verbo ad verbum:

Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá exceder os
seguintes percentuais:

1-(...)

III - na esfera municipal:

a) (omissis)
PROCESSOTC N.o 02847/07

Logo, medidas deveriam ter sido adotadas pelo Alcaide, Sr. Francisco Alves da Silva, em
tempo hábil, para o retorno da despesa total com pessoal ao respectivo limite, nos termos
do art. 22, parágrafo único, incisos I a V, e do art. 23, caput, da Lei Complementar Nacional
n.o 101/2000, verbum pro verbo:

Art. 22. (omissis)

Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e


cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou órgão referido no
art. 20 Que houver incorrido no excesso:

I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de


remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de
determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X
do art. 37 da Constituição;

II - criação de cargo, emprego ou função;

III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa;

IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a


qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou
falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança;

V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II do § 6°


do art. 57 da Constituição e as situações previstas na lei de diretrizes
orçamentárias.

Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no


art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das
medidas previstas no art. 22. o percentual excedente terá de ser eliminado
nos dois Quadrimestresseguintes. sendo pelo menos um terço no primeiro,
adotando-se, entre outras, as providências previstas nos §§ 30 e 40 do
art. 169 da Constituição. (grifos nossos)

É imperioso frisar que deixar de ordenar ou de promover, na forma e nos prazos da lei, a
execução de medida para a redução do montante da despesa total com pessoal que houver
excedido a repartição por Poder do limite máximo configura infração administrativa,
processada e julgada pelo Tribunal de Contas, sendo passível de punição mediante a
aplicação de multa pessoal de 30% (trinta por cento) dos vencimentos anuais ao agente que
lhe der causa, conforme estabelecido no art. 5°, inciso IV, e §§ 1° e 2°, da lei que dispõe,
entre outras, sobre as infrações contra as leis de finanças públicas - Lei Nacional n. o 10.028,
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PROCESSOTC N.o 02847/07

Art. 50 Constitui infração administrativa contra as leis de finanças públicas:

I - (...
)

IV - deixar de ordenar ou de promover, na forma e nos prazos da lei, a


execução de medida para a redução do montante da despesa total com
pessoalque houver excedido a repartição por Poder do limite máximo.

§ 10 A infração prevista neste artigo é punida com multa de trinta por cento
dos vencimentos anuais do agente que lhe der causa, sendo o pagamento
da multa de sua responsabilidadepessoal.

§ 20 A infração a que se refere este artigo será processada e julgada pelo


Tribunal de Contas a que competir a fiscalização contábil, financeira e
orçamentária da pessoajurídica de direito público envolvida.

Para que ocorra o efetivo acompanhamento da redução das citadas despesas dentro do
prazo definido no art. 23, caput, da LRF, necessário se faz o encaminhamento de cópias
desta decisão à Diretoria de Auditoria e Fiscalização - DIAFI para subsidiar a análise das
contas do Poder Executivo relativas aos exercícios financeiros de 2007, 2008 e 2009.

Igualmente inserido no grupo das máculas constatadas na instrução processual, fls. 730,
encontra-se a existência de déficit orçamentário consignado no BALANÇO ORÇAMENTÁRIO,
fi. 40, no valor de R$ 20.262,48, tendo em vista que as receitas e as despesas orçamentárias
da Urbe somaram, respectivamente, R$ 6.073.930,77 e R$ 6.094.193,25. Todavia, após a
inclusão das despesas com pessoal pertencentes ao exercício financeiro de 2006 que não
foram empenhadas e contabilizadas no período, no montante de R$ 606.266,52
CR$ 250.436,76, correspondentes as folhas de pagamento do mês de dezembro e
13° salário, e R$ 355.829,76, atinentes às contribuições previdenciárias patronais), o déficit
orçamentário aumenta consideravelmente para R$ 626.529,00, equivalendo a 10,31% da
receita orçamentária arrecadada no período.

Desta forma, restou caracterizado o inadimplemento da principal finalidade desejada pelo


legislador ordinário, mediante a inserção, no ordenamento jurídico tupiniquim, da festejada
Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar Nacional n.O 101, de 04 de maio de 2000),
qual seja, a implementação de um eficiente planejamento por parte dos gestores públicos,
com vistas à obtenção do equilíbrio das contas por eles administradas, conforme estabelece
o seu art. 10, § 10, ad literam:

Art. 1°. (omissis)


TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02847/07

resultados entre receitas e despesase a obediência a limites e condições no


que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da
seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de
crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e
inscrição em Restosa Pagar. (grifos inexistentes no texto original)

No que se refere à incompatibilidade de informações entre o Relatório de Gestão


Fiscal - RGF do segundo semestre do período e os dados apurados na prestação de contas,
notadamente em relação às despesas com pessoal do Poder Executivo Municipal, verifica-se
que aqueles gastos, após a dedução dos pagamentos relacionados ao FGTS de exercício
anteriores, conforme já destacado em outro tópico desta proposta, ascenderam ao patamar
de R$ 3.571.880/26 ou 58/81% da RCL computada no exercício CR$ 6.073.930/77)/ ao passo
que o RGF do segundo semestre de 2006 consignou apenas a importância de
R$ 2.949.346/88 ou 48/56% da RCL retificada de R$ 6.601.273/80 para R$ 6.073.930/77/ no
novo demonstrativo apresentado pelo gestor, fls. 764/765.

Tal fato, além de demonstrar um certo desprezo da autoridade responsável aos preceitos
estabelecidos na lei instituidora de normas gerais de direto financeiro para elaboração e
controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito
Federal - Lei Nacional n.O 4.320/64 -/ prejudica a transparência das contas públicas
pretendida com o advento da referida LRF, onde o RGF figura como instrumento dessa
transparência, conforme preceituam o já citado art. 1°/ § 1°/ bem como o art. 48/
senão vejamos:

Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será
dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os
planos, os orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de
contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução
Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas
dessesdocumentos. (grifamos)

Em seguida, os especialistas desta Corte destacaram como irregularidade a utilização de


créditos adicionais sem fontes de recursos, no montante de R$ 1.207.352/05/ fi. 719/ com
base nos argumentos de que os Decretos n.vs 02 a 08 de 2006 não apresentaram de forma
detalhada dotações anuladas, como também ocorreram anulações indevidas de dotações
relacionadas à pessoal e seus encargos. Todavia, após o exame meticuloso da matéria,
constata-se que a irregularidade revelou-se, na verdade, outra, qual seja, a apresentação de
°
informações divergentes ao Tribunal de Contas, através do Decreto n. 08/2006.

Os decretos acostados aos autos pelos peritos do Tribunal, fls. 284/323/ os anexos dps
Decretos n.vs 02 a 07 apresentados pela defesa, fls. 766/771/ bem como os dados í.. ,

registrados no SAGRES MUNICIPAL demonstram que durante o exercíCio~nanceiro~~.

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PROCESSOTC N,o 02847/07

foram abertos créditos adicionais no montante de R$ 2.927.254,24 CR$ 2.916.504,24 de


créditos suplementares e R$ 10.750,00 de créditos especiais) e que as fontes de recursos
utilizadas também totalizaram R$ 2.927.254,24, sendo R$ 1.797.447,18 de anulações de
dotações, incluindo aquelas relacionadas à pessoal e seus encargos, R$ 1.099.807,06 de
excesso de arrecadação e R$ 30.000,00 de superávit financeiro apurado no exercício
anterior, tudo dentro da normalidade. Além disso, os recursos disponíveis para a abertura
dos citados créditos somaram R$ 2.928.447,22, CR$ 1.100.713,45 provenientes do excesso
de arrecadação no período, R$ 1.797.447,18 oriundos das anulações de dotações e
R$ 30.286,59 originários do superávit financeiro apurado no Balanço Patrimonial de 2005).

Outrossim, a vedação de anulação de dotações relacionadas às despesas com pessoal e seus


encargos, prevista no art. 166, inciso II, alínea "a", da Constituição Federal, diz respeito à
etapa de apreciação do projeto da Lei Orçamentária Anual - LOA no âmbito do Poder
Legislativo, e não a fase de execução orçamentária. Quanto ao fato alegado pelo defendente
de que não existiram saldos suficientes para o empenhamento das despesas com pessoal,
verifica-se que o gestor não planejou corretamente no orçamento o montante daqueles
dispêndios.

No entanto, ao se analisar o Decreto n.o 08, de 01 de julho de 2006, no valor de


R$ 238.516,52, verifica-se a presença de informações divergentes encaminhadas ao Tribunal
de Contas, haja vista que o documento acostado aos autos, fls. 300/302, informa como
fontes de recursos para a cobertura dos créditos abertos a ANULAÇÃO DE DOTAÇÕES,
enquanto que no sistema de dados do SAGRES MUNICIPAL consta como fonte dos recursos
o EXCESSO DE ARRECADAÇÃO, dificultando, desta feita, a fiscalização dos gastos públicos
exercida por parte deste Sinédrio de Contas.

Logo depois, os peritos do Tribunal destacaram a falta de empenhamento e contabilização


de despesa com pessoal, na elevada soma de R$ 606.266,52, fls. 737/738, sendo
R$ 250.436,76, referentes aos salários do mês de dezembro e do 130 dos servidores, e
R$ 355.829,76, respeitantes às obrigações patronais devidas no exercício. No primeiro caso,
ficou evidenciado que as folhas de pagamentos do mês de dezembro e do 130 salário de
2006 dos servidores do Poder Executivo, encaminhadas pelo Prefeito Municipal, fls. 618/716,
somaram, respectivamente, R$ 265.296,75 e R$ 191.733,96, no entanto, os valores
contabilizados no SAGRES MUNICIPAL ascenderam apenas à soma de R$ 206.593,95,
fi. 611, evidenciando a ausência de registro da quantia de R$ 250.436,76, em flagrante
transgressão ao princípio da competência previsto no art. 50, inciso II, da LRF, in verbis:

Art. 50. Além de obedecer às normas de contabilidade pública, a


escrituração das contas públicas observará as seguintes:

I- (omissis)

dos fluxos financeiros pelo regime de caixa; k (Sd......'.,'


II- a despesa e a assunção de compromisso serão registradas segundo o----~
regime de competência, apurando-se, em caráter complementar, o resultado

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PROCESSO TC N.O 02847/07

Já no segundo, os analistas calcularam as obrigações patronais devidas no exercício de 2006


no montante de R$ 521.117,64 (21% do total da folha de pagamento calculada no exercício,
R$ 3.020.354,58, fi. 737, menos o salário-família contabilizado na quantia de
R$ 113.156,82), enquanto que a quantia empenhada e paga como pertencente ao período
foi de apenas R$ 165.287,88, deixando-se de registrar, por conseguinte, a importância de
R$ 355.829,76 ou 68,28% do total pertencente ao exercício (R$ 521.117,64), em ardente
desrespeito ao disposto no art. 195, inciso I, alínea "a", da Constituição Federal, c/c os arts.
15, inciso I, e 22, incisos I e 11, alínea "a", da Lei de Custeio da Previdência Social
(Lei Nacional n.O 8.212/91), verbatim:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e
das seguintes contribuições sociais:

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da


lei, incidentes sobre:

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou


creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviços, mesmo
sem vínculo empregatício;

Art. 15. Considera-se:

I - empresa - a firma individual ou sociedade que assume o risco de


atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como
os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e
fundacional;

Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social,


além do disposto no art. 23, é de:

I - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou


creditas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e
trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o
trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos
habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de
reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo
tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da
lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou
sentença normativa.
~-.
11- para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei rf.Ó 'j
8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau e/',
incidência de incapacidade laborativa decorrente dOS~. cos ambien,t,. " ,,/',' ,.:;Y~
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~
PROCESSO TC N.O 02847/07

trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer


do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos:

a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o


risco de acidente do trabalho seja considerado leve;

Nesse contexto, deve ser ressaltado que as referidas irregularidades podem ser enquadradas
como atos de improbidade administrativa que atentam contra os princípios da administração
pública, conforme estabelece o art. 11, inciso I, da lei que trata das sanções aplicáveis aos
agentes públicos - Lei Nacional n.o 8.429, de 02 de junho de 1992 -, verbo ad verbum:

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os


princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os
deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às
instituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso


daquele previsto, na regra de competência; (destaques ausentes no original)

Outra mácula detectada pelos inspetores da Corte, fls. 730/731, diz respeito à incorreta
elaboração dos Balanços Orçamentário, Financeiro e Patrimonial, bem como do
Demonstrativo da Dívida Municipal, devldo à falta de contabilização de mencionadas
despesas com pessoal, no montante de R$ 606.266,52. A presente falta de registro contábil
ocasionou a diminuição do déficit orçamentário já existente no Balanço Orçamentário,
influenciou no resultado das disponibilidades financeiras constantes no Balanço Financeiro,
demonstrou superávit financeiro que efetivamente não existiu no Balanço Patrimonial, como
também motivou a omissão de parte das obrigações no Demonstrativo da Dívida Flutuante.

Tais discrepâncias, além de prejudicar a análise das contas, comprometem sobremaneira a


confiabilidade dos registros contábeis do Município. Assim, ficou evidente que o profissional
responsável pela contabilidade, Dr. Sérgio Marcos Torres da Silva, não registrou as
informações contábeis na forma prevista nos arts. 83 a 106, da Lei Nacional n.O 4.320/64, e
no art. 50, inciso II, da LRF, como também elaborou os balanços sem observar todos os
princípios fundamentais de contabilidade previstos nos arts. 20 e 3°, da Resolução do
Conselho Federal de Contabilidade n.o 750, de 29 de dezembro de 1993, devidamente
publicada no Diário Oficial da União - DOU de 31 de dezembro do mesmo ano,
verbum pro verbo:

Art. 2° - Os Princípios Fundamentais de Contabilidade representam a


essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade,
consoante o entendimento predominante nos universos científico (y"---""
profissional de nosso País.Concernem, pois, à Contabilidade no seu sentito )\ -.
mais amplo de ciência social, cujo objeto é o Patrimônio d~ntidadKegS' . \ ..•...
;;~

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PROCESSOTe N.o 02847/07

Art. 30 - São Princípios Fundamentais de Contabilidade:

I) o da ENTIDADE;
lI) o da CONTINUIDADE;
III) o da OPORTUNIDADE;
IV) o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL;
V) o da ATUAUZAÇÃO MONETÁRIA;
VI) o da COMPETÊNCIA e
VII) o da PRUDÊNCIA.

Por fim, no que diz respeito à movimentação financeira da conta específica do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
Magistério - FUNDEF, Conta Corrente n. o 58.024-4, inicialmente os peritos deste Sinédrio de
Contas apontaram uma diferença financeira na quantia de R$ 13.141,73, contudo, após a
apresentação de defesa pelo Alcaide, retificaram a irregularidade para despesas não
comprovadas, na importância de R$ 10.606,80, devido à existência de cheques sacados e de
transferência financeiras existentes na citada conta sem os correspondentes comprovantes
de despesas, fi. 987.

Devidamente notificado, o gestor esclareceu unicamente que a transferência, na soma de


R$ 1.860,00, correspondente ao Empenho n.O 0003154, serviu como contrapartida da
Comuna no Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE, em favor da Escola Municipal Cícero
dos Anjos, razão pela qual o quantum das despesas não comprovadas diminuiu para
R$ 8.746,80.

In casu, a irregularidade revela flagrante desrespeito aos princípios básicos da pública


administração, haja vista que não constam nos autos os elementos comprobatórios da
realização de seu objeto. Concorde entendimento uníssono da doutrina e jurisprudência
pertinentes, a carência de documentos que comprovem a despesa pública consiste em fato
suficiente à imputação do débito, além das demais penalidades aplicáveis à espécie.

o artigo 70, parágrafo único, da Carta Constitucional, dispõe que a obrigação de prestar
contas abrange toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade,
guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União, os
Estados ou os Municípios respondam, ou que, em nome destes entes, assuma obrigações de
natureza pecuniária.

--
Ressalte-se que imperativa é não só a prestação de contas, mas também a sua completa e
regular prestação, já que a ausência ou a imprecisão de documentos que inviabilizem ou
tornem embaraçoso o seu exame é tão grave quanto a omissão do próprio dever de

k- r'.....
prestá-Ias, sendo de bom alvitre destacar que a simples indicação, em extratos, notas

·'/;....
empenho, notas fiscais ou recibos, do fim a que se destina o dispêndio não é suficiente p a
comprová-lo, regularizá-lo ou legitimá-lo. .-:').
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O
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~~
PROCESSOTC N.o 02847/07

Afora isso, os princípios da legalidade, da moralidade e da publicidade administrativas,


estabelecidos no artigo 37, caput, da Lex Legum, demandam, além da comprovação da
despesa, a efetiva divulgação de todos os atos e fatos relacionados à gestão pública.
Portanto, cabe ao ordenador de despesas, e não ao órgão responsável pela fiscalização,
provar que não é responsável pelas infrações, que lhe são imputadas, das leis e
regulamentos na aplicação do dinheiro público, consoante entendimento do ego Supremo
Tribunal Federal- STF, ipsis litteris:

MANDADO DE SEGURANÇACONTRA O TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO.


CONTAS JULGADAS IRREGULARES. APLICAÇÃO DA MULTA PREVISTA NO
ARTIGO 53 DO DECRETO-LEI 199/67. A MULTA PREVISTA NO ARTIGO 53
DO DECRETO-LEI 199/67 NÃO TEM NATUREZA DE SANÇÃO DISCIPLINAR.
IMPROCEDÊNCIA DAS ALEGAÇÕES RELATIVAS A CERCEAMENTO DE
DEFESA. EM DIREITO FINANCEIRO, CABE AO ORDENADOR DE DESPESAS
PROVAR QUE NÃO É RESPONSÁVEL PELAS INFRAÇÕES, QUE LHE SÃO
IMPUTADAS, DAS LEIS E REGULAMENTOS NA APLICAÇÃO DO DINHEIRO
PÚBLICO. COINCIDÊNCIA, AO CONTRÁRIO DO QUE FOI ALEGADO, ENTRE
A ACUSAÇÃO E A CONDENAÇÃO, NO TOCANTE À IRREGULARIDADE DA
LICITAÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA INDEFERIDO. (STF - Pleno - MS
20.335/DF, ReI. Ministro Moreira Alves, Diário da Justiça, 25 fev. 1983, p. 8)
(grifo inexistente no texto de origem)

Visando aclarar o tema em disceptação, cita-se parte do voto do ilustre Ministro Moreira
Alves, relator do supracitado Mandado de Segurança, ad literam:

Vê-se, pois, que em tema de Direito Financeiro, mais particularmente, em


tema de controle da aplicação dos dinheiros públicos, a responsabilidade do
Ordenador de Despesas pelas irregularidades apuradas se presume, até
prova em contrário, por ele subministrada.

A afirmação do impetrante de que constitui heresia jurídica presumir-se a


culpa do Ordenador de despesas pelas irregularidades de que se cogita, não
procede, portanto, parecendo decorrer, quiçá, do desconhecimento das
normas de Direito Financeiro que regem a espécie. (grifamos)

Já o eminente Ministro Marco Aurélio, relator na Segunda Turma do STF do Recurso


Extraordinário n.O 160.381/SP, publicado no Diário da Justiça de 12 de agosto de 1994,
página n.O 20.052, destaca, em seu voto, o seguinte entendimento: "O agente público não
só tem que ser honesto e probo, mas tem que mostrar que possui tal qualidade. Como a
mulher de César."

Em total consonância com aludida conclusão, reproduzimos a lição do insigne representant \


do Ministério Público de Contas do Estado da Paraíba,Dr. Marcílio Toscan:yranca FilhO.' n
autos do ProcessoTC n.o 04588/97, senão vejamos: \.,
r.../~J~.
1~-0~
\~0~"
~
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02847/07

Há menção nos autos de processamento irregular da despesa pública sob a


forma de realização de dispêndios sem hábil comprovação documental.
Acerca de tal expediente merece destaque o fato de que despesa pública
passa obrigatoriamente pelas fases de empenho, liquidação e pagamento.
Após o empenho, vem a liquidação da despesa, ocasião em que, do
montante empenhado, deverá ser quantificado com exatidão o crédito do
fornecedor através da documentação hábil (nota fiscal, recibo, atesto etc).
Por fim, tem-se o efetivo pagamento. Sublinho que a insuficiência
documental na comprovação de despesa pública é bastante para a
imputação do débito referente à despesa irregular, além das demais
penalidades aplicáveis à espécie.

Diante deste contexto, merece destaque o fato de que algumas eivas encontradas nos
presentes autos constituem motivo de emissão, pelo Tribunal, de parecer contrário à
aprovação das contas do Prefeito Municipal de São Vicente do Seridó/PB, conforme disposto
nos itens "2", "2.5", "2.9" e "2.11", do Parecer Normativo PN - TC - 52/2004, in verbis.

2. Constituirá motivo de emissão, pelo Tribunal, de PARECERCONTRÁRIOà


aprovacão de contas de Prefeitos Municipais, independentemente de
imputação de débito ou multa, se couber, a ocorrência de uma ou mais das
irregularidades a seguir enumeradas:

...
( )

2.5. não retenção e/ou não recolhimento das contribuições previdenciárias


aos órgãos competentes (INSS ou órgão do regime próprio de previdência,
conforme o caso), devidas por empregado e empregador, incidentes sobre
remunerações pagas pelo Município;

...
( )

2.9. incompatibilidade não justificada entre os demonstrativos, inclusive


contábeis, apresentadosem meios físico e magnético ao Tribunal;

2.11. no tocante à Lei de ResponsabilidadeFiscal, não adoção das medidas


necessárias ao retorno da despesa total com pessoal e à recondução dos
montantes das dívidas consolidadas e mobiliária aos respectivos limites;
(grifos inexistentes no texto original)

Diante das diversas transgressões a disposições normativas do direito objetivo pátrio,


decorrentes da conduta implementada pelo Chefe do Poder Executivo da Comuna de Sã
Vicente do Seridó/PB, Sr. Francisco Alves da Silva, resta configurada a necessidade imperio a
de imposição da multa de R$ 2.805,10 - valor atualizado pela porta~.a n.O 039/06 ..
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02847/07

TCE/PB -, prevista no art. 56, inciso lI, da Lei Orgânica do TCE/PB - Lei Complementar
Estadual n.O 18, de 13 de julho de 1993, verbatim:

Art. 56 - O Tribunal poderá também aplicar multa de até Cr$ 50.000.000,00


(cinqüenta milhões de cruzeiros) aos responsáveis por:

I - (omissis)

II - infração grave a norma legal ou regulamentar de natureza contábil,


financeira, orçamentária, operacional e patrimonial;

Ex positis, proponho que o Tribunal de Contas do Estado da Paraíba:

1) Com base no art. 71, inciso I, c/c o art. 31, § 10, da Constituição Federal, no art. 13, § 1°,
da Constituição do Estado da Paraíba, e no art. 1°, inciso IV, da Lei Complementar Estadual
n.O 18/93, EMITA PARECER CONTRÁRIO à aprovação das contas de governo do Prefeito
Municipal de São Vicente do Seridó/PB, Sr. Francisco Alves da Silva, relativas ao exercício
financeiro de 2006, encaminhando-o à consideração da ego Câmara de Vereadores do
Município para julgamento político da referida autoridade.

2) Com fundamento no art. 71, inciso lI, da Constituição do Estado da Paraíba, bem como
no art. 1°, inciso I, da Lei Complementar Estadual n.O 18/93, JULGUE IRREGULARES as
contas de gestão do Ordenador de Despesas da Comuna no exercício financeiro de 2006,
Sr. Francisco Alves da Silva.

3) IMPUTE ao Prefeito Municipal de São Vicente do Seridó/PB, Sr. Francisco Alves da Silva,
débito no valor de R$ 8.746,80 (oito mil, setecentos e quarenta e seis reais e oitenta
centavos), referentes à utilização de recursos do FUNDEF sem comprovação.

4) FIXE o prazo de até 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário aos cofres públicos
municipais do montante imputado, sob pena de responsabilidade e intervenção do Ministério
Público Estadual, na hipótese de inércia, tal como previsto no art. 71, § 4°, da Constituição
do Estado da Paraíba, e na Súmula n.o 40 do colendo Tribunal de Justiça do Estado da
Paraíba - TJ/PB.

5) APLIQUE MULTA ao Chefe do Poder Executivo da Urbe, Sr. Francisco Alves da Silva, no
valor de R$ 2.805,10 (dois mil, oitocentos e cinco reais e dez centavos), com base no que
dispõe o art. 56, inciso lI, da Lei Complementar Estadual n. ° 18/93 - LOTCE/PB.

6) ASSINE o lapso temporal de até 30 (trinta) dias para o recolhimento voluntário da


penalidade ao Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal, conforme previsto
no art. 3°, alínea "a", da Lei Estadual n.o 7.201, de 20 de dezembro de 2002, cabendo ~/
Procuradoria Geral do Estado da Paraíba, no interstício máximo de 30 (trinta) dias após p !

término daquele período, velar pelo integral cumprimento P....


da deci~~o, SOb(Q; .... ~ ~
(~/~~~

4~~
PROCESSOTC N.o 02847/07

intervenção do Ministério Público Estadual, na hipótese de omissão, tal como previsto no


art. 71, § 40, da Constituição do Estado da Paraíba, e na Súmula n.o 40, do ego Tribunal de
Justiça do Estado da Paraíba - TJ/PB.

7) ENCAMINHE cópias desta decisão à Diretoria de Auditoria e Fiscalização - DIAFI para


subsidiar a análise das contas da Comuna de São Vicente do Seridó/PB, exercícios
financeiros de 2007, 2008 e 2009, , notadamente em relação ao exame das despesas com
pessoal do Poder Executivo.

8) FAÇA recomendações no sentido de que o Alcaide, Sr. Francisco Alves da Silva, não repita
as irregularidades apontadas no relatório dos peritos da unidade técnica deste Tribunal e
observe, sempre, os preceitos constitucionais, legais e regulamentares pertinentes.

9) Com fulcro no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, caput, da Constituição Federal,
COMUNIQUE à Delegacia da Receita Federal do Brasil, em Campina Grande/PB, acerca da
falta de recolhimento de grande parte das contribuições previdenciárias devidas pelo
empregador, incidentes sobre as folhas de pagamento do Poder Executivo Municipal de São
Vicente do Seridó/PB, no exercício financeiro de 2006.

10) Também com base no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, cabeça, da Lei Maior, REMETA
cópias das peças técnicas, fls. 727/741, 983/989 e 1.014/1.018, dos pareceres do Ministério
Público Especial, fls. 991 e 1.020/1.031, e desta decisão à augusta Procuradoria Geral de
Justiça do Estac;kr da Paraíba, bem como à egrégia Procuradoria da República na Paraíba,
para as providencias cabjveis.

Éap~~~ ~

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