Você está na página 1de 4

Publicado no D. O. E.

TRIBUNAL DE ~s DO EST::~-p-I o:. f 09


PROCESSO TC N.o 02057/05 ,1 Secretar

CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL DE SAÚDE DO


CARIRI OCIDENTAL - CISCO. Prestação de Contas do
exercício de 2004. Regularidade das Contas, com Ressalvas.
Aplicação de Multa pessoal ao Ex-Gestor. Recomendação.

Vistos, relatados e discutidos os autos do Processo TC. N° 02057/05,


relativo à Prestação de Contas do CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL DE SAÚDE DO
CARIRI OCIDENTAL - CISCO, exercício financeiro de 2004, de responsabilidade do ex-
presidente, Sr. Eduardo José Torreão Mota;
CONSIDERANDO os relatórios da Auditoria, o Parecer oral do Ministério
Público, o mais que dos autos consta;
ACORDAM os Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba,
à unanimidade de votos, em sessão plenária realizada nesta data, na conformidade do
relatório e do voto do Relator, partes integrantes do presente ato formalizador, em:
1. JULGAR REGULAR com ressalvas a Prestação de Contas do CONSÓRCIO
INTERMUNICIPAL DE SAÚDE DO CARIRI OCIDENTAL - CISCO, relativas ao
exercício financeiro de 2004, de responsabilidade do ex-presidente, Senhor
Eduardo José Torreão Mota, com as ressalvas do Parágrafo único do art. 126 da
lOTCE;
2. APLICAR, com base no art. 56, 11 da lei Complementar nO 18/93 (lOTCE), multa
pessoal ao citado ex-gestor, no valor de R$ 1.500,00 (Portaria nO 039, de
31/05/2006) ;
3. ASSINAR o prazo de sessenta (60) dias, a contar da data da publicação do
presente Acórdão, para que seja efetuado o recolhimento, à conta do Fundo de
Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal, cabendo a ação ser impetrada
pela Procuradoria Geral do Estado (PGE), em caso de não recolhimento, com
intervenção do Ministério Público, na hipótese de omissão da PGE, nos termos do §
4° do art. 71 da Constituição Estadual;
4. RECOMENDE a atual administração do Consórcio a adoção de medidas para não
repetição das falhas apontadas, de modo a assegurar o exame da prestação de
contas de maneira regular e completa, bem como maior observância das normas
contábeis e financeiras vigentes, sob pena de responsabilidade, aplicação de multa
e outras cominações legais.
Publique-se, registre-se e cumpra-se.
ala das Sessões do TCE-PB - Plenário Ministro João Agripino.
João Pessoa, 18 de fevereiro de 2009.

c_ .. .._._.

Fui presente:
,O Processo TC nO 02057/05 trata da Prestação de Contas do Consórcio Intermunicipal
de Saúde do Cariri Ocidental (CISCO), relativa ao exercício de 2004, sob a
responsabilldade do ex-presidente, Sr. Eduardo José Torreão Mota.
/
Originalmente, o Tribunal Pleno, na Sessão do dia 02/05/2007, julgou irregular, através do
~córdão APL TC N.o 287/07, a presente Prestação de Contas do CISCO, referente ao
exercício de 2004, atribuindo a responsabilidade pela entidade à ex-presidente, senhora
,Niedja Rodrigues de Siqueira, com aplicação de multa pessoal, no valor de R$ 2.805,10 e
recomendação a atual administração da entidade.
A interessada, em 11/06/07, protocolizou RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO, requerendo
reanálise do processo e a aprovação das respectivas contas. Em 20/02/2008, através do .
Acórdão APL TC N.o 53/2008, decidiu o Tribunal Pleno pela negativa de provimento, ./
mantendo-se na íntegra a decisão constante do Acórdão APL TC N.o 287/07, inclusive a
Imulta aplicada.

Posteriormente, em 02/06/2008, a ex-gestora impetrou RECURSO DE REVISÃO (fls.


233/243), alegando que, em 2004, não exercia o cargo de presidente, tendo assinado a
Prestação de Contas daquele exercício por equívoco do Contador. A Auditoria, após
,diligência in loco concluiu pela pertinência das justificativas apresentadas e, na sessão do
dia 06/08/08, o Pleno desta Corte deu provimento integral ao Recurso de Revisão,
tornando sem efeito o Acórdão APL TC n° 287/07, prolatado quando do julgamento da
PCA, referente ao exercício de 2004, e o Acórdão APL TC nO 53/2008, decorrente do
Julgamento do Recurso de Reconsideração, bem como as deliberações ali constantes.
Em vista dos acontecimentos expostos, o então Relator deu prosseguimento regular ao
feito, dando-se pela necessidade de novo julgamento da presente PCA.
O ex-gestor responsável foi então notificado para conhecimento dos fatos constantes do
relatório inicialmente elaborado pela Auditoria deste Tribunal (fls. 81/85), onde se destacou
o seguinte:
1. O CISCO foi criado em 17 de fevereiro de 1998, com natureza jurídica de
Associação Civil de Direito Público, tendo como objetivos: (a) Representar o
conjunto dos municípios que o integram, em assuntos de interesse comum
perante quaisquer outras entidades, especialmente perante as demais esferas
constitucionais de Governo; (b) Planejar, adotar e executar programas e
medidas destinadas a promover a saúde dos habitantes dos municípios
consorciados e implantar os serviços afins;
2. De acordo com o Relatório de Gestão do Consórcio (f/s. 33), possui 16
Prefeituras associadas e abrange uma população de aproximadamente 85.000
habitantes, com três pólos de atendimentos: Sumé, Monteiro e Serra Branca.
Durante o exercício, foi prestada assistência médica ambulatorial gratuita em 17
especialidades;
3. A Prestação de Contas foi enviada a este Tribunal dentro do prazo, contendo
todos os demonstrativos estabelecidos na Resolução TC n? 07/97;
4. A Receita Orçamentária Total Arrecadada foi de R$ 384.878,00. As
transferências dos municípios corresponderam a 100% da receita arrecadada;
5. A Despesa Orçamentária alcançou R$ 378.645,07, com resultado superavitário
na execução orçamentária, tendo em vista a superação das receitas em relação
às despesas, no valor de R$ 6.232,93 ;
6. As despesas orçamentárias foram em sua totalidade classificadas na Função
Assistência Social;
7. As Despesas com Pessoal e Encargos Sociais representaram 14,23%, Outras
Despesas Correntes 85,64%, enquanto que as despesas de capital
corresponderam a apenas 0,13%, respectivamente, da despes~
, ~.~}
8. O balanço financeiro apresentou saldo disponível no final do exercício, no valoY
de R$ 13.667,66, corresponde a Bancos;
9. O Balanço Patrimonial registrou um Ativo Real Líquido, no valor de R$ 23.847,79
10. Ficaram inscritos restos a pagar para o exercício seguinte no montante de R$
967,96;
11. A dívida do CISCO é constituída por dívida flutuante, no total de R$ 2.292,64,
correspondente a restos a pagar e consignações. Com relação ao exercício
anterior, houve um decréscimo 8,09%;
12. Não há registros de encaminhamento de processo licitatório a este Tribunal.
Além disso, em análise das relações de empenhos constantes dos balancetes
mensais, não se constatou a realização de despesas que ultrapassassem o
limite de dispensa de licitação;
13. Foram retidas consignações no total de R$ 32.111,15, tendo sido repassado aos
órgãos responsáveis o valor de R$ 33.280,96. Em vista do saldo anterior
existente de R$ 2.494,49, restou ainda a ser repassado R$ 1.324,68;
14. Como Irregularidade remanescente, a Auditoria apontou o Registro no balanço
financeiro, a título de cheques não conciliados, de R$ 2.170,52 na receita extra-
orçamentária e R$ 9.635,65 na despesa extra-orçamentária, que deve ser
esclarecido pelo gestor.
:0 Senhor Eduardo José Torreão Mata encaminhou documentos (fls. 313/321), no sentido
de justificar as inconsistências apontadas quando do exame da Prestação de Contas (fls.
81/85), dando conta de que foi realizada uma nova análise nas contas do CISCO do
exercício em questão, onde foram detectadas algumas falhas, apresentando novos valores
para o balanço financeiro do exercício.Após analise da documentação encaminhada pela
defesa, a equipe técnica deste Tribunal (fls. 326/328), fez as seguintes constatações:
a) realmente não havia sido realizada a conciliação bancária. Depois de retirados os
valores dos cheques a compensar, o saldo do extrato bate com o valor do saldo para
o exercício seguinte, constante no balanço financeiro, correspondendo a R$
13.667,66;
b) Após somadas todas as receitas registradas no razão e todas as receitas creditadas
na conta corrente, restou confirmado que realmente o valor correto da receita
orçamentária é de R$ 384.494,00;
c) O novo saldo do exercício anterior não pode ser aceito, haja vista que a taxa
bancária só foi debitada no exercício de 2004, assim sendo, não poderia jamais ser
registrada como despesa de 2003, permanecendo o saldo anterior no valor de R$
2.749,19 e não R$ 2.748,79, como quer a defesa;
d) Os valores das despesas extra-orçamentárias e receita extra-orçamentária foram
alterados sem que tenham sido anexados aos autos quaisquer documentos que
possam comprovar os novos valores apresentados. A Auditoria elaborou tabela com
os valores das receitas e despesas extra-orçamentárias registrados em cada um dos
quatro balanços financeiros, apresentados nas diversas defesas. Como a Auditoria
não tem como saber qual desses valores são os corretos, permanece irregular o
balanço financeiro, sendo que, agora, pela falta de comprovação das receitas e
despesas extra-orçamentárias, cujos valores foram modificados, porém não
comprovados.
!Foram expedidas as notificações de praxe.
;É o relatório, aguardando parecer oral do Ministério Público.

. /~
, o Relator ratifica as conclusões da Auditoria, ressaltando, contudo, que embora
acolhendo as observações do órgão técnico de instrução em relação aos diversos balanços
'financeiros apresentados, entende que apenas deve ser imputado como de
responsabilidade do ex-gestor aquele encaminhado quando da sua defesa (constante da fl.
;316 dos autos), cujas inconsistências não possuem relevância para, por si só, comprometer
a lisura e nem determinar o julgamento irregular das Contas, uma vez que as diferenças
'apontadas, embora refletindo a falta de controle da contabilidade do Consórcio, não
causaram prejuízo ao erário dos municípios consorciados.
Diante de todo o exposto, vota no sentido de que este Egrégio Tribunal Pleno:
1. JULGUE REGULAR com ressalvas a Prestação de Contas do CONSÓRCIO
INTERMUNICIPAL DE SAÚDE DO CARIRI OCIDENTAL - CISCO, relativas
ao exercício financeiro de 2004, de responsabilidade do ex-presidente,
Senhor Eduardo José Torreão Mota;
2. APLIQUE, com base no art. 56, 11 da Lei Complementar n° 18/93 (LOTCE),
multa pessoal ao citado ex-gestor, no valor de R$ 1.500,00 (Portaria n° 039,
de 31/05/2006);
3. ASSINE o prazo de sessenta (60) dias, a contar da data da publicação do
presente Acórdão, para que seja efetuado o recolhimento, à conta do Fundo
de Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal, cabendo a ação ser
impetrada pela Procuradoria Geral do Estado (PGE), em caso de não
recolhimento, com intervenção do Ministério Público, na hipótese de omissão
da PGE, nos termos do § 4° do art. 71 da Constituição Estadual;
4. RECOMENDE a atual administração do Consórcio a adoção de medidas
para não repetição das falhas apontadas, de modo a assegurar o exame da
prestação de contas de maneira regular e completa, bem como maior
observância das normas contábeis e financeiras vigentes, sob pena de
responsabilidade, aplicação de multa e outras cominações legais.

Te - Plenário Min. João Agripino, em 18 de fevereiro de 2.009.

CO~~:J;;~ Relator

Você também pode gostar