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Publicado no O. O. E.

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TRIBUNAL
DE CONTAS DO ESTA.
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I PROCESSO TC 02198/07 [gl


Administração direta municipal. PRESTAÇÃO DE
CONTAS ANUAIS do EXERCíCIO de 2006, da MESA DA
CÃMARA MUNICIPAL DE DUAS ESTRADAS, da
responsabilidade da Senhora VERÓNICA MARIA
PESSOA FREIRE - NÃO RETENÇÃO/RECOLHIMENTO
DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS DOS
VEREADORES - IRREGULARIDADE - APLICAÇÃO DE
MULTA, DENTRE OUTRAS MEDIDAS - Atendimento
integral às exigências da Lei de Responsabilidade
Fiscal.

ACÓRDÃO APl TC :>2.A 12.009

Vistos, relatados e discutidos os autos do PROCESSO TC- 02198/07; e


CONSIDERANDOos fatos narrados no Relatório;
CONSIDERANDO a não retenção/recolhimento de contribuições
previdenciárias dos vereadores perante o INSS;
CONSIDERANDOo mais que dos autos consta;

ACORDAM os Membros do TRIBUNALDE CONTASDO ESTADO DA PARAÍBA


(TCE-Pb), à unanimidade, com a declaração de suspeição suscitada pelo
Conselheiro Arnóbio Alves Viana, na Sessão realizada nesta data, de acordo com o
Voto do Relator, em:
1. JULGAR IRREGULARESas contas da Mesa da Câmara de Vereadores de
DUAS ESTRADAS, relativas ao exercicio de 2006, de responsabilidade da
Senhora VERÔNICA MARIA PESSOA FREIRE, neste considerando o
atendimento INTEGRALàs exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal;
2. APLICAR multa pessoal a Senhora Senhora VERÔNICA MARIA PESSOA
FREIRE,no valor de R$ 2.805,10 (dois mil e oitocentos e cinco reais e dez
centavos), em virtude de infringência à Lei n" 10.887/94, configurando,
portanto, a hipótese prevista no artigo 56, inciso li, da LOTCE (Lei
Complementar 18/93);
3. ASSINAR-LHE o prazo de 60 (sessenta) dias para o recolhimento
voluntário do valor da multa antes referenciado, sob pena de cobrança
executiva, desde já recomendada, inclusive com a interveniência da
Procuradoria Geral do Estado ou do Ministério Público, na inação daqu a,
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nos termos dos parágrafos 3° e 4°, do artigo 71 da Constituição do
Estado, devendo a cobrança executiva ser promovida nos 30 (trinta) dias
seguintes ao término do prazo para recolhimento voluntário, se este não
ocorrer;
4. RECOMENDARà atual gestão no sentido de que não mais repita as falhas
apontadas nos presentes autos, especialmente no que tange ao controle
de suas práticas administrativas e ao atendimento das normas e
procedimentos de caráter contábil.
Publique-se, intime-se, registre-se e cumpra-se.
Sala das Sessões do TCE-Pb - Pie inistro João Agripino
João Pessoa-Pb 21 d de 2.009 .

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Fui presente: --<--"


Ana Terêsa Nóbrega
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Procuradora Geral do Ministério Público Especial Junto Tribunal

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I PROCESSO TC 02198/07 ~J
Administração direta municipal. PRESTAÇÃO DE
CONTAS ANUAIS do EXERCíCIO de 2006, da MESA DA
CÂMARA MUNICIPAL DE DUAS ESTRADAS, da
responsabilidade da Senhora VERÔNICA MARIA
PESSOA FREIRE - NÃO RETENÇÃO/RECOLHIMENTO
DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS DOS
VEREADORES - IRREGULARIDADE - APLICAÇÃO DE
MULTA, DENTRE OUTRAS MEDIDAS - Atendimento
integral às exigências da Lei de Responsabilidade
Fiscal.

RELATÓRIO E VOTO

A Senhora VERÔNICA MARIA PESSOA FREIRE apresentou, dentro do prazo


legalmente estabelecido, a Prestação de Contas Anual da Mesa da Câmara Municipal de
DUAS ESTRADAS, relativa ao exercício de 2006, sob a sua responsabilidade, cuja
documentação foi encaminhada e analisada pela DIAFI/DIAGM 11, que emitiu Relatório,
com as seguintes observações, que a seguir se fez resumir:
1. No orçamento estimou-se a receita e previu-se a despesa em igual valor de
R$ 240.000,00, sendo efetivamente transferidos 104,75% da receita prevista e a
despesa realizada foi de 104,90% da fixada;
2. A remuneração de cada Vereador durante o exercício foi de R$ 12.000,00, e a
do Presidente da Câmara foi de R$ 24.000,00, estando dentro do limite
estabelecido na legislação local específica. No entanto, a remuneração do
Presidente da Câmara não cumpriu o inciso VI, art. 29 da Constituição Federal,
ultrapassando o limite ali previsto;
3. A despesa com pessoal correspondeu a 4,06% da Receita Corrente Líquida do
exercício de 2006, cumprindo o art. 20 da LRF;
4. A folha de pagamento do Legislativo atingiu 72,29% das transferências
recebidas, não cumprindo o artigo 29-A, parágrafo primeiro da Constituição
Federal;
5. A despesa total do Poder Legislativo Municipal foi de 7,37% da receita tributária
e transferências realizadas no exercício anterior, cumprindo o art. 29-A da
Constituição Federal;
6. Quanto à gestão fiscal, consignou-se o atendimento parcial às disposições da
LRF porquanto foram verificadas as seguintes irregularidades:
6.1. gastos com folha de pagamento, equivalente a 72,29% de sua receita em
relação ao que dispõe o §1° do art. 29-A da Constituição Federal;
6.2. insuficiência financeira para saldar os compromissos de curto prazo, no
valor de R$1.337,12;
6.3. correta elaboração de RGF encamin os para este Tribunal;
6.4. compatibilidade de informações e o RGF e a PCA.
7. Referentemente às disp ições stitucionais, legais e demais aspectos
examinados, constatou-se:
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7.1. Balanço Financeiro e Balanço Patrimonial incorretamente elaborados;
7.2. Envio dos demonstrativos Consignações/Depósitos Diversos, da Receita e
Despesa Extra-Orçamentária e da Relação de Restos a Pagar
incorretamente elaborados;
7.3. Recebimento de remuneração em excesso pela Presidente da Câmara
Municipal, no montante de R$ 1.194,00;
7.4. Não recolhimento de R$ 26.969,30 ao INSS referentes à parte do
empregador;
7.5. Divergências entre os dados do RGF e os da PCA.
Regularmente intimada, a Chefe do Poder Legislativo deixou transcorrer in
a/bis o prazo que lhe fora concedido.
Remetidos os autos à consideração do Parquet, o ilustre Procurador André
Carlo Torres Pontes, após considerações, opinou no sentido de que esta Egrégia
Corte:
1. JULGUE IRREGULARES as contas em exame, em razão de: insuficiência
financeira para saldar os compromissos de curto prazo; e do não recolhimento
INSS da parte de contribuições previdenciárias, referente à parte do
empregador;
2. DECLARE o atendimento parcial aos preceitos da Lei de Responsabilidade
Fiscal, porquanto verificada: insuficiência financeira para saldar os
compromissos de curto prazo e incorreta elaboração de RGF e
incompatibilidade de informações entre o RGF e a PCA;
3. APLIQUE MULTA contra a Gestora, com fulcro no art. 71, VIII, da Constituição
Federal e art. 56 da Lei Complementar Estadual nO18/93;
4. RECOMENDE à atual gestão a adoção de diligências no sentido de prevenir a
repetição de falhas acusadas no exercício de 2006;
5. COMUNIQUE à Receita Federal o fato relacionado às contribuições
previdenciárias.
Tendo o Gabinete do Relator anexado os documentos de fls. 125/168, que dizem
respeito a parcelamento de débitos previdenciários, referentes ao Documento TC
18291/08, integrante de complementação de instrução constante da PCA, exercício 2006,
da Prefeitura Municipal de Duas Estradas, foi solicitada a análise dos mesmos em face
das irregularidades apontadas nestas contas, tendo a Auditoria, concluído nos seguintes
termos:
1. retifica o valor do não recolhimento de ntribuições previdenciárias ao INSS,
parte do empregador, do valor de R$ 2. 9,30 para R$ 26.489,30;
2. s de dívida previdenciária apurada no
ontante de R$ 16.467,78, cabendo ao
cofres públicos, obedecendo ao prazo
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3. mantém as demais irregularidades;
4. ressaltou, ainda, a obrigação da retenção da Prefeitura para com a Câmara na
parcela duodecimal das prestações da dívida previdenciária, conforme
estabelecido no Termo de Parcelamento de Dívida Fiscal (TPDF).
Estes autos estavam agendados para julgamento na Sessão Plenária de 22 de
outubro de 2008, no entanto, verificou-se a inexistência de recolhimento previdenciário
dos vereadores, tanto parte segurado quanto patronal, inclusive sem constar do
parcelamento, cujo instrumento está inserto às fls. 125/168, havendo necessidade,
portanto, da gestora se manifestar a respeito.
Novamente intimada, a responsável apresentou a defesa de fls. 176/278, que a
Auditoria analisou e concluiu manter:
1. o não recolhimento de contribuições previdenciárias ao INSS, referentes à parte
do empregador e segurados, modificando o valor de R$ 26.489,30 para
R$ 15.284,03;
2. juros no montante de R$ 16.467,78, decorrentes de dívida previdenciária
apurada no período de 01/2005 a 13/2006, cabendo ao gestor responsável a
devolução aos cofres públicos, obedecendo ao prazo estipulado no TPDF;
3. as demais irregularidades.
Não foi solicitada nova oitiva ministerial.
Foram feitas as comunicações de estilo.
É o Relatório.

VOTO
o Relator, data vênia a Unidade Técnica de Instrução, tem a ponderar os seguintes
pontos:
1. as falhas apresentadas na elaboração dos Balanços Financeiro e Patrimonial,
Demonstrativos de Consignações/Depósitos Diversos da Receita e Despesa
Extra-Orçamentária, Relação de Restos a Pagar, RGF, que ocasionou a
incompatibilidade de informações entre este último e a PCA, são de caráter
formal, não tendo gerado prejuízo ao erário, ensejando apenas recomendação
no sentido de que o Gestor se esmere no atendimento às normas de
Contabilidade, de tal forma que esta reflita de forma transparente a realidade do
município;
2. deve ser desconsiderado o valor do não recolhimento de contribuições
previdenciárias ao INSS, sejam elas referentes à parte patronal ou dos
segurados, visto que calculado com base em estimativa de 21% e 7,65%
aplicada sobre o total da folha de pagamento da Câmara. Além disso consta
Termo de Parcelamento de Dívida Previdenciária junto ao INSS, fls. 146/151, a
quem cabe tomar as devidas providências acerca do quantum a ser cobrad .
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3. embora lhe tendo sido oferecida oportunidade para defesa, fls. 172, a
Gestora não apresentou nenhuma contra-argumentação eficaz acerca da
não retenção/recolhimento de contribuições previdenciárias dos vereadores,
junto ao INSS (fls. 290/295 e 176/177), o que lhe confere desobediência à
Lei nO10.887/94, além de violar item constante do Parecer Normativo PN
TC 52/04;
4. não tem fundamento legal o excesso de remuneração recebido pela
Presidente da Câmara Municipal, no montante de R$ 1.194,00, visto que o
limite disposto no art. 29, inciso VI, alínea "a" guarda relação com a
remuneração do Presidente da Assembléia Legislativa do Estado, fato este
não observado pela Auditoria;
5. merece ser elidida a irregularidade relativa à devolução da importância de
R$ 16.467,78, referente a juros oriundos de dívida previdenciária apurada no
período de 01/2005 a 13/2006, visto que a matéria é de ordem administrativa
e o entendimento desta Corte tem sido pela sua desconsideração;
6. concordando inteiramente com a manifestação do Parquet (fls. 122/123), o
Relator entende que deve ser considerado como parâmetro o limite previsto
no §1° do Art. 29-A da CF, e não as transferências recebidas pela Câmara.
Desta forma, não há o que se falar em ultrapassagem do montante dos
gastos com a folha de pagamento de pessoal do Legislativo (72,29%);
7. verifica-se que a insuficiência financeira apontada, no montante de
R$ 1.337,12, surgiu a partir da inclusão, pela Auditoria, de restos a pagar não
contabilizados pela Câmara (fls. 27 e 74/75), que, efetivamente, não
causaram prejuízo ao erário. Desta forma, tendo em vista já terem sido feitas
as devidas recomendações acerca da Contabilidade, merece ser
desconsiderada a falha.
Desta forma, vota no sentido de que os integrantes deste egrégio Tribunal Pleno:
1. JULGUEM IRREGULARES as contas da Mesa da Câmara de Vereadores de
DUAS ESTRADAS, relativas ao exercício de 2006, de responsabilidade da
Senhora VERÔNICA MARIA PESSOA FREIRE, neste considerando o
atendimento INTEGRAL às exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal;
2. APLIQUEM multa pessoal a Senhora Senhora VERÔNICA MARIA PESSOA
FREIRE, no valor de R$ 2.805,10 (dois mil e oitocentos e cinco reais e dez
centavos), em virtude de infringência à Lei nO 10.887/94, configurando,
portanto, a hipótese prevista no artigo 56, inciso li, da LOTCE (Lei
Complementar 18/93);
3. ASSINEM-LHE o prazo de 60 (sessenta) dias para o recolhimento voluntário
do valor da multa antes referenciado, sob pena de cobrança executiva, desde 'á
recomendada, inclusive com a interveniência da Procuradoria Geral do Esta
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

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ou do Ministério Público, na inação daquela, nos termos dos parágrafos 3° e 4°,
do artigo 71 da Constituição do Estado, devendo a cobrança executiva ser
promovida nos 30 (trinta) dias seguintes ao término do prazo para recolhimento
voluntário, se este não ocorrer;
4. RECOMENDEM à atual gestão no sentido de que não mais repita as falhas
apontadas nos presentes autos, especialmente no que tange ao controle de
suas práticas administrativas e ao atendimento das normas e procedimentos de
caráter contábil.
É o Voto.

João Pessoa-Pb, 21 de janeiro de 2.009.

rcos Antônio da Costa


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