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Prestação de Contas do Prefeito e do Ex-

Presidente da Câmara do Município de Vista


Serrana, respectivamente, Sr. Monaci Marques
Dantas e Sr. Damião Garcia de Araújo,
relativa ao exercício financeiro de 2005 -
Atendimento parcial aos dispositivos da LRF -
Devolução de recursos à conta do FUNDEF -
Aplicação de multa.

ACÓRDÃO APL TC N° ;1 0)/08


Vistos, relatados e discutidos os presentes autos do Processo TC
2.820/06, que trata da Prestação de Contas atinentes ao Poder Legislativo e
Executivo do Município de Vista Serrana, apresentada pelo Prefeito daquele
município, Sr. Monaci Marques Dantas, relativa ao exercício financeiro de
2005.

CONSIDERANDO que a Auditoria, após análise reiterada dos


documentos que instruem o presente processo, inclusive dos esclarecimentos
apresentados pelo Prefeito Municipal, constatou as seguintes irregularidades:

1) Em relação ao Poder Executivo:

a) Falta de manutenção do equilíbrio entre receitas e despesas;


b) Falha na arrecadação da receita tributária;
c) Não envio da Lei de Diretrizes Orçamentárias para o exercício
em análise;
d) Realização de despesas sem licitação no montante de R$
110.344,48, correspondendo ao montante de 2,89% da despesa
orçamentária realizada;
e) Diferença de saldo financeiro na conta do FUNDEF no valor R$
341,01 ;

2) Em relação ao Poder Legislativo:

a) Não apresentação ao Tribunal de Contas dos RGF referentes


aos dois semestres do exercício de 2005;
b) Excesso de remuneração paga ao Presidente da Câmara
Municipal, Sr. Damião Garcia de Araújo, no valor de R$ 687,50;
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
PROCESSO TC 2.820/06

CONSIDERANDO que o Ministério Público desta Corte, em parecer de


fls. 1327/1329, apontou como subsistentes apenas as irregularidades
relacionadas à diferença de saldo na conta do FUNDEF e à realização de
despesas não licitadas, pugnando, ao final:

• Em relação ao Poder Executivo, pela:

a) Declaração do atendimento parcial das disposições da


LRF;
b) Emissão de parecer favorável à aprovação das contas;
c) Julgamento regular das despesas ordenadas;
d) Aplicação de multa ao Prefeito pelo não envio de
documentos ao TCE (LDO/2005), com fulcro na CF, art.
71, VIII e LCE n018/93,art.56;
e) Recomendação de diligências no sentido de prevenir a
repetição das falhas acusadas no exercício de 2005;
f) Assinação de prazo para ser depositado, com recursos
do Município, na conta vinculada ao FUNDEF, o valor de
R$ 341,01

• E, em relação ao Poder Legislativo, pela:

a) Declaração do atendimento parcial das disposições da


LRF;
b) Imputação de débito no valor de R$ 687,50,
correspondente à remuneração recebida em excesso
pelo ex-Presidente daquele Poder;
c) Aplicação de multa ao ex-Presidente do Legislativo pelo
não envio de documentos ao TCE, com fulcro na CF, art.
71, VIII e LCE n018/93,art.56;

CONSIDERANDO que, no entendimento do Relator, as despesas com


aquisição de combustíveis, consideradas como não licitadas pela douta Auditoria,
foram realizadas de forma regular, uma vez que o posto de abastecimento
Carreteiro sagrou-se vencedor em dois procedimentos licitatórios promovidos pela
Prefeitura Municipal de Vista Serrana e os gastos realizados nos postos de
abastecimento Verão e Petrobrás encontram-se dentro do limite não licitáve/;

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
PROCESSO TC 2.820/06

CONSIDERANDO que, quanto às despesas com aquisrçao de


medicamentos, consta dos autos terem as firmas vendedoras sido vencedoras de
licitação orçada em R$ 78.000,00, valor que alcançaria o montante de R$
97.500,00, se a ele fosse aplicado o acréscimo permitido pelo art. 65, § 1°, da Lei
n.? 8.666/93, o que faria com que o valor não licitado baixasse dos R$ 39.322,41,
apontados pela douta Auditoria, para apenas R$ 19.822,41, quantia que, aliada
aos fatos de os preços dos produtos em debate serem tabelados e de não haver
menção nos autos a excesso de preços praticados, na opinião do Relator, torna a
irregularidade passível de ser relevada.

CONSIDERANDO que aponta a Auditoria a realização de gastos com


locação de veículos para transporte de estudantes sem o prévio procedimento
licitatório, no montante de R$ 13.800,00, uma vez que, segundo aquele órgão
técnico, o Sr. Francisco Sales dos Santos Belo sagrou-se vencedor de um
Convite com esta finalidade, no valor de R$ 19.200,00, entretanto, recebeu pela
prestação do serviço o equivalente a R$ 33.000,00.

CONSIDERANDO que, em relação a esta última irregularidade, no


entendimento do Relator, deve ser excluído do valor considerado como não
licitado pelo Órgão de Instrução desta Casa o montante de R$ 2.500,00 referente
a despesas de exercícios anteriores, o que tornaria não licitada apenas a quantia
de R$ 11.300,00, a qual foi paga ainda antes da realização do citado certame,
caracterizando, na visão do Relator, a preocupação da edilidade em realizar uma
licitação, assim que verificou terem os gastos com aquele serviço ultrapassado o
limite de despesas não licitáveis.

CONSIDERANDO que a ausência de licitação para o dispêndio com a


confecção de coletores, no entender do Relator, deve ser também relevada, ante
a sua pequena monta;

CONSIDERANDO que as aplicações em MOE, FUNOEF e Saúde


atenderam aos percentuais exigidos;

CONSIDERANDO que os balanços e demonstrativos apresentados


estão em conformidade com os balancetes, os REO, os RGF e ainda com os
registros constantes do SAGRES, não tendo a Auditoria apontado nenhuma
diferença capaz de comprometer a análise das contas prestadas;

CONSIDERANDO a falta de autonomia da Câmara Municipal de Vista


Serrana, em relação à Gestão Fiscal, ante a sua vinculação ao Poder Executivo
daquele município; l/'"
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i I., Í/

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
PROCESSO TC 2.820/06

CONSIDERANDO o Relatório e o Voto do Relator, o pronunciamento


do Órgão de Instrução, o Parecer escrito e oral do Ministério Público junto a esta
Corte e o mais que dos autos consta;

ACORDAM os membros integrantes do TRIBUNAL DE CONTAS DO


ESTADO DA PARAíBA, em sessão realizada nesta data, por unanimidade de
votos, em:

1. Declarar o atendimento parcial pelo Poder Executivo do Município de


Vista Serrana às exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal, em
relação ao exercício financeiro de 2005;
2. Declarar o atendimento parcial pelo Poder Legislativo do Município de
Vista Serrana às exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal, em
relação ao exercício financeiro de 2005;
3. Assinar o prazo de 30 (trinta) dias à Administração Municipal de Vista
Serrana para fazer retornar à conta do FUNDEF, com recursos do próprio
município, o valor de R$ 341,01, relativo à diferença de saldo apontada na
conta daquele Fundo;
4. Aplicar multa pessoal ao Senhor Monaci Marques Dantas, Prefeito do
Município de Vista Serrana, no valor de R$ 1.000,00, pelo não envio da
LDO/2005 ao TCE/PB, nos termos do que dispõe o inciso 11 do art. 56, da
Lei Orgânica deste Tribunal;
5. Assinar ao Senhor acima identificado o prazo de 60 (sessenta) dias para o
recolhimento da multa aplicada ao Tesouro Estadual à conta do Fundo de
Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal, devendo de tudo fazer
prova a esta Corte de Contas, informando-lhe ainda que, caso não efetue
o recolhimento voluntário, cabe ação a ser impetrada pela Procuradoria
geral do Estado, devendo-se dar a intervenção do Ministério Público, na
hipótese de omissão da PGE, nos termos do § 4° do art. 71 da
Constituição;
6. Imputar ao Sr. Damião Garcia de Araújo, ex-Presidente da Câmara
Municipal de Vista Serrana, débito no valor de R$ 687,50, em virtude do
excesso de remuneração por ele percebido;
7. Assinar ao ex-Gestor acima caracterizado o prazo de 60 (sessenta) dias
para recolher o débito aos cofres públicos municipais, devendo comprovar
tê-lo feito a este tribunal, sob pena de cobrança executiva a ser ajuizada
pelo Prefeito Municipal até o 30° (trigésimo) dia após o vencimento
daquele prazo, sob pena de responsabilidade, servindo o presente acórdão
como titulo executivo. No caso de omissão daquela autoridade, deverá agir
o Ministério Público, nos termos do artigo 71, parágrafos 3° e 4° da
Constituição Estadual; 11 1/1
I Lc!

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
PROCESSO Te 2.820/06

8. Recomendar à Administração Municipal no sentido de guardar estrita


observância aos termos da Constituição Federal, da Lei de
Responsabilidade Fiscal, da Lei 8.666/93, da Lei 4.320/64 e das normas
emanadas por esta Casa, bem como organizar e manter a contabilidade do
Município em consonância com os princípios e regras contábeis
pertinentes, sob pena de desaprovação de contas futuras e outras
cominações legais, inclusive multa.

Presente ao julgamento a Exma. Senhora Procuradora Geral.

Publique-se, registre-se, cumpra-se.

TC - PLENÁRIO MINISTRO JOÃO AGRIPINO

João Pessoa, O b.... de .TYI (VL- fO de 2008.

JOSÉ MARQUES MARIZ


Conselheiro Relator

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. NA TERÊSA NÓBREGA .
Procuradora-Geral

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