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Pleno

PROCESSOTC N.o 02390/07

Objeto: Prestação de Contas Anual


Relator: Auditor Renato Sérgio Santiago Melo
Revisor: Conselheiro Fábio Túlio Filgueiras Nogueira
Responsável: José Zito de Farias Andrade
Advogados: Dr. Newton Nobel Sobreira Vita e outros

EMENTA: PODER EXECUTIVO MUNICIPAL - ADMINISTRAÇÃO


DIRETA - PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAL - PREFEITO - AGENTE
POLÍTICO - CONTAS DE GOVERNO - APRECIAÇÃO DA MATÉRIA
PARA FINS DE EMISSÃO DE PARECER PRÉVIO - ATRIBUIÇÃO
DEFINIDA NO ART. 71, INCISO I, C/C O ART. 31, § 1°, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL, NO ART. 13, § 1°, DA CONSTITUIÇÃO
DO ESTADO DA PARAÍBA, E NO ART. 1°, INCISO IV, DA LEI
COMPLEMENTAR ESTADUAL N.o 18/93 - Subsistência de máculas
que, no presente caso, não comprometem o equilíbrio das contas.
Emissão de parecer favorável. Ressalva do art. 124, parágrafo
único, do Regimento Interno do TCE/PB. Encaminhamento à
consideração da colenda Câmara de Vereadores da Comuna.

O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA PARAÍBA, no uso da atribuição que lhe confere o


art. 71, inciso I, c/c o art. 31, § 1°, da Constituição Federal, o art. 13, § 1°, da Constituição
do Estado, e o art. 1°, inciso IV, da Lei Complementar Estadual n. ° 18/93, apreciou os autos
da PRESTAÇÃO DE CONTAS DE GOVERNO DO PREFEITO MUNICIPAL DE NOVA
FLORESTA/P~ SR. JOSÉ ZITO DE FARIAS ANDRADE, relativa ao exercício financeiro de
2006, e decidiu, em sessão plenária hoje realizada, por maioria, vencida a proposta de
decisão do relator e os votos dos Conselheiros Flávio Sátiro Fernandes e Arnóbio Alves Viana,
na conformidade da divergência do Conselheiro Fábio Túlio Filgueiras Nogueira, devidamente
acompanhada pelo Conselheiro José Marques Mariz e pelo Conselheiro Substituto Marcos
Antônio da Costa, em:

1) EMmR PARECER FAVORÁVEL à aprovação das contas, com a ressalva de que o


entendimento adotado decorreu do exame de fatos e provas constantes dos autos, sendo
suscetível de revisão se novos acontecimentos ou achados, inclusive mediante diligências
especiais do Tribunal, vierem a interferir de modo fundamental nas conclusões alcançadas.
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2) ENCAMINHAR a decisão à consideração da ego Câmara de Vereadores do Município para


julgamento político da referida autoridade.

Presente ao julgamento o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas


Publique-se, registre-se e intime-se.
TCE - Plenário Ministro João Agripino

João Pessoa, 28 de "al\eiro de 2009

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Cons. Fábio Túlio Filgueiras Nogueira


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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02390/07

Objeto: Prestação de Contas Anuais


Relator: Auditor Renato Sérgio Santiago Melo
Responsável: José Zito de Farias Andrade
Advogados: Dr. Newton Nobel Sobreira Vita e outros
Procurador: Sr. Rafael Santiago Alves

Tratam os presentes autos da análise das Contas do Município de Nova Floresta/PB, relativas
ao exercício financeiro de 2006, de responsabilidade do ex-Prefeito e ex-Ordenador de
Despesas, Sr. José Zito de Farias Andrade, apresentada a este ego Tribunal em 02 de abril de
2007, mediante o Ofício n.O 19/07, datado de 20 de março do mesmo ano, fI. 02.

Os peritos da então Divisão de Acompanhamento da Gestão Municipal VI - DIAGM VI, com


base nos documentos insertos nos autos, em denúncia encaminhada a esta Corte e em
inspeção in loco realizada no período de 15 a 17 de agosto de 2007, emitiram o relatório
inicial de fls. 2.464/2.484, constatando, sumariamente, que: a) as contas foram
apresentadas no prazo legal; b) o orçamento foi aprovado através da Lei Municipal
n.o 618/2006, estimando a receita em R$ 6.011.650,00, fixando a despesa em igual valor e
autorizando a abertura de créditos adicionais suplementares até o limite de 10% do total
orçado; c) a Lei Municipal n. o 633/2006 alterou o percentual para a abertura de créditos
adicionais suplementares de 10% para 70% das despesas fixadas, sendo aberto, durante o
exercício, o valor de R$ 2.159.020,87; d) a receita orçamentária efetivamente arrecadada no
período ascendeu à soma de R$ 6.789.074,89; e) a despesa orçamentária realizada atingiu a
quantia de R$ 6.879.248,24; f) a receita extra-orçamentária, acumulada no exercício
financeiro, alcançou a importância de R$ 419.237,02; g) a despesa extra-orçamentária,
executada durante o ano, compreendeu um total de R$ 417.411,16; h) o somatório da
Receita de Impostos e Transferências - RIT atingiu o patamar de R$ 4.972.458,73;
i) a Receita Corrente Líquida - RCL alcançou o montante de R$ 6.541.944,57; e
j) a cota-parte recebida do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e de Valorização do Magistério - FUNDEF somou R$ 1.106.868.06.

Em seguida, os técnicos da antiga DIAGM VI destacaram que os dispêndios rnurucipars


evidenciaram, sinteticamente, os seguintes aspectos: a) as despesas com obras e serviços
de engenharia totalizaram R$ 652.992,73, sendo R$ 248.210,38 pagos com recursos
estaduais e R$ 404.782,35 custeados com recursos próprios; e b) os subsídios do Prefeito e
do vice foram fixados, respectivamente, em R$ 6.000,00 e R$ 3.000,00 mensais, pela Lei
Municipal n.o 599, de 09 de setembro de 2004.

Quanto aos gastos condicionados, verificaram os analistas desta Corte que: a) a despesa
com recursos do FUNDEF na remuneração dos profissionais do magistério alcançou a quantia
de R$ 689.038,96, representando 62,25% da cota-parte recebida no exercício; b) a aplicação
em manutenção e desenvolvimento do ensino atingiu o valor de R$ 1.240.750/48 ou 24,95°
da RIT; c) o Município despendeu com saúde a importância de R$ 855.143,10 ou 17,30° da
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RIT; e d) as despesas com pessoal da municipalidade, já incluídas as do Poder Legislativo,


alcançaram o montante de R$ 3.868.697,00 ou 59,14% da RCL.

Ao final de seu relatório, os inspetores da unidade técnica apresentaram, de forma resumida,


as irregularidades constatadas, quais sejam: a) gastos com pessoal no percentual de 54,77%
da RCL, acima do limite de 54% estabelecido no art. 20 da LRF, e sem indicação de medidas
em virtude da ultrapassagem; b) carência de comprovação das publicações dos Relatórios
Resumidos de Execução Orçamentária - REOs e dos Relatórios de Gestão Fiscal - RGFs do
período; c) aprovação da Lei Orçamentária Anual - LOA em desacordo com o disposto no
art. 35, § 2°, inciso III, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT;
d) despesas não licitadas no montante de R$ 88.210,20, representando 3,41% da despesa
Iicitável; e) dispêndios em Manutenção e Desenvolvimento do Ensino - MDE representando
24,95 % da receita de impostos e transferências; f) ausência de médicos nos postos de
saúde; g) contratação irregular de assessoria; h) contratação do SR. GENÉSIO SERRÃO DE
CARVALHO para a função de professor de educação física sem a devida qualificação
profissional; i) vinculação das remunerações dos contratados GENÉSIO SERRÃO DE
CARVALHO, ELIANE DANTAS DA SILVA e CAROLINA LIÇA DA SILVA SANTOS ao salário
mínimo vigente, contrariando o estabelecido no art. 37, inciso XIII, da Constituição Federal;
j) desobediência ao disposto no art. 9° da Lei Nacional n.O 8.666/93, uma vez que a
servidora LILIANDA ZAYRA DOS SANTOS ANDRADE fornecia botijões de gás para o
Município de Nova Floresta/PB; k) não envio dos contratos por excepcional interesse público
ao Tribunal, em desobediência às determinações contidas nas Resoluções Normativas
RN - TC - 103/98 e 15/01; I) irregularidades nos Convites n.o 010, 027 e 033/2006, ante a
constatação da inviabilidade de competição; e m) pagamento a menor de obrigações
patronais no valor de R$ 470.646,23.

Devidamente citado, fls. 2.484-verso/2.486, o então Prefeito da Comuna, Sr. José Zito de
Farias Andrade, apresentou contestação, fls. 2.488/4.688, na qual juntou documentos e
argumentou, em síntese, que: a) a ultrapassagem do limite das despesas com pessoal do
Poder Executivo foi de apenas 0,77% da RCL e não trouxe prejuízos ao erário nem
comprometeu as finanças municipais; b) os REOs e RGFs do exercício foram publicados no
Diário do Município e expostos nos murais de escolas, no Departamento de Recursos
Humanos, na Secretaria de Educação e na Secretaria de Transportes, conforme
comprovação anexa; c) o projeto de lei do orçamento aprovado pelo Poder Legislativo só foi
devolvido ao Executivo após o encerramento da sessão legislativa, em período natalino,
retardando a sua sanção, que ocorreu apenas no exercício seguinte; d) a aquisição de
botijões de gás foi feita à única fornecedora autorizada no Município e as despesas não
licitadas corresponderam a 3,41% da despesa Iicitável e 1,28% da despesa orçamentária
total, com ínfima representatividade, merecendo seu relevamento; e) o setor competente da
Comuna está fazendo um exame acurado acerca das aplicações em MDE e, no transcorrer da
instrução processual, evidenciará o atendimento ao percentual mínimo exigido; f) a
constatação, pelos técnicos do Tribunal, da ausência de médico em posto de saúde da Urbe
ocorreu em agosto de 2007, fora do alcance da presente análise; g) o SR. ADAILTON DA
SILVA ALVES ocupou o cargo de assessor especial na gestão anterior e foi exonerado em O
de janeiro de 2005, de acordo com portarias acostadas aos autos; h) a prestação de servi s
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pelo professor de educação física sem qualificação profissional perdurou por poucos meses e
não trouxe danos ao erário; i) a vinculação dos vencimentos pagos a pessoal contratado ao
salário mínimo nacional é falha formal, que não se repetirá nos próximos ajustes celebrados;
j) a empresa pertencente à SRA. LILIANDA ZAYRA DOS SANTOS ANDRADE! também
contratada para prestar serviços como técnica em eletrocardiograma, era a única
revendedora de Gás Liquefeito de Petróleo - GLP autorizada pela Agência Nacional do
Petróleo - ANP a atuar em Nova Floresta, o que justifica as aquisições realizadas; k) o gestor
compromete-se a melhor observar os preceitos contidos nas Resoluções Normativas
n.o 103/98 e 15/01 nos exercícios subseqüentes, no que respeita ao envio dos contratos por
excepcional interesse público; I) a despesa decorrente dos Convites n.O 010, 027 e 033/2006
observou todos os estágios e, em nenhum momento, restou configurado danos aos cofres
municipais e/ou malversação do dinheiro público; m) a secretaria competente manteve
entendimento com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, em Campina Grande/PB, e
aguarda a apuração minuciosa da autarquia para viabilizar uma melhor solução da questão
concernente ao pagamento das obrigações patronais.

Encaminhados os autos à unidade de instrução, esta, examinando a referida peça processual


de defesa, emitiu o relatório complementar de fls. 4.690/4.964, onde considerou elididas as
eivas concernentes à: a) ausência de médicos nos postos de saúde; b) contratação irregular
de assessoria; e c) desobediência ao disposto no art. 9°, da Lei Nacional n.o 8.666/93. Em
seguida, os especialistas deste Sinédrio de Contas mantiveram in totum o seu
posicionamento exordial relativamente às demais máculas.

Diante de sugestão contida na peça inicial, fls. 2.464/2.484, o caderno processual foi
remetido à Divisão de Controle de Obras Públicas - DICOP, com vistas à análise dos gastos
com a construção, no exercício financeiro de 2006, do matadouro público, fI. 4.695! tendo os
peritos daquela divisão, após diligência in loco realizada no período de 10 a 14 de março de
2008, elaborado relatório de obras, fls. 4.850/4.854, mencionando as seguintes
irregularidades: a) adiantamento de pagamento na importância de R$ 11.668,04; b) não
conclusão da obra, com sinais de abandono; e c) carência do termo aditivo ao contrato para
manter a validade do acordo.

Processadas as notificações de praxe, fls. 4.856/4.861, o gestor! Sr. José Zito de Farias
Andrade, apresentou defesa e documentos, fls. 4.862/4.899. Ao esquadrinharem a referida
documentação e após nova diligência in situ entre 25 a 29 de agosto de 2008, os técnicos da
DICOP emitiram novo relatório, fls. 4.915/4.917, onde entenderam sanadas as eivas
concernentes à carência de conclusão da obra e à ausência do termo aditivo ao contrato
para manter a validade do acordo. Ao final! os analistas do setor de obras desta Corte
concluíram pelo (a): a) excesso de R$ 17.190,76, pago em 2008 à CONSTRUTORA SIGMA
LTDA. por serviços não executados; b) necessidade de devolução aos cofres públicos do
valor de R$ 772,30, referente à correção monetária de pagamentos antecipados efetuados
em 2007, na ordem de R$ 11.668,04; e c) envio de cópias do seu relatório para anexação
aos processos de análise das contas do Município de Nova FlorestajPB correspondentes aos
exercícios financeiros de 2007 e 2008.
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PROCESSO Te N.O 02390/07

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, ao se pronunciar nos presentes autos,


fls. 4.924/4.935, pugnou pelo (a): a) declaração de atendimento parcial dos requisitos de
gestão fiscal responsável, previstos na Lei Complementar Nacional n.o 101/2000; b) emissão
de parecer sugerindo à Câmara Municipal de Nova Floresta a aprovação das contas da
gestão geral, relativas ao exercício financeiro de 2006; c) regularidade com ressalvas das
despesas à margem da Lei Nacional n.o 8.666/93, sem imputação de débito em razão da
falta de indicação de danos materiais ao erário; d) regularidade das demais despesas
ordenadas; e) aplicação de multa ao Prefeito por descumprimento da Lei de Licitações e
Contratos Administrativos e de normativo do TCE/PB, com fulcro no art. 71, inciso VIII, da
Constituição Federal, e no art. 56, incisos II e VIII, da Lei Complementar Estadual n.o 18/93;
f) assinação de prazo para a remessa da documentação solicitada pela unidade técnica e
restabelecimento da legalidade das não conformidades apuradas na gestão de pessoal;
g) recomendação de diligências no sentido de prevenir a repetição das falhas acusadas no
exercício financeiro de 2006; e h) comunicação à Receita Federal do Brasil acerca dos fatos
relacionados às contribuições previdenciárias para as providências a seu cargo.

Solicitação de pauta inicialmente para a sessão do dia 17 de dezembro de 2008, conforme


fls. 4.936/4.937, e nova notificação para a presente assentada, consoante fls. 4.939/4.941
dos autos.

É o relatório.

Após análise minuciosa do conjunto probatório encartado aos autos, constata-se que as
contas apresentadas pelo Sr. José Zito de Farias Andrade, relativas ao exercício financeiro de
2006, revelam diversas irregularidades remanescentes. Entrementes, em que pese o
posicionamento dos técnicos deste Pretório de Contas, fI. 2.468, impende comentar,
ab initio, que as despesas com Manutenção e Desenvolvimento do Ensino - MDE
ascenderam efetivamente ao montante de R$ 1.244.242,82, representando 25,02% da
Receita de Impostos e Transferências - RIT, R$ 4.972.458,73, haja vista a existência de
gastos compatíveis e passíveis de inclusão na aplicação em educação, na soma de
R$ 3.492,34, custeados com as fontes relacionadas e pagos via CAIXA, segundo registros do
SAGRES.

Por outro lado, a despesa total com pessoal do Poder Executivo da Comuna atingiu o
patamar de R$ 3.582.966,87 ou 54,77% da Receita Corrente Líquida - RCL do exercício,
R$ 6.541.944,57, superando, por conseguinte, o limite de 54% imposto pelo art. 20,
inciso III, alínea "b", da Lei de Responsabilidade Fiscal - Lei Complementar Nacional n.o 101,
de 04 de maio de 2000 -, in verbis.

Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá exceder o
seguintes percentuais:

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TRIBUNAL
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DE CONTAS DO ESTADO

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III - na esfera municipal:

a) (omissis)

b) 54% (cinqüenta e quatro por cento) para o Executivo. (nosso grifo)

Sendo assim, medidas deveriam ter sido adotadas pelo Chefe do Poder Executivo de Nova
FlorestaJPB da época, Sr. José Zito de Farias Andrade, para o retorno da despesa total com
pessoal ao respectivo limite, nos termos do art. 22, parágrafo único, incisos I a V, e do
art. 23, caput, da reverenciada Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF, verbatim:

Art. 22. ( ...)

Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e


cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou órgão referido no
art. 20 que houver incorrido no excesso:

I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de


remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de
determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X
do art. 37 da Constituição;

11- criação de cargo, emprego ou função;

III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa;

IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a


qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou
falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança;

V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso 11 do § 6°


do art. 57 da Constituição e as situações previstas na lei de diretrizes
orçamentárias.

Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no


art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das
medidas previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado
nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro,
adotando-se, entre outras, as providências previstas nos §§ 30 e 4° do
art. 169 da Constituição. (destaques ausentes no texto de origem)

Importa notar que, deixar de ordenar ou de promover, na forma e nos prazos da lei, a
execução de medida para a redução do montante da despesa total com pessoal que houver
excedido a repartição por Poder do limite máximo configura infração administrativa, :.-----------
processada e julgada pelo Tribunal de Contas, sendo passível de punição mediante a
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PROCESSO TC N.o 02390/07

aplicação de multa pessoal de 30% (trinta por cento) dos vencimentos anuais ao agente que
lhe der causa, conforme estabelecido no art. 50, inciso IV, e §§ 1° e 2°, da lei que dispõe,
entre outras, sobre as infrações contra as leis de finanças públicas - Lei Nacional n.o 10.028,
de 19 de outubro de 2000 -, verbo ad verbum:

Art. 5° Constitui infração administrativa contra as leis de finanças públicas:

I- C ..• )

IV - deixar de ordenar ou de promover, na forma e nos prazos da lei, a


execução de medida para a redução do montante da despesa total com
pessoal que houver excedido a repartição por Poder do limite máximo.

§ 10 A infração prevista neste artigo é punida com multa de trinta por cento
dos vencimentos anuais do agente que lhe der causa, sendo o pagamento
da multa de sua responsabilidade pessoal.

§ 20 A infração a que se refere este artigo será processada e julgada pelo


Tribunal de Contas a que competir a fiscalização contábil, financeira e
orçamentária da pessoajurídica de direito público envolvida.

Em seguida, os analistas da unidade de instrução evidenciaram que o ex-gestor não


comprovou a publicação dos Relatórios Resumidos de Execução Orçamentária - REOs e dos
Relatórios de Gestão Fiscal - RGFs, relativos ao exercício sub judice, fI. 2.472, irregularidade
que denota flagrante violação aos preceitos estabelecidos nos artigos 48, 52, caput, e 55,
§ 2°, da já mencionada Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF, prejudicando a transparência
das contas públicas pretendida com o seu advento, ipsis Iltteris:

Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será
dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os
planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de
contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução
Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas
dessesdocumentos.

C •• ·)

Art. 52. O relatório a que se refere o § 30 do art. 165 da Constituição


abrangerá todos os Poderes e o Ministério Público, será publicado até trinta
dias após o encerramento de cada bimestre e composto de:

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Art. 55. C omissis)
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( ...)
°
§ 1 (omissis)

§ 20 O relatório será publicado até trinta dias após o encerramento do


período a que corresponder, com amplo acesso ao público, inclusive por
meio eletrônico. (grifas inexistentes no original)

É preciso ressaltar que a comprovação das publicações desses instrumentos deve ser
enviada a esta Corte, dentro de prazo estabelecido, consoante determinações contidas na
Resolução Normativa RN - TC - 07/04, em seus artigos 17, § 1°, e 18, § 1°, cuja
desobediência implica em multa automática e pessoal para o responsável, conforme dispõe o
seu art. 32, capute § 10, verbis.

Art. 17 - (omissis)

§ 1° - Cópia do REO, acompanhada da respectiva comprovação de


publicação, deverá ser encaminhada ao Tribunal pelo Secretário das
Finanças, no caso do Estado, e pelos Prefeitos, em relação aos Municípios,
até o quinto dia útil do segundo mês subseqüente ao de referência.

( ...)

Art. 18 - (omissis)

§ 1° - Cópia do RGF, acompanhada da respectiva comprovação de


publicação, deverá ser encaminhada ao Tribunal pelo Secretário das
Finanças, no caso do Poder Executivo do Estado, pelos Prefeitos, em relação
ao Poder Executivo dos Municípios e pelos titulares do Poder Legislativo do
Estado e dos Municípios, do Poder Judiciário, do Ministério Público e do
Tribunal de Contas do Estado, até o quinto dia útil do segundo mês
subseqüente ao de referência.

( ...)

Art. 32 - O atraso na entrega dos documentos, informações e dados


obrigatórios relativos ao PPA,LDO, LOA, BME, RGFe PCA, implicará, para o
responsável, em multa automática e pessoal no valor de R$ 500,00
(quinhentos reais) acrescido de R$ 50,00 (cinqüenta reais) por dia de atraso,
este contado a partir do segundo dia após o vencimento do prazo previsto,
não podendo o valor total da multa ultrapassar o limite de R$ 1.600,00.

§ 1° - Em se tratando do MBA, do CMD e do REO, a multa automática


prevista no "caput" deste artigo será de R$ 100,00 (cem reais), sem prejuízo
do acréscimo do valor de R$ 20,00 por dia de atraso, este contado na forma
do "caput" deste artigo, não podendo o valor total da multa ultrapassar
limite de R$ 1.600,00. (grifas nossos)
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

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Notadamente quanto aos Relatórios de Gestão Fiscal - RGFs, o art. 5°, inciso I, e §§ 1° e 2°,
da já citada Lei Nacional n.o 10.028/2000 - Lei dos Crimes Fiscais -, determina que a sua
não divulgação, nos prazos e condições estabelecidos, também constitui violação
administrativa, processada e julgada pelo Tribunal de Contas, e punível com multa pessoal
de 30% (trinta por cento) dos vencimentos anuais ao agente que lhe der causa, senão
vejamos:

Art. 5º Constitui infração administrativa contra as leis de finanças públicas:

I - deixar de divulgar ou de enviar ao Poder Legislativo e ao Tribunal de


Contas o relatório de gestão fiscal, nos prazos e condições estabelecidos em
lei;

II - (...
)

§ 10 A infração prevista neste artigo é punida com multa de trinta por cento
dos vencimentos anuais do agente que lhe der causa, sendo o pagamento
da multa de sua responsabilidade pessoal.

§ 20 A infração a que se refere este artigo será processada e julgada pelo


Tribunal de Contas a que competir a fiscalização contábil, financeira e
orçamentária da pessoa jurídica de direito público envolvida.

Entretanto, apesar do disciplinado na supracitada norma, bem como no Parecer Normativo


PN - TC - 12/2006, onde o Tribunal já havia decidido exercer a competência que lhe fora
atribuída a partir do exercício financeiro de 2006, esta Corte, em decisões recentes, tem
deliberado pela não imposição daquela penalidade, haja vista a necessidade de uniformizar o
seu entendimento.

No que tange à Lei Municipal n.O 618/2006, que dispõe sobre o orçamento para o exercício
sub studio, fls. 336/339, verifica-se que o respectivo Projeto de Lei n.O 163/05,
fls. 2.546/2.549, foi aprovado pelo Poder Legislativo em 22 de dezembro de 2005 e
encaminhado ao Chefe do Poder Executivo no dia seguinte, fI. 2.562. Contudo, o Alcaide só
sancionou formalmente a referida norma em 14 de fevereiro de 2006, quando a sanção
tácita do projeto aprovado pelo Legislativo Mirim já havia ocorrido, em 12 de janeiro de
2006, pelo transcurso do prazo de 15 (quinze) dias úteis, conforme preconiza o art. 66, § 3°,
da Constituição Federal, verbum pro verbo:

Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de
lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará.

§1°-( ...)
I
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N.O 02390/07

§ 30 - Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da


República importará sanção.

Cabe assinalar que o modelo do processo legislativo federal deve ser seguido nos Estados e
nos Municípios, pois, à luz do princípio da simetria concêntrica, as regras constitucionais são
de repetição obrigatória. Assim, a própria Lei Orgânica da Comuna de Nova Floresta/PB
dispõe em seu art. 53, cabeça e § 1°, in verbis;

Art. 53. O projeto de lei aprovado pela Câmara será, no prazo de 10 (dez)
dias úteis, enviado pelo seu Presidente ao Prefeito que, concordando o
sancionará no prazo de 15 (quinze) dias úteis.

§ 10 - Decorrido o prazo do caput deste artigo, o silêncio por parte do


Prefeito importará em sanção. (grifamos)

Igualmente inserida no rol das eivas constatadas na instrução processual encontra-se a


ausência de licitação para dispêndios no montante de R$ 88.210,20, referentes à:
a) aquisição de botijões de gás, R$ 10.665,90; b) contratação de bandas musicais,
R$ 40.500,00; e c) assessoria jurídica, R$ 37.044,30. Todavia, não obstante o
posicionamento dos inspetores desta Corte, fls. 4.691/4.692, os gastos em tela revelam, na
realidade, outros aspectos.

No que concerne à compra de Gás Liquefeito de Petróleo - GLP à empresa LILIANDA ZAYRA
DOS SANTOS ANDRADE - ME, fls. 2.005/2.006, ficou demonstrado pelo defendente que se
trata do único fornecedor autorizado a operar no Município, segundo informações da Agência
Nacional de Petróleo - ANP, fls. 2.572/2.577, enquadrando-se, portanto, em hipótese de
inexigibilidade de licitação, ante a inviabilidade de competição, consoante prevê o art. 25,
inciso I, da Lei Nacional n.o 8.666, de 21 de junho de 1993, verbatim:

Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição,


em especial:

I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam


ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo,
vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade
ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio
do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo
Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades
equivalentes; (destaques ausentes no texto de origem)
I
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02390/07

Todavia, não foi apresentado o respectivo procedimento de inexigibilidade devidamente


formalizado, nos termos do art. 26/ parágrafo único, da citada norma, verbo ad verbum:

Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2º e 4º do art. 17 e no inciso III e


seguintes do art. 24, as situações de inexigibilidade referidas no art. 25/
necessariamente justificadas, e o retardamento previsto no final do
parágrafo único do art. 8º desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3
(três) dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na imprensa
oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a eficácia dos atos.

Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibilidade ou de


retardamento, previsto neste artigo, será instruído, no que couber, com os
seguintes elementos:

I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa que justifique a


dispensa, quando for o caso;

11 - razão da escolha do fornecedor ou executante;

III - justificativa do preço.

IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos quais os bens


serão alocados.

Já para a contratação de profissionais dos setores artísticos, cuja despesa alcançou um total
de R$ 40.500/00/ fls. 2.007/2.027/ verifica-se que a Comuna realizou a Inexigibilidade de
Licitação n.O 02/2006/ fls. 2.028/2.066/ sem, contudo, comprovar a exclusividade do
empresário NACES LUCIANO, na forma do inciso 111/do já mencionado art. 25/ da Lei de
Licitações e Contratos Administrativos, ipsis litteris.

Art. 25. (omissis)

1-( ... )

11I - para contratação de profissional de qualquer setor artístico,


diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela
crítica especializadaou pela opinião pública. (nossos grifas)

Em referência aos dispêndios com assessoria jurídica pagos ao ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA


E ASSESSORIA JURÍDICA NOBEL VITA, R$ 15.600/00/ e ao DR. JOSÉ AGNALDO CORDEIRO
DE AZEVEDO, R$ 21.444/30/ mediante os procedimentos administrativos de Inexigibilidade
de Licitação n.? 01 e 03/2006/ fls. 2.109/2.173/ constata-se que o ex-Prefeito fundamentou
sua conduta no inciso 11/ do mesmo art. 25/ da respeitada Lei Nacional n.O 8.666/93/ verbis:
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02390/07

Art. 25. (omissis)

I - (...
)

II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta


Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória
especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e
divulgação; (grifos inexistentes no original)

Entretanto, em que pese as recentes decisões deste Pretório de Contas acerca da


admissibilidade da utilização de procedimento de inexigibilidade de licitação para a
contratação dos referidos serviços, guardo reservas em relação a esse entendimento por
considerar que tais despesas não se coadunam com aquela hipótese, tendo em vista não se
tratar de atividades extraordinárias que necessitam de profissionais altamente habilitados
nas suas respectivas áreas, sendo, portanto, atividades rotineiras da Comuna.

Nessa linha de raciocínio, impende citar o posicionamento, acerca da singularidade dos


serviços técnicos, exarado pelo eminente doutrinador Marçal Justen Filho, que, em sua obra
intitulada Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, 5 ed., São Paulo:
Dialética, 1998, p. 262, assim se manifesta, senão vejamos:

Como já observado, a natureza singular não é propriamente do serviço, mas


do interesse público a ser satisfeito. A peculiaridade do serviço público é
refletida na natureza da atividade a ser executada pelo particular. Surge,
desse modo, a singularidade.

Com o intuito unicamente de exemplificar o posicionamento das diversas Cortes de Contas


tupiniquins a respeito do assunto, transcreve-se decisão prolatada pelo egrégio Tribunal de
Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCEjRJ, verbum pro verbo:

Contrato. Inexigibilidade de Licitação. Nulidade do Contrato e Multa.


É indispensável que os serviços técnicos sejam de natureza singular, assim
não é bastante que o profissional tenha notória especialização. Existindo dois
ou mais competidores aptos a oferecer os serviços necessários, a
Administração terá de submeter-se à licitação. (TCE/RJ, Cons. Humberto
Braga, RTCE/RJ n.o 29, jul./set./1995, p. 151) (grifo nosso)

Além do mais, como a propna norma preconiza, deve ficar evidenciada a notória
especialização do profissional prestador dos serviços para se configurar a hipótese
inexigibilidade de licitação. Nos autos, nada existe que suscite a manifesta especialização os
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PROCESSOTC N.o 02390/07

profissionais contratados pelo Município de Nova Floresta/PB. Nesse sentido, reproduz-se


entendimento do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo - TCE/SP, in verbis:

Contratação de serviços técnicos profissionais especializados. Notória


especialização. Inexigibilidade de licitação. Singularidade. O Decreto-lei
n.? 2.300/96 já contemplava a espécie como de inexigibilidade de licitação,
desde que evidenciada a natureza singular dos serviços. Tem natureza
singular esses serviços, quando, por conta de suas características
particulares, demandem para a respectiva execução, não apenas habilitação
legal e conhecimentos especializados, mas também, ciência, criatividade e
engenho peculiares, qualidades pessoais insuscetíveis de submissão a
julgamento objetivo e por isso mesmo inviabilizadoras de qualquer
competição. (TCE/SP, TC - 133.537/026/89, Cons. Cláudio Ferraz de
Alvarenga, 29 novo1995) (grifamos).

Por sua vez, o colendo Tribunal de Contas da União - TCU estabilizou seu posicionamento
acerca da matéria em análise através da, sempre atual, Súmula n.O 39/ de 28 de dezembro
de 1973/ verbatim:

A dispensa de licitação para a contratação de serviços com profissionais ou


firmas de notória especialização,de acordo com alínea "d" do art. 126/ § 20/
do Decreto-lei 200/ de 25/02/67/ só tem lugar quando se trate de serviço
inédito ou incomum, capaz de exigir, na seleção do executor de confiança,
um grau de subjetividade, insuscetível de ser medido pelos critérios
objetivos de qualificação inerentes ao processo de licitação. (nosso grifo)

Caminhando na esteira do raciocínio implementado pelo respeitável TCU, manifestou-se o


Tribunal de Contas do Estado do Paraná - TCE/PR, verbo ad verbum:

Licitação. Obrigatoriedade. Advogado. Contratação direta de advogado, com


base no art. 25, Il, da LF 8.666/93. Impossibilidade, tendo em vista que a
notória especialização só tem lugar quando se trata de serviço inédito ou
incomum. (TCE/PR,TC - 50.210/94/ ReI. Cons. João Feder, RTCE,n.o 113/
jan/rnar 1995, p. 130) (destaques ausentes no texto de origem)

No âmbito judicial, verifica-se que Superior Tribunal de Justiça - STJ tem se posicionado pela
necessidade da efetiva comprovação da inviabilidade de competição para a implementação
do procedimento de inexigibilidade de Iicitação, consoante podemos verificar do extrato de
ementa transcrito a seguir, ipsis /itteris.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N.O 02390/07

CRIMINAL. RESP. CRIME COMETIDO POR PREFEITO. COMPETÊNCIA


ORIGINÁRIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA. REJEIÇÃO DA DENÚNICA.
CONTRATAÇÃO DE ADVOGADO E DE EMPRESA DE AUDITORIA PELO
MUNICÍPIO. INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO. INVIABILIDADE DE
COMPETIÇÃO NÃO DEMONSTRADA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
I - A inviabilidade de competição, da qual decorre a inexigibilidade de
licitação, deve ficar adequadamente demonstrada, o que não ocorreu
in casu. (...) (STJ - 5a Turma - RESP nO 704.10SjMG, ReI. Ministro Gilson
Dipp, Diário da Justiça, 16 maio 2005, p. 402) (grifas nossos)

In casu, o Alcaide deveria ter realizado o devido concurso público para a contratação dos
referidos profissionais. Neste sentido, cabe destacar que a ausência do certame público para
seleção de servidores afronta os princípios constitucionais da impessoalidade, da moralidade
administrativa e da necessidade de concurso público, devidamente estabelecidos na cabeça
e no inciso U, do art. 37, da Carta Constitucional, verbis.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
e, também, ao seguinte:

I -(omissis)

11 - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação


prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com
a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei,
ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração; (grifas inexistentes no original)

Abordando o tema em disceptação, o insigne Procurador do Ministério Público de Contas,


Dr. Marcílio Toscano Franca Filho, nos autos do Processo TC n.? 02791/03, epilogou de
forma bastante clara uma das facetas dessa espécie de procedimento adotado por grande
parte dos gestores municipais, senão vejamos:

Não bastassem tais argumentos, o expediente reiterado de certos


advogados e contadores perceberem verdadeiros "salários" mensais da
Administração Pública, travestidos em "contratos por notória especialização",
em razão de serviços jurídicos e contábeis genéricos, constitui burla ao
imperativo constitucional do concurso público. Muito fácil ser profissional
"liberal" às custas do erário público. Não descabe lembrar que o concurso
público constitui meritório instrumento de índole democrática que . a
apurar aptidões na seleção de candidatos a cargos públicos, garan indo
impessoalidade e competência. JOÃO MONTEIRO lembrara, em o tras
I
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02390/07

palavras, que só menosprezam os concursos aqueles que lhes não sentiram


as glórias ou não lhes absorveram as dificuldades. (grifamos)

Comungando com o supracitado entendimento, reportamo-nos, desta feita, à jurisprudência


do respeitável Supremo Tribunal Federal - STF, verbum pro verbo:

AÇÃO POPULAR- PROCEDÊNCIA- PRESSUPOSTOS. Na maioria das vezes,


a lesividade ao erário público decorre da própria ilegalidade do ato
praticado. Assim o é quando dá-se a contratação, por município, de serviços
que poderiam ser prestados por servidores, sem a feitura de licitação e sem
que o ato tenha sido precedido da necessária justificativa. (STF - 2a
Turma - REnO160.381jSP, Rei. Ministro Marco Aurélio, Diário da Justiça, 12
ago. 1994, p. 20.052)

Ainda sobre o tema licitações e em razão de denúncia apresentada, fls. 568/578, os


especialistas deste Sinédrio de Contas destacaram os Convites n.o 010, 027 e 033/2006,
realizados pela Urbe para a aquisição de materiais de construção e hidráulico, e apontaram,
como irregularidade, a participação simultânea e alternada das mesmas empresas e pessoas
físicas. Durante inspeção in loco, os peritos do Tribunal constataram que a SRA. SÔNIA
MARIA DANTAS SANTOS, titular de firma individual de mesmo nome, também era a
responsável legal pela empresa JÉSSICA MATERIAL DE CONSTRUÇÃO LTDA., juntamente
com o SR. FRANCISCO JACINTO SILVA SANTOS, fls. 753/755. Segundo documentação
acostada aos autos, fls. 696/959, eles foram convidados e participaram, ao mesmo tempo,
dos certames ora destacados, comprometendo, assim, o caráter competitivo necessário a
todo procedimento Iicitatório, consoante preconizam o art. 30, caput, e § 10, inciso I, do
Estatuto das Licitações e Contratos Administrativos, in verbis.

Art. 3° A licitação destina-se a garantir a observância do pnncipro


constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a
Administração e será processada e julgada em estrita conformidade com os
princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da
igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao
instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são
correlatos.

§ 10 É vedado aos agentes públicos:

I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou


condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter
competitivo e estabeleçam preferências ou distinções em razão da
naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outr
circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do ~
contrato; ~ .
. ()~
d'
~
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N.O 02390/07

Também motivados pela citada denúncia, fls. 568/578, os técnicos desta Corte verificaram
que a contratação do SR. GENÉSIO SERRÃO DE CARVALHO, para exercer a função de
professor de educação física, fls. 607/610, ocorreu de forma irregular, uma vez que,
segundo declaração do Secretário da Administração Municipal à época, SR. FRANCISCO
FRANCISMAR OLIVEIRA, o prestador do serviço não possuía a formação acadêmica
necessária para exercer a função para a qual fora contratado, fI. 611. Tal fato contraria o
disposto no art. 62, da Lei Nacional n.o 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece
°
as diretrizes e bases da educação nacional, regulamentado pelo Decreto n. 3.276, de 06 de
dezembro de 1999, verbatim:

Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em


nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em
universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação
mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro
primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na
modalidade Normal.

Logo, embora tenha sido informado pelo defendente que a situação não mais persiste,
fI. 2.497, cabe representação sobre o fato ao Conselho Regional de Educação Física no
Estado da Paraíba para adoção das providências cabíveis.

Seguidamente, os analistas da unidade de instrução observaram que o contrato do


SR. GENÉSIO SERRÃO DE CARVALHO, bem como aqueles celebrados com as SRAS. ELIANE
DANTAS DA SILVA e CAROLINA LIÇA DA SILVA SANTOS, fls. 639/645 e 674/679, para a
prestação de serviços de agente administrativo, tiveram seus valores vinculados ao salário
mínimo, contrariando o disciplinado no art. 70, inciso IV, da Magna Carta, verbo ad verbum:

Art. 70 São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:

1-( ...)

IV - salário mlnlmo fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de


r

atender a suas necessidadesvitais básicas e às de sua família com moradia,


alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e
previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder
aquisitivo, sendo vedada sua vinculacão para qualquer fim; (nossos grifos)

Dentre as máculas constatadas em virtude da apuração da denúncia existentes nos autos,


fls. 568/578, tem-se, ainda, a ausência de envio ao Tribunal de vários contratos por tempo
determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público
fls. 597/610, 614/645, 653 e 656/692, celebrados pelo Município no exercício sub exemtn C'l----
I
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02390/07

não atendendo às determinações contidas no art. 1°, da Resolução Normativa


RN - TC - 103/98, c/c o art. 1°, da Resolução Normativa RN - TC - 15/01, respectivamente,
ipsis /itteris:

Art. 10 - Todo e qualquer ato de investidura, a qualquer título, e os


concessivos de aposentadoria, reforma e pensão, bem como os que,
posteriormente, alterarem o fundamento legal dos três últimos mencionados,
deverão ser encaminhados ao TCE, para efeito de apreciação de sua
legalidade e a concessão do respectivo registro.

Art. 1° A autoridade responsável pela edição de ato de administração de


pessoal o encaminhará ao Tribunal acompanhado dos documentos e
informações exigidos pela RN-TC-103j98, no prazo de cinco dias, a contar da
data de sua publicação no órgão de imprensa oficial.

Impende salientar que o descumprimento do prazo estabelecido na Resolução Normativa


RN - TC - 15/01 importa em multa automática e pessoal à autoridade responsável, segundo
prevê o seu art. 9°, verbis:

Art. 9°. O descumprimento dos prazos disciplinados nesta resolução farão os


dirigentes do órgão incidir na multa automática e pessoal de R$ 500,00,
acrescida da importância de R$ 50,00, por dia de atraso, sem prejuízo da
aplicação das demais sanções cabíveis.

Em seguida, ficou evidenciada a falta de recolhimento das contribuições previdenciárias


patronais devidas pelo Poder Executivo da Comuna ao Instituto Nacional do Seguro
Social - INSS no montante de R$ 470.646,23. Com efeito, a falta de empenhamento,
pagamento e registro das referidas obrigações, além de suscitar a imperfeição nas
informações contábeis do Município, representa séria ameaça ao equilíbrio financeiro e
atuarial que deve perdurar nos sistemas previdenciários, com vistas a resguardar o direito
dos segurados em receber seus benefícios no futuro, tudo em ardente desrespeito ao
disposto no art. 195, inciso I, alínea "a", da Carta Magna, c/c o art. 22, incisos I e Il,
alínea "a", da Lei Nacional n.o 8.212/91 - Lei de Custeio da Previdência Social -, senão
vejamos:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e
das seguintes contribuições sociais:

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da


lei, incidentes sobre:
TRIBUNAL
I
~
DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02390/07

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados,


a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviços, mesmo sem vínculo
empregatício;

Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social,


além do disposto no art. 23, é de:

I - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou


creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e
trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o
trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos
habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de
reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo
tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da
lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou
sentença normativa.

II - para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei


n.? 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau
de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do
trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer
do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos:

a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o


risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; (nossos grifos)

Outrossim, deve ser ressaltado que a referida irregularidade pode ser enquadrada como ato
de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública,
conforme dispõe o art. 11, inciso I, da lei que trata das sanções aplicáveis aos agentes
públicos - Lei Nacional n.O 8.429, de 02 de junho de 1992 -, verbum pro verbo:

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os


princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os
deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições,
e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso


daquele previsto, na regra de competência; (grifos inexistentes no original)

Finalmente, no que concerne à obra de construção do matadouro público, objeto da Tomada


de Preços n.o 01/2006 e custeada com recursos do Convênio n.O 041/06 firmado entre o
Município e o Governo Estadual, através da Secretaria Estadual do Planejamento e
Gestão - SEPLAG, fI. 2.480, a apuração feita pelos especialistas da Divisão de Controle d
Obras Públicas - OICOP, inclusive com a realização de inspeções in loco, fls. 4.850/4.8
I
~
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTe N.o 02390/07

4.915/4.917, evidenciou duas irregularidades remanescentes, quais sejam: adiantamento de


pagamento, na quantia de R$ 11.668,04, efetuado no exercício financeiro de 2007; e
excesso de R$ 17.190,76, pago por serviços não executados em 2008. Logo, os períodos de
ocorrência das referidas máculas estão fora do alcance da presente análise e serão incluídas,
portanto, na apreciação das contas correspondentes.

Diante deste contexto, merece destaque o fato de que quatro das máculas remanescentes
nos presentes autos constituem motivo de emissão, pelo Tribunal, de parecer contrário à
aprovação das contas do Prefeito Municipal de Nova Floresta/PB, conforme disposto nos
itens "2", "2.5", "2.11" e "2.12", do Parecer Normativo PN - TC - 52/2004, in verbis:

2. Constituirá motivo de emissão, pelo Tribunal, de PARECER CONTRÁRIO à


aprovação de contas de Prefeitos Municipais, independentemente de
imputação de débito ou multa, se couber, a ocorrência de uma ou mais das
irregularidades a seguir enumeradas:

2.1. (omissis)

( ...)

2.5. não retenção e/ou não recolhimento das contribuições previdenciárias


aos órgãos competentes (INSS ou órgão do regime próprio de previdência,
conforme o caso), devidas por empregado e empregador, incidentes sobre
remunerações pagas pelo Município;

...
( )

2.11. no tocante à Lei de Responsabilidade Fiscal, não adoção das medidas


necessárias ao retorno da despesa total com pessoal e à recondução dos
montantes das dívidas consolidada e mobiliária aos respectivos limites;

2.12. não publicação e não encaminhamento ao Tribunal dos Relatórios


Resumidos de Execução Orçamentária (REO) e dos Relatórios de Gestão
Fiscal (RGF), nos termos da legislação vigente; (grifos nossos)

Por fim, ante as diversas transgressões a disposições normativas do direito objetivo pátrio,
decorrentes da conduta implementada pelo ex-Chefe do Poder Executivo da Comuna de
Nova Floresta, Sr. José Zito de Farias Andrade, resta configurada a necessidade imperiosa de
imposição da multa máxima de R$ 2.805,10 - valor atualizado pela Portaria n.o 039/06 do
TCE/PB -, prevista no art. 56, inciso II, da Lei Orgânica do TCE/PB - Lei Complementar
Estadual n.O 18, de 13 de julho de 1993, verbatim:
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO Te N.o 02390/07

Art. 56 - o Tribunal pode também aplicar multa de até Cr$ 50.000.000,00


(cinqüenta milhões de cruzeiros) aos responsáveis por:

I- (omissis)

11 - infração grave a norma legal ou regulamentar de natureza contábil,


financeira, orçamentária, operacional e patrimonial;

Ex positis, proponho que o Tribunal de Contas do Estado da Paraíba:

1) Com base no art. 71, inciso I, c/c o art. 31, § 1°, da Constituição Federal, no art. 13, § 1°,
da Constituição do Estado da Paralba, e no art. 1°, inciso IV, da Lei Complementar Estadual
n.O 18/93, EMITA PARECER CONTRARIO à aprovação das contas de governo do ex-Prefeito
Municipal de Nova Floresta/PB, Sr. José Zito de Farias Andrade, relativas ao exercício
financeiro de 2006, encaminhando-o à consideração da ego Câmara de Vereadores do
Município para julgamento político da referida autoridade.

2) Com fundamento no art. 71, inciso II, da Constituição do Estado da Paraíba, bem como
no art. 1°, inciso I, da Lei Complementar Estadual n.O 18/93, JULGUE IRREGULARES as
contas de gestão do ex-Ordenador de Despesas da Comuna no exercício financeiro de 2006,
Sr. José Zito de Farias Andrade.

3) APLIQUE MUL TA ao ex-Chefe do Poder Executivo de Nova Floresta/PB, Sr. José Zito de
Farias Andrade, no valor de R$ 2.805,10 (dois mil, oitocentos e cinco reais e dez centavos),
com base no que dispõe o art. 56, inciso II, da Lei Complementar Estadual n.o 18/93 -
LOTCE/PB.

4) FIXE o prazo de 60 (sessenta) dias para o recolhimento voluntário da penalidade ao


Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal, conforme previsto no art. 3°,
alínea "a", da Lei Estadual n.O 7.201, de 20 de dezembro de 2002, cabendo à Procuradoria
Geral do Estado da Paraíba, no interstício máximo de 30 (trinta) dias após o término daquele
período, velar pelo seu integral cumprimento, sob pena de intervenção do Ministério Público
Estadual, na hipótese de omissão, tal como previsto no art. 71, § 4°, da Constituição do
Estado da Paraíba, e na Súmula n.? 40, do ego Tribunal de Justiça do Estado da
Paraíba - TJ/PB.

5) ENVIE cópia desta decisão à ex-Vereadora da Urbe, Sra. Maria José Soares Macedo, e ao
Presidente do Partido dos Trabalhadores - PT de Nova Floresta/PB à época, Sr. Francisco de
Assis Macedo, subscritores da denúncia formulada em face do Sr. José Zito de Farias
Andrade, para conhecimento.

6) FAÇA recomendações no sentido de que o atual Prefeito da Comuna, Sr. João Elias da
Silveira Neto Azevedo, não repita as irregularidades apontadas no relatório da unida
técnica deste Tribunal e observe, sempre, os preceitos constitucionais, legais e
regulamentares pertinentes.
I
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02390/07

7) Com fulcro no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, caput, da Constituição Federal, OFICIE ao
Conselho Regional de Educação Física no Estado da Paraíba acerca da contratação em 2006,
pelo Município de Nova Floresta/PB, de professor sem a qualificação profissional necessária
para o exercício da função, bem como COMUNIQUEà Delegacia da Receita Federal do Brasil,
em Campina Grande/PB, a respeito da ausência de pagamento da maior parte das
obrigações patronais devidas ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS sobre as
remunerações pagas pelo Poder Executivo da referida Comuna, durante o exercício
financeiro de 2006.

8) Também com base no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, cabeça, da Lei Maior, REMETA
cópias das peças técnicas, fls. 2.464/2.484, 4.690/4.694, 4.850/4.854 e 4.915/4.917, do
parecer do Ministério Público Especial, fls. 4.924/4.935, e desta decisão à augusta
Procuradoria Geral de Justiça do Estado da Paraíba, para as providências cabíveis.

É a proposta.

João Pessoa, 21 de janeiro de 2009


TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Gabinete do Conselheiro Fábio Túlio Filgueiras Nogueira

Processo TC n? 2390/07
Órgão: Prefeitura Municipal de Nova Floresta
Assunto: Prestação de Contas do exercício de 2006

Voto Vista

Senhor Presidente pedi vista ao processo anunciado por Vossa Excelência, motivado pelos
fatos narrados pelo Relator do feito, o Auditor Renato Sergio Santiago Melo, que ao final da
tão minuciosa exposição restou, a meu ver, apenas a irregularidade referente ao não
recolhimento das contribuições previdenciárias que teria o condão de macular as contas do
gestor.
Em conformidade com as informações trazidas pelo Relator, no exercício de 2006, o
município deixou de recolher ao INSS, a título de contribuições patronais, o valor de
aproximadamente R$ 470.646,23. O gestor na defesa apresentada restringiu-se ao
argumento de que irá pedir ao INSS informações minuciosas acerca das contribuições
previdenciárias.
O cálculo feito pela Auditoria revelou que no exercício de 2006 as contribuições
previdenciárias patronais alcançaram o valor de R$ 203.459,76, deixando de recolher o
montante já R$ 470.646,23, balizado em projeção definidas a partir de 21 % das despesas
com pessoal que alcançaram o montante de R$ 3.210.028,51.
Data vênia, permito-me divergir do entendimento da d. Auditoria, por entender que não há
precisão e liquidez nos cálculos apresentados. Nesse sentido, em matéria análoga, o
MPjTCE, em manifestação do Procurador André Carlo Torres pontes no Parecer nO 1116/08
(Processo TC nO2094/07) entendeu que:
"o levantamento realizado pela d. Auditoria não goza de presunção
de certeza e liquidez - atributo alcançado quando a apuração do
débito resultar de procedimento fiscal regular pelo agente público
competente perante a lei. Assim, a acusa de parcial fafta de
recolhimento previdenciário deve ser noticiado ao órgão fazendário
federal para as medidas a seu cargo. Outrossim, o referido débito é
objeto de parcelamento, conforme assegura a Certidão com efeitos
negativa emitida em nome do Município".
No caso em tela, a Receita Federal do Brasil, mediante Certidão nO 003502006-13001120,
atestou que a Prefeitura Municipal de Imaculada encontrava em situação regular, com
ressalvas de débitos que se encontravam parcelados.
Pelo que se pode verificar o próprio órgão responsável pela fiscalização das contribuições
previdenciárias atesta a regularidade previdenciária do município de Nova Floresta.
Destarte, seria temerário a esta Corte contrariar o próprio Órgão Credor, no caso MPAS.
No entanto, vislumbro a necessidade de representação à Receita Federal do Brasil, órgão
responsável atualmente pela fiscalização previdenciária, para que tome conhecimento dos
fatos apurados pela Auditoria e adote as providências a seu cargo.
Por outro lado, segundo análise realizada pela assessoria do gabinete, a partir de
levantamento feito no sistema de informação do Banco do Brasil - DAF, ficou demonstrado

W
naqueles extratos que foi retido na C/C do FPM o montante de R$ 516.980,12, conforme
especificado abaixo:
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

Jan 23.063,33 745,69 10.047,84


Fev 23.063,33 755,21 13.818,48
Mar 23.063,33 762,87 11.740,86
Abr 23.063,33 772,32 10.098,00
Mai 23.063,33 779,51 9.540,12
Jun 35.117,27 493,08 788,03 10.740,54
Jul 34.266,41 229,01 795,89 11.787,54
A o 37.146,18 176,73 803,68 11.471,40
Set 37.482,60 212,69 812,06 10.178,55
Out 39.706,47 819,12 10.399,74
Nov 39.706,47 826,38 9.662,52
Dez 39.390,85 83317 8.756,19

Pelo demonstrado, o município repassou um valor significativo dentro de sua capacidade


contributiva, cerca de R$ 516.980,12 no exercício de 2006 (10,4% do orçamento corrente
líquido), representando 60,37% dos valores previdenciários devidos neste mesmo exercício,
o que demonstra não ser regra a ausência de contribuição, o que me leva a entender que tal
falha comporta relevação, inclusive com base nos inúmeros julgados desta Corte, em casos
análogos, sem prejuízo de representação a RFB e recomendações ao gestor no sentido de
não mais incorrer em irregularidade dessa natureza.
Ante o exposto, voto no sentido de que esta Corte emita e encaminhe ao julgamento da
Egrégia Câmara Municipal de Nova Floresta, PARECER FAVORÁVEL à aprovação da
Prestação de Contas do Prefeito Municipal, Sra. José Zito de Farias Andrade, relativa ao
exercício de 2006.
É como Voto.

João Pessoa. 28JO~

Conselheiro Fábio Túlio Filgueiras Nogueira

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