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TRIBUNAL DISTRITAL DE DILI

PERANTE O PAINEL ESPECIAL PARA CRIMES GRAVES

CASO No: /2003

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ACUSAÇÃO
________________________________________________________________

O PROCURADOR-GERAL ADJUNTO PARA CRIMES GRAVES

-CONTRA-

EGIDIO MANEK
MATERNUS BERE
PEDRO TELES
HENRIKUS MALI
COSMAS AMARAL
ALIPIO GUSMAO, TAMBÉM CONEHCIDO COMO ALIPIO MAU
BALTAZAR DA COSTA NUNES
DOMINGOS MALI, TAMBÉM CONHECIDO COMO BETE ALOI
ILLIDIO GUSMAO
JOAQUIM BEREK AKA BEREK BOT
OLIVIO TATOO BAU
GABRIEL NAHAK
AMERICO MALI
E
ZITO DA SILVA, TAMBÉM CONHECIDO COMO ZITO SAEK

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I. ACUSAÇÃO
O Procurador-Geral Adjunto para Crimes Graves, segundo a autoridade a si
conferida pelos Regulamentos 2000/16 e 2000/30 da UNTAET (tal como
corrigidos pelo Regulamento 2001/25), acusa:

EGIDIO MANEK
MATERNUS BERE
PEDRO TELES
HENRIKUS MALI
COSMAS AMARAL
ALIPIO GUSMAO, TAMBÉM CONHECIDO COMO ALIPIO MAU
BALTAZAR DA COSTA NUNES
DOMINGOS MALI, TAMBÉM CONHECIDO COMO BETE ALOI
ILLIDIO GUSMAO
JOAQUIM BEREK, TAMBÉM CONHECIDO COMO BEREK BOT
OLIVIO TATOO BAU
GABRIEL NAHAK
AMERICO MALI

ZITO DA SILVA, TAMBÉM CONHECIDO COMO ZITO SAEK

COM

CRIMES CONTRA A HUMANIDADE POR:


HOMICÍDIO, EXTERMÍNIO, DESAPARECIMENTO FORÇADO,
TORTURA, ACTOS DESUMANOS, VIOLAÇÃO,
DEPORTAÇÃO e PERSEGUIÇÃO

como o descrito nesta acusação:

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II. NOME E DETALHES DOS ACUSADOS

1. Nome: Egidio Manek


Naturalidade: Tilomar, Distrito de Covalima, Timor-Leste
Idade/Data de nascimento: desconhecido
Sexo: Masculino
Nacionalidade: Timorense
Endereço: Acredita-se que esteja em Timor Ocidental,
Indonésia
Ocupação: Comandante Adjunto (Danyon) Milícia Laksaur,
Distrito de Covalima/membro da Gadapaski

2. Nome: Maternus Bere


Naturalidade: Timorense
Idade/Data de nascimento: desconhecido
Sexo: Masculino
Nacionalidade: Timorense
Endereço: Acredita-se que esteja em Timor Ocidental
Ocupação: Comandante (Danki) da milícia Laksaur,
Suai Kota, /Professor

3. Nome: Pedro Teles


Naturalidade: Timorense
Idade/Data de nascimento: desconhecida
Sexo: Masculino
Nacionalidade: Timorense
Endereço: Acredita-se que esteja em Timor Ocidental
Ocupação: Comandante (Danki) da milícia Laksaur,
Sub-distrito de Fatululik

4. Nome: Henrikus Mali


Naturalidade: Fatumean, Distrito de Covalima, Timor-Leste
Idade/Data de nascimento: desconhecido
Sexo: Masculino
Nacionalidade: Timorense
Endereço: Acredita-se que esteja em Timor Ocidental
Ocupação: Comandante (Danki) da milícia Laksaur, Sub-
Distrito de Fatumean/Soldado reformado das TNI

5. Nome: Cosmas Amaral


Naturalidade: Timorense
Idade/Data de nascimento: desconhecido
Sexo: Masculino

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Nacionalidade: Timorense
Endereço: Acredita-se que esteja em Timor Ocidental,
Indonésia
Ocupação: Comandante (Danki) da milícia Laksaur,
Sub-distrito de Fohorem

6. Nome: Alipio Gusmao, também conhecido como Alipio


Mau
Naturalidade: Timorense
Idade/Data de nascimento: desconhecido
Sexo: Masculino
Nacionalidade: Timorense
Endereço: Acredita-se que esteja em Timor Ocidental
Ocupação: Comandante de operações da milícia Laksaur,
Leogore
Suai Kota, /Professor

7. Nome: Baltazar Da Costa Nunes


Naturalidade: Fatumean, Distrito de Covalima, Timor-Leste
Idade/Data de nascimento: desconhecido
Sexo: Masculino
Nacionalidade: Timorense
Endereço: Acredita-se que esteja em Timor Ocidental
Ocupação: Comandante de Pelotão (Danton) da milícia
Laksaur, Sub-distrito de Fatumean

8. Nome: Domingos Mali, também conhecido como Bete


Aloi
Naturalidade: Timorense
Idade/Data de nascimento: desconhecida
Sexo: Masculino
Nacionalidade: Timorense
Endereço: Acredita-se que esteja em Timor Ocidental
Ocupação: Comandante de pelotão (Danki) da milícia Laksaur,
Fatululik

9 Nome: Ilidio Gusmão


Naturalidade: Distrito de Covalima, Timor-Leste
Idade/Data de nascimento: desconhecido
Sexo: Masculino
Nacionalidade: Timorense
Endereço: Acredita-se que esteja em Timor Ocidental
Ocupação: Comandante de pelotão (Danton) da milícia
Laksaur, Leogore, Suai Kota

10. Nome: Joaquim Berek, também conhecido como Berek


Bot

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Naturalidade: Distrito de Covalima, Timor-Leste
Idade/Data de nascimento: desconhecido
Sexo: Masculino
Nacionalidade: Timorense
Endereço: Acredita-se que esteja em Timor Ocidental
Ocupação: Comandante de pelotão (Danton) da milícia
Laksaur, Tilomar

11. Nome: Olivio Tatoo Bau


Naturalidade: Timorense
Idade/Data de nascimento: desconhecida
Sexo: Masculino
Nacionalidade: Timorense
Endereço: Acredita-se que esteja em Timor Ocidental
Ocupação: Membro da milícia Laksaur, Tilomar/Salele

12. Nome: Gabriel Nahak


Naturalidade: Timorense
Idade/Data de nascimento: desconhecido
Sexo: Masculino
Nacionalidade: Timorense
Endereço: Acredita-se que esteja em Timor Ocidental
Ocupação: Membro da milícia Laksaur, Leogore, Suai Kota

13. Nome: Americo Mali


Naturalidade: Timorense
Idade/Data de nascimento: desconhecido
Sexo: Masculino
Nacionalidade: Timorense
Endereço: Acredita-se que esteja em Timor Ocidental,
Indonésia
Ocupação: Membro da milícia Laksaur, Tilomar/Salele

14. Nome: Zito da Silva, também conhecido como Zito


Saek
Naturalidade: Timorense
Idade/Data de nascimento: desconhecido
Sexo: Masculino
Nacionalidade: Timorense
Endereço: Acredita-se que esteja em Timor Ocidental
Ocupação: Membro da milícia Laksaur, Tilomar/Salele

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III. DECLARAÇÃO INTRODUTÓRIA DOS FACTOS
1. Um ataque generalizado ou sistemático dirigido contra a população civil foi
levado a cabo contra a população civil em Timor-Leste em 1999. O ataque
ocorreu durante dois períodos interligados de violência intensificada. O primeiro
período seguiu-se ao anúncio a 27 de Janeiro de 1999 pelo Governo da
Indonésia de que a população de Timor-Leste teria a oportunidade de escolher
entre a autonomia dentro da República da Indonésia ou a independência. Este
período terminou a 4 de Setembro de 1999, a data do anúncio do resultado da
consulta popular, na qual 78,5 porcento votaram contra a proposta de
autonomia. O segundo período seguiu-se ao anúncio do resultado da consulta
popular a 4 de Setembro, até 25 de Outubro de 1999.

2. O ataque generalizado ou sistemático foi parte de uma campanha de violência


organizada, que incluiu, entre outras coisas, incitamento, ameaças de morte,
intimidações, confinamentos ilegais, assaltos, deslocamentos forçados,
incêndios, homicídios, violações, tortura e outras formas de violência levadas a
cabo por membros da milícia pró-autonomia, membros das Forças Armadas
Indonésias, ABRI (Angkatan Bersenjata Republik Indonesia), chamadas em
1999 de TNI (Tentara Nasional Indonesia), e membros das Forças Policiais
Indonésias (POLRI) com o conhecimento e participação activa das autoridades
civis e militares.

3. Em 1999, vários grupos de milícia operavam em Timor-Leste. O seu objectivo


era apoiar a autonomia dentro da Indonésia. Os grupos da milícia participaram
no ataque generalizado ou sistemático e agiram e operaram com impunidade.

4. Este ataque em larga escala foi dirigido contra os civis de todos os grupos de
idade, predominantemente contra indivíduos que apoiavam ou se entendia que
apoiavam a independência, e resultou em lesões letais, incluindo morte por
ferimentos corto-perfurantes, ferimentos por tiros, traumatismos contusos ou
uma combinação dos três.

5. Como parte do ataque generalizado ou sistemático contra a população civil, a


milícia destruiu propriedade, incluindo casas e gado pertencentes à população
civil.

6. O ataque generalizado ou sistemático resultou no deslocamento interno de


milhares de pessoas (DIPs). Para além disto, a transferência forçada da
população civil dentro de Timor-Leste e a deportação para Timor Ocidental,
Indonésia, foi uma característica essencial da campanha de violência
organizada.

7. Sob os termos dos Acordos de 5 de Maio de 1999, entre a Indonésia, Portugal e


as Nações Unidas sobre a consulta popular, as autoridades de segurança
indonésias (TNI e POLRI) tinham a responsabilidade de assegurar um ambiente
seguro, desprovido de violência ou outras formas de intimidação, assim como a

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manutenção geral da lei e ordem, antes, durante e depois da consulta popular.
As TNI e a POLRI falharam no cumprimento destas obrigações e não tentaram
desarmar ou neutralizar os grupos de milícia. Permitiram que os grupos de
milícia agissem com impunidade.

8. O exército militar em Timor-Leste consistia tanto de forças territoriais regulares


(BTT) e Forças de Combate Especiais, i.e. o Comando de Reserva Estratégico
(KOSTRAD), (Komando Strategis Angkatan Darat) e o comando de forças
especiais (KOPASUS), (Komando Pasukan Khusus), todos com unidades,
oficiais e soldados estacionados em Timor-Leste, incluindo no Distrito de
Covalima.

9. De Fevereiro de 1999 a Outubro de 1999, a força policial indonésia (POLRI), a


agência de estado para a manutenção da lei e da ordem pública também
estavam presentes em Timor-Leste. Incluía uma Brigada Policial Móvel
(BRIMOB), cujas unidades e membros estavam estacionados em Timor-Leste,
incluindo no Distrito de Covalima.

IV. DECLARAÇÃO DOS FACTOS

10. O Distrito de Covalima é um dos treze distritos de Timor-Leste. Partilha uma


fronteira comum com Nusa Tengara Timor (Timor Ocidental), que é parte da
indonésia. Covalima possui os seguintes seis sub-distritos: Tilomar, Suai,
Fatumean, Fatululik, Fohorem e Zumalai.

11. Antes de 1999, o exército indonésio formou grupos paramilitares em Timor-


Leste, incluindo WANRA e Gadapaski. Estes grupos foram treinados com armas
e armados pela KOPASUS.

12. Em Abril de 1999, a milícia Laksaur foi formalmente inaugurada. O objectivo da


milícia Laksaur era apoiar a autonomia dentro da Indonésia. A milícia Laksaur
participou no ataque generalizado ou sistemático contra a população civil do
Distrito de Covalima.

13. Os comandantes e membros da milícia Laksaur operaram com impunidade em


todos os sub-distritos de Covalima, excepto no sub-distrito de Zumalai, onde
outra milícia chamada de Mahidi estava já estabelecida com o mesmo objectivo.

14. A milícia Laksaur tinha cinco sub-grupos que operavam em vários sub-distritos
de Covalima, excepto em Zumalai. Estes sub-grupos de milícia estavam
localizados em Tilomar, Suai, Fatululik, Fohorem e Fatumean e um comandante
chamado de “Danki” chefiou cada sub-grupo. Cada grupo de milícia estava
dividido em pelotões, que eram chefiados por comandantes de pelotão
chamados de “Danton”.

15. O comandante supremo da milícia Laksaur era Olivio Mendonca Moruk (falecido)
e o seu irmão Egidio Manek era o seu comandante adjunto e ambos tinham

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comando efectivo e controlo sobre os outros comandantes (Danki) e membros
da milícia Laksaur.

16. Egidio Manek (Danki) era também o comandante da milícia Laksaur em


Tilomar, Maternus Bere (Danki) era comandante em Suai, Cosmas Amaral
(Danki) era comandante em era comandante em Fatumean.

17. Egidio Manek, Maternus Bere, Cosmas Amaral, Pedro Teles e Henrikus Mali
tinham comando efectivo e controlo sobre os membros da milícia.

18. Baltazar Da Costa Nunes (Danton) era um comandante de pelotão no Sub-


distrito de Fatumean, Domingos Do Carmo, também conhecido como Bete
Aloi (Danton) era um comandante de pelotão no Sub-distrito de Fatululik, Illidio
Gusmao (Danton) era um comandante de pelotão no Sub-distrito de Suai e
Joaoquim Berek, também conhecido como Berek Bot (Danton) era um
comandante de pelotão no Sub-distrito de Tilomar.

19. Olivio Tatoo Bau, Americo Mali, Gabriel Nahak, e Zito Da Silva, também
conhecido como Zito Saek, eram membros da milícia Laksaur.

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OFENSAS COMETIDAS ENTRE 27 DE JANEIRO DE 1999 E 4
DE SETEMBRO DE 1999 (PERÍODO PRÉ-CONSULTA)
PRISÕES, DETENÇÕES, TORTURAS E DESTRUIÇÃO DE
PROPRIEDADE
Tortura de Inácio Pereira Baretto (27 de Janeiro de 1999)

20. Depois do anúncio pelo governo da Indonésia de que o povo de Timor-Leste


teria a possibilidade de escolher entre a autonomia entre a Indonésia ou a
independência, as milícias em Timor-Leste, incluindo a milícia Laksaur em
Covalima iniciaram uma campanha de violência contra os civis que se entendia
eram apoiantes da independência.

21. Inacio Pereira Baretto era um membro do movimento clandestino de


apoio à independência.

22. No dia 27 de Janeiro de 1999, ou por essa altura, Inacio Pereira Baretto
tinha ido visitar os seus parentes em Uma Murah. Foi preso por membros das
TNI, incluindo Sugito e Sukarman e membros da milícia Laksaur comandados
por Olivio Moruk, incluindo Alipio Gusmao, também conhecido como Alipio
Mau, Americo Mali e Andreas Coli. Depois de ter sido preso por Inacio Pereira
Baretto foi severamente espancado pela milícia e as TNI presentes e foi
esfaqueado no seu pulso por Alipio Mau

23. Inacio Pereira Baretto foi forçado a entrar para um camião conduzido pela milícia
e pelas TNI e foi levado para o Kodim em Suai onde foi detido até ao dia
seguinte.

24. Depois da sua libertação, Inacio Pereira Baretto, juntamente com outros
aldeões fugiram para a floresta de Lakalese em Fohorem.

Ataque em Umah Murah- Tortura (26 de Fevereiro de 1999)

25. Jose Fatima Xavier era um apoiante da independência que vivia na Vila de
Casabauk. Era um membro clandestino e estava activamente envolvido na
assistência das Falintil recolhendo comida, munições e uniformes para os seus
membros.

26. Em 1999, membros da milícia Laksaur e as TNI sabiam que Jose Fatima Xavier
era um membro activo da clandestinidade.

27. A 26 de Fevereiro de 1999, Jose Fatima Xavier estava na casa de Elizeu


Gusmao na Vila de Rumah Murah. Estava juntamente com a sua filha Marcelina
Cortereal e outros membros do movimento clandestino, como Afonso Fatima
Nunes, Elidio Gusmao, Inacio Amaral, também conhecido como Naco, Alfredo
Lao, Ermenzildo, também conhecido como Zilo, Armindo Amaral, Albertu Afonsu,
Grigorio Afonsu, Aristu Moruk, Guilermino Fonso, Adelina Carvalho, mãe de

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Maria Carvalho, Maria Carvalho e o seu filho Elidio Gusmao, também conhecido
como Erik.

28. O grupo juntou-se na casa de Elizeu Gusmão para escutar um discurso de


Xanana Gusmão, que ia passar na televisão nessa noite.

29. Sebastiao Mendonca TNI (chefe da vila de Cassabauk) informou as TNI e os


comandantes da milícia Laksaur de que membros do movimento clandestino se
tinham reunido na casa de Elizeu Gusmao.

30. Cerca da 20 horas, membros das TNI, incluindo o Tenente Sugito (Koramil-
Suai), o Sargento Major Sukarman (Koramil-Fohorem), Angelino e Cornelio e
membros da milícia Laksaur, incluindo Olivio Moruk, Egidio Manek, Cosmas
Amaral, Alipio Gusmao, também conhecido como Alipio Mau, Americo Mali
Andreas Coli, e Abilio Breok atacaram a casa de Elizeu Gusmao.

31. Americo Mali, Alipio Gusmao, também conhecido como Alipio Mau e
Adreas Coli entraram na casa e atacaram os aldeões com machetes e espadas.
Alguns dos aldeões foram capazes de escapar, incluindo Elidio Gusmao,
também conhecido como Erik.

32. Jose Fatima Xavier, Elizeu Gusmao e Inacio Amaral sofreram lesões sérias em
resultado do ataque. Os membros das TNI e da milícia presentes levaram Jose
Fatima Xavier, Elizio Gusmao e Inacio Amaral no camião conduzido pelo Tenete
Sugito. No caminho para o Koramil, a milícia e as TNI acreditando que Inacio
Amaral estava morto, atiraram-no do veículo e continuaram com os outros para
o Koramil em Tilomar e depois para a casa de Olivio Moruk.

33. Enquanto na casa de Olivio Moruk, o Tenente Sugito ordenou à milícia e aos
membros das TNI presentes para matar Jose Fatima Xavier e Elizeu Gusmao. A
milícia e os membros das TNI levaram espadas e pás e conduziram Jose Fatima
Xavier e Elizio Gusmao para a praia Salele no seu camião Hino das TNI.

34. Elidio Gusmao, também conhecido como Erik, depois de escapar da milícia e
das TNI durante o ataque, foi reportar o rapto de Jose Fatima Xavier e Elizio
Gusmao ao Padre Hilario na Igreja de Ave Maria, em Suai.

35. Quando a milícia e as TNI chegaram à praia com Jose Fatima Xavier e Elizeu
Gusmao, o Tenente Sugito recebeu uma chamada no rádio. Deposi de uma
breve conversa pelo rádio, informou a milícia e as TNI presentes de que o
DANDIM (Mas Agus) ordenou que Jose Fatima Xavier e Elizio Gusmao fossem
levados para o Kodim e não fossem mortos.

36. Durante a viagem da praia para o Kodim, Jose Fatima Xavier e Elizeu Gusmao
foram severamente espancados.

37. No dia seguinte, depois do pedido do Padre Hilario e do Padre Francisco da


Igreja de Suai, Jose Fatima Xavier e Elizeu Gusmao foram libertados do
Kodim/sede da milícia.

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38. Antes de Jose Fatima Xavier e Elizeu Gusmao terem sido libertados, o Tenente
Coronel Mas Agus (Dandim-Covalima), o Tenente Coronel Gatot Subiaktoro
(Kapolres-Covalima) e Caitano Mendonca (FPDK-Covalima) foram para o Kodim
e disseram a Jose Fatima Xavier e Elizeu Gusmao que deviam apoiar a
autonomia, uma vez que Timor-Leste nunca seria independente.

39. Logo depois da sua libertação, Jose Fatima Xavier, Elizeu Gusmao e as suas
famílias procuraram refúgio na igreja até 7 de Abril de 1999, e voltaram às suas
casas.

Ataque em Umah Murah –Tortura de Jose Fatima Xavier (14 de Abril


de 1999)

40. O ataque pelos membros da milícia Laksaur e das TNI contra a população civil
em Covalima, em particular contra os que se entendia serem apoiantes da
independência, intensificou-se em Abril de 1999.

41. No dia 14 de Abril de 1999, ou por essa altura, Jose Fatima Xavier foi preso na
sua casa na aldeia de Rumah Murah por membros da milícia Laksaur, incluindo
Egidio Manek, Henrikus Mali, Americo Mali, Siri Lau, Riki Coli, Antoni Moruk,
Juliao Mali, Ulu Kehi, Lucas Mau e Yosef Berek. Jose Fatima Xavier foi
severamente espancado por Americo Mali e os membros da milícia presentes.
Americo Mali algemou as suas mãos atrás e colocou um saco de plástico por
cima da cabeça de Jose Fatima Xavier.

42. Jose Fatima Xavier foi levado para a casa de Ulu Kehi (em Rumah Murah) onde
estava atado a uma cadeira, e interrogado por Americo Mali e Yosef Berek
sobre o movimento da independência e armas que acreditavam estavam na
Igreja de Suai

43. Durante o interrogatório, Jose Fatima Xavier foi continuamente espancado por
Henrikus Mali e Americo Mali. Durante o espancamento, um membro da
milícia, Fernando também conhecido como Badu cortou o lábio inferior de Jose
Fatima Xavier com uma machete. Jose Fatima Xavier sofreu vários ferimentos
como resultado disto.

44. Jose Fatima Xavier regressou para a sua casa na mesma noite e foi detido na
sua casa de 14 de Abril de 1999 até 8 de Junho de 1999, quando foi para Díli.

Comício em Díli

45. A 17 de Abril de 1999, lideres das forças de integração (PPI) organizaram um


grande comício em Díli e ordenaram aos membros da milícia em Timor-Leste
que estivessem presentes. Representantes da milícia Laksaur em Covalima,
incluindo Olivio Moruk e Maternus Bere estiveram presentes.

46. Durante o comício, Eurico Gutteres, Comandante adjunto da PPI falou para a
multidão e disse-lhes que as pessoas que eram contra a integração a Indonésia,
eram o inimigo. Ordenou aos “representantes” do estado e os que ajudavam as

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forças do estado a capturar anti-integracionistas e a atirar sobre eles se
resistissem.

Tortura no posto de milícia de Belulik Leten, Fatumean (23 de Abril


de 1999)

47. No dia 23 de Abril de 1999, ou por essa altura, membros da milícia Laksaur sob
o comando e controlo de Henrikus Mali, incluindo Yacobus Bere, Petrus Suri
Bisi, Gabriel Koli e Daniel Luan e membros das TNI prenderam cerca de trinta
homens da vila de Manekiik e levaram-nos para o Koramil em Belulik Leten.

48. Entre os aldeões detidos estavam Geraldo Orleans, Alfredo Freitas, Domingos
dos Santos, Francisco Nahak, Antonio de Lima, Francisco do Carmo, Manuel Do
Carmo, Raimundo do Carmo, Baltasar Maya e Domingos da Cruz. Foram presos
porque se entendia serem apoiantes da independência.

49. No Koramil, Geraldo Orleans, Alfredo Freitas, Domingos Dos Santos, Francisco
Nahak, Baltasar Maya e Domingos da Cruz foram severamente espancados e
sujeitos a sofrimentos físicos e mentais severos por membros da milícia Laksaur
incluindo Yacobus Bere, Pedro da Cruz Besa, Petrus Suri Bisi, Herman Kehi e
Zakarias Berek.

50. Os membros da milícia puxaram as unhas de Alfredo Freitas na altura em que o


prenderam.

51. Os aldeões foram interrogados sobre as suas actividades pró-independência.


Foram espancados durante o interrogatório e os membros da milícia colocaram
sacos de plástico por cima das suas cabeças.

52. Depois do espancamento e interrogatório no Koramil, os aldeões foram levados


para o posto da milícia em Belulik Leten onde todos os aldeões foram detidos
numa sala.

53. Estavam um total de 27 aldeões que foram detidos no posto da milícia em


Belulik Leten onde a milícia mais uma vez lhes bateu.

54. No dia seguinte, 24 de Abril de 1999, membros seniores da milícia Laksaur,


incluindo Caitano Moniz, Alfredo Pires Amaral e Carlos Tilman vieram para o
posto da milícia em Belulik Leten e falaram aos aldeões, avisando-os que se
apoiassem a independência de Timor-Leste, morreriam todos.

55. No dia seguinte, a 25 de Abril de 1999, os membros da milícia, Petrus Suri Besi
e Demitrius Berek, ambos armados com espadas, interrogaram alguns dos
aldeões, incluindo Geraldo Orleans sobre as actividades da Falintil. Durante o
interrogatório, os aldeões foram outra vez espancados.

56. A 26 de Abril de 1999, os aldeões foram ordenados por Henrikus Mali para
escrever os nomes das suas esposas e o seu paradeiro num pedaço de papel.
Os aldeões fizeram o que lhes foi dito e a milícia ordenou que as esposas de
todos os aldeões que foram detidas fossem ao posto da milícia em Belulik Leten.

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57. As esposas dos aldeões foram para o posto de milícia a 27 de Abril de 1999,
onde foram ordenadas pela milícia para assinar um acordo. Foram deixadas ir
para as suas casas logo depois de terem assinado o acordo.

58. Os 27 homens foram presos e mantidos detidos. Durante a sua detenção, foram
guardados por membros da milícia, incluindo Josep Mendonca, também
conhecido por Nahak Kehik e Pedro da Cruz Besa

59. No dia 28 de Abril de 1999, ou por essa altura, os 27 homens foram ordenados
por Henrikus Mali a alinhar em frente do posto da milícia. Aí, Henrikus Mali leu
em voz alta o aco0rdo que foi assinado por eles e pelas esposas, que se não
apoiassem e autonomia de Timor-Leste em relação à Indonésia, seriam mortos
e as suas esposas e parentes, cujos nomes foram escritos no acordo também
seriam mortos.

60. Henrikus Mali ordenou depois os aldeões a irem para o Koramil e para a
estação da polícia e pediram desculpa aos comandantes. Os aldeões fizeram
como lhes foi dito e foram libertados para voltarem para as suas casas.
Henrikus Mali disse-lhes depois que estavam autorizados a deixar a vila de
Belulik Leten sem a sua autorização ou a de Eduardo Leneng (o comandante da
polícia do sub-distrito), Josep Kehi (TNI) (o comandante do Koramil) e Domingos
de Araujo, (Camat – chefe do sub-distrito).

Ataque na aldeia de Fatukmetan, vila de Raihun, Tilomar-Tortura e


Perseguição por destruição de propriedade (23 de Abril de 1999)

61. Em 1999, Joao da Silva era o membro da clandestinidade do CNRT no Sub-


distrito de Tilomar. Durante o mês de Abril de 1999, a milícia de Laksaur e as
TNI estavam à procura de Joao da Silva que estava escondido.

62. No dia 23 de Abril de 1999, ou por essa altura, membros da milícia Laksaur sob
o comando de Olivio Moruk e Egidio Manek foram para a vila de Nikirr à procura
de Joao Da Silva. Entre os membros da milícia que foram para Nikirr estavam
Olivio Moruk, Egidio Manek, Alipio Gusmao, também conhecido como Alipio
Mau, Americo Mali, Zito da Silva também conhecido como Zito Saek,
Joaquim Berek, também conhecido como Berek Bot, Bou Luan, Nahak Malik,
Guru Nandus, Orak (LNU) Moruk Kasak, Jacob Bere, Oracio (LNU), Tem Berek,
Leonito Cardoso, Miguel da Silva Mau e Felipe Nahak.

63. Os membros da milícia fizeram esta operação juntamente com membros das
TNI do Koramil Salele, incluindo o Sargento Major Supoyo, também conhecido
como Pak Poyu (comandante militar do sub-distrito-Salele), Bentu (LNU), Jaime
Pinto e Leonito Cardoso (TNI).

64. A milícia encontrou e interrogou Jose Cardoso e três outros aldeões sobre o
paradeiro de Joao da Silva. Alipio Gusmao, também conhecido como Alipio
Mau, Americo Mali e Felipe Nahak espancaram-nos severamente durante o
interrogatório.

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65. Depois do espancamento de Alipio Gusmao, também conhecido como Alipio
Mau, Americo Mali e Felipe Nahak ameaçaram de morte Jose Cardoso e os
outros três se seguissem Joao da Silva no apoio pela independência.

66. Mais tarde, a milícia localizou Alexio Xiemenes, Tomas Cardoso, Paulus
Ximenes que eram parentes de Joao Da Silva e mataram-nos.

67. A milícia depois deixou Nikir e foi para Fatukmetan. No caminho, Egidio Manek
ordenou-lhes que prendessem Lodificus Rabu e mataram-no. Lodificus foi preso
e levado para a floresta.

68. Os membros da milícia e as TNI foram depois para Fatukmetan.

69. Em Fatukmetan, a milícia e as TNI reunirão os aldeões, incluindo Cervasio


Yosep, Balbina Maia, Rosalinda Abuk (esposa de Caetano Xiemenes), Luizina
Maia, Filipos Yosep, Daniel Xiemenes, Markus Xiemenes, Jaime Cardoso e
Teofilo da Silva.

70. Os aldeões em causa foram trazidos para a berma da estrada e rodeados pela
milícia e a TNI presente. Foram depois questionados sobre o paradeiro de Joao
da Silva.

71. Durante o interrogatório, os aldeões foram espancados pela milícia presente. As


duas mulheres aldeãs, Rosalinda Abuk e Luizina Maia foram algemadas e
também espancadas por Americo Mali, Alipio Gusmao, também conhecido
como Alipio Mau e Zito da Silva, também conhecido como Zito Saek.

72. Os aldeões foram depois levados para a casa isolada de Baltazar Xiemenes.
Enquanto aí, Cervasio Yosep e Filipos Yosep foram espancados outra vez por
Americo Mali que lhes bateu na cabeça repetidamente com um tubo de metal.
Os aldeões sofreram lesões graves como resultado dos espancamentos.

73. A milícia e as TNI destruíram depois todas as onze casas na Vila de


Fatukmetan. Cervasio Yosep, Balbina Maia, Rosalinda Abuk, Luizina Maia,
Filipos Yosep, Daniel Xiemenes, Markus Xiemenes, Jaime Cardoso, Teofilo da
Silva e os outros aldeões foram ordenados para encontrarem locais para ficar e
foram ordenados para não irei para a Igreja de Suai.

Tortura de Augustino Gusmao (26 de Abril de 1999)

74. Augustino Gusmao era um apoiante independente que vivia na Vila de Leogore
Village, no sub-distrito de Suai. Em 1999 Augustino Gusmao era um funcionário
público no Departamento veterinário na Vila de Debos em Suai

75. Antes de Abril de 1999, Olivio Moruk avisou Augustino Gusmao que a milícia iria
levar os seus bens porque o seu nome estava na sua lista de inteligência de
apoiantes da independência.

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76. No dia 1 de Abril de 1999, ou por essa altura, cerca de 7 membros da milícia
Laksaur, incluindo Olivio Moruk, foram para a casa de Augustino Gusmao e
levaram a sua mota.

77. No dia 26 de Abril de 1999, ou por essa altura, os membros da milícia Laksaur
sob o comando e controlo de Maternus Bere foram para a casa de Augustino
Gusmao na Vila de Legore, comandados por Andreas Koli.

78. Andreas Koli acusou Augustino Gusmao de ser um apoiante da independência,


prendeu-o e levou-o para a sede da milícia na Vila de Legore.

79. Na sede da milícia, Augustino Gusmao encontrou-se com Maternus Bere que o
acusou de ser um funcionário público a ganhar um salário do governo indonésio
e mesmo assim apoiava a independência. Andreas Koli e Domingos Mali,
também conhecido como Bete Aloi espancaram Augustino Gusmao
severamente.

80. Maternus Bere, Andreas Koli e Domingos Mali, também conhecido como
Bete Aloi interrogaram Augustino Gusmao durante várias horas. Depois do
interrogatório, Maternus Bere forçou Augustino Gusmao para assinar uma
declaração dizendo que apoia a autonomia de Timor-Leste dentro da Indonésia.
Depois de assinar a declaração, foi ordenado para a entregar no gabinete do
Bupati (administrador), Herman Sudyono. No dia 29 de Abril de 1999, ou por
essa altura, Augustino Gusmao entregou a declaração no gabinete do Bupati.

Tortura de Francisco do Espiritu e Vincente Alves Quintao (26 de


Abril de 1999)

81. Em 1999 Vincente Alves Quintao era um líder, e Francisco do Espiritu era um
membro do movimento clandestino que apoiava a independência de Timor-
Leste.

82. Antes de 26 de Abril de 1999, Pedro Teles ordenou aos membros da milícia
Laksaur sob o seu comando par prender Francisco e Vincente e os trazer para a
sede da milícia na Vila de Legore.

83. Nesse dia, Francisco do Espiritu estava na sau casa com Vincente Alves
Quintao na aldeia de Oegus.

84. De acordo com a ordem de Pedro Teles, membros da milícia Laksaur incluindo
Xisto Barros, Ricardo Andrade, Cesar Mendonca, Casimiro e Joaoquim do
Carmo armados com espadas foram para a casa de Francisco do Espiritu e
prenderam-no juntamente com Vincente Alves Quintao.

85. Os membros da milícia espancaram Francisco do Espiritu e Vincente Alves


Quintao e ataram as suas mãos atrás das suas costas antes de os levar para a
sede da milícia em Legore.

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86. Na sede da milícia, membros da milícia Laksaur sob o comando de Pedro
Teles, incluindo Xisto Barros e Ricardo de Andrade, espancaram mais uma vez
Francisco do Espiritu e Vincente Alves Quintao.

87. Francisco do Espiritu e Vincente Alves Quintao foram depois detidos num
pequeno quarto no posto da milícia, que era também o koramil em Legore, no
qual o Sargento Major Harun Tateny era o comandante.

88. Francisco do Espiritu e Vincente Alves Quintao foram detidos aí até 8 de Maio
de 1999. Durante a sua detenção, Francisco do Espiritu e Vincente Alves
Quintao foram interrogados por Maternus Bere e Pedro Teles em relação às
suas actividades clandestinas e foram ordenados para assinar uma declaração
por escrito onde diriam que apoiavam a causa da pró-autonomia.

Perseguição e Tortura de Caetano Xiemenes, Agustino Xiemenes,


Americo da Silva, Antonio Amaral, Mariano Amaral, Francisco
Amaral, Cervasio Yosep, Lodifucus Ulu, Mariano Amaral e Orlando
Berek no Koramil em Salele (30 de Abril de 1999)

Destruição de propriedade

89. Caetano Xiemenes e Agustino Xiemenes eram membros clandestinos do CNRT


e Americo da Silva, Antonio Amaral, Mariano Amaral, Francisco Amaral,
Cervasio Yosep, Lodifucus Ulu, Mariano Amaral e Orlando Berek eram todos
apoiantes da independência. Viviam todos no sub-distrito de Tilomar em 1999.

90. No dia 22 de Abril de 1999, ou por essa altura, membros da milícia Laksaur
comandados por Olivio Moruk, Egidio Manek e Alipio Gusmao, também
conhecido por Alipio Mau atacaram a aldeia de Wetabe em Salele, sub-distrito
de Tilomar.

91. Os membros da milícia estavam armados com armas e atiraram para as casas.
Sob as ordens de Olivio Moruk, Egidio Manek e Alipio Gusmao, também
conhecido como Alipio Mau, os membros da milícia queimaram várias casas,
incluindo as casas de Orlando Berek, Petrus da Costa, Antonio Amaral, Joao
Xiemenes, Mateus dos Reis, Tome Nunes e Florindo Cardoso. Os aldeões
temendo pelas suas vidas e segurança, fugiram para as montanhas de Wala. No
dia 29 de Abril de 1999, ou por essa altura, alguns dos aldeões regressaram a
Wetaba.

Tortura

92. No dia 26 de Abril de 1999, ou por essa altura, Caetano Xiemenes e Agustino
Xiemenes foram presos por membros das TNI incluindo Blasius Manek enquanto
estavam na casa de um aldeão e levados para a casa de Jacob Cardoso (TNI).

93. Caetano Xiemenes foi mais tarde levado para a casa de Blasius Manek onde foi
interrogado por membros das TNI incluindo Leonito Cardoso, Blasius Manek,
Petrus Bau, Jacob Cardoso, Reus Suri e Orasio Cardoso sobre o seu

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envolvimento com as Falintil. Caetano Xiemenes e Agustino Xiemenes foram
depois libertados.

94. No dia 30 de Abril de 1999, ou por essa altura, Caetano Xiemenes, Agustino
Xiemenes, Americo da Silva, Antonio Amaral, Mariano Amaral, Francisco
Amaral, Cervasio Yosep, Lodifucus Ulu, Mariano Amaral e Orlando Berek foram
presos em vários locais no sub-distrito de Tilomar por membros da milícia
laksaur e as TNI e levados para o Koramil na Vila de Salele. O Comandante das
TNI no Koramil em Salele era o Sgt. Major Supoyo, também conhecido como
Pak Poyo.

95. No Koramil, os aldeões foram interrogados sobre as suas actividades pró-


independência e severamente espancados pela milícia Laksaur incluindo Olivio
Moruk, Egidio Manek, Alipio Gusmao, também conhecido como Alipio Mau,
Americo Mali, Joaquim Berek, também conhecido como Berek Bot, Gaspar
Bau, Noberto Xiemenes, Zito da Silva, também conhecido como Zito Saek e
membros das TNI incluindo Sebastiao Barreto, e Ratu Roman.

96. Durante os espancamentos e interrogatórios e milícia colocou sacos de plástico


nas cabeças dos aldeões e sofucou-os. Egidio Manek forçou Ludificus Ulu (um
dos aldeões presos e detidos com Cervasio Yosep) a morder a orelha e o nariz
de Cervasio Yosep até sangrar.

Trabalho forçado

97. Durante a noite Caetano Xiemenes, Agustino Xiemenes, Americo da Silva,


Antonio Amaral, Mariano Amaral, Francisco Amaral, Cervasio Yosep, Lodifucus
Ulu e Mariano Amaral foram libertados mas foram ordenados a se apresentar
todos os dias no Koramil e a fazer trabalho não qualificado incluindo jardinagem,
limpeza e escavação de casas de banho.

98. De acordo com a ordem, Caetano Xiemenes, Agustino Xiemenes, Americo da


Silva, Antonio Amaral, Mariano Amaral, Francisco Amaral, Cervasio Yosep,
Lodifucus Ulu e Mariano Amaral continuaram a se apresentar no Koramil todos
os dias e a realizar trabalho não qualificado para a milícia e as TNI sem receber
pagamento, até finais de Maios de 1999.

Tortura de Verissimo Xiemenes e Joao dos Nascimento, (24 de Abril de


1999)

99. Verissimo Xiemenes, Joao dos Nascimento, Frigolindo Xiemenes Mau, Sertorio
Maya e Lourenco Cardoso eram todos apoiantes da independência, que viviam
na Vila de Raihun, Sub-distrito de Tilomar.

100. Algures em Março de 1999 foi realizada uma reunião na aldeia de


Wetaba. Durante a reunião, o chefe da aldeia informou os aldeões da
possibilidade de um ataque por membros da milícia Laksaur.

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101. Algures em Abril de 1999, membros da milícia Laksaur foram patrulhar as
aldeias de Wela e Wetaba armados com armas e ameaçaram os aldeões para
apoiarem a autonomia de Timor-Leste.

102. Verissimo Xiemenes, Joao dos Nascimento, Frigolindo Xiemenes Mau,


Sertorio Maya e Lourenco Cardoso e outros aldeões de Wela e Wetaba
deixaram as suas aldeias temendo as suas vidas e foram para a floresta de
Lakunak.

103. No dia 24 de Abril de 1999, ou por essa altura, os aldeões foram vistos
por Celestino Cardoso, o chefe da aldeia de Lakunak e convidou-os para a sua
casa. Os aldeões concordaram e foram com Celestino para sua casa.

104. Na manhã seguinte, vários membros da milícia Laksaur e das TNI


vieram até à casa de Celestino Cardoso juntamente com Marcel Mendonsa (o
chefe da vila de Raihun). Marcel Mendonsa ordenou todos os aldeões, incluindo
Verissimo Xiemenes, Joao dos Nascimento, Frigolindo Xiemenes Mau, Sertorio
Maya e Lourenco Cardoso para ir para o gabinete da vila de Raihun. Os
membros da milícia estavam armados com espadas e tinham bandeiras
indonésias amarradas à volta da cabeça.

105. Os aldeões entraram para os camiões e foram levados para o gabinete


da aldeia por membros da milícia e das TNI.

106. Logo depois dos aldeões terem chegado ao Gabinete da vila, vários
membros da milícia Laksaur sob o comando e controlo de Egidio Manek,
incluindo Joaquim Berek, também conhecido como Berek Bot, Alipio
Gusmao também conehcido como Alipio Mau, Noberto Xiemenes, Miguel
Mau, Miguel Mali, Damianus dos Nasimento, Jacob Hale e Juliano Tanu vieram
para o gabinete da aldeia.

107. No gabinete, Joaquim Berek, também conhecido como Berek Bot


bateu em Verrissimo Xiemenes e em Joao do Nascimento. Verrissimo Xiemenes
e Joao do Nascimento sofreram lesões como resultado do espancamento.

108. Verissimo Xiemenes, Joao do Nascimento, e vários aldeões foram depois


detidos no gabinete da aldeia numa pequena sala durante cerca de três dias.
Os aldeões foram ordenados para se apresentarem no gabinete da vila todos os
dias durante cerca de um mês e realizar trabalhos desqualificados para a milícia
sem receber pagamento.

HOMICÍDIO E DESAPARECIMENTO FORÇADO

109. Em Abril e Maio de 1999, membros da milícia Laksaur sob o comando de


Olivio Moruk, Egidio Manek, Maternus Bere,Henrikus Mali e Pedro Teles
lançaram uma campanha de violência e terror contra a população civil no distrito
de Covalima que se entendia serem apoiantes da independência. Armados com
armas e machetes, os membros da milícia Laksaur apoiados pelas TNI mataram

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muitos civis que apoiavam a causa da independência. Membros da milícia
Laksaur também raptaram vários civis que não foram vistos desde então.

110. Muitos apoiantes da independência foram se esconder nas colinas ou na


Igreja de Avé Maria em Suais, temendo as suas vidas.

Desaparecimeno forçado de Marçal Amaral e Felix Amaral

111. A 19 de Abril de 1999, cerca de 90 membros da milícia Laksaur sob o


comando e controlo de Maternus Bere incluindo Illidio Gusmao, Dominikus
Mali e Domingos Mali, também conhecido como Bete Aloi foram para a vila
de Matai.

112. A milícia chamou os aldeões para se juntarem na casa de Cancio


Augusto de Jesus (o chefe da vila de Matair). Cerac de 200 aldeões, incluindo
Felix Amaral e Antonio Taek juntaram-se na casa do chefe da vila.

113. Aí, Dominikus Mali fez um discurso para os aldeões dizendo que tinham
de votar pela autonomia ou senão morreriam. Domingos Mali, também
conhecido como Bete Aloi fez um um discurso depois de Dominikus Mali
dizendo também que os aldeões tinham de votar pela autonomia. Enquanto
Domingos Mali, também, conhecido como Bete Aloi estava a discursar,
Illidio Gusmao prendeu Antonio Taek e juntamente com Andreas Koli levou
Antonio Taek para o gabinete do chefe.

114. Illidio Gusmao voltou ao lugar onde os aldeões estavam reunidos e


prendeu Felix Amaral, que foi também acompanhado ao gabinete de chefe da
vila.

115. Nessa altura, Marcal Amaral estava a trabalhar no cemitério. Não esteve
presente na reunião.

116. Illidio Gusmao perguntou ao comandante militar da vila de Matai, Elviro


Amaral (TNI) sobre o paradeiro de Marcal Amaral. Illidio Gusmao estava a ler o
nome de Marcal Amaral de uma lista de nomes que segurava.

117. Enquanto os membros da milícia ainda estavam na vila, Marcal Amaral


regressou à vila de Matai e foi para a sua casa e fechou a porta, mas a milícia
viu-o entrar na sua casa. Illidio Gusmao juntamente com outros membros da
milícia foi para a casa de Marcal Amaral e prendeu-o. A milícia algemou Marcal
Amaral e conduziu-o para o gabinete do chefe da vila. Durante este tempo,
Dominikus Mali estava a interrogar Marcal Amaral no gabinete.

118. Alguns dos aldeões que não estiveram presentes na reunião


permaneceram na floresta escondidos da milícia. Os membros da milícia
ouviram-nos a chamar uns pelos outros. Andreas Coli e Americo Seran (TNI)

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deixaram as suas motas acompanhadas por um camião cheio de soldados das
TNI que estavam armados com espingardas. Dirigiram-se para a floresta da
direcção de onde vinham as vozes. Depois disto, os soldados das TNI
regressaram tendo prendido um aldeão chamado de Rainato. Rainato estava a
sangrar na cara. Domingos Mali, também como Bete Aloi e Americo Seran
acompanharam Rainatu para o gabinete do chefe da vila.

119. Antonio Taek e Rainatu foram interrogados e depois libertados.

120. Felix Amaral e Marcal Amaral foram interrogados e severamente


espancados por membros da milícia e das TNI.

121. A milícia trouxe Felix Amaral e Marcal Amaral para fora do gabinete do
chefe da vila e forçou-os a entrar no camião militar e conduziu na direcção na
vila de Legore.

122. Os membros da milícia Laksaur procederam para a aldeia de Kiar, na vila


de Matai. Aí, a milícia reuniu os aldeões na escola e Dominikus Mali fez um
discurso para os aldeões. Durante esse tempo, Martenus Bere chegou à aldeia
de Kiar. Maternus Bere fez um discurso para o povo da vila de Kiar. Enquanto
aí, Illidio Gusmao e membros da milícia prenderam Raimero Aziz, Castro
Amaral e Rui Amaral. Raimero Aziz foi libertado pouco depois. Castro Amaral e
Rui Amaral foram levados para a sede a milícia em Legore e libertados mais
tarde no mesmo dia.

123. Felix Amaral e Marcal Amaral nunca mais foram vistos desde que os
membros das TNI os levaram a 19 de Abril de 1999.

Homicídio de Sabino Gusmao (12 de Abril de 1999)

124. Sabino Gusmao e Olivio Gusmao eram apoiantes independentes e


membros do movimento clandestino. Em 1999 Sabino Gusmao e Olivio Gusmao
estavam activamente envolvidos em actividades clandestinas.

125. No dia 12 de Abril de 1999, ou por essa altura, Sabino Gusmao e Olivio
Gusmao foram apara a estação de gasolina da Pertamina em Suai para visitar
Leonito Gusmao que trabalhava ali. Logo depois de terem chegado, cerca de 70
membros da milícia Laksaur, incluindo Agus Mali e Pedro da Cruz, também
conhecido como Pedro Besa, conduzidos por Olivio Moruk e Egidio Manek
chegaram à estação de gasolina em três camiões e várias motas.

126. Ao verem Sabino Gusmao, Egidio Manek ordenou aos membros da


milícia Laksaur que o matassem. Sabino Gusmao e Olivio Gusmao tentaram
fugir. Os membros da milícia foram atrás de Sabino Gusmao e apanharam-no.
Foi espancado por Pedro da Cruz, também conhecido como Pedro Besa. Sabino
Gusmao morreu em resultado do ataque.

127. Membros da milícia colocaram o corpo de Sabino Gusmao num dos


camiões e foram embora.

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Desaparecimento forçado de Benedito do Nascimento (23 de Abril
de 1999)

128. Em 1999, Benedito do Nascimento era o chefe adjunto da Organização


Clandestina na aldeia de Caicoli no sub-distritp de Tilomar.

129. No dia 23 de Abril de 1999, ou por essa altura, Benedito do Nascimento


estava no mercado em Salele quando membros da milícia Laksaur sob o
comando de Egidio Manek incluindo Noberto Xiemenes, Marcel Moruk, Felipe
Nahak e Hendricos Lau, que estavam armados com espadas chegaram e
prenderam-nos. Sob as ordens de Noberto Xiemenes, Marcel Moruk e Felipe
Nahak prenderam Benedito dos Nascimento e forçaram-no a entrar no veículo
conduzido pela milícia Laksaur.

130. Benedito do Nascimento recusou-se a entrar no camião. Marcel Moruk


golpeou o pescoço de Benedito dos Nascimento com a sua espada. Benedito
dos Nascimento foi depois transportado para o camião e os membros da milícia
dirigiram-se para o Koramil. Benedito dos Nascimento nunca mais foi visto.

Homicídio de Alexio Xiemenes, Tomas Cardoso, Paulus Ximenes


(23 Abril de 1999)

131. Alexio Xiemenes, Tomas Cardoso e Paulus Ximenes eram apoiantes da


independência e residiam na Vila de Raihun, no Sub-Distrito de Tilomar.

132. A 23 de Abril de 1999, ou por essa altura, membros da milícia Laksaur


sob comando e controle de Olivio Moruk e Egidio Manek, incluindo Alipio
Gusmão, também conhecido como Alipio Mau, Americo Mali, Zito da Silva,
também conhecido como Zito Saek, Joaquim Berek, também conhecido
como Berek Bot, Bou Luan, Nahak Malik, Guru Neus, Orak (LNU) Moruk
Kasak, Jacob Bere, Oracio (LNU), Miguel da Silva Mau e Felipe Nahak e
membros das TNI do Koramil de Salele incluindo Sgt. Major Supoyo, também
conhecido como Pak Poyu (Comandante Militar do Sub-distrito de Salele), Bentu
(LNU), e Jaime Pinto atacaram a Aldeia de Nikir, Vila de Raihun no Sub-Distrito
de Tilomar procurando por João da Silva.

133. Naquele momento Alexio Xiemenes, Tomas Cardoso e Paulus Xiemenes


estavam escondidos na casa de Hilario Manek. A milícia ordenou que Hilario
Manek trouxesse Alexio Xiemenes, Tomas Cardoso e Paulus Ximenes para fora
da casa.

134. Hilario Manek Alexio Xiemenes, Tomas Cardoso e Paulus Ximenes


saíram da casa e foram em direcção à milícia que estava parada na estrada.
Sob as ordens de Egidio Manek, membros da milícia incluindo Miguel Mau e
Nahak esfaquearam e mutilaram Alexio Xiemenes, Tomas Cardoso e Paulus
Ximenes com machetes. Alexio Xiemenes, Tomas Cardoso e Paulus Ximenes
morreram em concequência do ataque.

Homicídio de Lodificus Rabo (23 de Abril de 1999)

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135. Lodificus Rabo era um apoiante da independência. A 23 de Abril de
1999, Lodificus Rabo estava escondido na sua casa na Aldeia de NiIkkir, Vila de
Raihun, Sub-Distrito de Tilomar.

136. Depois de matar Alexio Xiemenes, Tomas Cardoso e Paulus Xiemenes,


os milicianos seguiram para a Vila de Fatukmetan. No caminho, os milicianos
sob o comando e controle de Olivio Moruk e Egidio Manek pararam na casa de
Lodificus Rabo. Membros da milícia incluíam Egidio Manek, Alipio Gusmão,
também conhecido como Alipio Mau, Americo Mali, Zito da Silva, também
conhecido como Zito Saek, Joaquim Berek vulgo Berek Bot, Bou Luan,
Nahak Malik, Guru Neus, Orak (LNU) Moruk Kasak, Jacob Bere, Oracio (LNU),
Tem Berek, Leonito Cardoso, Miguel Mau e Felipe Nahak. Membros das TNI do
Koramil de Salele incluindo o Sgt. Major Supoyo, também conhecido como Pak
Poyu (Comandante Militar do Sub-distrito de Salele), Bentu (LNU), Jaime Pinto
também estavam com ele.

137. A milícia cercou a casa de Lodificus Rabo e gritaram para ele sair da
casa. Uma vez que Lodificus Rabo não respondeu, um membro da TNI acendeu
um fósforo para atear fogo à casa, e nesse momento, Lodificus Rabo saiu da
casa.

138. Milicianos incluindo Tem Berek e Joaquim Berek, também conhecido


como Berek Bot e um membro das TNI bateram em Lodificus Rabo e
amarraram sua mãos nas costas.

139. Egidio Manek então que os membros da milícia levassem Lodificus


Rabo para a floresta e o matassem. Os milicianos colocaram Lodificus Rabo no
seu veículo e saíram. Lodificus Rabo nunca mais foi visto.

140. Quando a milícia retornou à sua sede no Koramil em Salele, Joaquim


Berek, também conhecido como Berek Bot disse a Egidio Manek que
tinham matado Lodificus Rabo. Joaquim Berek, também conhecido como
Berek Bot foi visto com uma machete suja de sangue.

141. A 30 de Abril de 1999, ou por essa altura, Leonito Cardoso mostrou a


vários aldeões da Vila da Nikir uma machete suja de sangue e disse-lhes que
Lodificus Rabo tinha sido morto pela milícia incluindo ele próprio, e cortado em
pedaços e jogado na floresta.

Homicídio de José Afonso Amaral & Tentativa de Homicídio de


Dinis Afonso Monis (13 de Maio de 1999)

142. Francisco Xavier Gutteres era um membro do movimento clandestino de


apoio à independência. A 12 de Maio de 1999, Francisco Xavier Gutteres e
outros aldeões deixaram a Vila de Dato Rua e foram para a Vila de Macous, no
Sub-Distrito de Fatululik para determinar as actividades da milícia para que
pudessem avisar os aldeões de qualquer ataque iminente da milícia e/ou das
TNI.

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143. Na Vila de Macous, Francisco Xiavier Gutteres e aldeões viram que os
membros da Milícia Laksaur tinham montado um posto de milícia na casa de um
miliciano, Inacio Mau. Haviam aproximadamente 50 milicianos sediados ali.

144. Francisco Xavier Gutteres e os aldeões foram depois para a casa de


Olivio Mau, que também era membro do movimento clandestino, onde
passaram a noite.

145. A 13 de Maio de 1999, por volta das 4:00hrs membros da milícia


Laksaur, incluindo Domingos Mali, também conhecido como Bete Aloi e
Inacio Mau atacaram a casa de Olivio Mau e prenderam Francisco Xavier
Guterres. Domingos Mali, também conhecido como Bete Aloi estava armado
com uma espingarda. Os milicianos amarraram as suas pernas e mãos e
levaram à força Francisco Xavier Guterres para a Aldeia de Fatoloro para a
casa de Ernesto Mali, chefe da aldeia.

146. Algumas horas mais tarde, Pedro Teles (comandante da Milícia


Fatululik Laksaur) e o Sgt. Maj. Harun Tateny (Danramil Fatululik) (Comandante
da TNI-Fatululik ) chegou à casa de Ernesto Mali juntamente com vários
membros da Milícia Laksaur, incluindo Ernesto Bere, Paulos Bere, Bau Gap,
Antonio Mau, Victor Leite, Anis Bere, Seran Leo, Ricardo Bere, Victor, Vincente,
Sergio, Cesar Mendonça, Bere Metan e Nelson e um oficial da POLRI, João Koli.
Pedro Teles e o Sgt. Maj. Harun Tateny estavam armados com espingardas.
Os milicianos estavam armados com espingardas e espadas. Ernesto Bere,
Paulos Berek e Bere Metan estavam armados com rifles.

147. Na casa de Olivio Mau, Pedro Teles, Sgt. Major Harun Tateny e
Domingos Mali, também conhecido como Bete Aloi tiveram uma discussão
sobre os apoiantes clandestinos que tinham ido para a floresta se esconderem e
decidiram que Francisco Xavier Gutteres seria levado para o rio e morto. Depois
da discussão, Pedro Teles, o Sgt. Major Harun Tateny e Domingos Mali,
também conhecido como Bete Aloi mandaram os aldeões reunirem-se em
frente da casa de Olivio Mau e falaram ao povo sobre a autonomia e
encorajaram-nos a votar pela autonomia.

148. Depois do encontro Pedro Teles, o Sgt. Maj. Harun Tateny, Domingos
Mali, também conhecido como Bete Aloi, João (POLRI) saíram juntamente
com os membros da milícia.

149. Francisco Xavier Guterres foi obrigado a montar na motocicleta de João


Koli.

150. José Afonso Amaral e Dinis Afonso Monis eram parentes de Francisco
Xavier Guterres. A 13 de Maio de 1999 os parentes de Francisco Xavier
Guterres incluindo José Afonso Amaral e Dinis Afonso Monis foram informados
de que Francisco Xavier Guterres tinha sido preso pela milícia e foram a
Fatuloro para resgatar Francisco Xavier Guterres.

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151. Justo antes de João Koli (POLRI) poder sair com Francisco Xavier
Gutteres, José Afonso Amaral, Dinis Afonso Monis e outros familiares cercaram
a motocicleta e insistiram que Francisco Xavier Gutteres não fosse levado.

152. Nesse momento membros da milícia e das TNI, incluindo Domingos


Mali, também conhecido como Bete Aloi e Ernesto Bere atacaram os aldeões
e dispararam as suas armas sobre eles. José Afonso Amaral foi morto no ataque
e Dinis Afonso Monis sofreu ferimentos graves.

Homicídio de Domingos Martins & Gabriel Amaral (28 de Maio de


1999)

153. A 2 de Maio de 1999, Olivio Moruk e membros da milícia Laksaur milícia


organizaram uma reunião na Vila de Oegues. A milícia reuniu os aldeões e
Olivio Moruk falou-lhes.

154. Olivio Moruk perguntou aos aldeões quem era Daniel Seran, também
conhecido como Daniel Pereira. Daniel Seran, também conhecido como Daniel
Pereira identificou-se a si mesmo e Olivio Moruk disse-lhe que tinha informação
de que alguns civis da Vila de Oegues estavam escondidos na floresta e que
Daniel Seran, também conhecido como Daniel Pereira deveria assegurar de que
voltariam.

155. Daniel Seran, também conhecido como Daniel Pereira tinha uma quinta
na floresta de Wesei. Alguns apoiantes da independência incluindo Domingos
Martins, Gabriel Amaral e outros aldeões de Kamenasa estavam escondidos na
quinta de Daniel Seran, também conhecido como Daniel Pereira na Floresta de
Wesei porque estavam envolvidos com o movimento clandestino e os membros
da milícia Laksaur estavam à procura deles.

156. A 28 de Maio de 1999, ou por essa altura, Domingos Martins e Gabriel


Amaral estavam na casa da quinta na floresta de Wesei quando de repente
membros da milícia Laksaur, sob o comando e controle de Egidio Manek
inclusive Paulus (LNU), atacaram-nos. Os milicianos estavam armados com
espingardas e começaram a disparar contra a casa onde Domingos Martins e
Gabriel Amaral estavam escondidos. Domingos Martins e Gabriel Amaral
morreram em consequência do ataque.

157. Depois do tiroteio, a milícia ateou fogo à casa. Também reuniram os


corpos de Domingos Martins e Gabriel Amaral e atearam fogo a eles.

Homicídio de Vasco Amaral (28 de Maio de 1999)

158. Em 1999, Vasco Amaral era membro clandestino e apoiante da


Independência e vivia no Sub-Distrito de Fatumean

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159. A 28 de Maio, ou por essa altura, Vasco Amaral estava na casa de um
aldeão na vila de Alastehen. Enquanto Vasco Amaral estava lá, membros da
milícia Laksaur conduzidas por Henrikus Mali (Danki de Laksaur em Fatumean)
atacaram a casa e arrastaram Vasco Amaral para fora.

160. Membros da Milícia Laksaur presentes eram Henrikus Mali, Petrus Suri
Bisi e Marianos Berek, entre outros.

161. A milícia obrigou colocou à força Vasco Amaral dentro do veículo e


levou-o .

162. No dia seguinte, membros da Milícia Laksaur reuniram-se na Vila de


Alastehen. Na reunião, Henrikus Mali disse aos aldeões que não procurassem
mais por Vasco Amaral porque “Vasco Amaral não está mais”.

163. A 30 de Maio de 1999, os aldeões descobriram o corpo de Vasco Amaral


numa caverna na Vila de Kunsabibi no Sub-Distrito Fatumean.

Homicídio de Jaime da Costa Nunes (27 de Agosto de 1999)

164. Jaime da Costa Nunes, Eugenio do Rego e Benedito de Jesus, também


conhecido como Bene Leki eram conhecidos apoiantes da independência. Jaime
da Costa encorajava os aldeões a votar pela independência de Timor-Leste. Os
membros da milícia Laksaur tinham conhecimento das actividades de Jaime da
Costa Nunes, Eugenio do Rego e Benedito de Jesus, também conhecido como
Bene Leki e queriam matá-lo.

165. A 24 de Junho de 1999 os aldeões homens de Mota Ulun, incluindo


Jaime da Costa Nunes e Bendito de Jesus, também conhecido como Bene Leki
receberam ordens do chefe da vila para ir à sede da milícia em Belulik Leten
onde membros da milícia Laksaur hastearam a bandeira da Indonésia.

166. Na sede da milícia, membros da milícia Laksaur bateram em Jaime da


Costa e Bendito de Jesus, também conhecido como Bene Leki.

167. Logo depois do espancamento de Jaime da Costa Nunes e Bendito de


Jesus, também conhecido como Bene Leki pelos milicianos, Jaime da Costa
Nunes, Bendito de Jesus, também conhecido como Bene Leki e outros
apoiantes da independência foram esconder-se na Igreja de Suai temendo
pelas suas vidas.

168. A 25 de Agosto de 1999, ou por essa altura, Jaime da Costa Nunes e


Bendito de Jesus, também conhecido como Bene Leki receberam a tarefa de
entregar as cédulas de voto a todos os aldeões de Fatumean. Receberam
ordens para entregar as cédulas aos membros clandestinos.

25
169. A 25 de Agosto de 1999, Jaime da Costa Nunes e Bendito de Jesus,
também co9nhecido como Bene Leki deixaram a Igreja de Suai onde se
escondiam e seguiram para a aldeia de Mota Ulun no Sub-distrito de Fatumean.

170. A 26 de Agosto de 1999, chegaram à Aldeia de Mota Ulun, onde Bendito


de Jesus, também conhecido como Bene Leki entregara algumas cédulas de
votos à sua irmã.

171. Jaime da Costa Nunes e Bendito de Jesus, também conhecido como


Bene Leki separaram-se na Aldeia de Mota Ulun e mais tarde reencontram-se
na Vila de Mamalus e seguiram para a Vila de Aisik.

172. Na Vila de Aisik, Jaime da Costa Nunes e Bendito de Jesus, também


conhecido como Bene Leki foram visitar Martinho do Rego e Abel Pereira, que
eram respectivamente, o pai e o irmão de Jaime da Costa.

173. Na noite daquele mesmo dia Martinho do Rego convocou Raimundo de


Oliviera, também conhecido como Raimundo Mali para ir a sua casa e receber
as cédulas de voto de Jaime da Costa Nunes e Bendito de Jesus, também
conhecido como Bene Leki. Quando chegou, Jaime da Costa Nunes e Bendito
de Jesus, também conhecido como Bene Leki deram-lhes as restantes cédulas
para distribuição.

174. A 26 de Agosto de 1999, membros da milícia Laksaur sob o comando e


controle de Henrikus Mali e Baltazar Da Costa Nunes, incluindo Vencen Tuas,
Agus Bere, Damianus da Costa Nunes e Lorencio da Costa Nunes foram
procurar Jaime da Costa Nunes na sua casa.

175. A 27 de Agosto de 1999, ou por essa altura, cerca das 7:00hrs, Jaime da
Costa Nunes estava escondido nos arbustos na área de Aikfotu na Aldeia de
Mota Ulun.

176. Nesse momento, Damianus da Costa Nunes, José Pereira, também


conhecido como Manek Pahak e Manek Casa e Manuel Luan (todos membros
da milícia Laksaur sob o comando e controle de Henrikus Mali e Baltazar Da
Costa Nunes) acompanhados por um aldeão andavam pela estrada quando
Damianus da Costa Nunes viu Jaime da Costa Nunes escondido nos arbustos.
Os milicianos estavam todos armados com espadas.

177. Damianus da Costa apanhou Jaime da Costa Nunes pelos braços e o


arrastou dos arbustos para a o caminho. Damianus da Costa então, segurou
Jaime da Costa Nunes firmemente enquanto José Pereira, também conhecido
como Manek Pahak e Manek Casa cortou a testa de Jaime da Costa Nunes
com uma machete. Damianus da Costa segurou depois outra vez Jaime da
Costa Nunes pelos braços e, José Pereira, também conhecido como Manek
Pahak e Manek Casa esfaqueou Jaime da Costa Nunes. Os milicianos atiraram
depois o seu corpo nos arbustos e enterraram-no mais tarde.

26
178. Jaime da Costa Nunes morreu em consequência do ataque. Depois de
matar Jaime da Costa Nunes, Damianus da Costa Nunes proibiu os aldeões da
vila de Mota Ulun de usarem o caminho onde o assassinato tinha ocorrido.

179. Por volta do meio-dia, milicianos, incluindo Baltazar da Costa Nunes,


Raul Halek (TNI), Simão Nahak (TNI) e Binu Ten foram para a casa onde a
mulher de Jaime da Costa estava escondida, e Raul Halek disse-lhe que Jaime
da Costa Nunes tinha sido assassinado.

180. No dia seguinte, José Pereira, também conhecido como Manek Pahak e
Manek Casa e Vincen Tuas, membro da milícia Laksaur sob o comando de
Henrikus Mali foram até à casa de Jaime da Costa Nunes e mostraram à sua
mulher um par de orelhas humanas e genitais e disseram que essas partes
humanas eram de Jaime da Costa Nunes.

DELITOS COMETIDOS ENTRE 05 de SETEMBRO DE 1999 E


15 de DEZEMBRO DE 1999 (PERÍODO PÓS-CONSULTA)

PRISÃO, DETENÇÃO, TORTURA E DESTRUIÇÃO DE PROPRIEDADE

181. Depois do anúncio do resultado da consulta popular, membros da milícia


Laksaur, Polri e das TNI retomaram a campanha de violência e terror contra a
população civil no Distrito de Covalima com maior intensidade.

182. A milícia, as TNI e a POLRI começaram a deportação/transferência da


população civil para Timor Ocidental na República da Indonésia.

183. Durante esse exercício, os supostos apoiantes da independência que


foram apreendidos foram mortos e outros detidos ilegalmente e
subsequentemente transferidos forçadamente ou deportados.

184. Em consequência da violência contra a população civil, muitos civis


foram esconder-se na floresta e outros na Igreja de Ave Maria em Suai por
temer pelas suas vidas.

Perseguição por Detenção Ilegal & Tortura de Agosto Ferneo, João


Amaral, Gaspar Gusmão, Bendito Maya, João Fernees, Caitano do
Carmo, Domingos do Carmo, Rui Gusmão, Jacinto (5 de Setembro
de 1999)

185. A 5 de Setembro de 1999, membros da milícia Laksaur liderada por


Maternus Bere e Olivio Tatoo Bau e cerca de 4 oficiais de policia (Polri)
atacaram a vila de Asumaten onde prenderam vários aldeões incluindo Agosto
Ferneo, João Amaral, Gaspar Gusmão, Bendito Maya, João Fernees, Caitano do

27
Carmo, Domingos do Carmo, Rui Gusmão, e Jacinto todos apoiantes da
independência.

186. Os oficias da Milícia e da POLRI levaram Agosto Ferneo, João Amaral,


Gaspar Gusmão, Bendito Maya, João Fernees, Caitano do Carmo, Domingos do
Carmo, Rui Gusmão e Jacinto para o posto da Polri.

187. Agosto Ferneo, João Amaral, Gaspar Gusmão, Bendito Maya, João
Fernees, Caitano do Carmo, Domingos do Carmo, Rui Gusmão, e Jacinto foram
obrigados a despirem-se e foram detidos numa cela no posto da POLRI.

188. Durante o período de sua detenção os aldeões foram espancados por


membros da milícia e oficiais da polícia.

189. Os aldeões ficaram detidos na Polri até 11 de Setembro de 1999.


Durante os 6 dias da sua detenção, só receberam comida durante três dias. Em
consequência dos maus tratos, Agosto Ferneo, João Amaral, Gaspar Gusmão,
Bendito Maya, João Fernees, Caitano do Carmo, Domingos do Carmo, Rui
Gusmão e Jacinto sofreram ferimentos graves.

Actos desumanos contra Manuel Mendes ( 5 de Setembro de 1999)

190. Manuel Mendes era um apoiante activo da independência e chefe de


investigação para o CNRT em Suai. Foi informado que os milicianos Olivio
Moruk, Egidio Manek e Joséph Bere estavam à procura dele.

191. A 5 de Setembro de 1999, Manuel Mendes regressava da igreja de Suai


para a sua casa para preparar a sua fuga para as montanhas em segurança.

192. O integrante da milícia Laksaur, Olivio Tatoo Bau, e o membro das TNI
Raul Halek viram Manuel Mendes a entrar em sua casa. Olivio Tatoo Bau
esfaqueou Manuel Mendes nas costas mas ele conseguiu fugir. Manuel Mendes
sofreu graves ferimentos em consequência do ataque.

Perseguição por detenção ilegal & tortura de Francisco da Cruz


Luan & Agapito Mau In Foholulik (17 de Setembro de 1999)

193. Em 1999 Francisco da Cruz Luan e Agapito Mau eram apoiantes da


independência e membros clandestinos do CNRT e moravam em Foholulik.
Depois do anúncio do resultado da consulta popular os aldeões de Foholulik
fugiram para as florestas das redondezas temendo pelas suas vidas . Fugiram
para a floresta Jupal Gue onde se esconderam da milícia e das TNI

194. A 17 de Setembro de 1999, membros da milícia


Laksaur sob o comando e controle de Olivio Moruk e Egidio Manek inclusive
Mateus Bau, Anton Anis e membros das TNI incluindo Petrus Seran, Graciano
Hale e Augustino Hale foram para floresta Jupal Gue procurando por civis ali
escondidos.

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195. Os milicianos e as TNI encontraram Francisco da
Cruz Luan e Agapito Mau e os outros aldeões nos seus esconderijos e
prenderam-nos. Levaram os aldeões de volta para Foholulik e detiveram-nos
num quarto do Hospital Beidais que estava em frente ao Koramil em Foholulik.
Durante o período da sua detenção, os aldeões foram vigiados por membros da
milícia e das TNI.

196. A 18 de Setembro de 1999, Francisco da Cruz Luan


e Agapito Mau foram levados para o Koramil onde foram interrogados sobre
suas actividades clandestinas. Durante o interrogatório, foram severamente
espancados pelo Sgt. Major Harun Tateny, (Comandante das TNI em Foholulik),
Miguel Saek e Venancio Tes.

197. Francisco da Cruz Luan e Agapito Mau receberam ordens para aguardar
fora do Koramil e fazer homenagem à bandeira Indonésia levantando a cabeça
e olhando para a bandeira.

198. Francisco da Cruz Luan e Agapito Mau foram


obrigados a isto durante quase uma hora. Francisco da Cruz Luan e Agapito
Mau foram levados de volta ao Hospital de Beidasi onde ficaram detidos até 19
de Setembro de 1999.

HOMICÍDIO, EXTERMINAÇÃO E DESAPARECIMENTO FORÇADO

Homicídio de Raimundo de Oliviera, também conhecido como


Raimundo Mali, Martinho do Rego e Abel Pereira (4 de Setembro de
1999)

199. Depois da consulta popular, a milícia Laksaur sediada em Fatumean


executou uma operação que envolvia a detenção de civis vistos como apoiantes
da independência.

200. A 30 de Agosto de 1999, Raimundo de Oliviera informou a sua mulher,


Abel Pereira, Martinho do Rego e sua mulher que a milícia Laksaur queria raptá-
los e matá-los porque eles sabiam da distribuição das células de voto aos
aldeões Raimundo de Oliviera e a sua mulher , Abel Pereira, Martinho do Rego
e a sua mulher decidiram ir para Fohorem, passaram uma noite no sub distrito
de Fohorem, na Vila de Dato Rua, na Aldeia de Haeoan Fatulidun e no dia
seguinte seguiram para Fohorem. Chegaram à igreja a 31 de Agosto de 1999.

201. A 1 de Setembro de 1999, aproximadamente às 7:00 hrs Raimundo de


Oliviera, a sua mulher Abel Pereira, Martinho do Rego e a sua mulher foram
para a casa do padre. Enquanto se refugiavam ali, membros da milícia Laksaur
atacaram a casa e atiraram pedras para a casa. Os milicinaos informaram ao
padre que os aldeões tinham de sair da sua casa. A mulher de Raimundo de
Oliviera, Abel Pereira, Martinho do Rego e sua mulher foram para uma casa
perto da igreja. Logo depois, os membros da milícia Laksaur atacaram o prédio
e saquearam a casa. A milícia reconheceu a mulher de Raimundo de Oliviera,
Abel Pereira, Martinho do Rego e a sua mulher e prendeu-os. Foram levados

29
para o rio Mausae onde foram espancados por milicianos incluindo Damaio da
Costa Nunes, também conhecido como Damianus e Petrus Suri Bisi e Taek
Kasa que depois bateu em Abel Pereira e na mulher de Martinho do Rego e
abusaram verbalmente deles.

202. A milícia levou Martinho do Rego, Abel Pereira e as duas mulheres para
a casa de Baltazar da Costa Nunes onde foram detidos, interrogados e onde os
homens foram espancados. Mais tarde naquele mesmo dia, Yacobus Bere
(comandante de pelotão da milícia em Fatumean) prendeu Raimundo de
Oliviera, também conhecido como Raimundo Mali e levou-o para a casa de
Baltazar da Costa Nunes. Também foi interrogado sobre ter encorajado os
aldeões a fugirem para Fohorem. Lá, Raimundo de Oliviera, Martinho do Rego
e Abel Pereira foram de novo espancados por membros da milícia Laksaur. Os
milicianos que participaram no espancamento foram Henrikus Mali, Petrus Lau,
Zeremias, também conhecido como Meas, Vinven Susar e Gabsuri.

203. Raimundo de Oliviera, a sua mulher, Abel Pereira, Martinho do Rego e


sua mulher, foram levados para a sede da milícia em Belulik Leten, no Sub-
Distrito de Fotemean (que era também o koramil). Na sede da milícia,
Raimundo de Oliviera, Abel Pereira e Martinho do Rego foram espancados
outra vez.

204. A 4 de Setembro de 1999, a milícia libertou as duas mulheres.

205. Na sede em Belulik Leten, Raimundo de Oliviera, Abel Pereira e


Martinho do Rego foram mortos por Henrikus Mali, Gabsuri e Vincen Susar.

206. Sob as ordens de Henrikus Mali os corpos de Raimundo de Oliviera,


Abel Pereira e Martinho do Rego foram levados para Timor Ocidental e deixados
numa localidade perto de Atambua.

Homicídio de Felix Mali (5 de Setembro de 1999)

207. Felix Mali vivia com a sua mulher e dois filhos na Aldeia de Sukaer Laran,
Vila de Debos, no Sub-distrito de Suai, Distrito de Covalima. Em 1986 Felix
Mali tornou-se membro da Korenti Mate Fatin, um grupo clandestino que apoiava
os membros da Falintil na floresta.

208. Em 1988, Felix Mali foi nomeado líder da Korenti Mate Fatin. Tinha uma
deficiência física e não podia andar.

209. A 5 de Setembro de 1999, por volta das 3:00 hrs, membros da milícia
Laksaur, incluindo Olivio Tatoo Bau, Joanico Gusmão, Vintura Logore, Paulus
Orun e Ceiro armados com espingardas e espadas saquearam a Aldeia de
Sukaer Laran.

210. Olivio Tatoo Bau estava armado com uma pistola e Joanico Gusmão
com uma espada.

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211. Quando a milícia atacou, Felix Mali estava em sua casa. Os membros da
milícia Laksaur atearam fogo às casas vizinhas e de depois à casa de Felix Mali.
Joanico Gusmão forçou a entrada na casa.

212. Joanico Gusmão saiu da casa de Felix Mali e foi à casa de Fernando
Pereira e mandou que todos saissem da casa porque os milicianos iam queimá-
la. A milícia mandou-os entrar no camião estacionado perto da casa de Felix
Mali.

213. Joanico Gusmão voltou à casa de Felix Mali e matou-o golpeando-o nas
costas com uma espada.

214. A milícia então levou à força os aldeões da Aldeia de Sukaer Laran para
Timor Ocidental.

Massacre na Igreja de Suai (6 de Setembro de 1999)

215. Entre Janeiro de 1999 e Setembro 1999, membros da milícia Laksaur


sob o comando e controle de Olivio Moruk, Egidio Manek, Maternus Bere,
Cosmas Amaral e Pedro Teles, e membros das TNI e da Polri no Distrito de
Covalima aterrorizaram os civis tidos como apoiantes da independência.

216. Como resultado da campanha de terror e violência da milícia, as TNI e a


POLRI, aldeões de Suai, Fohorem, Fatululik, Tilomar, Fatumean e Zumalai
refugiaram-se na Igreja de Suai temendo por suas vidas.

217. Depois da consulta popular e antes do anúncio do resultado, membros


da milícia Laksaur armados e das TNI patrulharam a área da igreja e
ameaçaram civis que procuravam refúgio ali.

218. A 4 de Setembro de 1999 depois do anúncio dos resultados da consulta


popular e a 5 de Setembro de 1999, membros da milícia Laksaur armados com
espingardas, espadas e machetes e membros das TNI sob o comando e
controle do Ten. Cor. Lilik Kushardianto continuaram a cercar o recinto da igreja
e começaram a disparar para o ar ameaçando os aldeões que estavam
escondidos na igreja.

219. Como resultado do tiroteio e das ameaças pelas TNI e a milícia, a 5 de


Setembro de 1999, ou por essa altura, o Padre Tarsisius Dewanto foi ao posto
da POLRI em Suai e informou o Ten. Cor. Gatot Subiaktoro (Comandante da
POLRI) a respeito da situação e pediu segurança para os aldeões que estavam
escondidos na igreja.

220. O Ten. Cor. Gatot Subiaktoro assegurou a Tarsisius Dewanto que ele
arranjaria segurança para a igreja a os aldeões ali escondidos.

221. A 5 de Setembro de 1999, ou por essa altura, o Padre Hilario Madeira


disse aos aldeões que a igreja não era segura para eles e que poderiam sofrer
um ataque na igreja pela milícia e asTNI. O Padre Hilario aconselhou os
aldeões a saírem da igreja e a procurar refúgio noutro lugar. Cerca de 500

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aldeões fugiram do recinto da igreja para se esconderem nas florestas das
redondezas.

222. Na manhã de 6 de Setembro de 1999, cerca de dois membros da milícia


Laksaur Milícia, incluindo Joanico Gusmão, vieram à igreja de Suai e informaram
o Padre Hilario Madeira que os aldeões deviam ir para Timor Ocidental e que
mandariam camiões para o transporte dos aldeões.

223. Por volta das 8:00hrs do dia 6 de Setembro de 1999, um camião cheio de
soldados das TNI chegou ao Koramil de Salele que também era também a sede
da milícia Laksaur em Salele. Um oficial das TNI desceu do camião e entrou no
Koramil e falou com Olivio Moruk, enquanto membros da milícia Laksaur
formaram uma fila e fora do Koramil e foram supervisionados por Egidio Manek.

224. Depois, Olivio Moruk falou com o oficial das TNI e deu ordens aos
membros da Milícia Laksaur presentes para atacar a Igreja de Ave Maria em
Suai naquele dia.

225. Membros da milícia Laksaur sob o comando e controlo de Olivio Moruk e


Egidio Manek deixaram o Koramil em Salele e foram para o Kodim em Suai. No
caminho, Egidio Manek mandou milicianos das redondezas se reunirem no
Kodim em Suai.

226. No Kodim em Suai, Olivio Moruk, Egidio Manek, Pedro Teles e


Maternus Bere foram ao gabinete do Kodim enquanto a milícia reunida lá fora
esperava que os comandantes saíssem Olivio Moruk, Egidio Manek, Pedro
Teles e Maternus Bere estavam armados com espingardas e outros membros
da milícia Laksaur estavam armados com espingardas, espadas e machetes.

227. Logo depois, os comandantes da Milícia Laksaur e vários membros das


milícias deixaram o Kodim e reuniram-se na casa de Herman Sedyono. Os
milicianos estavam armados com espingardas, espadas e machetes.

228. Por volta das 14:30 hrs, membros da milícia Laksaur deixaram a casa
de Herman Sedyono, o administrador (Bupati) do Distrito de Covalima e foram
em direcção à igreja de Suai. Herman Sedyono seguiu atrás vestido com
uniforme das TNI e armado com uma espingarda.

229. Quando chegaram à Igreja, membros da Milícia Laksaur e das TNI


tinham cercado o recinto da igreja.

230. Duas granadas foram atiradas para o recinto da igreja e depois a milícia
e as TNI começaram a disparar contra a igreja.

231. A milícia e as TNI entraram depois no recinto da Igreja e atacaram os


aldeões escondidos ali.

232. Durante o ataque, as TNI e membros da Milícia Laksaur mataram muitos


civis incluindo três padres, Padre Hilario Madeira, Padre Francisco Soares e

32
Padre Tarsisius Dewanto e mulheres e crianças. Entre 27 a 200 civis foram
mortos durante o ataque e muitos ficaram feridos.

233. Herman Sedyono, o Ten. Sugito, Olivio Moruk, Egidio Manek, Maternus
Bere e Pedro Teles estavam presentes e particiaram no ataque. Membros da
milícia Laksaur sob comando e controle de Olivio Moruk e Egidio Manek
incluindo, Olivio Tatoo Bau, Zito da Silva vulgo Zito Saek, Joaquim Berek
também conhecido como Berek Bot, Alipio Gusmão também conhecido
como Alipio Mau, Gabriel Nahak, Domingos Mali também conhecido como
Bete Aloi, Illidio Gusmão, Noberto Xiemenes, Miguel Mau, Bosko Seran,
Paulus Berek, Juliano Tahu, Alberto Mali, e Antonio Moruk também participaram
no ataque.

234. Depois do ataque, membros da milícia Laksaur e das TNI levaram os


civis sobreviventes à força para o recinto do Kodim em Suai e muitos deles
foram obrigados a entrar no edifício da escola. Os aldeões ficaram detidos lá
cerca de 8 dias antes de que os membros da Milícia Laksaur e das TNI o
levassem obrigados para Timor Ocidental.

235. Egidio Manek raptou Juliana dos Santos, também conhecida como Lola
que estava escondida na igreja de Suai na maior parte do tempo e anunciou que
Juliana seria a sua esposa a partir daquele momento. Juliana foi levada à força
para Timor Ocidental.

236. A 7 de Setembro de 1999, aproximadamente às 7:hrs, membros das TNI,


incluindo o Ten. Crl. Achmad Mas Agus e o Ten. Sugito, e membros da Milícia
Laksaur incluindo Egidio Manek foram para o recinto da igreja e reuniram todos
os corpos que estavam ali. Alguns dos corpos foram empilhados e queimados.
Mais tarde todos os corpos foram colocados nos camiões e levados para Timor
Ocidental, onde se desfizeram dos mesmos.

237. A 22 de Novembro de 1999, aproximadamente 27 corpos de vítimas do


massacre na Igreja de Suai foram resgatados sob a direcção da Comissão de
Inquisição Nacional Indonésia em Timor-Leste de valas comuns em Timor
Ocidental

Perseguição (rapto) de Albino Nahak, também conhecido como


Albino de Niri (6 de Setembro de 1999)

238. Em Setembro de 1999, membros da Milícia Laksaur mandaram aldeões


para Timor Ocidental. A 6 de Setembro de 1999, Albino Nahak, também
conhecido como Albino de Niri estava juntamente com outros aldeões à espera,
na berma da estrada em Suai, por transporte para ir para Timor Ocidental.

239. Enquanto os aldeões estavam espera na estrada, membros da milícia


Laksaur sob o comando de Henrikus Mali, a saber, Baltazar da Costa Nunes e
Damaio da Costa Nunes, também conhecido como Damianus chegaram numa
motocicleta. Baltazar da Costa Nunes e Damaio da Costa Nunes, também
conhecido como Damianus estavam armados com uma arma de fogo e uma
faca, respectivamente. Quando a milícia chegou, Damaio da Costa Nunes,

33
também conhecido como Damianus identificou Albino Nahak, também conhecido
como Albino de Niri como apoiante da independência.

240. Damaio da Costa Nunes, também conhecido como Damianus algemou


Albino Nahak, também conhecido como Albino de Niri nas suas costas e levou-o
na sua motocicleta. Albino Nahak, também conhecido como Albino de Niri foi
obrigado a sentar-se entre Baltazar da Costa Nunes e Damaio da Costa
Nunes, também conhecido como Damianus, na motocicleta e saíram. Albino
Nahak, também conhecido como Albino de Niri nunca mais foi visto. Algum
tempo depois de 6 de Setembro, familiares de Albino Nahak , também conhecido
como Albino de Niri foram informados de que ele tinha sido morto.

241. A 15 de Outubro de 1999, familiares de Albino Nahak, também conhecido


como Albino de Niri localizaram os seus restos mortais na Vila de Legore no
Sub-distrito de Suai e os enterraram-nos.

Homicídio de Agapito Amaral & Rosalina Belak (6 de Setembro de


1999)

242. Depois do anúncio do resultado da consulta popular a 4 de Setembro de


1999, a milícia Laksaur, sob o comando e controle de Henrikus Mali, começou
a registrar nomes de aldeões a ser deportados para Timor Ocidental, incluindo
os aldeões de Manekik do Sub-distrito de Fatumean no Distrito de Covalima

243. Agapito Amaral era um apoiante da independência que vivia na Vila de


Manekiik. Rosalina Belak era a mãe de Agapito Amaral.

244. A 6 de Setembro de 1999 Agapito Amaral, Graciano da Cruz e Francisco


de Araujo estavam na quinta de Francisco de Araujo na Vila de Makerloot.
Foram informados pela mulher de Francisco de Araujo, Rozalina, que a milícia
estava a registar os aldeões a ser levados para Timor Ocidental. Agapito Amaral
não queria que sua família fosse levada para Timor Ocidental.

245. Agapito Amaral, Graciano da Cruz e Francisco de Araujo regressaram à


Vila de Manekiik para descobrir por que os aldeões estavam a ser obrigados a ir
para Timor Ocidental. Agapito Amaral, Graciano da Cruz e Francisco de Araujo
traziam machetes.

246. Na Vila Siberen, Agapito Amaral, Graciano da Cruz e Francisco de


Araujo encontraram Yacobus Bere que estava armado com uma espingarda e
Petrus Fahik que estava armado com uma espada. Yacobus Bere (Comandante
de pelotão da milícia Laksaur no Sub-distrito de Fatumean) mandou Agapito
Amaral, Graciano da Cruz e Francisco de Araujo largarem as suas machetes.
Agapito Amaral recusou-se a largar a machete e Yacobus Bere atirou sobre o
seu estômago.

247. Depois de Agapito Amaral ter levado um tiro, Petrus Lau chegou ao local.
Sob as ordens de Yacobus Bere, Graciano da Cruz e Francisco de Araujo
levaram o corpo de Agapito Amaral para os arbustos.

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248. Petrus Lau percebeu que Agapito Amaral ainda estava vivo e informou
Yacobus Bere. Sob as ordens de Yacobus Bere Petrus Lau cortou a garganta de
Agapito Amaral. Agapito Amaral morreu em consequência do ataque.

249. Logo depois, Rosalina Cardoso Belak foi avisada que o seu filho Agapito
Amaral foi morto por membros da milícia Laksaur. Ao saber da morte do seu
filho, Rosalina Belak foi para perto do posto de milícia e insultou a milícia por
terem matado seu filho.

250. Ao escutar os insultos de Rosalina Belak, Henrikus Mali mandou os


membros da milícia Laksaur, incluindo Yacobus Bere, Marcurious de Deus e
Petrus Lau matarem Rosalina Cardoso Belak.

251. A milícia armada com armas de fogo e machetes foi à vila de Manekik
procura de Rosalina Belak para executar as ordens de Henrikus Mali. Foram à
sua casa e não a encontraram ali. A milícia foi ao local onde Agapito Amaral
tinha sido morto para ver se ela estava ali. Quando a milícia chegou lá,
encontraram Rosalina Belak a chorar sobre o cadáver de Agapito Amaral.

252. Marcurious de Deus Mali e Petrus Lau esfaquearam Rosalina Belak e


consequentemente mataram-na.

253. Yacobus Bere, Marcurious de Deus e Petrus Lau regressaram ao posto


da milícia e informaram Henrikus Mali que as suas ordens tinham sido
cumpridas.

254. Mais tarde, nessa mesma noite, Henrikus Mali mandou membros da
milícia se desfazerem do corpo de Agapito Amaral e Rosalina Cardoso Belak.
De acordo com suas ordens, membros da milícia, incluindo Marcurious de Deus,
regressaram ao lugar onde tinham deixado os corpos, amarraram os corpos e
jogaram-nos num penhasco.

Homicídio de José dos Reis ( 7 de Setembro 1999)

255. José dos Reis era um apoiante clandestino da Falintil e assistia membros
da Falintil escondidos nas montanhas.

256. Em 1999, membros da milícia Laksaur tomaram conhecimento das


actividades clandestinas de José dos Reis.

257. Em Abril de 1999, membros da milícia Laksaur procuravam por José dos
Reis. Os milicianos encontraram José dos Reis em sua casa e prenderam-no.
Foi levado para a sede da milícia em Legore. Mais tarde, naquele mesmo dia, a
milícia levou-o de volta para a sua casa.

258. A 5 de Setembro de 1999 membros da milícia Laksaur foram para a vila


de Mata Air, onde mandaram os aldeões saírem da vila e irem para Timor
Ocidental porque iriam queimar todas as casas. Todos os aldeões fugiram e
procuraram refúgio no recinto da Companhia Eléctrica na Vila de Mata Air. Na

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maior parte do tempo, José dos Reis e os seus familiares esconderam–se na
casa de outro aldeão, Viktor Laku.

259. A 6 de Setembro de 1999, Filomena Mendonça foi presa na vila de Mata


Air por membros da milícia Laksaur.

260. A 7 de Setembro de 1999 membros da milícia Laksaur, incluindo Damaio


da Costa Nunes, também conhecido como Damianus, Alipio Gusmão, também
conhecido como Alipio Mau, Simão Nahak (TNI), Baltazar da Costa Nunes e
Raul Hale (TNI) prendeu José dos Reis na casa de Victor Laku e levou-o para a
casa de Raul Halek (TNI), perto da casa de Victor Laku. Lá, os milicianos
amarraram José dos Reis e interrogaram-no sobre a razão porque ele não
deixou Timor-Leste e foi para Timor Ocidental.

261. José dos Reis disse à milícia que Timor-Leste era seu lar e que viveria
ou morreria apenas em Timor-Leste. José dos Reis foi severamente espancado
pela milícia.

262. A 7 de Setembro de 1999, Filomena Mendonça recebeu ordens para


entrar num camião e José dos Reis foi carregado e colocado no camião.

263. Alguns membros da milícia e das TNI entram no camião e foram embora,
e os outros seguiram o camião em motocicletas. Iam na direcção da Vila de
Maucatar.

264. No caminho para a Vila de Maucatar, o camião parou. Membros da


milícia Laksaur incluindo Damaio da Costa Nunes, também conhecido como
Damianus e Simão Nahak (TNI) arrastaram José dos Reis para fora do camião
para uma plantação próxima. Lá, Damaio da Costa Nunes, também conhecido
como Damianus esfaqueou José dos Reis no peito com uma faca, e Simão
Nahak, bateu nele com a parte de trás da espingarda. José dos Reis morreu em
consequência do ataque.

Homicídio de Domingos Bau Koli, também conhecido como


Domingos Andrade (7 de Setembro de 1999)

265. A 7 de Setembro de 1999, ou por essa altura, Domingos Bau Koli,


também conhecido como Domingos Andrade e outros aldeões, incluindo João
Leite, Arminda de Oliviera, Joséfina de Jesus e Anita da Costa decidiram deixar
a Vila de Kamanasa e ir para Timor Ocidental. Temiam ser presos por membros
da milícia Laksaur por serem apoiantes clandestinos da independência.

266. Domingos Bau Koli, também conhecido como Domingos Andrade e os


aldeões foram para a estrada onde esperaram por transporte para Timor
Ocidental.

267. Naquele dia, André Amaral viajava a caminho do Koramil em Suai onde
muitos outros aldeões procuravam refúgio.

36
268. Olivio Tatoo Bau e outros membros da milícia Laksaur estavam na área
a queimar casas. Ao chegar à Vila de Taboko em Suai, membros da milícia
Laksaur pararam André Amaral. Olivio Tatoo Bau então arrastou André Amaral
para fora do seu veículo.

269. Membros da milícia Laksaur bateram em André Amaral, algemaram as


suas mãos nas costas e obrigaram-no a entrar num Kijang dirigido por Olivio
Tatoo Bau.

270. Depois de André Amaral ter entrado no veículo, Olivio Tatoo Bau foi na
direção do Koramil. No caminho, milicianos viram Domingos Bau Koli, também
conhecido como Domingos Andrade e os outros aldeões na estrada.

271. Olivio Tatoo Bau parou o veículo e apontou uma arma para Domingos
Bau Koli e ordenou-o que entrasse no kijang azul que ele dirigia.

272. Domingos Bau Koli, também conhecido como Domingos Andrade


obedeceu e Olivio Tatoo Bau mandou João Leite e Josefina de Jesus entrarem
no veículo dirigido por Ameo (LNU). Eles também obedeceram. Antes de
saírem, Olivio Tatoo Bau revistou os bolsos de Domingos Bau Koli, e
encontrou uma máquina fotográfica e o seu diploma da universidade.

273. Olivio Tatoo Bau disse aos presentes que Domingos Bau Koli era um
jornalista e devia ser morto Olivio Tatoo Bau golpeou Domingos Bau Koli em
seu braço com a sua espada.

274. Os milicianos foram embora com os aldeões que tinham prendido.

275. Depois de ter percorrido uma pequena distância, a milícia mandou


Josefina de Jesus sair do veículo. Domingos Bau Koli e André Amaral ficaram no
veículo dirigido por Olivio Tatoo Bau.

276. Olivio Tatoo Bau e outros membros da milícia Laksaur e as pessoas


apreendidas seguiram para o Koramil de Suai

277. Por volta das 17:00hrs daquele dia, Olivio Tatoo Bau e outros membros
de milícia levaram as pessoas apreendidas em direcção à Vila de Fatukuan. Por
todo o caminho em direcção a Fatukuan, os milicianos bateram de forma
contínua em Domingos Bau Koli e André Amaral.

278. Quando os milicianos chegaram à área de floresta em Fatukuan, Olivio


Tatoo Bau parou o veículo e mandou Andre Amaral e Domingos Bau Koli
saírem do veículo.

279. Olivio Tatoo Bau apontou uma arma a Andre Amaral enquanto que os 5
milicianos armados com espadas levaram Domingos Bau Koli para ali perto e
mataram-no.

Perseguição (rapto) de Alfredo Nahak (7 de Setembro de 1999)

37
280. Alfredo Nahak era um apoiante activo da independência e membro
clandestino.

281. A 7 de Setembro de 1999, Alfredo Nahak e familiares decidiram deixar a


Vila de Kamanasa e ir para Timor Ocidental porque temiam ser mortos por
milicianos.

282. Deixaram a Vila de Kamanasa num camião. Quando chegaram ao


posto de milícia em Suai, membros da milícia Laksaur incluindo Olivio Tatoo
Bau, Adelino Nahak e Ameo pararam o camião.

283. Olivio Tatoo Bau viu Alfredo Nahak no camião e mandou-o sair. Nesse
momento, familiares de Alfredo Nahak disseram a Olivio Tatoo Bau que Alfredo
Nahak era um aldeão comum e não estava envolvido em política. Olivio Tatoo
Bau deixou Alfredo Nahak seguir.

284. Pouco depois do camião ter movido, Adelino Nahak correu atrás do
camião e ordenou ao condutor que parasse o camião. Adelino Nahak mandou a
Alfredo Nahak que saísse do camião.

285. Quando Alfredo Nahak saiu do camião, membros da milícia Laksaur


incluindo, Adelino Nahak, amarraram suas mãos nas costas e levaram-no para o
Kodim. Alfredo Nahak nunca mais foi visto.

286. Em Novembro de 1999, familiares encontraram os restos mortais de


Alfredo Nahak em Fatukuan.

Homicídio de Simplicio Doutel Sarmento (8 de Setembro de 1999)

287. A 8 de Setembro de 1999, Simplicio Doutel Sarmento, familiares seus e


outros aldeões decidiram deixar a vila onde moravam, Vila de Kamanasa porque
ouviram que pessoas tinham sido mortas na Igreja de Suai e que a milícia
estava a queimar casas em todos os sub-distritos de Covalima

288. Simplicio Doutel Sarmento dirigia sua motocicleta e a sua família seguia-
o num camião em direção a Timor Ocidental. Quando chegaram ao posto de
controlo da milícia em Salele, membros da milícia Laksaur mandaram que
parassem.

289. Membros da milícia Laksaur, incluindo Olivio Tatoo Bau e Americo


Mali, arrastaram Simplicio Doutel Sarmento da sua motocicleta. Sob ordens de
Olivio Tatoo Bau milicianos amarraram as mãos de Simplicio Doutel Sarmento
atrás das costas. Olivio Tatoo Bau esfaqueou Simplicio Doutel Sarmento com
uma faca. A milícia mandou o camião com os aldeões seguir viagem.

290. Simplicio Doutel Sarmento morreu em consequência do ataque.

38
Perseguição (rapto) de Manuel Noronha (8 de Setembro de 1999)

291. A 8 de Setembro de 1999, Manuel Noronha, acompanhado por vários


aldeões, entrou num camião e deixou a Vila de Kamanasa em direcção a Timor
Ocidental.

292. A caminho, em Fatukuan, Olivio Tatoo Bau e Americo Mali que


estavam num kijang azul estacionado na estrada pararam o caimão. Olivio
Tatoo Bau e Americo Mali estavam armados com uma pistola e uma espada
respectivamente.

293. Manuel Noronha foi arrastado para fora do camião e espancado por
Olivio Tatoo Bau e Americo Mali. Olivio Tatoo Bau e Americo Mali vedaram
os olhos de Manuel Noronha, amarraram suas mãos atrás das costas e o
colocaram-no no kijang.

294. Manuel Noronha nunca mais foi visto. Familiares de Manuel Noronha
encontraram os seus restos mortais depois do assassinato.

Homicídio de Paulus Xiemenes e Johanes Tahu & Attempted


Homicídio de Cancio Nahak (9 de Setembro de 1999)

295. Anibal do Rego era um apoiante clandestino da Falintil e assistia


membros da Falintil escondidos nas montanhas. Litu da Costa, Johanes Tahu,
Paulus Xiemenes e Cancio Nahak eram conhecidos apoiantes da
independência.

296. A 9 de Setembro de 1999, Anibal do Rego, Litu da Costa, Johanes Tahu,


Paulus Ximenes e Cancio Nahak foram presos em Suai pelo Ten. Sugito e
membros da milícia Laksaur, Alipio Gusmão, também conhecido como Alipio
Mau, Americo Mali, Francisco e Saulus. Na presença deles, Alipio Gusmão,
também conhecido como Alipio Mau informou o Ten. Sugito que Anibal do
Rego, Litu da Costa, Johanes Tahu, Paulus Ximenes e Cancio Nahak eram
apoiantes da independência e foi decidido pelo Ten. Sugito e Alipio Gusmão,
também conhecido como Alipio Mau que eles deveriam ser mortos.

297. Anibal do Rego, Litu da Costa, Johanes Tahu, Paulus Ximenes e Cancio
Nahak foram obrigados a entrar num veículo das TNI juntamente com membros
da milícia Laksaur a saber, Americo Mali, Francisco (Frans), Salus e Domingos.
Americo estava armado com uma espingarda e outros milicianos estavam
armados com espadas e machetes. O veículo TNI era conduzido pelo Ten.
Sugito em direcção à Vila de Kamenasa. Ten. Sugito parou o veículo perto do
Hospital Audian na Vila de Kamenasa, e mandou Anibal do Rego, Litu da
Costa, Johanes Tahu, Paulus Ximenes e Cancio Nahak sairem do veículo e
formarem uma fila.

298. O Ten. Sugito mandou os milicianos atirarem em Anibal do Rego, Litu da


Costa, Johanes Tahu, Paulus Ximenes e Cancio Nahak.

39
299. Paulus Ximenes, Cancio Nahak e Johanes Tahu foram atingidos um
depois do outro por Americo Mali. Americo Mali disse a Sugito que Anibal do
Rego e Litu da Costa eram respectivamente o sogro e o irmão de Eurico
Gutteres e deu ordens de que a milícia não os matassem. Depois de Americo
Mali os ter atingido, Domingos então esfaqueou Cancio Nahak e Johanes Tahu.
Quando as três vítimas estavam no chão, Saulus cortou as gargantas de
Paulus Ximenes, Cancio Nahak e Johanes Tahu. Paulus Xiemenes e Johanes
Tahu morreram em decorrência do ataque mas Cancio Nahak sobreviveu ao
ataque.

300. Acreditando que Paulus Ximenes, Cancio Nahak e Johanes Tahu


estivessem mortos como resultado das suas lesões, o Ten. Sugito mandou
Anibal do Rego e Litu da Costa entrarem no veículo junto com a milícia e
deixaram a Vila de Kamenasa.

301. No mesmo dia, Anibal do Rego e Litu da Costa foram levados para Timor
Ocidental.

Massacre de Laktos (12 de Setembro de 1999)

302. A Vila de Laktos é uma das vilas do Sub-distrito de Fohorem e é


composta por 4 aldeias, a saber, Kakaut, Fatuk Laran, Aululik e Kolobor.

303. Cosmas Amaral era comandante da milícia Laksaur em Fohorem e


Laurindo Agustino era o seu adjunto.

304. Em 1999, a milícia Laksaur em Fohorem dividia a sua sede com as


Milsas (organização dentro das TNI).

305. A Unidade TNI destacada em Laktos em 1999 era o Batalhão 143 sob o
comando de Ten. Ari.

306. Depois do anúncio do resultado da consulta popular, os aldeões de


Laktos esconderam-se nas montanhas temendo pelas suas vidas devido às
intimidações e ameaças feitas pela milícia. Os homens de Laktos organizaram-
se para guardar a vila e para avisar os outros quando vissem a milícia a
aproximar-se.

307. A 5 de Setembro de 1999, Cosmas Amaral acompanhado de outros


milicianos destacados em Fohorem, incluindo Raimundo Amaral, foram para
Salele onde Olivio Moruk disse aos respectivos Comandantes sub-distritais,
incluindo Cosmas Amaral, que a população civil tinha de ir para Timor Ocidental
e quem se recusasse seria morto.

308. A 12 de Setembro de 1999, membros do Batalhão 143 chegaram ao


quartel-general da milícia em Laktos. O Ten. Ari falou particularmente com
Cosmas Amaral enquanto os outros membros das TNI esperavam do lado de
fora.

40
309. Logo após a conversa, Cosmas Amaral reuniu os membros da milícia e
Laurindo Agustino mandou que fossem juntamente com as TNI e as Milsas para
Rai Ulun em Laktos. Foram informados que iam arranjar um cano de água
partido.

310. Depois das instruções, os milicianos conduzidos por Laurindo Agustino,


as milsas lideradas por Lito Lau e as TNI lideradas pelo Ten. Ari foram para Rai
Ulun com dois aldeões. Os milicianos estavam armados com machetes e
Laurindo Agusto estava armado com uma espingarda. Membros das milsas
estavam armados com machetes e seu comandante, Anito Lau estava armado
com uma espingarda. Todos os membros da TNI estavam armados com armas
de fogo. As TNI levavam latas de querosene.

311. O grupo dividiu-se em três grupos, e foram para Rai Ulun por vias
diferentes.

312. Depois de reparar o cano, o grupo com o Ten. Ari, Laurindo Agusto, Anito
Lau e aproximadamente 20 soldados das TNI e vários milicianos e milsas
seguiram para Rai Ulun.

313. Quando chegaram a Rai Ulun, os homens da vila estavam nas colinas a
observar a milícia, as TNI e as Milsas a avançarem na sua direcção. Ao se
aproximarem, os milicianos disseram aos aldeões que seriam levados para
Timor Ocidental.

314. Os aldeões estavam armados com machetes para se defenderem e


disseram à milícia, às TNI e às Milsas que não iriam para Timor Ocidental.

315. Os aldeões avançaram e as TNI, a milícia e as milsas começaram a


disparar contra os aldeões. Antonio Amaral Bau, Alberto Fereira, Ernesto
Carvalho Letto, Anito Coli, Anito Mali, Anito Bau, Daniel Monis Aci, Domingos
Amaral, Eurico Bau, Daniel Taek, Abel Soares Gomes, José do Rego, Geraldo
Amaral e Boaventura de Araujo foram mortos durante o ataque. A Milícia e as
TNI reuniram os corpos das vítimas e queimaram-nos.

316. O grupo deixou Rai Ulun e foi para a Vila de Laktos queimando todas as
casas no caminho. O grupo encontrou Boaventura e esfaqueou-o com
machetes. Boaventura morreu devido aos ferimentos.

Homicídio de Carlos Yosep e Patricio de Jesus Xiemenes Mauk na


Vila de Kulit, Sub-Distrito de Tilomar (15 de Setembro de 1999)

317. Carlos Yosep e Patricio de Jesus Xiemenes Mauk eram membros


clandestinos da Falintil.

318. A 14 de Setembro de 1999 houve uma reunião da Milícia Laksaur na Vila


de Kada em Timor Ocidental onde Olivio Moruk mandou todos os membros da
Milícia Laksaur regressarem a Timor-Leste e atacar a Vila de Kulit .

41
319. A 15 de Setembro de 1999, cerca de 150 membros da milícia Laksaur
voltaram a Timor-Leste para o Koramil na Vila de Salele, no Sub-Distrito de
Tilomar. No Koramil, Egidio Manek ordenou os milicianos atacar as vilas de
Kulit e Aidere, e prender todos os aldeões e matar aqueles que tentassem
escapar, assim como queimar todas as casas da vila.

320. Os milicianos dividiram-se em três grupos liderados por Egidio Manek,


Abiliio Hale e Lambertus Muti, respectivamente, e seguiram para a Vila de Kulit.

321. O grupo liderado por Abilio Hale era composto por milicianos incluindo
Alfredo Naka, Almeri Taek, Filipus Tae, Sebastiao Lau e Alex.

322. Carlos Yosep e Patricio de Jesus Xiemenes Mauk estavam na aldeia de


Aidere quando a milícia chegou. Ao ver a milícia chegar, Carlos Yosep e Patricio
de Jesus Xiemenes Mauk tentaram escapar

323. A milícia perseguiu e capturou Patricio de Jesus Xiemenes Mauk que foi
depois atacado e golpeado na nuca por Filipus Tae. Carlos Yosep também foi
capturado e morto por milicianos, incluindo Sebastiao Lau e Alex.

324. A milícia Laksaur ateou fogo e destruiu as casas dos aldeões nas vilas
de Kulit, Aidere e Tabolo.

Perseguição (rapto) de José Pereira Coli (19 de Setembro de 1999)

325. José Pereira Coli era um apoiante da independência. A 19 de Setembro


de 1999 José Pereira Coli foi preso na aldeia de Mota Ulun por membros da
milícia Laksaur, Baltazar da Costa Nunes e Albino Tilman.

326. A milícia amarrou as suas mãos nas costas e Baltazar da Costa Nunes e
Simão Nahak (TNI) levaram José Pereira Coli para o posto de milícia na Aldeia
de Alastehen. No posto da milícia, José Pereira Coli foi interrogado por João
Kehi, membro da milícia Laksaur, sobre a sua fuga para Díli e para Timor
Ocidental e o seu regresso para Mota Ulun. Os milicianos presentes incluíam
Baltazar da Costa Nunes, Albino Nahak, Simão Nahak (TNI), Constancio
Amaral Luan e Francisco dos Santos.

327. Depois do interrogatório, José Pereira Coli foi severamente espancado


por Simão Nahak. Simão Nahak depois levou José Pereira Coli na sua
motocicleta.

328. Depois de algum tempo, Simão Nahak regressou ao posto da milícia sem
José Pereira Coli. Jose Pereira Coli nunca mais foi visto.

329. Em Janeiro de 2000, os aldeões encontraram e queimaram os restos


mortais de José Pereira Coli.

ATAQUES POR MEMBROS DA MILÍCIA LAKSAUR AOS CIVIS


ESCONDIDOS NAS FLORESTAS DO DISTRITO DE COVALIMA

42
330. Depois do anúncio do resultado da consulta popular, muitos civis foram
esconder-se nas florestas e ao redor do Distrito de Covalima por temerem pelas
suas vidas e para evitar a deportação para Timor Ocidental.

331. Os comandantes da milícia Laksaur incluindo Olivio Moruk e Egidio


Manek, mandaram os seus membros para irem para as florestas procurar por
todos os que estivessem escondidos nas florestas e que os matassem.
Seguindo estas ordens, os membros da milícia Laksaur foram para a floresta e
atacaram os aldeões que estavam escondidos.

Homicídio de Titus Mali, Damiao Xiemenes e Januario Maya e actos


desumanos contra Juliana Moniz (25 de Setembro de 1999)

332. A 7 de Setembro de 1999, aldeões da Vila de Nikir fugiram para a


floresta para se esconderem da milícia e das TNI que perseguiam apoiantes da
independência e obrigavam os aldeões a irem para Timor Ocidental . Januario
Maya, Damaio Xiemenes Titus Mali e Juliana Moniz, estavam entre os que se
refugiaram na floresta Wea.

333. A 25 de Setembro de 1999, membros da milícia Laksaur atacaram a


floresta Wea e encontraram os aldeões de Nikir escondidos ali. Os milicianos
presentes incluíam Simoa da Silva, também conhecido como Simão Nahak
(TNI), Illidio Gusmão, Marcel Mendonça, Yosep Leki, Noberto Xiemenes, Juliao
Tahu, Charistiano Tae, Vitor Leecas, Zito da Silva, também conhecido como
Zito Saek, Zakarias Xiemenes, Kehi Asan, Gaspar Bau, Bene Asa, e Paulus
Moruk Kasak.

334. Os milicianos estavam armados com espingardas automáticas, espadas


e machetes. Simon da Silva, também conhecido como Simão Nahak (TNI) foi o
primeiro a ver os aldeões e a chamar a outra milícia.

335. Os milicianos começaram a disparar contra o grupo de aldeões. Titus


Mali, Damiao Xiemenes e Januario Maya foram mortos no ataque. Juliana
Moniz foi atingida por uma bala na perna e sofreu ferimentos graves. Outros
aldeões que estavam escondidos com eles conseguiram escapar ilesos.

336. A milícia prendeu Ermelinda Moniz, Mariana Moniz, Juliana Moniz,


Albano Xiemenes, Domingos Xiemenes, Pedro Xiemenes, Trimaria Xiemenes e
José Cardoso. Foram levados para Salele onde Olivio Moruk e Illidio Gusmão
os ordenaram para serem deportados para Timor Ocidental.

Homicídio de Paulino Cardoso, também conhecido como Lino


Cardoso (26 de Setembro de 1999)

337. A 4 de Setembro de 1999, ou por essa altura, aldeões da Vila de Wetabe


fugiram para a floresta para se esconderem da milícia e das TNI que
perseguiam apoiantes da independência e obrigavam os aldeões a irem para
Timor Ocidental . Paulino Cardoso, também conhecido como Lino Cardoso, e

43
cerca de outros 15 aldeões fugiram para a floresta de Mudasikun Forest, em
Salele.

338. A 26 de Setembro de 1999, ou por essa altura, oito aldeões do grupo de


aldeões de Wetabe, incluindo Paulino Cardoso, também conhecido como Lino
Cardoso, estavam a descansar num grupo na Floresta de Mudasikun, quando de
repente foram rodeados por cerca de 20 membros da milícia Laksaur. Entre os
membros da milícia Laksaur presentes estavam Ilidio Gusmao, Noberto
Xiemenes, Yosep Leki, Marcel Mendonca, Zito da Silva, também conhecido
como Zito da Silva, também conhecido como Zito Saek, Lambertus Muti,
Luan Akan e Christiano Donasimento.

339. Zito da Silva, também conhecido como Zito Saek ordenou os aldeões
para não correrem ou então ele dispararia. Depois disparou dois tiros para o ar.
Os aldeões dispersaram com medo e tentaram fugir. Illidio Gusmao atingiu seis
vezes a tiro Paulino Cardoso, também conhecido como Lino Cardoso, Noberto
Xiemenes atingiu a tiro duas vezes Paulino Cardoso, também conhecido como
Lino Cardoso. Paulino Cardoso, também conhecido como Lino Cardoso caiu no
chão. Noberto Xiemenes ordenou depois que Yosep Leki atirasse em Paulino
Cardoso, também conhecido como Lino Cardoso e Yosept Leki disparou duas
vezes sobre Paulino Cardoso, também conhecido como Lino Cardoso. Paulino
Cardoso, também conhecido como Lino Cardoso morreu em resultado do
ataque.

Homicídio de Domingos Barros, também conhecido como Domingos


Marsal (26 de Setembro de 1999)

340. Miguel da Cruz era membros das Falintil e um conhecido apoiante da


independência. Domingos Barros era irmão de Miguel da Cruz. Temendo pelas
suas vidas devido a ameaças dos membros da milícia Laksaur, Domingos
Barros e Miguel da Cruz procuraram refúgio na Igreja de Suai de 7 de Maio de
1999 até 5 de Setembro de 1999.

341. Depois do anúncio do resultado da consulta popular, Domingos Barros e


Miguel da Cruz, temendo que a milícia e as TNI pudessem atacar a igreja,
decidiram abandonar a igreja. Regressam a suas casas na Vila de Aidila Laran
em Suai onde descobriram que as suas casas tinham sido queimadas e
destruídas. Domingos Barros e Miguel da Cruz fugiram para a floresta Wesei a 5
de Setembro de 1999 e estiveram escondidos com outros apoiantes da
independência.

342. A 26 de Setembro de 1999, ou por essa altura, enquanto Domingos


Barros estava a cozinhar o pequeno-almoço, membros da Laksaur sob o
comando e controlo de Egidio Manek, incluindo Silvestre Atai, também
conhecido como Silvestre Berek atacaram o local onde os aldeões estavam
escondidos na floresta de Wesei. Durante o ataque, Domingos Barros foi
atingido no estômago. Silvestre Atai, também conhecido como Silvestre Berek
cortou a cabeça de Domingos Barros, e pegou na cabeça com as suas mãos e
segurou-a dizendo “estas pessoas querem a independência”.

44
343. Miguel da Cruz fugiu do local e regressou no dia seguinte ao local do
ataque e encontrou os restos mortais de Domingos Barros.

Homicídio de Fredrico Barros, Lorenzo Gusmao & Nazario Gutteres (5


de Outubro)

344. Sob as ordens de Olvio Moruk, Egidio Manek e Pedro Tele, membros
da milícia Laksaur comandados por Olivio Tatoo Bau atacaram a Vila de
Lookeu e a floresta Laketo das redondezas.

345. No dia 5 de Outubro de 1999, ou por essa altura, o grupo de milícia,


incluindo Xisto Barros, Joaquim do Carmo, Cesar Mendonca, Marciano de
Andrade e Alberto comandados por Olivio Tatoo Bau atacaram a Vila de
Lookeu. Os milicianos estavam armados com espingardas e machetes. A milícia
começou a disparar na direcção dos aldeões que estavam a correr.

346. Xisto Barros e Cesar Mendonsa disparou sobre Fredrico Barros. Fredrico
Barros morreu em consequência do ataque.

347. Depois do ataque na Vila de Lookeu, o mesmo grupo da milícia Laksaur


comandados por Olivio Tatoo Bau atacaram a floresta de Laketo.

348. Lorenzo Gusmao e Nazario Gutteres estavam escondidos na floresta de


Laketo, juntamente com outros aldeões de Busu Kukun que temiam pelas suas
vidas devido à violência contra pessoas tidas como membros da milícia Laksaur
para serem apoiantes da independência.

349. Depois de ver os aldeões, os milicianos começaram a disparar as suas


armas contra os aldeões que se escondiam aí.

350. Durante o ataque, Lorenzo Gusmao e Nazario Gutteres foram mortos e


vários aldeões, incluindo Armando Soares Pereira, Fencio Soares Pereira e
Ermundo Soares (que era 5 anos mais velho na altura do ataque) sofreu
ferimentos físicos graves.

351. Depois do ataque os aldeões foram reunidos e foram levados à força


pela milícia para Timor Ocidental.

Homicídio de Luis Rosalino (5 de Outubro de 1999)

352. Luis Rosalino era um apoiante independente que vivia no Sub-distrito de


Suai.

353. Algures em Outubro de 1999, Luis Rosalino foi identificado por Alipio
Gusmao, também conhecido como Alipio Mau e membros da milícia Laksaur
enquanto estava sentado num camião com outros aldeões. Alipio Gusmao,
também conhecido como Alipio Mau queria usar o camião para transportar
painéis de zinco para Timor Ocidental. Alipio Gusmao, também conhecido

45
como Alipio Mau disse que os apoiantes do CNRT não queriam ir para Timor
Ocidental como refugiados não deveriam ter o camião.

354. Alipio Gusmao, também conhecido como Alipio Mau ordenaram


Ricardo de Andrade para matar Luis Rosalino. Ricardo de Andrade disparou
sobre Luis Rosalino. Luis Rosalino morreu em consequência do ataque.

Desaparecimento forçado de Apolinario Mau Joni, Edmundos Bere e


Yohanes Laku (17 de Outubro de 1999)

355. Apolinario Mau Joni, Edmundos Bere e Yohanes Laku eram apoiantes da
independência. Em 1999 Yohanes Laku era um funcionário local que trabalhava
para a UNAMET.

356. No dia 17 de Outubro de 1999, ou por essa altura, Apolinario Mau Joni,
Edmundos Bere e Yohanes Laku foram detidos por membros das TNI, incluindo
Budi Yawan Basuki e membros da milícia Laksaur, incluindo Domingos Mali,
também conhecido como Bete Aloi, e foram levados para o posto das TNI na
Vila de Bora, em Timor Ocidental, República da Indonésia. No posto das TNI,
Apolinario Mau Joni, Edmundos Bere e Yohanes Laku foram amarrados e
espancados.

357. Mais tarde no mesmo dia, a esposa de Yohanes Laku aproximou-se das
pessoas que tinham anteriormente detido Apolinario Mau Joni, Edmundos Bere
e Yohanes Laku, incluindo Budi Yawan Basuki, Domingos Mali, também
conhecido como Bete Aloi e Joao Mali, e perguntaram-lhes sobre o paradeiro
de Apolinario Mau Joni, Edmundos Bere e Yohanes Laku. Joao Mali disse-lhe
que Apolinario Mau Joni, Edmundos Bere e Yohanes Laku foram “atirados” e
Budi Yawan Basuki informou-a que foram levados para o hospital.

358. Apolinario Mau Joni, Edmundos Bere e Yohanes Laku nunca mais foram
vistos.

VIOLAÇÕES
VIOLAÇÃO DA VÍTIMA A, VÍTIMA B e VÍTIMA C (entre 5 e 7 de
Outubro de 1999)

359. A vítima A era a esposa de um líder do CNRT e uma apoiante


independente activa em Timor-Leste. No dia 28 de Fevereiro de 1999, ou por
essa altura, a vítima A e a sua família estavam na sua casa na Vila de Rumah
Murah com outros aldeões que eram apoiantes da independência, quando
membros da milícia Laksaur e as TNI os atacaram na sua casa. Alguns dos
aldeões conseguiram escapar. Jose Fatima Xavier, Elizeu Gusmao e Inacio
Amaral sofreram lesões sérias em resultado do ataque. Depois do ataque a
Vítima A e o seu marido procuraram refúgio na Igreja de Suai até 6 de Setembro
de 1999, quando os membros da milícia atacaram a Igreja de Suai.

360. A vítima B e o seu marido eram membros clandestinos da Falintil e


apoiantes da independência conhecidos. Como membro clandestino em 1999, a

46
vítima B costumava fornecer comida para membros das Falintil na Vila de
Salele. Algures em Fevereiro, a vítima B e o seu marido ouviram sobre os
ataques e assassínios da milícia de apoiantes da independência em Rumah
Murah. Temendo pelas suas vidas e segurança, a vítima B e o seu marido
procuraram refúgio na Igreja de Suai até 6 de Setembro de 1999, quando a
igreja foi atacada.

361. A vítima C era um membro clandestino das Falintil. Em 1999 a vítima C


vivia no Sub-distrito de Tilomar. A 27 de Fevereiro de 1999, ou por essa altura,
Caitano Mendonca de Araujo e Egidio Manek ameaçaram a vítima C de que a
milícia a iria matar a ela e à sua família se continuassem a apoiar a causa da
independência. Temendo pela sua vida e segurança como resultado da
ameaça, a vítima C procurou refúgio na Igreja de Suai até 6 de Setembro de
1999, quando a igreja foi atacada.

362. Depois do ataque na igreja a 6 de Setembro de 1999, membros da


milícia Laksaur reuniram os aldeões, incluindo a vítima A e a B e levaram-nas
para o KODIM em Suai. A vítima C e os seus três filhos e outros aldeões foram
levados para a escola secundária na cidade de Suai.

363. Durante a sua detenção, a vítima C foi repetidamente interrogada sobre o


paradeiro do seu irmão, que era um conhecido apoiante da independência. A
milícia ameaçou a vítima C de que ela seria violada se não revelasse o seu
paradeiro. A vítima C esteve detida na escola até 13 de Setembro de 1999.
Durante este período de detenção, os aldeões foram guardados pela milícia e as
TNI e não podiam sair da área da escola. No dia 13 de Setembro, ou por essa
altura, todos os aldeões detidos na escola foram levados à força para Timor
Ocidental em camiões.

364. A vítima B e a vítima C foram levadas para a Vila de Wemasa onde


ficaram em campos de refugiados e foram vigiadas pela milícia.

365. A 14 de Setembro, a vítima A, juntamente com outros aldeões foi levada


para Timor Ocidental em camiões conduzidos e escoltados por soldados das
TNI. A vítima A, juntamente com a sua mãe e o seu filho foram levados para um
campo de refugiados na Vila de Raihenek Oan, em Timor Ocidental, que era
também a sede da milícia em Timor Ocidental. Egidio Manek, Olivio Tatoo
Bau e Americo Mali também viviam na mesma área.

366. A 7 de Outubro de 1999, ou por essa altura, enquanto a vítima A estava


presente num funeral na mesma vila, Olivio Tatoo Bau e Damianus Bere vieram
para o local onde estava e ordenou-a para ir com ele para se apresentar ao
Danyon. Olivio Tatoo Bau estava armado com uma espingarda.

367. A vítima A, juntamente com o seu filho seguiu a milícia e entrou no carro
conduzido por Olivio Tatoo Bau. Egidio Manek, Francisco (também conhecido
como Frans), Damianus Bere e Gaspar Bau também estavam no carro. Estavam
todos vestidos em uniformes das TNI e armados com espingardas, excepto
Damianus Bere que estava armado com uma espada. Conduziram para o
campo de refugiados de Wemasa com a vítima A e o seu filho.

47
368. Depois de chegarem ao campo de refugiados, Egidio Manek e
Damianus Bere foram para o campo e trouxeram a vítima B e a vítima A.

369. Com Olivio Tatoo Bau a conduzir, a milícia levou a vítima A juntamente
com o seu filho, a vítima B e a vítima C para uma área florestada e pararam o
veículo.

370. Egidio Manek tirou à força a vítima A do veículo e levou-a um pouco


para longe onde a ameaçou matar. Depois teve relações sexuais com a vítima
A sem o seu consentimento.

371. Francisco, também conhecido como Frans levou a vítima B um pouco


para longe. Depois ameaçou a vítima B com a sua espingarda e teve relações
sexuais à força com ela sem o seu consentimento.

372. Olivio Tatoo Bau permaneceu no veículo com a vítima C. Olivio Tatoo
Bau ameaçou a vítima C com a sua espingarda. Depois teve relações sexuais
com a vítima C sem o seu consentimento.

373. Depois da vítima B regressar ao veículo, Olivio Tatoo Bau levou depois
a vítima B um pouco para longe e teve relações sexuais à força coma vítima B
sem o seu consentimento. O filho da vítima B estava com ela e viu a sua mãe a
ser violada por Francisco e Olivio Tatoo Bau.

VIOLAÇÃO DA VÍTIMA D (entre 6 de Setembro de 1999 e 15 de


Dezembro de 1999)

374. Depois do ataque na Igreja de Suai, a 6 de Setembro de 1999, a vítima


D, com o seu filho e outros aldeões foram levados para a escola secundária em
Suais onde ficaram até 13 de Setembro de 1999, onde foram levados para Timor
Ocidental pela milícia.

375. A 6 de Setembro de 1999, Gabriel Nahak levou a vítima e o seu filho e


fechou-os numa sala separada. A vítima D segurava o seu filho nos braços.
Gabriel Nahak tirou à força o seu filho dos seus braços e atirou-a para o chão.

376. Gabriel Nahak atou depois uma corda à volta dos tornozelos e atou a
outra ponta às pernas da mesa de forma a que as suas pernas estivessem
separadas. Gabriel Nahak teve depois relações sexuais com a vítima D sem o
seu consentimento. Gabriel Nahak desatou depois a corda das pernas da
vítima.

377. A vítima D estava com muito medo e permaneceu na sala com o seu
filho. Gabriel Nahak regressou algumas horas mais tarde e teve outra vez
relações sexuais à força com a vítima D. Entre 6 de Setembro de 1999 e 13 de
Setembro de 1999, Gabriel Nahak regressou à sala onde a vítima D estava e
teve relações sexuais com ela sem o seu consentimento, várias vezes.

48
378. No dia 13 de Setembro de 1999, a vítima D, o seu filho e outros aldeões
que estavam na escola secundária foram levados à força para Timor Ocidental
para a vila de Wemasa onde tiveram de ficar em campos de refugiados.

379. A 16 de Setembro de 1999, Gabriel Nahak, vestido num uniforme das


TNI e armado com uma espingarda foi para o campo de refugiados onde a
vítima D estava. Gabriel Nahak espancou a vítima D e ordenou-lhe que fosse
com ele.

380. A vítima D, temendo pela sua vida e segurança foi com Gabriel Nahak.
Levou a vítima D e o seu filho para a praia onde teve relações sexuais forçadas
com ela sem o seu consentimento. Gabriel Nahak deixou depois a vítima D na
praia e foi-se embora. Gabriel Nahak regressou algumas horas mais tarde e
teve outra vez relações sexuais com a vítima D contra a sua vontade. Gabriel
Nahak levou a vítima D para o campo de refugiados. Durante este tempo, o filho
da vítima D estava presente e viu a sua mãe a ser violada por Gabriel Nahak.

381. Entre 17 de Setembro de 1999 e 15 de Dezembro de 1999, Gabriel


Nahak teve relações sexuais repetidamente com a vítima D sem o seu
consentimento na presença do seu filho. Como resultado da repetida violência
sexual de Gabriel Nahak contra ela, a vítima D e o seu filho sofreram lesões
mentais e físicas graves.

DEPORTAÇÃO

382. A 5 de Setembro de 1999, ou por essa altura, Olivio


Moruk informou os respectivos comandantes de sub-distrito da milícia Laksaur
que a população civil tinha de ir para Timor Ocidental e quem se recusasse
deveria ser morto.

383. A 5 de Setembro de 1999, ou por essa altura, os


comandantes sub-distritais das milícias incluindo Egidio Manek, Maternus
Bere, Pedro Teles, Cosmas Amaral e Henrikus Mali e os milicianos e as TNI
começaram a deportar a população civil no Distrito de Covalima.

384. Depois do ataque à Igreja de Suai a 6 de Setembro de 1999, membros


da milícia Laksaur sob o comando de Olivio Moruk, Egidio Manek, Maternus
Bere, Pedro Teles e Henrikus Mali junto com as TNI reuniram todas as
mulheres sobreviventes do massacre e levaram-nas para o Kodim (1635 em
Suai) e para a escola secundária. As mulheres foram detidas aí durante 8 dias, e
durante esse período, foram vigiadas pela milícia e as TNI. Entre 13 e 14 de
Setembro, membros da milícia Laksaur e das TNI deportaram todas as mulheres
para vários locais em Timor Ocidental.

385. A 6 ou 7 de Setembro de 1999, Olivio Moruk guiou pela cidade de Suai


anunciando com um altifalante que se os aldeões ainda estivessem ali a 9 de
Setembro, morreriam. Muitos aldeões reuniram seus pertences e foram para a
estrada à espera de transporte para Timor Ocidental.

49
386. O Bupati (Administrador do Distrito), Herman Sedyono organizou
camiões para Timor Ocidental para levar aldeões para lá. Mais de 30 camiões
foram usados para transportar as pessoas para fora de Suai.

387. Em todos os outros sub-distritos de Covalima, os comandantes da milícia


e os seus subordinados em conjunto com as TNI deportaram milhares de civis
encontrados em Covalima. Os participantes na deportação incluiam Alipio
Gusmao, também conhecido como Alipio Mau, Olivio Tatoo Bau, Americo
Mali, Zito da Silva, também conhecido como Zito Saek, Illidio Gusmao,
Domingos Mali, também conhecido como Bete Aloi, Joaquim Berek,
também conhecido como Berek Bot, também conhecido como Berek Bot,
Baltazar da Costa Nunes, Yacubos Bere, Simao Nahak e Gabriel Nahak.

PERSEGUIÇÃO

388. Entre 27 de Janeiro de 1999 e 25 de Outubro de 1999 os comandantes


da milícia Laksaur, Egidio Manek, Maternus Bere, Hendrikus Mali, Pedro Teles
e Cosmas Amaral e membros da milícia sobre o seu comando e controlo,
embarcaram numa campanha organizada de intimidação, rapto, assalto, prisões
ilegais e detenções, destruição de propriedade de civis no Distrito de Covalima
que se julgava serem apoiantes da independência.

389. Essa campanha foi perpetrada, executada e conduzida por ou através


dos seguintes meios:

(a) Matar e ferir gravemente ou prejudicar supostos apoiantes da


independência, incluindo mulheres, crianças, idosos e doentes, ambos
durante o ataque ou depois de tais ataques;

(b) seleccionar, deter e prender os que eram vistos como apoiantes da


independência

(c) atacar vilas e cidades, coagir, intimidar, aterrorizar e causar a


fuga de civis de suas casas e vilas;

50
(d) abuso físico e psicológico, tratamento desumano, trabalho
forçado contra os que eram supostamente apoiantes da
independência.

(e) destruição extensiva de propriedade inclusive de moradias, edifícios do


governo, escolas e propriedade particular e animais domésticos, e

i. Depois do anúncio do resultado da consulta popular a 4 de


Setembro, ou por essa altura, os comandantes da milícia Laksaur,
incluindo Egidio Manek, Maternus Bere, Hendrikus Mali, Pedro
Teles e Cosmas Amaral ordenaram os membros da milícia Laksaur
sob o seu comando e controlo de queimar e destruir todos os
edifícios e estruturas no Distrito de Covalima, incluindo casas
particulares, edifícios governamentais e escolas. Os comandantes da
milícia Laksaur instruíram os membros da milícia Laksaur de que
nenhuma estrutura deveria permanecer não queimada
independentemente do proprietário ser apoiante da independência ou
da autonomia.

ii. Entre 4 de Setembro de 1999 e 25 de Outubro de


1999, membros da milícia Laksaur, incluindo
Alipio Gusmao, também conhecido como
Alipio Mau, Olivio “tattoo” Bau, Baltazar da
Costa Nunes, Gabriel Nahak, Americo Mali,
Zito da Silva, também conhecido como Zito
Saek, Domingos Mali, também conhecido
como Bete Aloi, Illidio Gusmao, Joaquim
Berek, também conhecido como Berek Bot e
Simao Nahak, de acordo com as ordens de
Egidio Manek, Maternus Bere, Hendrikus Mali,
Pedro Teles e Cosmas Amaral destruíram e
queimaram muitas casas particulares e edifícios
governamentais nos sub-distritos de Suai,
Fohorem, Fatumean, Tilomar e Fatululik .

iii. A 6 de Setembro de 1999, ou por essa altura, na


Igreja de Avé Maria, em Suai, membros da
milícia Laksaur queimaram uma parte da igreja.

iv. Os ataques sobre propriedade no Distrito de


Covalima por membros da milícia Laksaur,
causaram a destruição dos meios de
subsistência da população do Distrito de
Covalima.

51
IV. ALEGAÇÕES GERAIS

390. Por cada ponto de acusação por crimes contra a humanidade, os actos ou
omissões do acusado foram cometidos como parte de um ataque generalizado
ou sistemático dirigido contra a população civil, tendo como alvo especial
aqueles tidos como apoiantes da independência, relacionados ou simpatizantes
da acusa da independência de Timor-Leste, com conhecimento do ataque.

V. RESPONSABILIDADE CRIMINAL

Responsabilidade Criminal Individual


391. Para cada arguido acusado com responsabilidade individual nesta acusação, o
acusado é responsável sob a Secção 14 do Regulamento 2000/15 da UNTAET,
se:

“(a) cometer um crime, individual ou conjuntamente com outra ou através de


outra pessoa, independentemente de a outra pessoa ser criminalmente
responsável ou não;

(b) ordenar, solicitar ou incitar o cometimento de tal crime que ocorrer de facto
ou for tentado;

(c) para facilitar o cometimento desse crime, ajudar, instigar ou for cúmplice de
outra forma no seu cometimento ou tentativa, incluindo a facilitação de
meios para o seu cometimento;

(d) de qualquer outra forma contribua para o cometimento ou tentativa desse


crime por um grupo de pessoas agindo com propósito comum. A referida
contribuição será intencional e será:

(i) Feita com o propósito de dar sequência à


actividade ou propósito criminal do grupo,
quando tal actividade ou propósito envolver o
cometimento de um crime dentro da jurisdição
dos colectivos; ou
(ii) feita com o conhecimento da intenção do grupo
de cometer o crime; ...”

Responsibilidade Criminal Superior


392. Egidio Manek, Maternus Bere, Cosmas Amaral, Pedro Teles e Henrikus Mali
e Baltazar da Costa Nunes são criminalmente responsáveis como superiores
pelos actos dos ses subordinados de acordo com a Secção 16 do Regulamento
2000/15 da UNTAET. Responsabilidade criminal superior é a responsabilidade
de um superior pelos actos de seus subordinados se o superior “sabia ou tinha

52
qualquer razão para saber que seu subordinado esta prestes a cometer um
crime ou já o fez e o superior não tomou as devidas e necessárias medidas
para prevenir tais actos ou punir os perpetradores destes”.

VI DE ACORDO COM O DESCRITO ACIMA, O PROCURADOR-


GERAL ADJUNTO ACUSA:

Ponto de acusação 1. Crime contra a humanidade: Tortura

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 20
a 24 (inclusive), Alipio Gusmao, também conhecido como Alipio Mau e Americo
Mali são responsáveis como indivíduos pela tortura de Inacio Pereira, no dia 27 de
Janeiro, ou por essa altura, em Uma Murah, Sub-distrito de Tilomar, Distrito de
Covalima, como parte de um ataque generalizado e sistemático contra a população
civil com conhecimento do ataque tendo por isso cometido um CRIME CONTRA
HUMANIDADE, TORTURA, um crime estipulado no Artigo 5.1 (f) do Regulamento
2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 2. Crime contra a humanidade: Tortura

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 25
a 39 (inclusive), Egidio Manek, Cosmas Amaral, Alipio Gusmao, também
conhecido como Alipio Mau e Americo Mali são responsáveis como indivíduos ou
superiores pela tortura de Jose Fatima Xavier, Elizio Gusmao e Inacio Amaral, no
dia 26 de Janeiro, ou por essa altura, em Uma Murah, Sub-distrito de Tilomar,
Distrito de Covalima, como parte de um ataque generalizado e sistemático contra a
população civil com conhecimento do ataque tendo por isso cometido um CRIME
CONTRA HUMANIDADE, TORTURA, um crime estipulado no Artigo 5.1 (f) do
Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 3. Crime contra a humanidade: Tortura

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 40
a 44 (inclusive), Egidio Manek, Henrikus Mali e Americo Mali são responsáveis
como indivíduos ou superiores pela tortura de Jose Fatima Xavier, no dia 14 de Abril
de 1999, ou por essa altura, em Uma Murah, Sub-distrito de Tilomar, Distrito de
Covalima, como parte de um ataque generalizado e sistemático contra a população
civil com conhecimento do ataque tendo por isso cometido um CRIME CONTRA
HUMANIDADE, TORTURA, um crime estipulado no Artigo 5.1 (f) do Regulamento
2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 4. Crime contra a humanidade: Tortura

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 47
a 60 (inclusive), Henrikus Mali é responsável como indivíduo ou superior pela
tortura de Geraldo Orleans, Alfredo Freitas, Domingos dos Santos, Francisco Nahak,
Baltazar Maya e Domingos da Cruz, no dia 23 de Abril de 1999, ou por essa altura,
na Vila de Bulilik Leten , Sub-distrito de Fatumean, Distrito de Covalima, como parte
de um ataque generalizado e sistemático contra a população civil com conhecimento

53
do ataque tendo por isso cometido um CRIME CONTRA HUMANIDADE,
TORTURA, um crime estipulado no Artigo 5.1 (f) do Regulamento 2000/15 da
UNTAET.

Ponto de acusação 5. Crime contra a humanidade: Tortura

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 61
a 65 (inclusive), Egidio Manek, Alipio Gusmao, também conhecido como Alipio
Mau e Americo Mali são responsáveis como indivíduos ou superiores pela tortura
de Jose Cardoso e outros três indivíduos, no dia 23 de Abril de 1999, ou por essa
altura, em Nikir, Vila de Raihun, Sub-distrito de Tilomar, Distrito de Covalima, como
parte de um ataque generalizado e sistemático contra a população civil com
conhecimento do ataque tendo por isso cometido um CRIME CONTRA
HUMANIDADE, TORTURA, um crime estipulado no Artigo 5.1 (f) do Regulamento
2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 6. Crime contra a humanidade: Tortura

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 68
a 73 (inclusive), Egidio Manek, Alipio Gusmao, também conhecido como Alipio
Mau, Zito da Silva, também conhecido como Zito Saek, Joaquim Berek e
Americo Mali são responsáveis como indivíduos ou superiores pela tortura de
Cervasio Yosep, Balbina Maia, Rosalinda Abuk, Luizina Maia, Filipos Yosep, Daniel
Xiemenes, Markus Xiemenes, Jaime Cardoso e Teofilo da Silva, no dia 23 de Abril
de 1999, ou por essa altura, na Vila de Fatukmetan, Sub-distrito de Tilomar, Distrito
de Covalima, como parte de um ataque generalizado e sistemático contra a
população civil com conhecimento do ataque tendo por isso cometido um CRIME
CONTRA HUMANIDADE, TORTURA, um crime estipulado no Artigo 5.1 (f) do
Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 7. Crime contra a humanidade: Tortura

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 74
a 80 (inclusive), Maternus Bere e Domingos Mali, também conhecido como Bete
Aloi são responsáveis como indivíduos ou superiores pela tortura de Agustino
Gusmao, no dia 26 de Abril de 1999, ou por essa altura, na Vila de Legore, Sub-
distrito de Suais, Distrito de Covalima, como parte de um ataque generalizado e
sistemático contra a população civil com conhecimento do ataque tendo por isso
cometido um CRIME CONTRA HUMANIDADE, TORTURA, um crime estipulado no
Artigo 5.1 (f) do Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 8. Crime contra a humanidade: Tortura

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 81
a 88 (inclusive), Maternus Bere e Pedro Teles são responsáveis como indivíduos
ou superiores pela tortura de Francisco do Espiritu e Vicente Alves Quintao, no dia
26 de Abril de 1999, ou por essa altura, na Vila de Legore, Sub-distrito de Tilomar,
Distrito de Covalima, como parte de um ataque generalizado e sistemático contra a
população civil com conhecimento do ataque tendo por isso cometido um CRIME
CONTRA HUMANIDADE, TORTURA, um crime estipulado no Artigo 5.1 (f) do
Regulamento 2000/15 da UNTAET.

54
Ponto de acusação 9. Crime contra a humanidade: Perseguição (por
destruição de
Propriedade)

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 89
a 91 (inclusive), Egidio Manek, e Alipio Gusmao, também conhecido Alipio Mau
são responsáveis como indivíduos ou superiores por perseguição de aldeões na
Aldeia de Wetabe, Salele, Sub-distrito de Tilomar, Distrito de Covalima, incluindo
Orlando Berek, Petrus da Costa, Antonio Amaral, Joao Xiemenes, Mateus dos Reis,
Tome Nunes e Florindo Cardoso, como parte de um ataque generalizado e
sistemático contra a população civil com conhecimento do ataque tendo por isso
cometido um CRIME CONTRA HUMANIDADE, PERSEGUIÇÃO um crime
estipulado no Artigo 5.1 (h) do Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 10. Crime contra a humanidade: Tortura

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 92
a 96 (inclusive), Egidio Alipio Gusmao também conhecido como Alipio Mau,
Alipio Mau, Americo Mali, Joaquim Berek, também conhecido como Berek Bot
e Zito da Silva, também conhecido como Zito Saek são responsáveis como
indivíduos ou superiores pela tortura de Caetano Ximenes, Agustino Ximenes,
Americo da Silva, Antonio Amaral, Mariano Amaral, Francisco Amaral, Cervasio
Yosep, Loduficus Ulu e Orlando Berek, no dia 30 de Abril 1999, ou por essa altura,
em Salele, Sub-distrito de Tilomar, Distrito de Covalima, como parte de um ataque
generalizado e sistemático contra a população civil com conhecimento do ataque
tendo por isso cometido um CRIME CONTRA HUMANIDADE, TORTURA, um crime
estipulado no Artigo 5.1 (f) do Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 11. Crime contra a humanidade: Tortura

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 99
a 107 (inclusive), Egidio Manek, Alipio Gusmao, também conhecido como Alipio
Mau e Americo Mali são responsáveis como indivíduos ou superiores pela tortura
de Verissimo Xiemenes e Joao dos Nascimento, no dia 24 de Abril de 1999, ou por
essa altura, na Vila de Raihun, Sub-distrito de Tilomar, Distrito de Covalima, como
parte de um ataque generalizado e sistemático contra a população civil com
conhecimento do ataque tendo por isso cometido um CRIME CONTRA
HUMANIDADE, TORTURA, um crime estipulado no Artigo 5.1 (f) do Regulamento
2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 12. Crime contra a humanidade: Desaparecimento forçado

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 111
a 123 (inclusive), Maternus Bere, Ilidio Gusmao e Domingos Mali, também
conhecido como Bete Aloi são responsáveis como indivíduos ou superiores pelo
desaparecimento forçado de Marcal Amaral e Felix Amaral, no dia 19 de Abril de
1999, ou por essa altura, na Vila de Matai, Sub-distrito de Suai, Distrito de
Covalima, como parte de um ataque generalizado e sistemático contra a população
civil com conhecimento do ataque tendo por isso cometido um CRIME CONTRA

55
HUMANIDADE, DESAPARECIMENTO FORÇADO, um crime estipulado no Artigo
5.1 (i) do Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 13. Crime contra a humanidade: Homicídio

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 124
a 127 (inclusive), Egidio Manek é responsável como indivíduo ou superior pelo
homicídio de Sabino Gusmao, no dia 12 de Abril de 1999, ou por essa altura no
Sub-distrito de Suai, Distrito de Covalima, como parte de um ataque generalizado e
sistemático contra a população civil com conhecimento do ataque tendo por isso
cometido um CRIME CONTRA HUMANIDADE, HOMICÍDIO, um crime estipulado no
Artigo 5.1 (a) do Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 14. Crime contra a humanidade: Desaparecimento forçado

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 128
a 130 (inclusive), Egidio Manek é responsável como indivíduo ou superior pelo
desaparecimento forçado de Benedito dos Nascimento, no dia 23 de Abril de 1999,
ou por essa altura na Aldeia de Caicoli, Sub-distrito de Tilomar, Distrito de
Covalima, como parte de um ataque generalizado e sistemático contra a população
civil com conhecimento do ataque tendo por isso cometido um CRIME CONTRA
HUMANIDADE, DESAPARECIMENTO FORÇADO, um crime estipulado no Artigo
5.1 (i) do Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 15. Crime contra a humanidade: Homicídio

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 131
a 134 (inclusive), Egidio Manek é responsável como indivíduo ou superior pelo
homicídio de Alexio Xiemenes, Tomas Cardoso e Paulus Xiemenes, no dia 23 de
Abril de 1999, ou por essa altura, na Vila de Raihun, Sub-distrito de Tilomar, Distrito
de Covalima, como parte de um ataque generalizado e sistemático contra a
população civil com conhecimento do ataque tendo por isso cometido um CRIME
CONTRA HUMANIDADE, HOMICÍDIO, um crime estipulado no Artigo 5.1 (a) do
Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 16. Crime contra a humanidade: Homicídio

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 135
a 141 (inclusive), Egidio Manek e Joaquim Berek, também conhecido como
Berek Bot são responsáveis como indivíduos pelo homicídio de Lodificus Rabo, no
dia 23 de Abril de 1999, ou por essa altura, na Vila de Raihun, Sub-distrito de
Tilomar, Distrito de Covalima, como parte de um ataque generalizado e sistemático
contra a população civil com conhecimento do ataque tendo por isso cometido um
CRIME CONTRA HUMANIDADE, HOMICÍDIO, um crime estipulado no Artigo 5.1 (a)
do Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 17. Crime contra a humanidade: Homicídio

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 142
a 152 (inclusive), Pedro Teles e Domingos Mali, também conhecido como Bete

56
Aloi são responsáveis como indivíduos pelo homicídio de Jose Afonso Amaral, no
dia 13 de Maio de 1999, ou por essa altura, na Vila de Fatuloro, Sub-distrito de
Fatululik, Distrito de Covalima, como parte de um ataque generalizado e sistemático
contra a população civil com conhecimento do ataque tendo por isso cometido um
CRIME CONTRA HUMANIDADE, HOMICÍDIO, um crime estipulado no Artigo 5.1 (a)
do Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 18. Crime contra a humanidade: Tentativa de homicídio

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 142
a 152 (inclusive), Pedro Teles e Domingos Mali, também conhecido como Bete
Aloi são responsáveis como indivíduos pelo homicídio de Dinis Afonso Monis, no
dia 13 de Maio de 1999, ou por essa altura, na Vila de Fatuloro, Sub-distrito de
Fatululik, Distrito de Covalima, como parte de um ataque generalizado e sistemático
contra a população civil com conhecimento do ataque tendo por isso cometido um
CRIME CONTRA HUMANIDADE, TENTATIVA DE HOMICÍDIO, um crime estipulado
no Artigo 5.1 (a) e Artigo 14.3 (f) do Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 19. Crime contra a humanidade: Homicídio

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 153
a 157 (inclusive), Egidio Manek é responsável como superior pelo homicídio de
Domingos Martins e Gabriel Amaral, no dia 28 de Maio de 1999, ou por essa altura
na Floresta de Uma Wesei, Sub-distrito de Suai, Distrito de Covalima, como parte
de um ataque generalizado e sistemático contra a população civil com conhecimento
do ataque tendo por isso cometido um CRIME CONTRA HUMANIDADE,
HOMICÍDIO, um crime estipulado no Artigo 5.1 (a) do Regulamento 2000/15 da
UNTAET.

Ponto de acusação 20. Crime contra a humanidade: Homicídio

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 158
a 163 (inclusive), Henrikus Mali é responsável como indivíduo ou superior pelo
homicídio de Vasco Amaral, no dia 28 de Maio de 1999, ou por essa altura, na Vila
de Alastehenno, Sub-distrito de Fatumean, Distrito de Covalima, como parte de um
ataque generalizado e sistemático contra a população civil com conhecimento do
ataque tendo por isso cometido um CRIME CONTRA HUMANIDADE, HOMICÍDIO,
um crime estipulado no Artigo 5.1 (a) do Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 21. Crime contra a humanidade: Homicídio

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 164
a 180 (inclusive), Henrikus Mali e Baltazar da Costa Nunes são responsáveis
como superiores pelo homicídio de Jaime da Costa Nunes, no dia 27 de Agosto de
1999, ou por essa altura, na Aldeia de Mota Ulun, Sub-distrito de Fatumean, Distrito
de Covalima, como parte de um ataque generalizado e sistemático contra a
população civil com conhecimento do ataque tendo por isso cometido um CRIME
CONTRA HUMANIDADE, HOMICÍDIO, um crime estipulado no Artigo 5.1 (a) do
Regulamento 2000/15 da UNTAET.

57
Ponto de acusação 22. Crime contra a humanidade: Tortura

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 189
a 189 (inclusive), Maternus Bere e Olivio Tatoo Bau são responsáveis como
indivíduos ou superiores pela tortura de Agosto Fernando, Joao Amaral, Gaspar
Gusmao, Bendito Maya, Joao Fernandes, Caitano do Carmo, Domingos do Carmo,
Rui Gusmao e Jacinto , no dia 05 de Setembro de 1999, ou por essa altura, no Sub-
distrito de Suai, Distrito de Covalima, como parte de um ataque generalizado e
sistemático contra a população civil com conhecimento do ataque tendo por isso
cometido um CRIME CONTRA HUMANIDADE, TORTURA, um crime estipulado no
Artigo 5.1 (f) do Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 23. Crime contra a humanidade: Actos desumanos

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 190
a 192 (inclusive), Olivio Tatoo Bau é responsável como indivíduo por actos
desumanos contra Manuel Mendes, no dia 05 de Setembro de 1999, ou por essa
altura, no Sub-distrito de Suai, Distrito de Covalima, como parte de um ataque
generalizado e sistemático contra a população civil com conhecimento do ataque
tendo por isso cometido um CRIME CONTRA HUMANIDADE, ACTOS
DESUMANOS, um crime estipulado no Artigo 5.1 (k) do Regulamento 2000/15 da
UNTAET.

Ponto de acusação 24. Crime contra a humanidade: Tortura

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 193
a 196 (inclusive), Egidio Manek é responsável como superior pela tortura de
Francisco da Cruz Luan and Agapito Mau, no dia 17 de Setembro de 1999, ou por
essa altura, no Sub-distrito de Tilomar, Distrito de Covalima, como parte de um
ataque generalizado e sistemático contra a população civil com conhecimento do
ataque tendo por isso cometido um CRIME CONTRA HUMANIDADE, TORTURA,
um crime estipulado no Artigo 5.1 (f) do Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 25. Crime contra a humanidade: Homicídio

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 199
a 206 (inclusive), Henrikus Mali e Baltazar da Costa Nunes são responsáveis
como indivíduos pelo homicídio de Raimundo de Oliviera, também conhecido como
Raimundo Mali, Martinho do Rego e Abel Pereira, no dia 4 de Setembro de 1999, ou
por essa altura, na Vila de Belulik Leten, Sub-distrito de Fatumean, Distrito de
Covalima, como parte de um ataque generalizado e sistemático contra a população
civil com conhecimento do ataque tendo por isso cometido um CRIME CONTRA
HUMANIDADE, HOMICÍDIO, um crime estipulado no Artigo 5.1 (a) do Regulamento
2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 26. Crime contra a humanidade: Homicídio

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 207
a 213 (inclusive), Olivio Tatoo Bau é responsável como indivíduo pelo homicídio de
Felix Mali, no dia 5 de Setembro de 1999, ou por essa altura, em Debos, no Sub-
distrito de Suai, Distrito de Covalima, como parte de um ataque generalizado e

58
sistemático contra a população civil com conhecimento do ataque tendo por isso
cometido um CRIME CONTRA HUMANIDADE, HOMICÍDIO, um crime estipulado no
Artigo 5.1 (a) do Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 27. Crime contra a humanidade: Exterminação

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 215
a 237 (inclusive), Egidio Manek, Martenus Bere, Pedro Teles, Henrikus Mali,
Cosmas Amaral, Alipio Gusmao, também conhecido como Alipio Mau, Baltazar
da Costa Nunes, Domingos, também conhecido como Berek Bot, Olivio Tatoo
Bau, Americo Mali, Gabriel Nahak, e Zito da Silva, também conhecido como
Zito Saek são responsáveis como indivíduos ou superiores pelo extermínio de um
número desconhecido de civis, no dia 6 de Setembro de 1999, ou por essa altura,
na Igreja de Avé Maria, no Sub-distrito de Suai, Distrito de Covalima, incluindo o
Padre Hilario, Padre Dewanto e o Padre Francisco como parte de uma ataque
generalizado ou sistemático contra a população civil com conhecimento do ataque
tendo assim cometido um CRIME CONTRA A HUMANIDADE, HOMICÍDIO, um
crime estipulado no Artigo 5.1 (b) do Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 28. Crime contra a humanidade: Perseguição (rapto)

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 238
a 240 (inclusive), Baltazar da Costa Nunes é responsável como indivíduo pela
perseguição de Albino Nahak, também conhecido como Albino de Niri por o ter
raptado, no dia 6 de Setembro de 1999, ou por essa altura, no Sub-distrito de Suai,
Distrito de Covalima, como parte de um ataque generalizado e sistemático contra a
população civil com conhecimento do ataque tendo por isso cometido um CRIME
CONTRA HUMANIDADE, PERSEGUIÇÃO, um crime estipulado no Artigo 5.1 (h) do
Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 29. Crime contra a humanidade: Homicídio

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 242
a 254 (inclusive), Henrikus Mali é responsável como indivíduo ou superior pelo
homicídio de Agapito Amaral e Rosalina Belak, no dia 6 de Setembro de 1999, ou
por essa altura, na Vila de Manekiik, Sub-distrito de Fatumean, Distrito de
Covalima, como parte de um ataque generalizado e sistemático contra a população
civil com conhecimento do ataque tendo por isso cometido um CRIME CONTRA
HUMANIDADE, HOMICÍDIO, um crime estipulado no Artigo 5.1 (a) do Regulamento
2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 30. Crime contra a humanidade: Homicídio

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 255
a 264 (inclusive), Alipio Gusmao, também conhecido como Alipio Mau e
Baltazar da Costa Nunes são responsáveis como indivíduos pelo homicídio de
Jose dos Reis, no dia 7 de Setembro 1999, ou por essa altura, na Vila de Maucatar,
Distrito de Covalima, como parte de um ataque generalizado e sistemático contra a
população civil com o conhecimento do ataque tendo por isso cometido um CRIME
CONTRA HUMANIDADE, HOMICÍDIO, um crime estipulado no Artigo 5.1 (a) do
Regulamento 2000/15 da UNTAET.

59
Ponto de acusação 31. Crime contra a humanidade: Homicídio

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 265
a 279 (inclusive), Olivio Tatoo Bau é responsável como indivíduo pelo homicídio de
Domingos Bau Koli, também conhecido como Domingos Andrade, no dia 7 de
Setembro de 1999, ou por essa altura, no Sub-distrito de Suai, Distrito de Covalima,
como parte de um ataque generalizado e sistemático contra a população civil com
conhecimento do ataque tendo por isso cometido um CRIME CONTRA
HUMANIDADE, HOMICÍDIO, um crime estipulado no Artigo 5.1 (a) do Regulamento
2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 32. Crime contra a humanidade: Perseguição (rapto)

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 280
a 286 (inclusive), Olivio Tatoo Bau é responsável como indivíduo pela perseguição
de Alfredo Nahak, por o ter raptado, no dia 7 de Setembro de 1999, ou por essa
altura, no Sub-distrito de Suai, Distrito de Covalima, como parte de um ataque
generalizado e sistemático contra a população civil com conhecimento do ataque
tendo por isso cometido um CRIME CONTRA HUMANIDADE, PERSEGUIÇÃO, um
crime estipulado no Artigo 5.1 (h) do Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 33. Crime contra a humanidade: Homicídio

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 287
a 290 (inclusive), Olivio Tatoo Bau e Americo Mali são responsáveis como
indivíduos pelo homicídio de Simplicio Doutel Sarmento, no dia 8 de Setembro 1999,
ou por essa altura, no Sub-distrito de Suai, Distrito de Covalima, como parte de um
ataque generalizado e sistemático contra a população civil com conhecimento do
ataque tendo por isso cometido um CRIME CONTRA HUMANIDADE, HOMICÍDIO,
um crime estipulado no Artigo 5.1 (a) do Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 34. Crime contra a humanidade: Perseguição (rapto)

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 291
a 294 (inclusive), Olivio Tatoo Bau e Americo Mali são responsáveis como
indivíduos pela perseguição de Manuel Noronha, por o ter raptado, no dia 8 de
Setembro de 1999, ou por essa altura, no Sub-distrito de Suai, Distrito de Covalima,
como parte de um ataque generalizado e sistemático contra a população civil com
conhecimento do ataque tendo por isso cometido um CRIME CONTRA
HUMANIDADE, PERSEGUIÇÃO, um crime estipulado no Artigo 5.1 (h) do
Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 35. Crime contra a humanidade: Homicídio

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 295
a 300 (inclusive), Alipio Gusmao, também conhecido como Alipio Mau é
responsável como indivíduo pelo homicídio de Paulus Xiemenes e Johanes Tahu,
no dia 9 de Setembro de 1999, ou por essa altura, no Sub-distrito de Suai, Distrito
de Covalima, como parte de um ataque generalizado e sistemático contra a
população civil com conhecimento do ataque tendo por isso cometido um CRIME

60
CONTRA HUMANIDADE, HOMICÍDIO, um crime estipulado no Artigo 5.1 (a) do
Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 36. Crime contra a humanidade: Tentativa de homicídio

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 295
a 300 (inclusive), Alipio Gusmao, também conhecido como Alipio Mau é
responsável como indivíduo pela tentativa de homicídio de Cancio Nahak, no dia 9
de Setembro de 1999, ou por essa altura, no Sub-distrito de Suai, Distrito de
Covalima, como parte de um ataque generalizado e sistemático contra a população
civil com conhecimento do ataque tendo por isso cometido um CRIME CONTRA
HUMANIDADE, TENTATIVA DE HOMICÍDIO, um crime estipulado no Artigo 5.1 (a)
e no Artigo 14.3 (f) do Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 37. Crime contra a humanidade: Homicídio

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 295
a 300 (inclusive), Cosmas Amaral é responsável como superior pelo homicídio de
Antonio Amaral Bau, Alberto Fereira, Ernesto Carvalho Letto, Anito Coli, Anito Mali,
Anito Bau, Daniel Monis Aci, Domingos Amaral, Eurico Bau, Daniel Taek, Abel
Soares Gomes, Jose do Rego, Geraldo Amaral e Boaventura de Araujo, no dia 12
de Setembro de 1999, ou por essa altura, na Vila de Laktos, Sub-distrito de
Fohorem, Distrito de Covalima, como parte de um ataque generalizado ou
sistemático contra a população civil com conhecimento do ataque tendo assim
cometido um CRIME CONTRA HUMANIDADE, HOMICÍDIO, um crime estipulado no
Artigo 5.1(a) do Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 38. Crime contra a humanidade: Homicídio

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 317
a 324 (inclusive), Egidio Manek é responsável como indivíduo ou superior pelo
homicídio de Carlos Yosep e Patricio de Jesus Xiemenes Mauk, no dia 12 de
Setembro de 1999, ou por essa altura, na Vila de Kulit, Sub-distrito de Tilomar,
Distrito de Covalima, como parte de um ataque generalizado e sistemático contra a
população civil com conhecimento do ataque tendo por isso cometido um CRIME
CONTRA HUMANIDADE, HOMICÍDIO, um crime estipulado no Artigo 5.1 (a) do
Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 39. Crime contra a humanidade: Perseguição (rapto)

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 325
a 329 (inclusive), Baltazar da Costa Nunes é responsável como indivíduo pela
perseguição de Jose Pereira Coli , por o ter raptado, no dia 19 de Setembro de
1999, ou por essa altura, na Vila de Alastehen, Sub-distrito de Suai, Distrito de
Covalima, como parte de um ataque generalizado e sistemático contra a população
civil com conhecimento do ataque tendo por isso cometido um CRIME CONTRA
HUMANIDADE, PERSEGUIÇÃO, um crime estipulado no Artigo 5.1 (h) do
Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 40. Crime contra a humanidade: Homicídio

61
Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 330
a 335 (inclusive), Egidio Manek, Ilidio Gusmao, e Zito da Silva também
conhecido como Zito Saek são responsáveis como indivíduos ou superiores pelo
homicídio de Titus Mali, Damaio Xiemenes e Januario Maya, no dia 25 de Setembro
de 1999, ou por essa altura, na Floresta de Wea, Distrito de Covalima, como parte
de um ataque generalizado e sistemático contra a população civil com o
conhecimento do ataque tendo por isso cometido um CRIME CONTRA
HUMANIDADE, HOMICÍDIO, um crime estipulado no Artigo 5.1 (a) do Regulamento
2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 41. Crime contra a humanidade: Actos desumanos

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 330
a 335 (inclusive), Egidio Manek, Ilidio Gusmao, Zito da Silva também conhecido
como Zito Saek e Simao Nahak são responsáveis como indivíduos ou superiores
por actos desumanos contra Juliana Monis, no dia 25 de Setembro de 1999, ou por
essa altura, na Floresta de Wea, Distrito de Covalima, como parte de um ataque
generalizado e sistemático contra a população civil com o conhecimento do ataque
tendo por isso cometido um CRIME CONTRA HUMANIDADE, ACTOS
DESUMANOS, um crime estipulado no Artigo 5.1 (k) do Regulamento 2000/15 da
UNTAET.

Ponto de acusação 42. Crime contra a humanidade: Homicídio

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos
330, 331 e 337 a 339 (inclusive), Egidio Manek, Ilidio Gusmao, e Zito da Silva
também conhecido como Zito Saek são responsáveis como indivíduos ou
superiores pelo homicídio de Paulino Cardoso, também conhecido como Lino
Cardoso, no dia 26 de Setembro de 1999, ou por essa altura, na Floresta de
Mudasikun, Distrito de Covalima, como parte de um ataque generalizado e
sistemático contra a população civil com o conhecimento do ataque tendo por isso
cometido um CRIME CONTRA HUMANIDADE, HOMICÍDIO, um crime estipulado no
Artigo 5.1 (a) do Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 43. Crime contra a humanidade: Homicídio

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos
330, 331 e 340 a 343 (inclusive), Egidio Manek é responsável como superior pelo
homicídio de Domingos Barros, também conhecido como Domingo Marsal, no dia 26
de Setembro de 1999, ou por essa altura na Floresta Wesei, Sub-distrito de Suai,
Distrito de Covalima, como parte de um ataque generalizado e sistemático contra a
população civil com conhecimento do ataque tendo por isso cometido um CRIME
CONTRA HUMANIDADE, HOMICÍDIO, um crime estipulado no Artigo 5.1 (a) do
Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 44. Crime contra a humanidade: Homicídio

62
Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos
330, 331 e 344 a 351 (inclusive), Egidio Manek, Pedro Teles e Olivio Tatoo Bau
são responsáveis como indivíduos ou superiores pelo homicídio de Fredrico Barros,
Lorsenzo Gusmao e Nazario Gutteres, no dia 5 de Outubro de 1999, ou por essa
altura, na Floresta de Laketo, Vila de Lookeu, Distrito de Covalima, como parte de
um ataque generalizado e sistemático contra a população civil com o conhecimento
do ataque tendo por isso cometido um CRIME CONTRA HUMANIDADE,
HOMICÍDIO, um crime estipulado no Artigo 5.1 (a) do Regulamento 2000/15 da
UNTAET.

Ponto de acusação 45. Crime contra a humanidade: Homicídio

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos
330, 331 e 352 a 354 (inclusive), Alipio Gusmao, também conhecido como Alipio
Mau é responsável como indivíduo pelo homicídio de Luis Rosalino no dia 5 de
Outubro de 1999, ou por essa altura, no Sub-distrito de Suai, Distrito de Covalima,
como parte de um ataque generalizado e sistemático contra a população civil com
conhecimento do ataque tendo por isso cometido um CRIME CONTRA
HUMANIDADE, HOMICÍDIO, um crime estipulado no Artigo 5.1 (a) do Regulamento
2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 46. Crime contra a humanidade: Desaparecimento forçado

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos
330, 331 e 355 a 358 (inclusive), Domingos Mali, também conhecido como Bete
Aloi é responsável como indivíduo pelo desaparecimento forçado de Apolinario Mau
Joni, Yohanes Laku e Edmundos Ber, no dia 17 de Outubro de 1999, ou por essa
altura, na Vila de Bora, Timor Ocidental, República da Indonésia, como parte de um
ataque generalizado e sistemático contra a população civil com conhecimento do
ataque tendo por isso cometido um CRIME CONTRA HUMANIDADE,
DESAPARECIMENTO FORÇADO, um crime estipulado no Artigo 5.1 (i) do
Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 47. Crime contra a humanidade: Violação

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 259
a 373 Egidio Manek, Olivio Tatoo Bau e Americo Mali são responsáveis como
indivíduos pela violação da vítima A, vítima B e vítima C, no dia 7 de Outubro de
1999, ou por essa altura, perto da Vila de Wemasa, Timor Ocidental, República da
Indonésia, como parte de um ataque generalizado e sistemático contra a população
civil com conhecimento do ataque tendo por isso cometido um CRIME CONTRA
HUMANIDADE, VIOLAÇÃO, um crime estipulado no Artigo 5.1 (g) do Regulamento
2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 48. Crime contra a humanidade: Violação

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 374
a 377, Gabriel Nahak é responsável como indivíduo pela violação da vítima D entre
6 de Setembro de 1999 e 13 de Setembro de 1999, perto da Vila de Wemasa, Timor
Ocidental, República da Indonésia, como parte de um ataque generalizado e
sistemático contra a população civil com conhecimento do ataque tendo por isso

63
cometido um CRIME CONTRA HUMANIDADE, VIOLAÇÃO, um crime estipulado no
Artigo 5.1 (g) do Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 49. Crime contra a humanidade: Violação

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos
378 a 381, Gabriel Nahak é responsável como indivíduo pela violação da vítima D
entre 16 de Setembro de 1999 e 15 de Dezembro de 1999, perto da Vila de
Wemasa, Timor Ocidental, República da Indonésia, como parte de um ataque
generalizado e sistemático contra a população civil com conhecimento do ataque
tendo por isso cometido um CRIME CONTRA HUMANIDADE, VIOLAÇÃO, um crime
estipulado no Artigo 5.1 (g) do Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 50. Crime contra a humanidade: Deportação

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 382
a 387 Egidio Manek, Martenus Bere, Pedro Teles, Cosmas Amaral, Henrikus
Mali, Alipio Gusmao, também conhecido como Alipio Mau, Baltazar da Costa
Nunes, Domingos Mali, também conhecido como Bete Aloi, Joaoquim Berek,
também conhecido como Berek Bot, Olivio Tatoo Bau, Americo Mali, Zito da
Silva, também conhecido como Zito Saek, Ilidio Gusmao são responsáveis
como indivíduos ou superiores pela deportação de civis, entre 5 de Setembro de
1999 e 30 de Outubro de 1999 para Timor Ocidental, República da Indonésia, como
parte de um ataque generalizado ou sistemático contra a população civil com
conhecimento do ataque tendo assim cometido um CRIME CONTRA A
HUMANIDADE, DEPORTAÇÃO, um crime estipulado no Artigo 5.1 (d) do
Regulamento 2000/15 da UNTAET.

Ponto de acusação 51. Crime contra a humanidade: Perseguição

Pelos seus actos ou omissões em relação aos eventos descritos nos parágrafos 24,
31, 60, 73, 97,98, 108, 113,119, 189, 195 a 198, 234 a 235, 388 a 389 Egidio
Manek, Martenus Bere, Pedro Teles, Cosmas Amaral, Henrikus Mali, Alipio
Gusmao, também conhecido como Alipio Mau, Baltazar da Costa Nunes,
Domingos Mali, também conhecido como Bete Aloi, Joaoquim Berek, também
conhecido como Berek Bot, Olivio Tatoo Bau, Americo Mali, Zito da Silva,
também conhecido como Zito Saek, Ilidio Gusmao são responsáveis como
indivíduos ou superiores pela perseguição de civis, entre 5 de Setembro de 1999 e
30 de Outubro de 1999 no Distrito de Covalima e em Timor Ocidental, República da
Indonésia, como parte de um ataque generalizado ou sistemático contra a
população civil com conhecimento do ataque tendo assim cometido um CRIME
CONTRA A HUMANIDADE, PERSEGUIÇÃO, um crime estipulado no Artigo 5.1 (h)
do Regulamento 2000/15 da UNTAET.

VIII. LISTA DAS VÍTIMAS

A lista das vítimas, que é parte desta acusação, está anexada como Anexo “A”.

IX. PEDIDO DE JULGAMENTO

64
O Procurador-Geral Adjunto vem por este meio solicitar ao Painel Especial
para Crimes Graves do Tribunal Distrital de Díli que julgue este caso assim
que possível.

28 de Fevereiro de 2003

……………………………………………..….

Siri Frigaard
Procurador-Geral Adjunto para Crimes Graves

ANEXO “A”

O PROCURADOR-GERAL ADJUNTO PARA CRIMES GRAVES

-CONTRA-

EGIDIO MANEK
MATERNUS BERE
PEDRO TELES
HENRIKUS MALI
COSMAS AMARAL
ALIPIO GUSMAO, TAMBÉM CONHECIDO COMO ALIPIO MAU
BALTAZAR DA COSTA NUNES
DOMINGOS MALI, TAMBÉM CONHECIDO COMO BETE ALOI
ILLIDIO GUSMAO
JOAQUIM BEREK, TAMBÉM CONHECIDO COMO BEREK BOT
OLIVIO TATOO BAU

65
GABRIEL NAHAK
AMERICO MALI
E
ZITO DA SILVA, TAMBÉM CONHECIDO COMO ZITO SAEK

________________________________________________________________________

LISTA DAS VÍTIMAS


(SUBMETIDA DE ACORDO COM O ARTIGO 24 DO REGULAMENTO 2000/30
DA UNTAET, TAL COMO O CORRIGIDO PELO REGULAMENTO 2001/25)

HOMICÍDIO
Antonio Amaral Bau,
Alberto Fereira
Ernesto Carvalho Letto
Anito Coli,
Anito Mali
Anito Bau
Daniel Monis Aci
Domingos Amaral
Eurico Bau
Daniel Taek
Abel Soares Gomes
Jose do Rego
Geraldo Amaral
Boaventura de Araujo
Lorenzo Gusmao
Nazario Gutteres
Luis Rosalino
Carlos Yosep
Patricio de Jesus Xiemenes Mauk
Paulino Cardoso também conhecido como Lino Cardoso
Alexio Xiemenes
Tomas Cardoso
Paulus Xiemenes
Lodificus Rabo
Jose Afonso Amaral
Gabriel Amaral
Domingos Martins
Vasco Amaral
Jaime da Costa Nunes
Raimundo de Oliviera
Abel Pereira

66
Martinho do Rego
Felix Mali
Titus Mali
Damaio Xiemenes
Januario Maya
Simplicio Doutel Sarmento
Domingos Bau Koli também conhecido como Domingos Andrade
Fredrico Barros
Domingos Barros também conhecido como Domingos Marsal
Sabino Gusmao
Paulus Xiemenes
Johanes Tahu
Rosalina Belak
Agapito Amaral
Jose dos Reis

EXTERMINAÇÃO
Número não identificado de civis na Igreja de Ave Maria em Suai, incluindo o Padre
Hilario, Padre Dewanto e o Padre Francisco.

TENTATIVA DE HOMICÍDIO
Dinis Afonso Monis
Cancio Nahak

DESAPARECIMENTO FORÇADO
Apolinario Mau Joni
Yohanes Laku
Edmundos Bere
Benedito do Nascimento
Marcal Amaral
Felix Amaral

TORTURA

Inacio Pereira Baretto


Jose Fatima Xavier
Elizeu Gusmao
Inacio Amaral
Geraldo Orleans
Alfredo Freitas
Domingos dos Santos
Francisco Nahak
Baltasar Maya
Domingos Da Cruz
Jose Cardoso

67
Cervasio Yosep
Balbina Maia
Rosalinda Abuk
Luizina Maia
Filipos Yosep
Daniel Xiemenes
Markus Xiemenes
Jaime Cardoso
Teofilo da Silva
Augustino Gusmao
Francisco do Espiritu
Vincente Alves Quintao
Caetano Ximenes
Agustino Ximenes
Americo da Silva
Antonio Amaral
Mariano Amaral
Francisco Amaral
Cervasio Yosep
Loduficus Ulu
Orlando Berek
Verissimo Xiemenes
Joao dos Nascimento
Agosto Fernando
Joao Amaral
Gaspar Gusmao
Bendito Maya
Joao Fernandes
100.Caitano do Carmo
101.Domingos do Carmo
102.Rui Gusmao
103.Jacinto
104 Francisco da Cruz Luan
105. Agapito Mau

ACTOS DESUMANOS

106.Manuel Mendes
107.Juliana Monis

VIOLAÇÃO
108.Vítima A
109.Vítima B
110.Vítima C
111.Vítima D

DEPORTAÇÃO
112.Civis em Covalima

68
PERSEGUIÇÃO
113.Albino Nahak aka Albino De Niri
114.Alfredo Nahak
115.Manuel Noronha
116.Jose Pereira Coli
117.Civis em Covalima e Timor Ocidental

69

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