“ Então, Jesus lhe disse: embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada à espada perecerão.” Mateus 26:52
Primeiramente começarei pelo novo testamento das Escrituras como base de
minha primeira argumentação sobre esse tema. Depois partirei para o antigo testamento nos textos seguintes 2 e 3, onde iremos verificar a origem dessa pena. Pois na minha visão de entendimento, a pena de morte tem como princípio básico a proporcionalidade da pena. Não há como satisfazer a justa punição ao homicídio sem a morte do réu. E essa punição foi o próprio Deus quem a estabeleceu lá em gêneses, no primeiro livro da Bíblia. Para aqueles que acham tal punição absurda e que acham que não condiz com o espírito do cristianismo, comecemos pelas palavras do próprio Jesus, o mestre do amor; e depois, finalizemos com o apóstolo Paulo, cuja toda educação recebeu aos pés de Gamaliel(um mestre da lei) e que foi o maior teólogo entre os apóstolos. Muitos cristãos não concordam com a pena de morte. Acham que tal pena não vai ao encontro dos princípios ensinados na Bíblia, tais como o perdão, o amor ao próximo, a misericórdia de Deus para com aqueles que falharam, a benevolência etc. Afinal de contas, Jesus ensinou que se alguém nos ferir na face direita, devemos voltar-lhe também a outra. Que devemos amar até os nossos inimigos. Esses são os argumentos contra a pena de morte baseado nos princípios do amor, perdão e misericórdia que nós devemos manifestar. Nós precisamos fazer uma distinção muito clara na Bíblia. No que concerne a atividade individual de cada pessoa é vedado o fazer justiça com as próprias mãos. Ou seja, não compete ao indivíduo como cidadão civil punir o infrator através de seus próprios meios particulares. Jesus foi claro ao dizer a Pedro que ele deveria baixar sua espada, pois não competia a ele exercer a função do Estado. Jesus iria ser preso pelos guardas do templo acompanhados por Judas, e Pedro sacou sua espada e cortou a orelha do guarda romano. Diante do que Jesus disse, é muito provável que Pedro, na verdade, tinha a intenção de matar o guarda, e por um reflexo, este se desviou cortando-lhe apenas a orelha. Em face do incidente ocorrido – tentativa de homicídio, Jesus lança o princípio da proporcionalidade da pena. Isto é, o individuo deve receber a justa retribuição pelo ato consumado através de uma pena adequada. “Todos os que lançam mão da espada à espada perecerão.” É o próprio Jesus dizendo que Pedro não poderia fazer justiça com sua espada, pois ele não exerce o papel do Estado. Jesus deixou claro a Pedro que se ele tivesse matado o guarda, ele teria que pagar a pena devida ao crime que cometeu com a própria vida. No entanto, o Estado como uma instituição enviada por Deus para exercer a função de estabelecer a paz e a ordem social, como atesta São Paulo em Romanos 13:1 “Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha de Deus.” Deve ter a autoridade coercitiva para aplicar a pena de morte nos casos em que morte do criminoso seja necessária para que ocorra a justa retribuição ao crime cometido. Só o Estado tem essa prerrogativa, mas não o individuo. Ainda em Romanos 12:19:“ amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: minha é a vingança; eu retribuirei”, e Deus faz justiça na terra através dos poderes outorgados ao Estado como único cuja legitimidade permite estabelecer a retribuição devida ao crime cometido “...se alguém matar à espada, necessário é que seja morto à espada...” Apocalipse 13:10, que reafirma a mesma verdade que Jesus estabeleceu. Portanto, percebe-se a mesma verdade por toda a Bíblia, tanto no antigo como no novo testamento das escrituras. Portanto, a pessoa individual não deve exercer a função estatal, pois nesse caso se configura o assassinato, vingança, linchamento. Prevalece o que está escrito no sexto Mandamento da lei de Deus: “não matarás!”. Não é permitido ser uma espécie de justiceiro, matando aqueles que são os homicidas. Essa iniciativa não pode vir do cidadão, mas do órgão executor da pena. Só o Estado pode executar a pena capital “... pois é ministro de Deus[ autoridade estatal], vingador, para castigar o que pratica o mal.”(RM 13:4). O apóstolo Paulo quando estava sob custódia romana em sua defesa perante Festo, no tribunal, com o objetivo de ser julgado por César, declara sua concordância com a aplicação da pena de morte. Atos 25:11 “caso, pois, tenha eu praticado algum mal ou crime digno de morte, estou pronto para morrer...” Diante dessa declaração do apóstolo podemos tirar três conclusões: 1) Paulo admitiu que há crimes cuja natureza mereceria a pena de morte: “ caso tenha praticado algum crime digno de morte”. Crime em que a justiça somente seria satisfeita com a morte do réu. 2) Paulo reconhece que a autoridade romana possuía o direito de condenar alguém à morte: “...estou pronto a morrer”, por quem? Pela autoridade que representava o império romano. 3) Se Paulo, como cristão, fosse contra a pena de morte, ele de modo algum se submeteria voluntariamente sem qualquer contestação a tal pena. Porém, diz ele “estou pronto para morrer” se de fato ele tivesse cometido algum crime cuja pena de morte fosse a pena mais adequada. Portanto, nem Paulo nem Jesus eram contrários à pena de morte. Veja que praticamente toda a minha argumentação poderia ser resumida nessa afirmação do apóstolo Paulo. Em suma, a confusão que se faz quanto a este assunto é que não se faz a devida separação entre duas realidades distintas: a pessoa natural(física) e a pessoa jurídica( instituição legalizada). Aquela não pode como civil matar; e se for cristão, deve demonstrar todas as virtudes provenientes da vida do Espírito Santo como amor, bondade, misericórdia, perdão, as quais advindo da esfera pessoal, individual, uma obrigação moral. Este( o Estado ) já tem a legitimidade para executar penas punitivas no combate à criminalidade, inclusive a pena de morte. Trata-se de uma obrigação jurisdicional e de segurança pública. É completamente ilógico transportar para as tarefas do Estado atributos da vida cristã de foro íntimo e pessoal. Querer que o Estado seja amoroso, que perdoe os crimes cometidos, que seja bondoso com o criminoso, é completamente fora de sentido, uma vez que este é responsável principalmente pela prática da justiça na esfera pública. E a justiça é concretizada quando ela dá a cada um aquilo que merece. A única forma de haver justa retribuição pela vida tirada de alguém, é a punição do homicida com pena capital, pois essa é a única forma de haver a justa retribuição. Pois nada pode compensar a vida de alguém assassinado, do que a pena capital do próprio criminoso: “Quem derramar sangue do homem, pelo homem seu sangue será derramado; porque à imagem de Deus foi o homem criado.”( GN 9:6). Marcos paulo almeida morais, 27/02/09