Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
“A missão do educador é cultivar. Ele será o lavrador que, com o auxílio dos seus conhecimentos,
deverá amanhar os campos, às vezes áridos e pedregosos, dos entendimentos:
deverá semear para que, na primavera e no outono, desabrochem flores e surjam
os frutos benéficos da integridade física, moral e intelectual que desperta para a vida.”
(‘O Educador’, da complementarista e redatora-chefe do jornal Centelha,
Wanda Zanellato, do 2º. Ano,1933).
Considerações iniciais
1
A comunidade referia-se e ainda refere-se à Escola Normal Duque de Caxias, como sendo “a Duque”.
Expressão que será utilizada no decorrer do texto.
2
Descrição produzida a partir do que está referendado como uniforme escolar no Jornal “Centelha” –
Órgão das Alunas da Escola Complementar de Caxias, publicação mensal, página 3, ano I, número II de
26 de maio de 1932.
Este artigo tem como objeto de estudo a Escola Complementar Duque de Caxias
no período de 1930, data de sua criação e instalação, até 19453. A base empírica
principal são os impressos veiculados por essa instituição entre os anos de 1932 a 1945,
além de utilizar livros de atas, correspondências, fotografias e outros documentos
escritos do acervo do atual Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendonza.
Trata-se do resultado parcial de pesquisa em andamento.
Os impressos constituem-se numa importante fonte para a história das instituições
escolares e para pensarmos a cultura escolar instituída e instituinte nesses espaços. Eles
ultrapassam o caráter informativo e situam-se na condição de materialidade formativa e
é nesse sentido que são tomados na presente análise. Como referenda Werle, a imprensa
educacional ou imprensa periódica pedagógica caracteriza-se pela
3
A delimitação temporal de 1945 justifica-se, pois é desse ano o último impresso encontrado no acervo
do Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendonza. Consideramos também que a partir de 1946,
pelo Decreto Lei n. 8530, de 02 de janeiro de 1946, em que foi publicada a Lei Orgânica do Ensino
Normal, transformações decorreram na organização escolar.
Mocidade’ eram produzidos por estudantes da escola, o outro, ‘Folha da Escola’ foi
fundado pela diretora e ex-aluna da instituição, Rosalba Hyppolito.
6
Nas transcrições de fontes primárias, documentos e textos antigos, opto por não manter versão original,
serão feitas correções de impressão e atualização ortográfica.
7
Correspondência expedida por Alfredo Aveline ao Diretor Geral da Instrução Pública em 16/06/1930.
Livro de correspondências expedidas número: 01 p. 01. Acervo do Instituto Estadual de Educação
Cristóvão de Mendoza.
8
Livro de matrículas de 1930 a 1943 da Escola Complementar de Caxias. Acervo do Instituto Estadual de
Educação Cristóvão de Mendoza
composto de uma aula mista e de duas para cada sexo, segundo o grau de adiantamento,
cada uma com a frequência máxima de 50 alunos e com a mínima de 25. Neste colégio
exercitar-se-iam os alunos do curso complementar dirigidos pelo professor de pedagogia.
Prescrevia que o ensino complementar compreenderia o ensino de: Português -
gramática, redação e composição. Francês - regras essenciais da gramática estudadas
praticamente, tradução e exercícios de conversação. Geografia geral, cartografia do
Brasil e cosmografia. História universal e especialmente do Brasil. Matemática -
aritmética, estudo completo, álgebra até equações do 2º grau inclusive, geometria a três
dimensões. Direito pátrio - noções de direito constitucional da União e do Estado.
Ciências - elementos de ciências físico-químicas e de história natural com aplicação às
indústrias e à agricultura. Pedagogia - sua história, educação física, intelectual e moral,
metodologia e prática de ensino. Escrituração mercantil. Noções de higiene. Trabalhos
manuais. Desenho e músicas. Ginástica sueca. Essas matérias seriam distribuídas em três
séries.
A primeira diretora nomeada foi Maria Amorim que assumiu o cargo em 05 de
julho de 1930, permanecendo como diretora até 1936, neste mesmo ano, em janeiro,
conjuntamente com o Curso Primário do antigo Colégio Elementar José Bonifácio,
passou a funcionar nas novas instalações, à Rua Visconde de Pelotas nº 556, onde
atualmente está a Escola de Ensino Fundamental Presidente Getulio Vargas.
No ano de 1931, a escola passou a funcionar ocupando dois prédios, na Rua
Pinheiro Machado, 2281 e 2295, no centro da cidade, em cinco de maio foi instalado o
curso para aulas de prática das alunas da escola complementar, a professora Wanda
Falcão Maia assumiu essa turma, conseqüentemente em 1932 foi instalado o segundo
ano do curso de aplicação com a regência de Elfrida Kinieling da Cunha. Essas classes
de aplicação receberam o nome de “aulinha infantil Coronel Miguel Muratore9”.
Ainda no ano de 1931, foram abertas as inscrições para os exames de admissão,
apresentaram-se 42 candidatos. No entanto, apenas 31 alunas obtiveram aprovação. A
escola ficou com o primeiro ano composto por: 31 alunas matriculadas por terem sido
aprovadas no exame de admissão; outras 19 mediante atestado das Complementares e
mais 12 alunas repetentes. Contava, então, no primeiro ano com um total de 62 alunos.
Para o segundo ano, 13 alunas foram promovidas pela Escola, 4 eram ouvintes, 2 alunas
9
Miguel Muratore é o nome escolhido. Porém ressaltamos que neste período ele exercia o cargo de
prefeito, desde outubro de 1930 até o ano de 1935, isto de certa forma denota a aproximação entre o poder
político local e a direção da escola.
promovidas pelo Sevigné, 2 alunas pela Normal e uma aluna pelo São José. Portanto
para o segundo ano, 22 alunas. Segundo o Relatório enviado para o Diretor Geral da
Instrução Pública, pela diretora Maria Amorim, “[...] iniciou, pois, a Escola o seu
segundo ano letivo com o bonito número de 84 alunas, todas do sexo feminino”10.
Interessante ressaltar e, inclusive apontar, para estudos posteriores, a elevada taxa de
repetência e evasão.
No mesmo relatório de 1931, é bastante consistente a mobilização por parte do
poder político, em atender as solicitações feitas pela Escola:
Outra evidência aparece quando a diretora, explicando que para o segundo ano do
complementar, “[...] em que se iniciam os conhecimentos de Pedagogia, tornou-se
imprescindível a criação de uma classe infantil, onde pudessem os alunos fazer a prática
pedagógica, sem os inconvenientes de sair fora do edifício[...]”12. Aquela turma infantil
criada a partir de então, teve como seu patrono, o Coronel Miguel Muratore.
No ano de 1932, a primeira turma de 16 alunas-mestras concluíram o curso
complementar, num acontecimento social de grande relevância para Caxias. Na ata
redigida por Irma Valiera13 secretária da escola, constam nomes de destaque no cenário
político, econômico e educacional, da época.
10
Relatório referente ao ano de 1931. Livro de correspondência expedida, pág. 20. Acervo do Instituto
Estadual de Educação Cristóvão de Mendonza.
11
Ibidem, p.21.
12
Ibidem, p.21
13
Irma Valieira foi secretária da Escola . Faleceu em acidente aéreo em 1950.
e Normal aprovados pelo Decreto n. 4277 de 13 de março de 1929, às
seguintes alunas que concluíram o curso complementar da Escola
Complementar de Caxias.
Com a nota de plenamente:
1º - Consuelo Sambaqui (6,9 = 7,0)
2º - Dulci Cardoso (5,9 = 6,0)
3º - Eugenia Fischer (5,8 = 6,0)
4º - Isaura Rossi (5,6 = 6,0)
5º - Lulia Peixoto Oliveira (8,2)
6º - Lygia Costamilan Rosa (7,0)
7º - Lourdes Machado (6,4)
8º - Rosalba Hyppolito (7,1)
Com a nota simplesmente:
1º - Anice Koeff (5,3 = 5,0)
2º - Ilka Fontana (4,65 = 5,0)
3º - Iole Festugato (4,1 = 4,0)
4º - Jurema Ramos (4,9 = 5,0)
5º - Laurencita R. Chiaradia (5,5 = 5,5)
6º - Loanda de Calasans (4,5 = 4,5)
7º - Suely Bascú (5,5)
8º - Yone Rossi (5,4 = 5,0)14.
Ás 8 horas foi rezada uma missa em ação de graças, na qual foi feita
solenemente a entrega dos anéis pela paraninfa Srta. Maria Amorim,
muito estimada diretora daquele estabelecimento, sendo assistida por
todas as alunas da escola, autoridades civis e militares, bem como grande
número de convidados. A noite, no salão do “Recreio da Juventude”,
reunidos, Prefeito Municipal Cel. Miguel Muratore, representando o Dr.
João Carlos Machado, Secretário do Interior; Dr. Eurico Lustosa, Juiz de
Comarca, nesta cidade, representando o Dr. Desembargador André da
Rocha, Presidente do Superior Tribunal do Estado; Dona Maria Luiza
Rosa Cruz, diretora do Colégio Elementar, representando o Diretor Geral
de Instrução Pública, Srta. Maria Amorim, paraninfa, famílias e
cavalheiros que fizeram cerimoniosa recepção às novas alunas mestras,
que logo entoaram o “Hino da Escola Complementar”. Após, receberem
os diplomas, as 16 professoras prometeram, sob juramento,
desempenharem com verdadeiro amor e abnegação, a nobre e delicada
missão que se dedicaram e conservarem sempre presente ao espírito a
responsabilidade e a grandeza de sua tarefa. Em seguida, falou a oradora
da turma, Srta. Lourdes Machado. [...]15
14
Livro de registro de diplomas e formaturas de 1932. Acervo do Instituto Estadual de Educação
Cristóvão de Mendonza.
15
Jornal Centelha, Ano II, N. I, 01/05/33, p. 04.
Costamilan Rosa, foram diretoras da escola posteriormente. Rosalba Hyppolito
permaneceu na direção de 1943 a 1953 e Ligia Costamilan Rosa de 1953 a 1960.
Com a Lei Orgânica do Ensino Normal de dois de janeiro 1946, foi mantida a
ligação entre os cursos de Formação de Professores Primários e Ginasial16. Porém, só em
15 de março de 1947 começou a funcionar o Curso de Formação de Professores
Primários da Escola Duque. De acordo com os registros escolares, durante os três anos
de curso, as disciplinas ministradas foram aquelas a seguir relacionadas. Cabe ressaltar
que Religião passa a constar nos registros como matéria ministrada a partir de 1954.
16
Na ata nº 8 do livro de Atas de Conclusão de Curso de 1949 até 1956 consta “[...] de acordo com o
Decreto Estadual de nº 2.329 de 15 de março de 1947 no seu artigo nono, combinado com ao Artigo 36
da Lei Orgânica do Ensino Normal nº 8.530 de 02 de janeiro 1946, constatou-se os seguintes resultados:
( segue nomes e médias obtidas das concluintes).
QUADRO 03 - Disciplinas ministradas durante os três anos do Curso de
Formação para Professores Primários implantado em 1947
Matéria 1ª série 2ª série 3ª série
Português e Literatura X X X
Matemática X
Estatística Aplicada à Educação X
Biologia Geral X
Biologia Educacional X
Física e Química X
Puericultura e Higiene X
Anatomia e Fisiologia Humana X
Higiene e Educação Sanitária X
História e Filosofia da Educação X
Iniciação à Educação X
Fundamentos da Psicologia Geral X
Psicologia Educacional X X
Sociologia Geral X
Sociologia Educacional X
Didática e Prática Primária X X
Desenho e Artes Aplicadas X X X
Música e Canto X X X
Educação Física e Jogos X X X
Fonte: acervo Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendonza.
17
Livro de registros nº 1 para Termos de Visitas de 1930 a 1939 p.1, Acervo do Instituto Estadual de
Educação Cristóvão de Mendonza
só o de fiscalização, mas sim de orientação, lembrando as direções e professores das
instituições, de seguir os regulamentos e normas vigentes no período.
No livro dos Termos de Inspeção, tendo a frente o logotipo da Instrução Pública,
confeccionado pela livraria Selbach & Cia de Porto Alegre, sob o número 250/100, teve
seu termo de abertura redigido em 10 de agosto de 1940, pela então diretora Rosalba
Hyppolito. Estendendo-se até 1962, os relatos dão conta dos inúmeros (e ‘ilustres’)
visitantes recebidos pela instituição nesse período, dentre eles: embaixadores18,
representantes de outros países, diretores de Escolas Normais, caravanas de normalistas
deste Estado e de outros, além diversos técnicos em educação.
Em relatório referente ao ano de 1933 e enviado à Instrução Pública, foi possível
encontrar uma descrição das atividades proporcionadas às alunas-mestras. Relatou a
diretora Maria Amorim:
Através deste relato verifica-se que as saídas de campo, entendidas como novas
práticas pedagógicas, foram promovidas com freqüência. Corrobora neste sentido a
redação da aluna Consuelo, registrada em livro específico para este fim:
18
Visita do Embaixador do Canadá em 19.10.1944. Livro de registros para Termos de Inspeção p.04
Acervo do Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendonza. Roy Nasch em 29.03.1945, Adido
Cultural do Consulado Americano.(Ibidem, p.05) Acervo do Instituto Estadual de Educação Cristóvão de
Mendonza.
19
Livro nº 1 para registro de correspondência expedida p .83 e 84. Acervo do Instituto Estadual de
Educação Cristóvão de Mendonza.
a escolha na adiantada fábrica de tecidos de seda dos srs
Pizzamiglio e Cia. [...] passamos imediatamente à seção das
máquinas, onde estão instaladas a urdideira, a roca ou
enrroladeira[...] em nossa visita tivemos ocasião de assistir a
fabricação de alguns lenços, colchas[...]20
As saídas aos sábados eram uma prática freqüente, conforme o relato feito pelo
aluno Hugo Daros:
20
Livro de “ Redações II ano, de 1931 a 1937. Redação elaborada por Consuelo Sambaquy em 18 de
abril de 1931. Acervo do Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendonza
21
Redação elaborada por Hugo Daros em 05 de abril de 1933. Acervo do Instituto Estadual de Educação
Cristóvão de Mendonza
Imagem 01 - Escola Complementar Duque de Caxias. Fotografia em frente à fabrica de tecidos
de Matheus Zanella e Cia, em Caxias do Sul, aos 30/09/1930. Assinalada com o n. 1 uma das
proprietárias da fábrica, com o n. 2 a diretora da escola, Maria Amorim, o n. 3 sem identificação
e as demais, todas alunas do 1º ano do Colégio Complementar. Fonte: Fotografia de F. Gianella,
A3279. Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami.
Wanda Zanellato passou a ser a redatora chefe, Hugo Daros como redator
secretário. A comissão fiscal formada por Marcella D’Andréa, Silvia Amoretty, Hilda
Zugno, Yolanda Zanelatto, Rosaria Donatelli e Walter More. E, interessante ressaltar
que, mesmo denominando-se como um órgão das alunas, havia rapazes que integravam
a redação.
O objetivo de sua criação / circulação foi expresso na apresentação do número I,
como sendo “[...] órgão exclusivo das alunas da Escola Complementar, não visa
triunfos, nem a consagração de artistas, mas apenas o desenvolvimento e o estímulo de
algumas vocações jornalísticas ou literárias.”23 O nome escolhido – Centelha – tem sua
justificativa explicitada, também, na primeira edição:
22
Jornal Centelha, ano II, n.I, 01/05/33, p. 01.
23
Jornal Centelha, ano I, n, I, 21/04/32, p. 01.
24
Jornal Centelha, ano I, n, I, 21/04/32, p. 01.
charadas, rimas, anedotas acerca de situações divertidas ocorridas com os próprios
alunos, além de receitas e até concursos de beleza como a escolha da “Rainha dos
Estudantes Complementaristas”. E, mesmo as características dos colegas não passavam
despercebidas:
Apesar de trazer em seu cabeçalho o custo de 300 réis por número, o jornal
possuía patrocinadores. Em praticamente todas as páginas há propagandas das casas de
comércio da cidade como Pernambucanas, Casa Fischer, Casa Parolini, Casas Mandelli,
Casa Fedrizzi e Casa Festugatto, que ofereciam roupas prontas ou tecidos, calçados.
Produtos diferenciados para a época, como a ‘Tintura Kilda’ que prometia dar “aos
cabelos brancos linda cor preta ou castanha” com o ganho de ser “a melhor e a mais
barata”26. Outra propaganda interessante é das maquinas de costura. Havia, ainda, a
veiculação de propaganda da Livraria Saldanha onde “completo sortimento de livros e
material didático para todos os colégios” era comercializado. Em números posteriores, a
Livraria Rossi e a Livraria Mendes, também passam a fazer anúncios. Portanto, roupas,
calçados, artigos de beleza, máquinas de costura e materiais de papelaria e livraria –
todos produtos ofertados para um grupo de consumo esperado – as normalistas e seus
professores.
No relatório anual de 1933 enviado para o Diretor Geral da Instrução Pública, a
diretora Maria Amorim refere-se, ao jornal Centelha:
Neste mesmo relatório a diretora afirma que por ser uma obra dos estudantes é
um jornalzinho cheio de falhas, mas que servirá como ensaios literários, e o ideal seria
que os alunos pudessem confeccionar o jornal da própria escola:
27
Livro de correspondência expedida n° 1 p.83. Acervo do Instituto Estadual de Educação Cristóvão de
Mendonza. Relatório enviado por Maria Amorim ao Diretor Geral da Instrução Pública.
28
Mecanismo para impressão em papel com emulsão adequada, semelhante as rotativas tipográficas.
29
Livro de correspondência expedida n° 1 p.83 e 84. Acervo do Instituto Estadual de Educação Cristóvão
de Mendonza. Relatório enviado por Maria Amorim ao Diretor Geral da Instrução Pública.
30
Jornal Centelha, ano II, n. 03, 15 de outubro de 1933, p. 04.
A publicação e circulação do Centelha não ocorreu com regularidade e após a
edição de outubro de 1933 não temos, até o presente momento, conhecimento se sua
circulação foi suspensa ou simplesmente não foram mais guardados exemplares na
escola. Na medida em que a pesquisa for sendo desenvolvida novas informações serão
possíveis.
O segundo periódico produzido na escola foi o Folha da Escola, que teve seu
primeiro número publicado em setembro de 1939. Foram encontrados 4 exemplares, dos
anos de 1939 e 1940. Diferentemente do “Centelha” trata-se de um impresso fundado e
produzido pela então diretora e ex-aluna da Duque: professora Rosalba Hyppolito.
Também o formato é diferente, em tamanho ofício e a sua impressão não era
tipográfica.
Denominando-se ‘órgão da Escola Complementar de Caxias” propunha veicular
notícias sobre instrução, literatura, educação, humorismo e noticiário. Em seu primeiro
número, na apresentação consta que
Modesto, nosso jornal não visa triunfos nem glorias. Sua aspiração é
unir os estudantes e aproveitar as vocações literárias, humorísticas e
poéticas, que se manifestem entre os colegas e que não seriam
conhecidas de outra maneira, ou por timidez ou por falta de ocasião. [...]
Nele serão discutidos problemas relativos ao ensino, e tudo o que possa
contribuir para a maior cultura cívica e literária da mocidade escolar.
Além disso, divulgará o movimento da 4ª Delegacia Regional do Ensino
e publicará artigos fornecidos pelo Departamento Estadual de Saúde.31
31
Jornal Folha da Escola, ano I, Número I, setembro de 1939, p. 01.
Recebemos a visita dos seguintes confrades: “Meu jornal” e “Nossa
Voz”, órgão dos Cursos Complementar e de Aplicação da Escola
Complementar de Alegrete; a “Educação”e a “Instrução”, órgão dos
Cursos Complementar e de Aplicação da Escola Complementar de
Santa Maria; “Jornal do Educador”, de São Paulo; “O meu jornalzinho”,
órgão do Grêmio dos Estudantes do Grupo Escolar Felix da Cunha, de
Pelotas; “O Gauchinho”, órgão do Grêmio dos Estudantes do Grupo
Escolar Cassiano do Nascimento, de Pelotas. Gratos pela amável visita,
retribuiremos.32
32
Jornal Folha da Escola, ano I, n. 1, setembro de 1939 p.08. Acervo do Instituto Estadual de Educação
Cristóvão de Mendonza.
33
Jornal Folha da Escola, ano I, n. 1, setembro de 1939 p.12. Acervo do Instituto Estadual de Educação
Cristóvão de Mendonza.
34
Jornal Folha da Escola, ano I, n. 1, setembro de 1939 p.09. Acervo do Instituto Estadual de Educação
Cristóvão de Mendonza.
35
Jornal Folha da Escola, ano I, n. 1, setembro de 1939, p. 05.
36
Texto “O Álcool” de Ilca Alves dos Santos, 2º Ano B, Jornal Folha da Escola, ano I, n. 02, outubro de
1939, p. 09.
As metáforas médicas contaminaram práticas discursivas de diferentes
grupos sociais, destacadamente os educadores, uma vez que os
médicos, diretamente, buscaram ser reconhecidos como educadores,
para o que formularam um discurso que pudesse atestar sua
competência para tratar do pedagógico e do escolar. (STEPHANOU,
2005, p. 147 e 148)
38
Jornal A Voz da Mocidade, novembro de 1945, ano I, n.5, p. 05.
Iniciava-se assim a idéia, conforme a descrição encontrada no impresso, de
veicular um novo jornal. A escolha do nome foi feita através de votação, sendo
escolhido “A Voz da Mocidade”. A escolha do redator, conforme sugestão da
professora foi feita com a participação de todos os estudantes que produziram um
trabalho de apresentação do jornal em sala de aula, sob a orientação dos professores de
português. Uma comissão julgadora composta por professores da escola escolheu o
melhor trabalho, e dali, veio a indicação do nome da redatora – a aluna da 2ª série –
Dora Falcão.
E, na descrição, as decisões foram sendo tomadas de forma coletiva:
Como seria o cabeçalho do jornal? Surgiu logo uma idéia: “Foi pedida a
colaboração do professor de Desenho. Todos os alunos apresentariam
um trabalho, e, alguns dias depois, vários e sugestivos modelos
apareceram. Submetidos ao julgamento de uma comissão de
professores, venceu o de uma aluna da 3ª série, Clara M. Amparo de
Souza, que foi premiada pelo professor de Desenho, Dr. Dario Granja
Santana, com o romance “Minas de Prata”, de Alencar.
A diretoria do jornal ficou assim constituída: uma diretora, uma
redatora e 6 auxiliares, sendo 2 de cada série. Com exceção da redatora,
todos os outros membros da diretoria foram escolhidos por eleição. No
trabalho que durante quase 6 meses se vem realizando, tem-se
destacado muitíssimo uma auxiliar da 3ª série, aluna Zília Soledade
Lozano Garcia, diligente e assídua colaboradora.
A redação do jornal está funcionando na sala da copa.
E, desde o primeiro exemplar que saiu ainda em julho, notou-se o
entusiasmo dos alunos, pois a “Voz da Mocidade”foi recebido com
grande interesse e preencheu sempre com eficiência a finalidade a que
se destinava. Tereza Valter.”39
O desenho que ilustra o cabeçalho do jornal, produzido pela aluna Clara Maria
Amparo de Souza pode ser analisada na imagem a seguir reproduzida:
39
Jornal A Voz da Mocidade, novembro de 1945, ano I, n.5, p. 05.
Imagem 02 – Reprodução do Cabeçalho do jornal A Voz da Mocidade de 1945. Acervo do
Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendonza.
40
Jornal A Voz da Mocidade, setembro de 1945, ano I, n. 3.
41
Jornal A Voz da Mocidade, setembro
set de 1945, ano I, n.3, p. 07.
Constam outras comemorações produzidas tendo como foco o civismo, o
patriotismo e a nacionalização.
Considerações finais
Referências:
SOUSA, Cynthia Pereira de. A educação pelas leituras: registros de uma revista escolar
(1930-1960). In: CATANI, Denice Bárbara; BASTOS, Maria Helena Câmara.
Educação em revista: a imprensa periódica e a história da educação. São Paulo:
Escrituras, 1997. p. 93-110.
WERLE, Flávia Obino Corrêa. Escola Normal Rural no Rio Grande do Sul: história
institucional. Revista Diálogo Educacional, v. 5, n. 14, jan./abr.2005, p. 35-50.
Fontes primárias