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PODER JUDICIÁRIO

Tribunal de Justiça do Estado da Bahia


Gabinete do Desembargador José Olegário Monção Caldas

QUARTA CÂMARA CÍVEL


Agravo de Instrumento N.º178-3/2009- Salvador
Agravante: ESTADO DA BAHIA
Procurador: MARIA DA CONCEIÇÃO GANTOIS ROSADO
Agravada: MARIA DALVA GONÇALVES LOPES
Defensor: XENIA MERCEDES LEITE ARAÚJO
Relator: DES. JOSE OLEGÁRIO MONÇÃO CALDAS

D E C I S Ã O

Vistos etc...
ESTADO DA BAHIA, pessoa jurídica de
direito público interno, interpôs Agravo de
Instrumento da decisão proferida nos autos da
Ação Ordinária de Obrigação de Fazer, com Pedido
de Liminar contra si promovida por MARIA DALVA
GONÇALVES LOPES em face do PLANSERV-ASSITÊNCIA À
SAÚDE DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DA
BAHIA.
É que o ilustre julgador da
Instância, deduzindo relevante o fundamento da
demanda e justificado o receio de ineficácia do
provimento final, outorgou à demandante a tutela
initio litis, fins de imediata realização do
procedimento cirúrgico – correção de ptose
bilateral – conforme requisição médica, sob pena
de multa diária (fls.43/44).
Contrapondo-se à medida, o ESTADO DA
BAHIA vem suscitar violação ao disposto no
art.1º, §3º,da Lei 8.437/92, haja vista o
exaurimento do objeto da ação; reclama a
ausência dos pressupostos do fumus boni iuris e
do periculum in mora, mormente diante da
ausência de relação de consumo, da ameaça de

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irreversibilidade da medida e consectários


prejuízos aos demais associados.
Pugna pelo provimento do agravo,
atribuindo-se, de logo, os efeitos a que alude a
Lei de Ritos, seu art. 527, inciso II.
O agravo vem no prazo e se faz
acompanhar das peças indispensáveis à sua
interposição.

É o breve relatório.Decido.

Ao exame do pleito inaugural, não


vislumbro identificado o periculum in mora, a
ensejar o acautelamento vindicado, afigurando-se
motivada a ordem do juízo, em hipótese de
patologia que compromete a saúde da demandante,
mormente se postergado o tratamento devido.
De relevância constitucional, o
direito à saúde merece a justa tutela, em
consagração ao princípio da dignidade da pessoa
humana, mormente em situações de efetiva ameaça
à vida.
Não se concebe, por outro lado, que
suposta ameaça de dano financeiro ao Estado
possa sobrepor-se à vida e a saúde da parte
necessitada.
Com efeito, o argumento de ofensa aos
princípios da reserva legal e da igualdade cede
aos valores maiores que são o a dignidade da
pessoa humana, a garantia de apreciação pelo
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (art.
5º, XXXV) e o dever do Estado de assegurar à
criança e ao adolescente, com absoluta
prioridade, o direito à saúde (C.F.art. 227,
caput).
Comprovada a premente necessidade de
a agravada receber o tratamento cirúrgico
vindicado, cumpre ao Judiciário determinar

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imediata disponibilização da assistência pelo


ente público.
Firme em tais razões, denego a
pretendida suspensividade e converto o recurso
em agravo retido.
Publique-se.Intimem-se.
Salvador(BA), de janeiro de 2009.

Des. JOSÉ OLEGÁRIO MONÇÃO CALDAS


Relator

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