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Caderno 3
Impactos e Tendências
Prof Fabio Uchôas de Lima
fabio-prof@uol.com.br
Este material foi produzido com o intuito de fornecer melhores subsídios aos alunos
dos diversos cursos, tomando como base informações contidas em diversos livros,
periódicos e sites da Internet, preferencialmente àqueles indicados no programa do
curso, reunindo várias pesquisas e conhecimentos adquiridos ao longo da vida
acadêmica. Quero esclarecer que este material não possui nenhum vínculo com as
Instituições de Ensino onde atuo, nem nenhuma forma de comércio autorizada. Peço
apenas a gentileza de não fazer nenhum uso comercial ou inserção em livros,
periódicos, ou quaisquer outras mídias sem minha expressa autorização, garantida
pela Lei 9610/98. Quaisquer críticas ou sugestões serão muito bem recebidas e
podem ser enviadas ao meu e-mail. Periodicamente faço uma revisão do material de
modo à aprimorá-lo ainda mais, e agradeço as colaborações recebidas.
O Conceito de Subdesenvolvimento
As nações capitalistas subdesenvolvidas abrangem atualmente pouco mais da
metade da população mundial. Se somarmos a elas os países de "Economias de
Transição" mais pobres – como a Mongólia, a China ou o Vietnã -, teremos o conjunto
denominado Sul, que compreende pouco mais de 75% da população mundial.
O termo subdesenvolvimento surgiu após a II Guerra Mundial, nos documentos
dos organismos internacionais, como a ONU e a UNESCO, principalmente. A
"descoberta" do subdesenvolvimento deu-se com a descolonização e com a
publicação pelos organismos internacionais de dados estatísticos dos diversos países
do mundo (índice de mortalidade, salário, formas de alimentação, habitação, consumo,
distribuição de renda, etc.). Esses dados revelaram um verdadeiro "abismo" entre o
conjunto dos países desenvolvidos e o dos subdesenvolvidos.
Tal realidade é mais antiga que o seu conceito, pois os países subdesenvolvidos
a partir do momento em que deixaram de ser colônias e se constituíram em Estados-
Nações politicamente independentes, se viram inseridos dentro deste contexto. Na
América Latina isso ocorreu desde o início do século XX. Na Ásia e na África tal
processo se deu tardiamente, acontecendo neste século.
A expressão "Terceiro Mundo", apesar de ser geralmente usada como sinônimo
do conjunto de países subdesenvolvidos, surgiu apenas em 1952 com o francês Alfred
Sauvy.
Os países subdesenvolvidos resultaram da expansão do capitalismo a partir da
Europa Ocidental, desde os séculos XV e XVI. O capitalismo, que nasceu na Europa,
expandiu-se por toda a superfície do globo e produziu um mundo interligado, dividido
em áreas centrais ou desenvolvidas e áreas periféricas ou subdesenvolvidas.
Nos países desenvolvidos o capitalismo resultou de um processo endógeno
(interno), ou seja, desenvolveu-se a partir da própria sociedade. No Terceiro Mundo o
capitalismo foi imposto de fora, isto é, resultou de um processo exógeno (externo).
As sociedades que existiam nos países colonizados – por exemplo, as
sociedades indígenas ou a milenar sociedade indiana – acabaram sendo destruídas
ou submetidas a um novo modelo social, colonial.
A exploração colonial visava a expansão do comércio e a produção de minérios
ou gêneros agrícolas baratos para suprir o mercado mundial.
No início havia mão-de-obra escrava em grande parte dos atuais países
subdesenvolvidos. A partir de meados do século XIX, a escravidão começou a
atrapalhar o desenvolvimento da economia de mercado, pois o escravo não era
comprador e consumidor. Extinto o regime servil, uma massa de trabalhadores com
baixíssimos salários substituiu os escravos. Dessa forma, a intensa exploração da
força de trabalho constitui uma das características essenciais do subdesenvolvimento.
Em alguns lugares, como a América Latina, os europeus desprezaram as
sociedades preexistentes e estabeleceram outra, trazendo trabalhadores escravos da
África e a elite dominante da própria Europa. Em outras áreas, onde havia populações
muito numerosas – como foi o caso da Ásia -, os dominadores europeus corromperam
algumas elites locais: provocaram rivalidades e conflitos entre grupos sociais,
conseguindo que certas camadas dominantes já existentes fossem coniventes com a
economia colonial, e recrutaram trabalhadores mal remunerados no próprio local.
Particularmente na Índia, os colonizadores ingleses encontraram uma sociedade
extremamente complexa, que tinha um desenvolvimento econômico avançado para a
época, com produção manufatureira superior à da própria Inglaterra. Como o que
interessava era uma Índia submissa, compradora de bens manufaturados ingleses e
produtora somente de matérias-primas a serem vendidas a preços baixos, os ingleses
acabaram destruindo essas oficinas manufatureiras indianas, provocando o atraso em
que hoje se encontra aquele país.
Inovação e competitividade
A qualidade de vida das pessoas, o sucesso das empresas e o nível de
desenvolvimento das nações dependem, cada vez mais, da velocidade e eficácia com
que estas produzem, absorvem e utilizam conhecimentos científicos, tecnologia e
inovações. Vantagens tecnológicas constituem a base competitiva das economias
desenvolvidas. Nas economias em desenvolvimento, entretanto, a competitividade
costuma depender em grande parte do pagamento de baixos salários, da exploração
de recursos naturais, de subsídios ou proteção estatais. Essas estratégias constituem
uma armadilha para o desenvolvimento sustentado. É preciso reduzir a importância de
tais subterfúgios e incorporar conhecimento e inovação ao processo produtivo.
O diagnóstico econômico indica claramente que o país perdeu muito tempo na corrida
por competitividade. A análise da evolução da produtividade média do trabalhador
brasileiro durante as últimas décadas mostra isso. Esta produtividade dobrou entre
1960 e 1980, mas seu crescimento foi comprometido a partir de 1980, chegando ao
ano de 2002, praticamente inalterada.
O Brasil em Desenvolvimento
Estabilidade é fundamental para crescimento, mas é preciso complementar com
reformas. Nos debates sobre a conjuntura econômica do País, ouve-se falar em
superávit primário, taxa de juros, recuperação do PIB, combate à inflação, mas a
pergunta por trás de tudo isso é sempre a mesma: como fazer o Brasil crescer de
modo sustentado?
Toda a discussão tem como pano de fundo o tema prioritário para o crescimento
brasileiro: a vulnerabilidade centrada no nó fiscal.
Em decorrência da crise de 2002, quando o Brasil sofreu o impacto da brusca redução
dos fluxos de recursos internacionais e da elevação do risco-país, foi preciso aumentar
os juros e controlar ainda mais os gastos, além de aumentar as receitas para elevar o
superávit primário e assim impedir a dívida pública de entrar em trajetória explosiva
diante da forte desvalorização da taxa de câmbio.
Em 2003, o novo governo aprofundou o ajuste com firmeza de modo a controlar a
inflação, o que viabilizou, em 2004, o início de uma forte recuperação da economia,
com o crescimento do PIB atingindo 4,9%. Esse desempenho foi possível graças ao
aproveitamento da capacidade ociosa existente, tendo sido estimulado também pela
expansão do crédito doméstico e pelo aumento da demanda externa por produtos
brasileiros, fruto das medidas e do ajuste dos anos anteriores. Como resultado das
políticas de ajuste implementadas ao longo de 2003, ao final de 2004, a dívida líquida
do setor público havia diminuído para 51,8% do PIB (contra 57,2% no final de 2003) e
o saldo na conta corrente do balanço de pagamentos havia aumentado para US$ 11,7
bilhões (contra US$ 4 bilhões em 2003). Todos esses indicadores atestam para a
enorme melhoria de desempenho de nossa economia e para a redução de sua
vulnerabilidade, destacando-se o ajuste externo de cerca de 7% do PIB e a reversão
da tendência ascendente da relação dívida líquida/PIB.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil medido por paridade de poder de compra
(PPC) foi estimado em US$ 1.835 trilhão em 2007, e em US$ 1.313 bilhão em termos
nominais. Seu padrão de vida, medido no PIB per capita (PPC) era de US$ 9.600,00.
O Banco Mundial relatou que renda nacional bruta do país era a quarta maior do
continente americano e renda per capita em termos nominais de mercado (PCC) era a
oitava maior, sendo US$ 644.133 bilhões e US$ 3.460 respectivamente. Com isso, o
Brasil é estabelecido como um país de classe média. Depois da desaceleração de
2002 o país se recuperou e cresceu 5.7, 3.2 e 3.7% (PCC) em 2004, em 2005 e em
2006, mesmo que se considere estar bem abaixo do crescimento potencial do Brasil.
Em 2007, o PIB demonstrou uma grande aceleração do crescimento, com previsão
inicial de 4,3% de crescimento, subiu para 4.9% e depois 5.2%, terminando por
crescer 5.4%.
A moeda corrente brasileira é o real. O real substituiu o cruzeiro real em 1994 em uma
taxa de 2.750 cruzeiros por 1 real. A taxa trocada remanesceu estável, oscilando entre
R$ 1 e R$ 2,50 por dólar. As taxas de juros em 2007 situam-se em torno 13%. As
taxas de inflação estão em baixos níveis também, a registrada em 2006 foi de 3.1% e
as taxas de desemprego de 9.6%.
Economia do Brasil
Os maiores parceiros do Brasil no comércio exterior são a União Européia, os Estados
Unidos da América, o Mercosul e a República Popular da China.
O Brasil é a 10° maior economia mundial, de acordo com os critérios de Produto
Interno Bruto diretamente convertido a dólares, e está entre as 7 maiores economias
mundiais. Em Outubro de 2007 foi divulgada uma pesquisa da ONU, em que mostra
os melhores países para se investir do mundo. O Brasil ficou em 5º lugar, atrás
apenas da China, Índia, Estados Unidos e Rússia.
O primeiro produto que moveu a economia do Brasil foi o açúcar, durante o período de
colônia, seguindo pelo ouro na região de Minas Gerais. Já independente, um novo
ciclo econômico surgiu, com o café. Esse momento foi fundamental para o
desenvolvimento do Estado de São Paulo, que acabou por tornar-se o mais rico do
país.
Economia diversificada
Artigos
[*] Último artigo de Celso Furtado. Publicado pelo Jornal do Brasil no princípio
de Novembro e republicado dia 22/11/2004, após o seu falecimento.
BAIXO INVESTIMENTO
Para chegar a estas conclusões, o estudo da CNI levou em conta o fato de que o País
cresceu 2,2% em média ao ano durante os últimos dez anos, enquanto o resto do
mundo teve expansão de 3,8%. Entre 1996 e 2005, o PIB do País aumentou 22,4%.
No mesmo período, o mundo cresceu 45,6%. Ou seja, por 10 anos seguidos, o Brasil
cresceu menos que a média mundial.
Segundo o documento, o baixo desempenho da economia brasileira é conseqüência
da falta de investimentos. "O Brasil investe pouco comparativamente à média
mundial, sobretudo em relação aos países emergentes da Ásia", diz a nota.
De 1995 a 2004, o volume de investimentos no Brasil representou 19,3% do PIB,
inferior aos 32,6% das economias emergentes da Ásia. Por isso, lembram os
técnicos da CNI, os países asiáticos são os que mais crescem. Na média mundial, os
investimentos equivaliam a 22,1% do PIB na última década.
Na avaliação dos técnicos da CNI, além de aumentar os investimentos, o Brasil
precisa enfrentar outros desafios para retomar o crescimento. Mol destaca que a
expansão da economia a taxas compatíveis com a do resto do mundo também
depende de reformas estruturais e da solução de problemas como excesso de
burocracia, rigor das leis trabalhistas, altos custos e falta de acesso ao crédito.
10/10/2007
Nunca antes as economias emergentes estiveram em tão boa posição para sustentar
a demanda durante uma desaceleração global. Nunca antes, também, isto foi mais
importante para todo o mundo. Mas o fato de uma linha de ação ser viável e desejável
não significa que acontecerá. Os otimistas acreditam que as economias emergentes
finalmente se desvincularam. Mas tal otimismo ainda pode provar ser infundado.
A visão positiva se apóia em duas proposições: primeiro, a desaceleração na
demanda americana se manterá branda; e, segundo, as economias dos mercados
emergentes - e particularmente a maior entre elas - estão fortes o bastante para
responder de forma eficaz. Como resultado, o mundo verá uma passagem do bastão
da demanda pelos Estados Unidos e, conseqüentemente, um ajuste benigno dos
"desequilíbrios globais".
Quanto às perspectivas para os Estados Unidos, a edição de setembro de 2007 da
"Consensus Economics" foi otimista: 2% de crescimento para este ano, seguido de
uma recuperação para 2,4% em 2008. A Goldman Sachs previu um crescimento de
1,8% para 2008. Mas este pessimismo não é universal: o JPMorgan prevê 2,6% em
2008. O que mais interessa é que as perspectivas se tornaram incertas: o impacto do
congelamento do crédito pode ser brando, mas também pode ser severo. Mas os
autores de políticas americanos contam com espaço para manobras: taxas de juros
mais baixas e até mesmo um impulso fiscal se seguiriam a uma fraqueza econômica.
*The bill from the China shop is arriving, "Monthly Review", Setembro de 2007,
www.lombardstreetresearch.com
Créditos de carbono
Lucro para empresas e para o meio ambiente
Em um mercado cada vez mais globalizado e competitivo, Divulgação/Greenpeace
Crédito de carbono
Para facilitar as transações, foi criada uma moeda, o crédito de carbono. Uma tonelada de CO 2
(dióxido de carbono) equivale a um crédito de carbono, que pode ser negociado no mercado
internacional, como qualquer ação de uma empresa.
Em 2006, as transações envolvendo créditos de carbono atingiram US$ 25 bilhões, sendo que
os principais negociadores foram países da Europa e o Japão. A Austrália e os Estados
Unidos, considerado o maior poluidor do mundo, não participam do acordo. Para estes países,
cumprir o Protocolo de Kyoto significa diminuir o desenvolvimento econômico. Além disso, a
Bolsa de valores
Na América Latina, o primeiro leilão para a venda de créditos de carbono aconteceu em
setembro de 2007, na Bolsa de Mercadorias e Futuros, no Brasil. O banco belgo-holandês
Fortis pagou à Prefeitura de São Paulo R$ 34 milhões pelas emissões evitadas em um aterro
sanitário.
As empresas interessadas em ingressar nesse mercado precisam desenvolver projetos que
promovam a redução dos gases causadores do efeito estufa e realizar a sua inscrição na Bolsa
de Valores. No pregão eletrônico, as empresas vão repassar os créditos, chamados de
"Reduções Certificadas de Emissões", a outras empresas. Aterros sanitários, usinas de álcool,
indústrias siderúrgicas e centrais hidrelétricas são exemplos de potenciais empresas que
podem realizar transações deste tipo.
Os gases do efeito estufa atuam retendo o calor do sol junto à terra, aumentando a temperatura
global. O principal deles é o dióxido de carbono (CO2), emitido por veículos movidos a petróleo,
usinas termelétricas a carvão, por exemplo.
IPCC
O CO2 é um dos gases responsáveis pela manutenção da temperatura terrestre. Porém, o seu
excesso impede a saída de calor da atmosfera, provocando o aquecimento do planeta,
denominado de efeito estufa. Segundo a ONU, o CO 2 emitido pela queima de combustíveis
fósseis representa mais de 80% dos gases do efeito estufa produzidos pelo homem.
A preocupação com o equilíbrio ambiental aumentou depois que o IPCC (Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas), da ONU, divulgou um relatório revelando que, se
a emissão de poluentes seguir no ritmo atual, a temperatura média do Planeta irá aumentar
entre 1,8°C e 4° C, até 2100, o que provocaria danos irreparáveis ao meio ambiente. Com base
nos resultados preliminares do Protocolo de Kyoto, que tem prazo de validade até 2012, os
países já estudam outras fórmulas para reduzir a poluição no mundo.
30/03/2007
O Brasil entra no clube dos países com PIB superior a US$ 1
trilhão
O novo cálculo do PIB revela uma participação diferente dos setores na economia: o de
serviços produz 64% das riquezas, indústria e a agricultura recuaram
Annie Gasnier
Surgiram novos números, novos resultados e novas perspectivas: ao modificar o cálculo do seu
produto interno bruto (PIB) relativo ao período de 1995 a 2006, o Brasil descobriu em 28 de
março de 2007 que nos últimos onze anos a sua economia havia sido subestimada em 10,9%.
Após a correção, o crescimento do PIB para o ano de 2006 alcançou 3,7%.
Esta revisão para cima constitui uma boa notícia para uma economia brasileira que está doente
por causa do seu crescimento fraco demais, principalmente se comparado com a taxa de 10%
observado em outros gigantes emergentes como a Índia e a China.
Daqui para frente, o total das riquezas geradas pelo maior país da América do Sul é superior a
US$ 1 trilhão (R$ 2.070,8 trilhões). "Éramos a décima economia mundial até agora. Em 2005,
nós ocupávamos o oitavo lugar e agora, estamos nos aproximando do sétimo, que é o da
França", comemorou o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Para Alex Agostini, um economista da firma de consultoria Austin Rating citado pela agência de
notícias AFP, o Brasil ainda assim permaneceu, em 2006, a décima economia mundial, em
dólares correntes. "Em 2010 é possível que ele ultrapasse o Canadá e a Espanha para alçar-se
ao oitavo lugar, isso se o crescimento da Rússia não tiver nenhuma aceleração no período",
avalia.
A metodologia de cálculo não havia evoluído desde 1985, o que tornava a "fotografia" da
atividade ultrapassada. Na época, por exemplo, o telefone celular não existia, e hoje existem
As "dúvidas" da oposição
A mudança foi preparada durante cinco anos pelos economistas do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), conforme os critérios das Nações Unidas. Os economistas, de
todas as tendências, receberam a revisão com satisfação, mas parlamentares da oposição
manifestaram as suas "dúvidas". Principalmente porque os anos em que o presidente Fernando
Henrique Cardoso governou o país (1995-2002) foram revistos para baixo, e os quatro últimos
anos, do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, para cima.
Este PIB revelou uma distribuição diferente por setores: o setor dos serviços produz 64% das
riquezas. Junto com as telecomunicações, as atividades financeiras beneficiaram de uma forte
expansão. A indústria recuou para 27,7%, e a agricultura, campeã das exportações, para 8,3%.
"Nós podemos deduzir dos novos dados que o nosso país se aproxima cada vez mais da
maturidade", declarou Eduardo Pereira Nunes, o presidente do IBGE.
Uma maturidade que parecida conferir ao Brasil o status de país "emergido", diferentemente
dos "emergentes" tais como a China e a Índia, em fase de industrialização, e limitar o seu
crescimento anual, que permanece distante da média mundial de 4,9% em 2006. Os novos
resultados incitaram o governo a assegurar que "o Brasil voltou a se inserir num ciclo de
crescimento duradouro". A dívida segue diminuindo, à custa de um importante esforço fiscal.
Atualmente, a dívida equivale a 45,7% do PIB, contra 52,5% em 2003. O governo espera atingir
o patamar de 30% já em 2010, para seduzir os investidores estrangeiros.
Mas os investimentos permaneceram em níveis reduzidos (16,7% do PIB em 2006). Além
disso, apesar do Programa de Aceleração do Crescimento (que prevê investir US$ 500 bilhões
- R$ 1.035,4 trilhão - ao longo de quatro anos), que foi anunciado no final de janeiro de 2007,
"os investimentos não deveriam ultrapassar 21% em 2010", reconheceu o ministro da
economia.
A educação e a saúde, que são os eternos "parentes pobres" do orçamento, não beneficiam de
nenhum crescimento. Ignorando o piso de 6% recomendado pela Unesco (Organização das
Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura), o Brasil investiu 3,8% do PIB apenas
na sua juventude. As despesas com saúde, por sua vez, diminuem para 1,77%.
Assim como o Estado, os brasileiros gastam muito e a expansão do PIB se deve principalmente
ao consumo. O aumento dos salários, associado à distribuição da "Bolsa Família" para 11
milhões de lares desfavorecidos, incentivou as despesas, entre outros em equipamentos
domésticos.
Prof. FabioGUSTAVO
Uchôas H.B. FRANCO
de Lima 18
é economista e professor da PUC-Rio e
escreve quinzenalmente em ÉPOCA. Foi
presidente do Banco Central do Brasil.
www.gfranco.com.br
gfranco@edglobo.com.br
AEG – Ambiente Econômico Global Cad3
24/10/2008 - 08h35
- 1882: 'Crack" do banco católico francês Union Générale. Bolsas de Lyon e Paris
despencam, França entra em crise econômica.
- 1929: Quinta-feira negra em Wall Street. No dia 24 de outubro, o índice Dow Jones
da bolsa de Nova York perde mais de 22% em suas primeiras horas de sessão,
apesar de se recuperar ao longo do dia e fechar em -2,1%. Em 28 de outubro cai
novamente em 13% e no dia 29, em 12%. Essa crise obriga o fim da especulação da
bolsa e marca o início da grande depressão dos Estados Unidos e de uma crise
mundial que afeta especialmente a Europa.
- 1998: Agosto negro na Rússia. O rublo (moeda do país) perde cerca de 60% do seu
valor em onze dias. A Rússia vive uma crise econômica e monetária vinculada em
parte à crise asiática de 1997.
- 2000: A bolsa eletrônica vive sua primeira grande crise. O índice Nasdaq, que
concentra os valores de internet e de tecnologia, cai 27% nas duas primeiras semanas
de abril e perde 39,3% em um ano. Essa queda repercute em todos os mercados
vinculados à Nova Economia.
22/10/2008 - 17h36
O que era uma onda de calotes no mercado imobiliário dos Estados Unidos se
transformou em uma crise nos mercados de ações, de crédito e de câmbio do planeta
--e os efeitos já começam a chegar ao comércio, aos empregos e ao cotidiano de
todos. As próximas páginas procuram trazer à linguagem comum as origens da crise,
a dinâmica do mundo financeiro e os desafios a serem enfrentados pelo Brasil.
Leia a seguir dez explicações que ajudam a entender a atual crise:
Crises especulativas como a atual --documentadas desde o século 17, com dimensões
variadas-- são sempre gestadas em momentos de juros baixos e crédito farto, mais
comuns em fases de prosperidade. E a economia mundial vivia o melhor momento
desde a década de 70.
Uma pessoa ou uma empresa quebrada é a que não consegue pagar suas dívidas.
Um banco quebrado é o que emprestou dinheiro a quem não conseguiu pagar as
dívidas, como mutuários do subprime americano.
Quem compra ações se torna sócio de uma empresa e, portanto, espera lucros com a
expectativa de crescimento futuro da economia. Se as expectativas para os próximos
meses e anos se tornam sombrias, os investidores se desfazem das ações, e o
movimento de venda em massa derruba os preços.
Ainda que a maior parte dos participantes do mercado não queira relações duradouras
com as empresas, mas apenas comprar e vender com vantagem suas participações, a
Uma recessão começa quando investidores acreditam que a hora não é boa para
investir e consumidores crêem que a hora não é boa para consumir. E, na tentativa de
protegerem sua riqueza, todos empobrecem.
Depois de dois anos seguidos de expansão econômica na casa dos 5%, o governo já
decretava que fazia parte do passado a comparação entre o crescimento brasileiro e
um vôo de galinha. Agora, a galinha está prestes a pousar mais uma vez.
Não há, até o momento, previsões de recessão, mas é consensual que os percentuais
de crescimento serão mais modestos em 2009. Andar mais devagar não é tão ruim
quanto andar para trás, mas os efeitos econômicos e políticos são da mesma
natureza.
O Brasil já sofre com a retração mundial do crédito. Boa parte do dinheiro emprestado
aqui dentro é obtida lá fora. Com recessão nos Estados Unidos e na Europa, encolhe
o mercado para as exportações brasileiras, que também cairão de preço.
Multinacionais tendem a cancelar ou adiar planos de expansão no país.
Outra ameaça é a recente disparada do dólar, que não se sabe onde ou quando vai
parar. Se o dólar se mantiver alto, importações ficarão mais caras e a inflação tenderá
a subir. Nesse caso, o Banco Central, na contramão do resto do mundo, poderá optar
por subir ainda mais os juros e conter o consumo, o investimento, o crescimento e os
preços.
9 - Por que as empresas brasileiras que nada têm a ver com as origens da crise
tiveram prejuízos milionários?
Na outra ponta da operação, está um especulador apostando que o carro não será
batido nem roubado, a seguradora. Se a aposta estiver correta, ela ficará com o
prêmio pago pelo dono do carro.
Os demais derivativos podem ser mais complexos, mas seguem os mesmos
princípios. Empresas exportadoras, com receita em dólar, buscam se proteger de uma
desvalorização vendendo a moeda americana no mercado futuro por uma cotação
A primeira reação do governo tem sido tentar evitar ou atenuar a secura de crédito,
cuja expansão foi um dos motores da economia brasileira nos últimos anos, embora
retórica oficial prefira dar mérito ao PAC.
Mas, como aconteceu em todas as crises recentes, o país pode ser obrigado a
escolher entre crescimento e inflação --sacrificar o primeiro para evitar a segunda ou,
na alternativa menos conservadora, tentar acelerar um correndo o risco de impulsionar
a outra.
No primeiro caso, a receita é conhecida: os juros são mantidos ou até elevados, e o
mesmo é feito com a meta de superávit primário (a parcela da arrecadação tributária
destinada ao abatimento da dívida pública). As medidas reduzem o consumo público e
privado, esfriam a economia e ajudam a impedir que a alta do dólar se transforme em
aumento da inflação.
Esse era o cenário traçado antes do agravamento da crise, quando as atenções do
governo se voltavam para a rápida piora da balança comercial, efeito colateral do
consumo em alta. O projeto de Orçamento de 2009 já contempla a possibilidade de
aumentar superávit primário.
Mas a perspectiva de contração econômica acima do esperado levou setores menos
ortodoxos da equipe econômica a falar, até aqui no anonimato, em medidas pró-
crescimento, de mais gastos públicos, menos impostos e menos juros. É o que os
economistas chamam de política anticíclica: quando a economia vai bem, o governo
faz mais economia; quando vai mal, gasta-se. No caso brasileiro, já não há mais
tempo para a primeira parte do plano.
Referências Bibliográficas
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