O autor propõe uma ação popular contra o prefeito e uma empresa publicitária para invalidar a contratação direta desta última para veicular outdoors com mensagens de promoção pessoal do prefeito na inauguração de uma obra pública, alegando desvio de finalidade e ausência de licitação. O autor pede liminar para suspender o ato administrativo e a veiculação dos outdoors, além da declaração de nulidade do ato do prefeito e condenação ao ressarcimento do erário.
O autor propõe uma ação popular contra o prefeito e uma empresa publicitária para invalidar a contratação direta desta última para veicular outdoors com mensagens de promoção pessoal do prefeito na inauguração de uma obra pública, alegando desvio de finalidade e ausência de licitação. O autor pede liminar para suspender o ato administrativo e a veiculação dos outdoors, além da declaração de nulidade do ato do prefeito e condenação ao ressarcimento do erário.
O autor propõe uma ação popular contra o prefeito e uma empresa publicitária para invalidar a contratação direta desta última para veicular outdoors com mensagens de promoção pessoal do prefeito na inauguração de uma obra pública, alegando desvio de finalidade e ausência de licitação. O autor pede liminar para suspender o ato administrativo e a veiculação dos outdoors, além da declaração de nulidade do ato do prefeito e condenação ao ressarcimento do erário.
EXCELENTSSO SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(ZA) DE DIREITO DE QUALQUER
DAS VARAS CVEIS DA COMARCA DE IPANGUAU DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO NORTE A QUEM COUBER POR DISTRIBUIO LEGAL
ANTNI O OROZI MBO DA ONA, brasileiro, solteiro, comerciante, portador do documento do ttulo de eleitor n 123456789-2 e RG de n 987.654 ITEP-RN e inscrito no CPF sob o n. 567.890.123-04, domiciliado e residente na Rua das Cajazeiras, 45, Bairro Frutolndia, vem, por intermdio de seu advogado (endereo para intimaes contido no instrumento de mandato doc. 02 ), com espeque nos arts. 5, LXXIII, e 37, caput, da Constituio Federal, bem como arrimado no art. 1 da Lei 4717/65, propor: AO POPULAR com PEDI DO DE LI MI NAR em face do ato do Sr. PREFEITO DO MUNICPIO DE IPANGUAU, Odorico Maia, e o litisconsorte, a empresa publicitria Divulguau, inscrita no CNPJ sob o n 345.678.910.123- 45, sediada na Rua dos Ips, Bairro das rvores, Ipanguau-RN, pelos motivos de fato e de Direito a seguir expostos. I. DOS FATOS
Chegou ao conhecimento do autor, atravs de servidora municipal, o fato de a Prefeitura ter obtido, junto empresa Divulguau, outdoors a fim de promover a inaugurao de uma ponte reformada no municpio. Ocorre que os dizeres contidos nos outdoors so: Obrigado Prefeito por mais essa obra!!!. Diligentemente, o autor prosseguiu verificao dos fatos a ele narrados, dirigiu-se ao ptio da Divulguau e capturou imagens dos outdoors, as quais constam dos anexos (doc. 3), bem como protocolou requerimento junto Prefeitura, do qual obteve cpia do instrumento (doc. 4) que assegura que o material foi adquirido sem prvia licitao. Diante da constatao das alegaes da servidora, no restou ao requerente alternativa outra seno o ajuizamento desta ao popular, a fim de que o Judicirio extirpe as aberraes cometidas.
II. DA FUNDAMENTAO JURDICA
A Carta Poltica de 1988 outorgou a qualquer cidado, no gozo dos seus direitos polticos (como o autor que apresenta cpia de titulo de eleitor e declarao emitida pela Justia Eleitoral do estado), remdio constitucional de apto a tutelar a moralidade administrativa, o meio ambiente e o patrimnio histrico e cultural, insculpido no art. 5: LXXIII - qualquer cidado parte legtima para propor ao popular que vise a anular ato lesivo ao patrimnio pblico ou de entidade de que o Estado participe, moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimnio histrico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada m-f, isento de custas judiciais e do nus da sucumbncia;
Trata-se, pois, de ao constitucional de natureza cvel, de cunho desconstitutivo e condenatrio, que visa invalidao de ato que macule o interesse pblico. Consoante lio de Andr Ramos Tavares, a ao popular: um dos instrumentos de participao poltica do cidado na gesto governamental.(...) Assim, embora tenha natureza jurdica de ao judicial, consiste, em si mesma, numa forma de participao poltica do cidado. 1
i. Da legitimidade passiva e do litisconsrcio necessrio O art. 6 da Lei 4717/65 dispe que a ao ser intentada contra as pessoas pblicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1, contra as autoridades, funcionrios ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade leso, e contra os beneficirios diretos do mesmo.
1 TAVARES, Andr Ramos. Curso de direito constitucional, p. 860 No caso em tela, alm da inconteste legitimidade passiva do Prefeito, a empresa publicitria Divulguau, por ter se beneficiado diretamente de contratao com o Poder Pblico sem prvia licitao, dever integrar o polo passivo desta relao processual. ii. Do Cabimento da ao popular
Douto Magistrado, o ato praticado pelo Prefeito Odorico Maia atinge em cheio os princpios da moralidade e da impessoalidade elencados no art. 37, caput, corolrios da supremacia do interesse pblico. Ocorreu notoriamente o chamado desvio de finalidade, pois o chefe do executivo municipal atuou imbudo de um esprito alheio ao interesse pblico, uma vez que se observa a atitude leviana, imoral, do gestor em utilizar a ocasio da inaugurao de uma obra pblica para promoo pessoal, o que poder incutir na mentalidade geral da populao a ideia de eficincia. Com o fito de propiciar a comunicao e divulgao das polticas pblicas, a Constituio Federal em seu art. 37,1 confere as diretrizes para a realizao deste mister: 1 - A publicidade dos atos, programas, obras, servios e campanhas dos rgos pblicos dever ter carter educativo, informativo ou de orientao social, dela no podendo constar nomes, smbolos ou imagens que caracterizem promoo pessoal de autoridades ou servidores pblicos.
Todavia, a divulgao prestes a acontecer em muito ultrapassa os fins institucionais de informao, de comunicao, inscritos no 1 do art. 37 da Constituio, vez que acaba aprisionando o eleitor a um sentimento perverso de gratido ao gestor pela construo de obra no mais que necessria ao municpio. Ao se deparar com situaes de publicidade que extrapolam o interesse pblico, a jurisprudncia tem se manifestado no sentido de rechaar o ato lesivo:
AO POPULAR. PREFEITO MUNICIPAL. PUBLICIDADE IRREGULAR. 1. Revista publicada pela Secretaria de Comunicao Social da Prefeitura Municipal de Carapicuba, contendo fotos do Prefeito, de sua mulher, de Secretrios Municipais, Presidentes de Autarquias e Vereadores do Municpio, com evidente propsito de promoo pessoal. 2. Publicidade dos atos, programas, obras, servios e campanhas dos rgos pblicos que dever ter carter educativo, informativo ou de orientao social, dela no podendo constar nomes, smbolos ou imagens que caracterizem promoo pessoal de autoridades ou servidores pblicos. Art. 37, 1, da Carta Magna. 3. Dano moral em decorrncia da afronta aos princpios constitucionais, mxime o da moralidade e da legalidade, devendo ser indenizada a coletividade que a portadora do direito a uma administrao proba. Recurso no provido. (TJ-SP - APL: 00004745219988260127 SP 0000474- 52.1998.8.26.0127, Relator: Camargo Pereira, Data de Julgamento: 21/01/2014, 3 Cmara de Direito Pblico, Data de Publicao: 21/01/2014)
Outro gravame se deu na no realizao da licitao, visto que o caso no se amolda a qualquer hiptese de dispensa ou inexigibilidade de licitao. Do art. 25, II, da Lei 8666/93 extrai-se que: Art. 25. inexigvel a licitao quando houver inviabilidade de competio, em especial: (...) II - para a contratao de servios tcnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notria especializao, vedada a inexigibilidade para servios de publicidade e divulgao;
Destarte, caracterizada est a ilegalidade da contratao direta da referida empresa publicitria quando a lei no atribui hiptese excludente da obrigatoriedade de licitao. iii. Dos requisitos para a concesso do pedido liminar
A medida initio litis se apresenta como decorrncia do poder geral de cautela do juiz, cuja finalidade precpua assegurar a existncia do direito quando da prolao da sentena. Quanto possibilidade de concesso de liminar em sede de ao popular, o artigo 5, 4 da Lei 4717/65 assegura a aplicabilidade da medida liminar em casos de leso ao patrimnio pblico, extensvel igualmente s demais hipteses contidas no bojo de proteo da ao popular. Para que seja deferida a medida liminar, imprescindvel a satisfao dos requisitos, quais sejam, o periculum in mora e o fumus boni iuris. Estes revelam, respectivamente, o perigo irreparabilidade do dano que pode ocorrer se o provimento jurisdicional for proferido tardiamente, e o ltimo expressa a relevncia dos fundamentos trazidos ao processo. De toda a narrao e documentos acostados, firma-se a observncia dos dois pressupostos, haja vista a comprovao das alegaes, bem como a constatao da iminncia do dano relativo divulgao viciada e a perpetuao da mcula legalidade desde a contratao direta desprovida de licitao.
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) Desde logo, requer a concesso da liminar para suspender o ato administrativo que originou a contratao direta da Divulguau, e sobretudo impedir a veiculao dos outdoors na inaugurao da referida obra; b) Por todo o exposto, requer a Vossa Excelncia a procedncia do pedido de DECLARAO de nulidade do ato do Sr. Prefeito e a CONDENAO dos Rus obrigao de ressarcir o errio pblico, o que ser apurado em liquidao de sentena (art. 286 do CPC); c) Requer, ainda, a citao dos Rus para que, no prazo legal, apresentem defesa e possam acompanhar o feito at a sua extino; d) Requer, por fim, a intimao do Ministrio Pblico. O Autor protesta provar o alegado por todos os meios em Direito admitidos, sobretudo pela prova documental amealhada aos autos. D causa o valor de R$ _____ (valor por extenso). Termos em que, pede deferimento. Ipanguau-RN, 18 de junho de 2014.
_________________________________________________ Sidnia Lidiane da Costa Constncio OAB/RN n 23.456