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RESUMO
Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quanti-qualitativa dos dados. Teve como objetivo
caracterizar o impacto da Anemia Falciforme no contexto familiar de crianças/adolescentes,
cadastradas nas Unidades Básicas de Saúde de uma cidade da Região Metropolitana do Vale do
Aço. A amostra constituiu-se de sete mães como informantes e dez crianças/adolescentes menores
de dezesseis anos. Adotou-se a entrevista semi-estruturada e formulário com questões objetivas e
subjetivas. A coleta de dados foi realizada no período de 13 a 25 de fevereiro de 2008 e sua análise
realizada a partir da tabulação dos mesmos, sendo construídos quatro núcleos temáticos. Os
resultados apontaram que a existência da Anemia Falciforme muda a dinâmica familiar nos seguintes
aspectos: a maioria das mães deixam de trabalhar fora o que pode desencadear super-proteção para
com o filho e comprometer a renda familiar; a negação da doença ainda existe e a dor é o sintoma
mais marcante. O fato de ter que levar o filho frequentemente a
o Hemominas provoca medo e insegurança nas mães e acarreta mudança no cotidiano dos filhos
resultando em baixa perspectiva de futuro. Conclui-se que há muito a se fazer no sentido de reduzir
os reflexos negativos vividos pelas famílias estudadas. Os profissionais de saúde, entre eles o
enfermeiro, têm papel primordial no acolhimento e acompanhamento dessas famílias, podendo ajudá-
las a desenvolver mecanismos compensatórios para superar as dificuldades advindas da patologia e
promovendo ações efetivas capazes de reduzir a morbi-mortalidade, permitindo que as
crianças/adolescentes portadoras de Anemia Falciforme tenham uma melhor qualidade de vida.
ABSTRACT
This is a descriptive study approach with quantitative and qualitative data. The objective to
characterize the impact of sickle cell anemia family in the context of children/ adolescents, registered
in Basic Health Units, a city of the Metropolitan Region of the Valley Steel. The sample was composed
of seven mothers as informants and ten children / adolescents than sixteen years. Adopted is a semi-
structured and form with objective and subjective questions. Data collection was performed in the
period from 13 to February 25, 2008 and their analysis from the tabulation of the same, being built four
thematic clusters. The results showed that the existence of Sickle Cell Anemia changes the family
dynamics in the following aspects: the majority of mothers stop working out what can trigger super-
protection for the child and compromising the family income, the denial of the disease still exists and
the pain is the symptom most striking. The fact of having to take the child in Hemominas often
provokes fear and insecurity in the mother and brings change in the daily life of children resulting in
low prospect for the future. It is concluded that there is much to be done to reduce the negative
repercussions experienced by the families studied. The health workers, including the nurse, have key
role in hosting and monitoring of these families and can help them to develop compensatory
mechanisms to overcome the difficulties resulting from the disease and promoting effective actions
capable of reducing morbidity and mortality, allowing children / adolescents suffering from Sickle Cell
Anemia have a better quality of life.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Das mães que relataram não trabalhar fora, uma realiza atividades de
cabeleireira nos finais de semana, no próprio domicílio, no intuito de complementar a
renda familiar sem deixar de permanecer ao lado dos filhos, um deles, portador da
AF. Percebeu-se que as mães em sua maioria, mesmo necessitando
financeiramente, não trabalhavam fora por entender que os filhos carecem de
maiores cuidados, como mostra a fala a seguir:
“Preciso, mas tenho medo que meu filho precise de mim e eu não estou perto”.
M.C
Para Furtado e Lima (2003) mães de crianças com doenças crônicas têm
deixado de exercer atividades fora do lar por serem elas as responsáveis pelo
cuidado para com o filho.
“Me sinto muito mal, pois vejo o sofrimento do meu filho, sei que estas dores
sempre voltarão. Mas fico de mãos e pés atados, sem poder dizer a ele calma daqui
a pouco passará e não voltará mais. Tenho medo que as próximas dores sejam
piores, medo que ele não suportará. Peço a Deus todos os dias por ele e por mim,
que me dê força para suportar tanta tristeza.” M.A
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“Me sinto mal, apesar do meu filho ser uma criança que graças a Deus não tem
muito dos sintomas desta doença, fico mal no dia que tenho que levá-lo ao
Hemominas, pois vejo outras mães que me contam como seus filhos sentem dores.
Fico com medo que meu filho um dia possa vir a sentir dor como eles.” M.B
“Deus é tão grande para mim, que meus filhos apesar de serem doentes me
ajudam tanto, não reclamam de dores, mesmo eu vendo que estão sentindo, eles
escondem, só tenho que agradecer a Deus todos os dias”. M.G
“Minha filha sentia muita dor abdominal, sendo assim houve a necessidade de
retirar o baço há um ano atrás. Mas mesmo assim ela ainda continua sentindo
dores, mais brandas, mas com freqüência” M.G
Das mães pesquisadas, seis (85,7%) relataram receber algum tipo de ajuda
para o tratamento do seu filho. Cehmob-MG (2005) afirma que os pacientes devem
receber acompanhamento e tratamento gratuito, logo após o diagnóstico da
patologia.
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“No começo foi muito difícil, pois não conhecia nada da doença, achei que iria
perder meu filho, agora sei que ele pode ter uma vida normal (...) só recebi
informação (...) quando meu filho tinha um mês de vida”. M.C
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“Nunca recebi nenhuma orientação sobre a doença do meu filho, (...) tive que
recorrer os vizinhos para pegar na internet para mim”. M.A
“Aprendi a conviver com a doença de meus filhos, pois tenho três filhos
portadores de AF. Preciso ser forte para ajudar meus filhos nesta batalha que não é
nada fácil para nenhum de nós (...)”. M.G
“Agora já consigo aceitar a doença de meus filhos, pois aprendi a conviver com
ela, já conheço quase tudo sobre ela. Sei o que posso fazer para diminuir a dor dos
meus filhos. Sei que eles poderão ter vida normal como as outras criança (...)”. M.G
“Agora aceito bem, foi difícil quando fiquei sabendo do primeiro, agora já
convivo com esta situação normal em minha vida. Pois quando recebi a noticia do
primeiro filho é que fiquei sabendo que eu também era portadora de AF.” M.E
“Olha me senti muito mal no começo, agora como minha filha tem poucos
sintomas da doença, e vejo que ela pode ter uma vida quase normal, já aceito sua
doença.” M.F
“Minha filha optou por parar de estudar alegando faltar muito por causa das
dores e também da ida ao tratamento (...) ela diz: estou estudando, mas, será difícil
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“Me senti péssima quando fiquei sabendo da doença de meu filho, pensei tudo
de mal que uma mãe possa pensar. Pois não conhecia nada da doença. Mas agora
sei que ele não tem mais esta doença. Ele é uma criança normal. Pois realizei novos
exames há dois anos e comprovaram que ele estava curado.Tenho certeza que
houve engano nos exames que mostravam que ele tinha AF”. M.D
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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<http://portal.saude.gov.br/portal/sas/sapd/visualizar_texto.cfm?idtxt=22719>.
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Acesso em: 5 mar. 2008.
MELLO, Débora Falleiros de; FERRIANI, Maria das Graças Carvalho. Estudo
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Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
116919960002 00007&lng =en&nrm=iso>. Acesso em: 14 mar. 2008.