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Avaliação da Realidade
2.1 - CONHECIMENTO DA REALIDADE LOCAL pram mais alimentos in natura, em feiras e sacolões.
Seu lixo, portanto, terá muito mais resíduos orgâ-
O levantamento de informações gerais sobre o nicos que recicláveis. Já as famílias de renda mais
município e a região é importante instrumento na alta consomem mais e adquirem mais produtos in-
avaliação prévia das possibilidades de implantação dustrializados, gerando um lixo com maior quantida-
de um projeto. Essa primeira aproximação com a de de embalagens.
realidade local e regional deverá permitir: Informações sobre população e renda média po-
avaliar se a cidade apresenta condições favorá- dem ser obtidas na própria Prefeitura ou nos orga-
veis para o desenvolvimento desse tipo de em- nismos de produção de estatísticas municipais e es-
preendimento; taduais, além das associações locais, comerciais e
o planejamento das atividades com base na de serviços.
realidade e não em suposições;
a previsão de dificuldades e a discussão e defi- As atividades econômicas
nição de ações para evitá-las ou enfrentá-las. A presença de indústrias e de um setor comer-
Para tanto, é necessária a obtenção e sistematiza- cial e de serviços dinâmicos e bem desenvolvidos
ção das informações apresentadas a seguir. indicam vigor econômico. Esses dados ajudam a
avaliar as possibilidades de apoio ao projeto. As em-
A População da cidade e a renda média presas poderão participar não somente através de
por habitante patrocínio (caminhão, cartazes, panfletos, cestas
Quanto maior o número de habitantes, maior básicas, passes, equipamentos, móveis, etc.), como
será a geração de lixo e materiais recicláveis, assim também poderão contribuir doando seus resíduos
como a quantidade de recicláveis no lixo é direta- para a cooperativa - o lixo seletivo proveniente das
mente proporcional ao nível socioeconômico da co- indústrias e do comércio é economicamente mais
munidade geradora. Famílias com menor poder interessante que o das residências. Municípios ou
aquisitivo, de modo geral, consomem menos e com- regiões menos dinâmicos tendem a apresentar me-
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Capítulo 2 - Avaliação da Realidade - COOPERATIVA DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS - GUIA PARA IMPLANTAÇÃO
Os catadores
Um simples passeio pelas ruas do município será
suficiente para que se verifique a existência ou não
de catadores. Se houver um lixão na cidade, há gran-
Conversando com os catadores...
des chances de que haja um grupo de pessoas reali-
zando a catação. Para obter mais informações, é a-
conselhável entrar em contato com as entidades que
atuam junto à população carente, assim como se diri-
gir à Prefeitura, pois é possível que os órgãos munici-
pais de promoção social e de saúde já tenham desen-
volvido ações anteriores com os catadores, principal-
mente se a destinação do lixo da cidade for um lixão.
É importante verificar se esses trabalhadores estão
organizados ou não e qual a entidade apoiadora. De-
pendendo da situação, o grupo poderá ou não ser
aproveitado no projeto. ...Planejando um futuro melhor
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auxiliará a evitar os mesmos erros e a buscar solu- ção da proposta enquanto um projeto próprio. Aos
ções alternativas. Além disso, populações que já fo- administradores municipais pode parecer, à primeira
ram envolvidas em programas de coleta seletiva fra- vista, que o projeto é simples. Na prática, entretanto,
cassados tendem a ser mais resistentes a iniciativas será preciso envolver diversas Secretarias, mobilizar
semelhantes. Nesse caso, será preciso prever traba- recursos humanos de diferentes áreas do governo mu-
lho mais intenso de sensibilização da população. nicipal, disponibilizar verbas, empenhar-se na busca do
apoio da comunidade, dar visibilidade ao projeto,
Legislação sobre resíduos disponibilizar área, equipamentos e transportes, entre
A legislação municipal referente aos resíduos sóli- outros. Essas demandas devem ficar muito claras no
dos é um dado que revela os esforços já realizados ou contato com as administrações locais. Por outro lado,
em andamento por parte da administração pública. Per- o projeto trará benefícios concretos ao município com
mite verificar em que medida as leis já existentes ou a criação de emprego e renda, além de permitir uma
em tramitação podem interferir no projeto. É bom solução contemporânea para os problemas relaciona-
procurar indagar se foram encaminhados projetos re- dos à geração e disposição do lixo.
lacionados à gestão de resíduos sólidos na cidade, com A parceria com a Prefeitura é interessante, pois
a perspectiva de obtenção de recursos federais, esta- permite a utilização da estrutura de serviços públi-
duais e outros. Caso positivo, deve-se verificar a pos- cos como suporte ao projeto. Para citar alguns bene-
sibilidade de inserir o projeto nas negociações. fícios, é possível ter acesso a recursos orçamentári
DICA PREPARE-SE
Esses dados podem ser obtidos na Secretaria Relacione as vantagens que o projeto poderá tra-
de Obras da Prefeitura ou outro departamen- zer ao município como geração de postos de tra-
to que seja responsável pela limpeza pública, balho, aumento da vida útil do aterro, diminuição
Câmara de Vereadores, Promotoria Pública, dos gastos com a limpeza pública. Organize uma
Secretaria de Meio Ambiente e de Turismo. lista com os itens prioritários a serem solicitados,
acompanhados de uma previsão de desembolso.
Isso é importante para que os administradores
O Apoio da Prefeitura municipais possam avaliar as possibilidades de
No contato com a Prefeitura, o importante é iden- aporte de recursos públicos.
tificar as possibilidades reais de apoio ou de assimila-
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Capítulo 2 - Avaliação da Realidade - COOPERATIVA DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS - GUIA PARA IMPLANTAÇÃO
os públicos, à estrutura de saúde e educação munici- ministrativa: um projeto muito atrelado à Prefeitura
pais para atender aos catadores, por exemplo, com pode correr o risco de ser suspenso, se novas elei-
programas alternativos de alfabetização, inserção em ções mudarem os rumos da política local.
programas de assistência social, como cestas bási-
cas e passe; possibilidade de utilização de espaços
públicos, como áreas cobertas e ociosas de aterros
PENSE EM ALTERNATIVAS DE APOIO
sanitários ou outros galpões desativados, e acesso a
Se os recursos a serem disponibilizados pela
cadastros de secretarias.
Prefeitura forem insuficientes ou o interesse
É importante estar ciente de que o vínculo com a
pelo projeto for pequeno, o melhor é iniciar a
administração local implicará na inserção do projeto
busca de suporte junto a outras instituições.
na burocracia pública, com seus prazos de licitações
Obter patrocínio leva tempo e quanto mais
e procedimentos legais, o que pode reduzir a flexibili-
cedo for iniciado o processo, maiores serão as
dade na tomada de decisões e emprestar certa
chances de sucesso.
morosidade ao processo de implantação. Há ainda
que se levar em conta a questão da continuidade ad-
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Capítulo 2 - Avaliação da Realidade - COOPERATIVA DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS - GUIA PARA IMPLANTAÇÃO
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Capítulo 2 Avaliação da Realidade COOPERATIVA DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS GUIA PARA IMPLANTAÇÃO
Metais
10,5 %
Longa vida
1,5 %
Papel/Papelão
41 %
Plásticos
18 %
Fonte: CEMPRE 2000
Capítulo 2 - Avaliação da Realidade - COOPERATIVA DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS - GUIA PARA IMPLANTAÇÃO
As quantidades de materiais recicláveis descarta- como exemplo os dados para papel/papelão, tem-se:
das, assim calculadas, são também a máxima quantida- 420 x 41/100 = 172,2 t/mês
de potencialmente reciclável, correspondendo, por- Calculando, de modo análogo, para os demais materiais,
tanto, à maior renda potencialmente auferível com a obtêm-se os seguintes resultados, em toneladas por mês:
venda dos materiais. Materiais t/mês
Exemplo Papel/papelão 172,2
A partir da informação do Quadro 2 (ver ítem 1.1), que indica Plástico 75,6
Vidro 54,6
35% de presença dos materiais recicláveis, em peso, no total
Embalagem cartonada 6,3
do lixo brasileiro, calcula-se a máxima massa de materiais,
Metais 44,1
teórica ou potencialmente, disponível no município:
Alumínio 6,3
35 x 40 t/dia/100 = 14 t/dia ou 420 t/mês Diversos 35,7
Utilizando-se os dados da Figura 4, pode-se calcular a dispo- Rejeitos 25,2
nibilidade máxima mensal de cada material. Tomando-se Total 420,0
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Ano 1
Materiais Quantidade Preços* Receita
(t/mês) (R$/t) (R$/mês)
Papel/papelão 14,76 110,00 1.623,60
Plástico 6,48 250,00 1.620,00
Vidro 4,68 140,00 655,20
Embalagem cartonada 0,54 100,00 54,00
Metais 3,78 100,00 378,00
Alumínio 0,54 2.700,00 1.458,00
Diversos 3,06 ----- -----
Rejeitos 2,16 ----- -----
Total 36,00 5.788,00
(*) CEMPRE, dezembro de 2002.
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4 . Estimar as receitas brutas previstas, e, portanto, das receitas, sejão realmente alcançadas.
Uma vez definidas as metas, é possível fazer uma Dessa forma, para o Ano 1, ter-se-á uma receita mensal de:
estimativa da receita potencial bruta, ou seja, de re- 70 x 5.788,00/100 = R$ 4.051,60
ceita obtida caso as metas de coleta e comercializa-
ção sejam atingidas. 5 . Estimar a receita líquida
É importante, no entanto, atentar que: Para estimar a receita líquida potencial é necessá-
nem todos aderem à coleta seletiva; rio conhecer as despesas. No entanto, é muito difícil
nem todo o lixo reciclável é sempre separado estimá-las no início, pois dependerão das caracterís-
nos domicílios; ticas específicas de cada experiência, como o apoio
sempre há algum índice de rejeito no proces- da sociedade, o envolvimento dos órgãos públicos, a
so de triagem (sugere-se em torno de 10%, prática gerencial adquirida, etc. Dessa forma, é ra-
podendo chegar a 30%, a depender da quali- zoável admitir uma estimativa das despesas baseada
dade da coleta e da triagem). em experiências vividas por outras cooperativas.
Assim, o cálculo de receita bruta máxima seria mais Para o caso de inexistência de informações confiá-
realista se fosse adotado um coeficiente redutorque veis de empreendimentos conhecidos, pode-se ado-
levasse esses aspectos em conta. tar as recomendações a seguir, obtidas em levanta-
Para a estimativa também é necessário dispor dos mentos realizados em algumas cooperativas do Esta-
preços praticados no mercado, preferencialmente no do de São Paulo:
município ou na região. A consulta à tabela de cotação despesas com insumos, como eletricidade, te-
de preços do CEMPRE é também muito útil, pois ofe- lefone, água, combustível, manutenção, materi-
rece uma visão nacional dos mesmos. ais de escritório, consomem cerca de 20%
Exemplo: No Quadro 5, são apresentados os preços unitári- das receitas das vendas;
os extraídos do site do CEMPRE e as metas por material previs- pagamento do INSS eleva as despesas para cer-
tas para o Ano 1. Considerando-se o caso do papel/papelão, sua ca de 30%;
receita potencial mensal pode ser calculada como segue: contabilizando-se impostos, como ICMS, IPI,
14,76 x 110 = R$ 1.623,60 IPTU, essas despesas podem alcançar cerca
Calculando de modo análogo para os outros materiais, ob- de 60% do faturamento total com as vendas
tém-se a receita potencial mensal de R$ 5.788,00, apresenta- de materiais.
da no Quadro 5. Exemplo:
Neste exemplo, será adotado um coeficiente redutor de 70%, Tomando o exemplo do Ano 1 (Quadro 5) e adotando um
ou seja, será considerado que apenas 70% das metas máximas fator para a despesa de 30% da receita bruta, tem-se:
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Capítulo 2 - Avaliação da Realidade - COOPERATIVA DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS - GUIA PARA IMPLANTAÇÃO
1. Pese a quantidade de resíduo inicialmente obtida. Utilize este valor e faça os cálculos, aplicando a fórmula a
seguir (valores em kg/habitante.dia):
2. Descarregue o material no local previamente escolhido (pátio pavimentado ou coberto por lona, à sombra).
3. Proceda ao rompimento dos sacos de lixo e misture todo o material. Considerar os materiais rolados (latas, vidros, etc.).
4. Colete quatro subamostras de 100 litros cada (utilize tambores), três na base e laterais e uma no topo da pilha
resultante da descarga. Considere todo o material, caso a quantidade inicial seja menor que 1,5 t.
5. Pese os quatro tambores de resíduos coletados ou o total utilizado, descontando o peso próprio dos tambores.
6. Despeje os tambores de resíduos coletados sobre uma lona. Proceda à separação nas várias frações de materiais de
interesse (borracha, madeira, ferro, alumínio, papel, papelão, plástico duro, plástico filme, vidro, etc.). Pese cada
fração obtida e faça os cálculos utilizando a fórmula a seguir:
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