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TAREFA 2 – Análise e comentário crítico à presença de referências a

respeito das BE nos Relatórios de Avaliação Externa.

A. Introdução

Tendo como ponto de partida o relatório de avaliação externa elaborado em Maio de


2006, no âmbito da fase piloto de avaliação externa de estabelecimentos de educação
e ensino, a que a EBI da Charneca de Caparica se candidatou e a cujo quadro pertenço
há dez anos, procurei, para a realização da tarefa, seleccionar escolas que de alguma
forma não se distanciassem muito da realidade em que estou inserida, de modo a
permitir encontrar pontos de comparação.

Os Agrupamentos seleccionados – Agrupamento de Escolas Maria Alberta Menéres,


Algueirão e Agrupamento de Escolas Conde de Oeiras - tal como a EBI da Charneca de
Caparica, constituída em Agrupamento desde 2008, são do ensino básico, pertencem à
Delegação Regional de Lisboa e Vale do Tejo da IGE e os relatórios foram elaborados
em 2007/08 e 2008/09, respectivamente.

O enquadramento socio-económico dos três Agrupamento não difere muito, se


atendermos ao facto de se situarem na área da Grande Lisboa, onde a população
escolar se distribui por grupos sociais muito diferenciados.

B. Referências às BE nos relatórios:

B.1. Agrupamento de Escolas Maria Alberta Menéres:

 II Caracterização do Agrupamento - existência de uma BE/Centro de Recursos


Educativos nas duas escolas que constituem o Agrupamento;
 III Conclusões de avaliação por domínio - não é feita qualquer referência às BE;
 IV Avaliação por factor
1. Resultados
1.2. – participação e desenvolvimento cívico – existência de um
cartão da BE personalizado

1.4.- valorização e impacto das aprendizagens - atribuição de um


prémio no 1º ciclo à turma mais leitora

2. Prestação do serviço educativo

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2.4. Abrangência do currículo e valorização dos saberes e
aprendizagem - … actividades que ocorrem em contexto escolar nas
duas bibliotecas… no âmbito do PNL

3. Organização e gestão escolar

3.1. Concepção, planeamento e desenvolvimento da actividade –


referência ao Projecto Curricular do Agrupamento e PAA que está
organizado por estabelecimento de ensino integrando o projecto de
dinamização da biblioteca escolar da EB1.

3.3. Gestão dos recursos materiais e financeiros – As duas BE estão


apetrechadas e organizadas de forma a proporcionar uma utilização
eficaz aos utentes … é visível o acompanhamento dos alunos nos
diferentes espaços acima indicados.

4. Liderança

4.3. Abertura à inovação – As duas BE são espaços dinâmicos, onde


decorrem muitas actividades articuladas com o desenvolvimento dos
currículos e com a comunidade educativa…. As duas BE integram a RBE.

B.2. Agrupamento de Escolas Conde de Oeiras:

 II Caracterização do Agrupamento – não é feita qualquer referência à


existência de uma BE;
 III Conclusões de avaliação por domínio - não é feita qualquer referência às BE;
 IV Avaliação por factor:
2. Prestação do serviço educativo
2.4. Abrangência do currículo e valorização dos saberes e
aprendizagem - … podendo ainda ter acesso à Internet nos
computadores disponíveis na BE. De referir a dinâmica da BE/CRE
que regista taxas elevadas de ocupação mensal e de requisição de
livros. Aos alunos que efectuaram o maior número de leituras é
oferecida uma obra, estratégia que se constitui como uma forma de
motivar os alunos e incutir hábitos de leitura.
3. Organização e gestão escolar
3.3. Gestão dos recursos materiais e financeiros – A BE/CRE
está inserida na RBE.
4. Liderança
4.4. Parcerias, protocolos e projectos – O Agrupamento está
envolvido em diferentes projectos nacionais, como forma de
proporcionar aos alunos melhores aprendizagens,
designadamente, o PAM, PNL…

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B.3. EBI da Charneca de Caparica:

 II Caracterização do Agrupamento – não é feita qualquer referência à


existência de uma BE;
 III Conclusões de avaliação por domínio - não é feita qualquer referência às BE;
 IV – Análise dos factores por domínio

1. Resultados
1.4. Participação e Desenvolvimento Cívico - No quotidiano da escola,
outras actividades, mais discretas, mobilizam alunos mais velhos para
situações de tutoria de mais novos em sala de aula (alunos do 3º ciclo
relativamente aos do 1º, por exemplo), promovendo o espírito científico
e a experimentação, ou acompanhando-os em actividades no Centro de
Recursos Educativos (CRE), desenvolvendo o sentido de co-
responsabilização e de partilha de saberes, aprendendo a proteger e a
ser protegidos.
2. Prestação do serviço educativo
2.1 Articulação e Sequencialidade - Deve ser relevada a acção do CRE na
promoção da articulação entre as diferentes componentes do currículo e
na criação de elementos de transversalidade entre saberes e
competências, quer no âmbito da Língua Portuguesa, quer no campo das
ciências experimentais, por exemplo.
2.2 Diferenciação e Apoios - Em termos de apoios, o CRE demonstra-se
um pólo de dinamização e inovação, ao contar com uma área de
promoção da leitura, outra da facilitação do estudo e outra ainda de
apoios personalizados.
3. Organização e gestão escolar
3.1 Concepção, Planeamento e Desenvolvimento da Actividade - … e o
correlato Plano de Actividades do Centro de Recursos Educativos,
concebido como um eixo central na disponibilização e coordenação de
um conjunto de serviços e de recursos de aprendizagem, organizados de
acordo com os objectivos e finalidades da reorganização curricular,
destinados a estimular o prazer de ler e de escrever e a desenvolver a
autonomia dos alunos e outros utilizadores na consulta e produção de
informação, em diferentes suportes. O seu papel na construção e
consolidação de um ideário e cultura de escola assente na
transversalidade e articulação das aprendizagens, e a sua abertura às
ideias e aos recursos culturais exteriores, locais ou outros, são recheados
de evidências.
3.3 Qualidade e Acessibilidade dos Recursos - …O Centro de Recursos
Educativos constitui o espaço por excelência da acessibilidade dos
recursos educativos existentes, dos livros, aos jogos, aos vídeos e CDrom

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adquiridos ou construídos pelos alunos, ou à Internet, aberto a todos,
funcionando como biblioteca, ludoteca ou estudoteca, ou como centro
para apoios a necessidades específicas, para estudo acompanhado, ou
para realização de projectos de pesquisa ou de trabalhos de aula.
Funcionando como um eixo fundamental da actividade educativa para
todos os níveis de ensino, articulando actividades específicas, ligadas ao
desenvolvimento das competências de leitura e de expressão oral e
escrita, com outras áreas artísticas e culturais, a sua acessibilidade
decorre de uma criteriosa e criativa gestão do espaço e do tempo de
utilização, bem como dos recursos humanos que apoiam esta área de
serviços aberta a toda a comunidade educativa.

4. Liderança

4.4. Parcerias, protocolos e projectos - No que se refere ao


envolvimento em projectos, deve mencionar-se a participação activa em
projectos nacionais e internacionais, nomeadamente no âmbito do
Programa COMENIUS, cujas consequências para o desenvolvimento da
escola no domínio da dinamização do Centro de Recursos Educativos, em
conjunto com o projecto nacional das Bibliotecas Escolares, são
patentes.

C. Conclusão

Feita a análise dos documentos, conclui que:

 No ponto II - Caracterização do Agrupamento e no ponto III - Conclusões de


avaliação por domínio não é feita qualquer referência às BE ou apenas se refere
a sua existência.
 No ponto IV – Avaliação por factor - são feitas referências às BE nos pontos:
1. Resultados – na Escola Maria Alberta Menéres e EBI Charneca de
Caparica
2. Prestação do serviço educativo – nas 3 escolas
3. Organização e gestão escolar – nas 3 escolas
4. Liderança – nas 3 escolas
 Nas Considerações finais, onde se faz uma análise SWOT, identificando pontos
fortes, pontos fracos, oportunidades e constrangimentos, a BE não é referida.
 O nível de abordagem feito nas referências à BE é muito superficial nos dois
Agrupamentos, enquanto que na EBI da Charneca se dá grande relevo ao papel
da BE na escola, na promoção da articulação entre as diferentes componentes
do currículo, como pólo de dinamização e inovação e como eixo central na

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disponibilização e coordenação de um conjunto de serviços e de recursos de
aprendizagem.
 O destaque dado à BE da EBI da Charneca de Caparica, prende-se, em meu
entender, com o facto de, na altura, a BE ter por um lado uma liderança muito
forte apoiada por um número muito significativo de recursos humanos e
materiais e, por outro lado, estar envolvida no Projecto Europeu GrandSlam,
que exigia uma avaliação constante do trabalho realizado para a consecução do
grande objectivo que era a transformação das BE em verdadeiros centros de
aprendizagem multimédia.

Em suma, julgo que o facto de os dois primeiros relatórios referirem a BE de uma


forma pouco aprofundada se deve à falta de uma cultura de avaliação nas escolas e
não a um fraco desempenho das BE. Numa fase em que se avança para a avaliação da
escola e da BE, os dois processos não podem ser dissociados e os documentos não
podem seguir em caminhos paralelos sem haver cruzamentos entre si.

A implementação do novo Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares pode


ser um bom contributo para a alteração de práticas, devendo ser enquadrado no
contexto da escola/agrupamento como um instrumento pedagógico e de melhoria
contínua, revelador do impacto que as actividades realizadas pela e com a Biblioteca
Escolar têm no processo de ensino e na aprendizagem.

Formanda: Maria Cecília Almeida

Agrupamento de Escolas da Charneca de Caparica

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