Depois de uma leitura atenta dos trabalhos apresentados, constato a existência
de um número muito significativo de aspectos transversais, a todos eles, nos vários domínios abordados. A minha escolha incidiu sobre o trabalho da colega que faz uma abordagem dos aspectos que considero reflectida e abrangente, nos vários domínios seleccionados. A colega começa por destacar, tendo como base a literatura sugerida, o conjunto de competências que deverão definir o actual perfil do professor bibliotecário, as quais destacam um conjunto multifacetado de competências humanas e profissionais, bem como o importante papel da biblioteca escolar, como espaço de aprendizagem, de construção de conhecimento, de articulação, cooperação, dinamização, reflexão e inovação. Salienta no fundo, o facto da BE e/ou ameaças, dever afirmar-se como o cento fulcral de uma Escola/Agrupamento, cuja prática se centra na construção do conhecimento e na articulação com as estruturas pedagógicas, com os docentes e os currículos. No que concerne aos pontos fracos da BE e/ou ameaças, parece-me pertinente a alusão ao facto do papel do professor ainda não ser devidamente reconhecido no seio da escola. Esta opinião leva-me a pensar que apesar das conquistas já obtidas, nomeadamente através da portaria nº 756/2009 de 14 de Julho, a qual salienta a existência de uma biblioteca ou serviço de biblioteca em todas as escolas e a importância de garantir a institucionalização do trabalho realizado pelas escolas e pelos professores responsáveis, pela gestão funcional e pedagógica das bibliotecas em articulação com a Rede de Bibliotecas Escolares, bem como um professor bibliotecário a tempo inteiro, ainda temos um longo e árduo caminho a percorrer. A escassez de recursos financeiros, as deficientes condições físicas, documentais e tecnológicas é um problema que também verifico em grande parte das bibliotecas e que dificultam o curso do processo de desenvolvimento que se impõe. No domínio a “BE e os novos ambientes digitais” coluna das “fraquezas” refere “número insuficiente de computadores para satisfazer as necessidades dos utilizadores…equipamento anacrónico…Utilização incorrecta da informação recolhida (copy/past)”. É essencial que o equipamento tecnológico esteja actualizado e seja em número suficiente, para poder fazer face às necessidades dos utilizadores e às transformações por que passam as Bibliotecas Escolares a saber «… de lugar de informação para espaço de conhecimento…», segundo Ross Todd. É fundamental que os utilizadores desenvolvam competências na área das literacias de informação. Todavia, considero que se deve fazer uma gestão equilibrada dos recursos de informação, diversificando os suportes. Sabemos que a tendência actual é para o uso do computador, faltando depois tempo para a busca de informação fiável e credível, para análise, reflexão da mesma e para a transformação da informação em conhecimento. É urgente mostrar as vantagens, do uso correcto das tecnologias de informação e comunicação, mas ao mesmo tempo alertar para os riscos que se correm quando se faz mau uso delas. Refere também no seu relatório no domínio: “ A BE como espaço de conhecimento e aprendizagem” “trabalho colaborativo e articulado com departamentos e docentes” na coluna “ pontos fortes” “o horário da BE/CRE ( das 8 às 17h)”, com o qual concordo, porque permite que a ela possam aceder utilizadores que de outra forma não poderiam fazer por incompatibilidade de horário. Contudo, não está criado o hábito de usar a BE nos tempos livres, para pesquisar, participar em actividades de leitura e de análise e estudo da informação. É nestes aspectos que a equipa deve apostar fortemente, criando, em primeiro lugar empatias com os Professores, para depois trabalhar com os Departamentos. Às bibliotecas escolares é reconhecido um papel determinante na dinâmica das escolas, nomeadamente o seu contributo para a criação de hábitos de leitura e a promoção das literacias e a sua importância na aplicação de metodologias educativas mais activas e centrada nos alunos. Impõe-se, por isso, uma gestão competente, uma inovação no sentido em que implica uma ruptura com o sistema de gestão tradicional, ainda centrado na disponibilização de informação e de recursos e não na construção de conhecimento. As bibliotecas escolares são efectivamente o centro das escolas e deverão promover um ambiente propício ao estudo e ao lazer. A investigação feita nas últimas décadas, tem demonstrado, de forma consistente, uma relação positiva entre o sucesso educativo e papel das bibliotecas escolares. Muitos aspectos poderiam ser salientados nesta análise à tabela matriz da formanda Isabel, muitos deles se repetem aliás, na minha e em muitas das outras tabelas que tive oportunidade de ler. Vou destacar por isso, os que se referem às preocupações e necessidades de intervenção que todos expressamos, face à implementação do Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares. É evidente que é importante objectivar a forma como se está a efectuar o trabalho nas bibliotecas escolares e o impacto que as actividades realizadas vão tendo no processo de ensino/aprendizagem, bem como o grau de eficiência dos serviços prestados e a satisfação dos seus utilizadores, para melhor planificar e melhorar o seu desempenho no futuro. Como “acções prioritárias, a implementar” - corroboro com a opinião da professora Isabel, quando salienta “melhorar a articulação com as diferentes estruturas educativas”. Não poderá ser uma preocupação e um esforço isolado do professor bibliotecário, mas sim de toda uma Equipa, da Direcção Executiva, das Estruturas Pedagógicas, dos Docentes em geral e de toda a comunidade educativa. Este esforço deve ser um acção e uma preocupação colectiva. Quero destacar ainda, a ideia de que se deve implementar na Escola/Agrupamento, uma verdadeira cultura de Biblioteca e que esta deve abrir-se e envolver a comunidade educativa, estabelecendo redes de trabalho cooperativo e parcerias com entidades e instituições locais. Estamos num contexto de mudança, com muitos desafios e oportunidades e como o caminho se faz andando, não percamos tempo e caminhemos juntos, de modo a que as nossas Bibliotecas Escolares possam ter, efectivamente, um papel informacional, transformativo e formativo.