A Constituição de 1988 enumera, no caput de seu artigo 37, os
princípios da Administração Pública, quais sejam a legalidade, a
impessoalidade, a moralidade, a publicidade e a eficiência. A finalidade do controle na administração pública é garantir a observância desses princípios pelos entes estatais, tanto no âmbito da administração direta quanto da indireta, nas três esferas de poder (Executivo, Legislativo e Judiciário). Para cumprir essa finalidade, o Estado utiliza-se dos controles administrativo, legislativo e judiciário, com forte influência da teoria americana dos freios e contrapesos (“checks and balances”).
Para a gestão da coisa pública, o Estado utiliza-se de atos
administrativos. O controle administrativo avalia a legalidade e legitimidade desses atos, assim como sua oportunidade e conveniência. Ou seja, através de controle administrativo, a Administração Pública avalia elementos dos atos (competência, finalidade, forma, motivo e objeto), podendo anulá-los, quando eivados de vícios insanáveis, ou convalidá-los, quando eivados de vício sanáveis. Pode, ainda, revogá-los, quando considerar que deixaram de ser convenientes ou oportunos. Esse controle sobre os atos administrativos ocorre tanto no âmbito do Poder Executivo, exercendo sua função típica, quanto do Legislativo e Judiciário, quando estão exercendo suas funções atípicas.
Já o controle legislativo é exercido pelo poder Legislativo. Uma
das faces desse controle se apresenta quando o Poder Executivo submete à aprovação do Legislativo a nomeação de certas autoridades, como o Presidente e diretores do Banco Central do Brasil e os diretores de algumas agências reguladoras. Outra face é o controle contábil, financeiro, patrimonial, orçamentário e operacional das contas do Poder Executivo exercido pelo Legislativo com o auxílio dos tribunais de contas.
O controle judicial é consequência do princípio constitucional da
inafastabilidade de apreciação pelo Poder Judiciário. Ou seja, o ordenamento jurídico brasileiro, adotando o sistema de juridicidade única, faz com que os atos da Administração Pública sejam passíveis de avaliação pelo Poder Judiciário, quando provocado. Inúmeras são as formas dessa provocação do judiciário, como o mandado de segurança, a ação popular e a ação civil pública. Vale ressaltar que o Judiciário não pode avaliar o mérito administrativo (a conveniência e a oportunidade) dos atos administrativos editados pelos outros poderes, mas apenas sua legalidade e legitimidade.
Todas essas formas de controle têm fundamentação em princípios
constitucionais maiores, quais sejam da supremacia e da indisponibilidade do interesse público, bases do sistema jurídico- administrativo que rege toda a Administração Pública brasileira.