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RESUMO
Este artigo trata de uma reflexão sobre a atividade física em academia de
ginástica, na perspectiva de riscos a saúde pública. O uso indiscriminado, sem
conhecimento, de esteróides anabolizantes, a ausência de profissionais da
Educação Física nas avaliações, prescrições e planejamentos dos exercícios e,
ainda, as incidências e prevalências de lesões advindas destes serviços são
fatores presentes nestes estabelecimentos. Foram aplicados 125 questionários
em 6 academias de ginásticas na região da cidade de Senhor do Bonfim-BA,
escolhidas aleatoriamente. Após avaliar os dados em porcentagens simples,
constatou-se que 20% do usuários/clientes sofreram lesões. Os ombros e os
membros inferiores foram a maior queixa. E 17% revelaram usar algum tipo de
esteróides anabolizante. Considerando esta afirmativa como o uso de alguma
substância que pudesse estimular a ação estética e da performance, mesmo
que de forma subjetiva/motivacional. Contudo, estes dados podem ser
considerados comuns no mercado de fitness. Mas uma outra questão nos
provoca, no sentido de haver uma certa legitimação dessa cultura física. Em
que estabelecimentos clandestinos ou não continuam passando as cegas pelos
órgãos de vigilância e conselhos profissionais de saúde. Nesta direção, o corpo
passa a ter significados e sentidos além do fisiológico. Moldando-se numa
estrutura de adaptação ao ambiente da academia de ginástica, configurando-se
como campo de controle social para grupos específicos. Como no caso dos
tipos malhados, sarados, bombados, entre outros. Como grupos que afirmam
um ideal de corpo que traduz uma concepção de vida e enfrentamento social.
É evidente que surge neste contexto uma oportunidade de mercado das mais
visadas. Tanto no setor público, quanto das políticas de saúde, esporte e lazer;
quanto no setor privado em centros de beleza, academias de ginástica,
medicina estética e ginástica no trabalho.
Três termos importantes neste trabalho definem sua linha e seu objetivo, dois
deles surgem dos riscos a saúde, advindos do uso de esteróides anabolizantes
e o comprometimento por lesões. E o último o espaço onde se perpassa os
questionamentos, o estabelecimento academia de ginástica.
Encontra-se esta demanda também nas classes mais baixas. Para este tipo de
clientela, os serviços não chegam a dar a atenção cosmética, limitando-se a
atender os usuários apenas com o uso dos equipamentos. Há exemplos de
nomes de academia de ginástica que representam bem o cotidiano destes
estabelecimentos, tais como: Academia Laboratório, Academia Power entre
outras razões sociais com adjetivos insinuantes.
Hipótese
No encaminhamento dos estudos, foi preciso agregar uma hipótese
fundamental que balizou nossas reflexões: os riscos a saúde do corpo, em
academias de ginástica é possível tanto em estabelecimentos que possuem
boas estruturas e atenção profissional, quanto naqueles que não possuem. E a
ausência de profissional capacitado, de formação sólida na área e com
reconhecimento do direito profissional aumentam os riscos a saúde e a
qualidade de vida dos que buscam nesses espaços públicos uma atenção ao
corpo.
Metodologia
Para materialização deste estudo fora aplicado um questionário com 08 itens,
para 125 usuários/clientes, juntamente com a observação participante. As
questões se referiram ao tempo de prática, idade, profissão, objetivos da
prática e algum tipo de lesão ou comprometimento ao corpo que o próprio
usuário pudesse se queixar e identificar, além de investigar possíveis usos de
esteróides anabolizantes.
Resultados
Entre os questionários, 20 % deles indicaram algum tipo de lesão ocorridas e
identificadas pelos usuários/clientes decorrentes dos treinos estabelecidos e
em sua maioria sem orientação de qualidade. As regiões dos ombros e
membros inferiores foram alvo da maioria das queixas. Considerando ainda
que nenhum tipo de avaliação pré-exercício foi reservada.
Bibliografia
CASTIEL, L.D. ‘Quem vive mais, morre menos’? Estilo de risco e promoção de
saúde. In: BAGRICHEVSKY, M.; PALMA, A.; ESTEVÃO, A. (Org.). A saúde em
debate na educação física. Blumenau: Edibes, 2003. p.79-97.
ABSTRACT