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“Um pensador de longo alcance” – U.S. News & World Report REVISTO E AMPLIADO
PLANO B 4.0
O mundo civilizado colocou em marcha tendências ambientais que hoje ameaçam a própria
civilização. Não temos muito tempo. Estamos ultrapassando limites ambientais e violando prazos
PLANO B 4.0
estipulados pela natureza. A natureza é a senhora do tempo, mas não podemos ver o relógio.
Como o modelo tradicional de fazer negócios não é mais uma alternativa viável, está na hora
de acionar o Plano B 4.0.
Lester Brown, fundador do Earth Policy Institute, investiga os assuntos mais aparentes da
questão, desde o aquecimento global até a falência de Estados em todo o mundo, diagnostica os pro-
blemas ecológicos centrais que afetam nosso planeta e oferece respostas tanto para indivíduos quanto
para governos. Entre outras preocupações, propõe como aumentar a eficiência energética ao redor do MOBILIZAÇÃO PARA SALVAR A CIVILIZAÇÃO
mundo e como canalizar fontes de energias alternativas.
Em Plano B 4.0, Brown oferece um mapa para salvar a civilização.
“As ideias expostas por Lester Brown devem servir de estímulo para assumirmos
uma atitude capaz de subverter a ainda prevalente ordem econômica, que utiliza os
recursos naturais irracionalmente e exclui do mercado parte expressiva da população”
– Fernando Almeida, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro
para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS)
LESTER R. BROWN
LESTER R. BROWN
é presidente do Earth Policy
Institute, um instituto de
pesquisa com sede em Wash-
ington DC. Brown já recebeu
inúmeros prêmios ao longo
de sua carreira, entre eles o
MacArthur Fellowship, o
Prêmio Ambiental das Na-
ções Unidas e o Blue Planet,
concedido pelo Japão.
PATROCÍNIO DA COEDITORES DA
LESTER R. BROWN
EDIÇÃO BRASILEIRA: EDIÇÃO BRASILEIRA:
ESTE LIVRO ESTÁ DISPONÍVEL PARA
DOWNLOAD GRATUITO NO SITE
WWW.BRADESCO.COM.BR/RSA
Lester R. Brown
EARTH POLICY INSTITUTE
Patrocinador da
edição brasileira
2009
Impresso no Brasil.
Coordenadação:
Edoardo Rivetti
Ricardo Voltolini
Colaboradores:
Tradução: Cibelle Battistini do Nascimento
Copidesque: Ricardo Voltolini
Revisão: Daniel M. Miranda / Sérgio Massahiro Freire Kakitani
Coordenação de Produção: Juliana Lopes
Coordenação de Produção Gráfica: Sérgio Honorio de Almeida
Design da capa: Chin-Yee Lai
Foto da capa: cortesia de DOE/NREL - “A Field Producing the two crops of corn and wind”
Crédito: Michael Okoniewski
Author Photograph: KFEM
Layout da Edição Brasileira: Alexandre Guedes
Diagramação: Just Layout
Impressão: Prol Gráfica
Prefácio brasileiro 11
Prefácio de Lester Brown 17
I - os desafios
II - a resposta
Notas 333
Agradecimentos 413
Sobre o autor 419
Convite à ação 421
Prefácio Brasileiro
Ricardo Voltolini
Ideia Sustentável
Hora de se reinventar
Edoardo Rivetti
New Content
Prefácio
Lester R. Brown
Julho de 2009
Plano B 4.0
1
Nota do tradutor: o chamado “business as usual”
Podemos tanto criar ativos para o futuro como tirar os seus ati-
vos. Um é chamado restauração. O outro, exploração.” (41)
Se continuarmos a agir da maneira tradicional – bombeando
excessivamente, lavrando a terra acima do adequado, abusando
do uso das pastagens, pescando além dos limites e lotando a at-
mosfera com dióxido de carbono – quanto tempo haverá até que
a economia Ponzi comece a se desenrolar e desmorone? Ninguém
sabe. Nossa civilização industrial nunca passou por isso antes.
Ao contrário do esquema Ponzi, que foi montado com o conhe-
cimento de que acabaria por se esfacelar, nossa economia global
Ponzi não foi criada com essa intenção. Está em rota de colisão
devido às forças do mercado, incentivos perversos e medidas de
progresso pobremente escolhidas. Confiamos muito no mercado
porque ele é, em tantos aspectos, uma instituição incrível. Aloca
recursos com uma eficiência inimitável para qualquer órgão de
planejamento central, e pode equilibrar facilmente a oferta e a
demanda. O mercado tem, no entanto, algumas fraquezas fun-
damentais e potencialmente fatais. Ele não respeita os limites dos
montantes sustentáveis nos sistemas naturais. Também favorece
o curto prazo em vez do longo prazo, demonstrando pouca preo-
cupação com as gerações futuras. Não incorpora nos preços dos
bens os custos indiretos de produção. Como resultado, não pode
fornecer sinais de que seremos pegos em um esquema Ponzi.
Além de consumir nossa base de ativos, também inventa-
mos algumas técnicas espertas para deixar custos fora dos li-
vros – algo muito parecido com o que a corrupta companhia
de energia do Texas, a Enron, fez alguns anos atrás. Quando
usamos, por exemplo, eletricidade de uma empresa de energia
movida a carvão, recebemos uma conta mensal pelas despesas
locais. Isso inclui o custo da extração do carvão, do transporte
até a fábrica, de sua queima, da geração de eletricidade, e da
distribuição da eletricidade para as casas. Mas não inclui, no
entanto, nenhum custo de mudança de clima causado pela
queima do carvão. Esta conta virá mais tarde – e deverá ser
entregue às nossas crianças. Infelizmente para elas, a conta
pelo uso do carvão será ainda mais alta. (42)
Quando Sir Nicholas Stern, antigo economista-chefe do
Banco Mundial, publicou seu arrebatador estudo de 2006 so-
3
Nota do tradutor: alimento fermentado a partir de sementes de soja branca
I
Os Desafios
4
Nota do tradutor: expressão popular derivada de fábula de Esopo
II
A Resposta
1
Nota do tradutor: reguladores de intensidade de luz
Prédios Carbono-Zero
O setor de construção civil é responsável por grande parte
do consumo de eletricidade e uso de matérias-primas. Nos
EUA, os edifícios comerciais e residenciais contam 72% do
uso de energia elétrica e 38% de emissões de CO2. No mundo
todo, a construção de prédios utiliza 40% do uso de matérias-
primas. (29)
Como os prédios duram de 50 a 100 anos ou mais, é comum
achar que o corte de emissões de carbono no setor de constru-
ção seja um processo longo. Mas não é o caso. Uma simples
reforma das instalações de um prédio velho e ineficiente pode
reduzir o uso da energia e a conta entre 20% a 50%. Comple-
ta o trabalho a mudança total para eletricidade sem carbono,
gerada no local ou adquirida, para aquecer, esfriar e iluminar.
Presto! Um edifício de operação carbono zero. (30)
Enfrentando uma onda de reformas, a indústria de cons-
trução e as imobiliárias já reconhecem o que Davis Langdon,
uma empresa australiana, chama de “a iminente obsolescên-
cia dos edifícios não verdes.” “ Tornar-se verde é proteger seu
ativo no futuro”, afirma Langdon. (31)
Alguns países estão andando a passos rápidos nesse cam-
po. Entre eles, merece destaque a atitude da Alemanha. Desde
janeiro de 2009, aquele país exige que todos os prédios novos
ou tenham pelo menos 15% de aquecimento do ambiente e de
água a partir de energias renováveis, ou melhorem expressiva-
2
Nota do tradutor: tratamento contra intempéries
3
Nota do tradutor: reajuste com atualização tecnológica
4
Nota do tradutor: tecnologia para medir ondas elétricas e gerenciar grandes redes
já podem tomar seu primeiro banho quente. Não por outro mo-
tivo, essa alternativa se alastra pela China como um incêndio,
quase chegando próxima à saturação do mercado em algumas
comunidades. Pequim planeja dar impulso aos 114 milhões de
metros quadrados de coletores solares de telhado visando aque-
cer água para 300 milhões de pessoas até 2020. (53)
A energia capturada por essas instalações chinesas equivale
à eletricidade gerada por 49 usinas termoelétricas a carvão.
Outros países em desenvolvimento, como a Índia e o Brasil,
também podem ter milhões de casas com tecnologia barata
de aquecimento de água. Essa disseminação nas áreas rurais
sem rede elétrica lembra a dos telefones celulares, que ultra-
passaram a rede de telefonia fixa, fornecendo serviços para os
quais milhões de pessoas ainda estariam em listas de espera se
ficassem dependendo das linhas tradicionais. Uma vez pago
o custo inicial de instalação do aquecedor de telhado, a água
quente fica basicamente de graça. (54)
Na Europa, onde os custos de energia são relativamente
altos, aquecedores de telhado também se espalham rápido.
Na Áustria, 15% de todas as casas dependem dele para água
quente. E, como na China, quase todas as casas de algumas vi-
las austríacas possuem coletores de telhado. A Alemanha tam-
bém vem progredindo. Janet Sawin, do WorldWatch Institute,
informa que dois milhões de alemães estão morando em casas
servidas por aquecedores solares de telhado. (55)
Inspirada pela recente mas rápida adoção dos aquecedores
de água e de ambiente na Europa, a Federação da Indústria
Térmica Solar Europeia (ESTIF) estabeleceu para 2020 uma
meta ambiciosa de 500 milhões de metros quadrados, ou um
metro quadrado por coletor de telhado para cada europeu,
ligeiramente superior ao 0,93 metro quadrado por pessoa
encontrado hoje em Chipre, o líder mundial. A maioria dos
equipamentos está projetada para ser sistema Solar-Combi,
que aquece tanto a água quanto o ambiente. (56)
Os coletores solares da Europa se concentram na Alemanha,
Áustria e Grécia, sendo que a França e a Espanha também co-
meçam a se mobilizar. A iniciativa espanhola ganhou impulso
graças a uma lei de março de 2006 requisitando instalação em
Energia da Terra
O calor presente nos 10 quilômetros superiores da crosta da Ter-
ra contem 50 mil vezes mais energia que a encontrada nas reser-
vas mundiais combinadas de petróleo e gás – uma estarrecedora
estatística da qual poucas pessoas já se deram conta. Apesar des-
sa abundância, apenas 10,5 megawatts de capacidade geradora
geotérmica foram capturados no mundo (64), em parte graças à
predominância das indústrias de petróleo, gás e carvão, que vêm
omitindo os custos da mudança climática e poluição do ar dos
preços dos combustíveis. Na última década, a energia geotérmica
tem crescido a escassos 3% ao ano. (65)
Metade da capacidade de geração mundial está concentrada
nos EUA e nas Filipinas. O México, Indonésia, Itália e Japão con-
tam por quase todo o resto. No total, cerca de 24 países agora
convertem energia geotérmica para eletricidade. Islândia, Filipi-
nas e El Salvador respectivamente obtêm 27%, 26% e 23% de
sua eletricidade a partir da energia geotérmica. (66)
Renováveis
Eólica 25 710
Sistemas Solares
Elétricos de Telhado 1 190
Usinas de Eletricidade Solar 0 30
Termoelétricas Solares 0 120
Geotérmicas 3 70
Biomassa 11 40
Hidroelétrica 78 100
1
Nota do tradutor: do inglês, Baseload
Hortas Urbanas
Quando participei de uma conferência nos arredores de Estocol-
mo, no outono de 1974, passei por uma horta comunitária perto
de um grande edifício. Era uma simples tarde de verão, e mui-
tas pessoas cuidavam das hortas jardins próximas de suas casas.
Cerca de 35 anos depois, ainda consigo me lembrar do cenário
por causa da aura de contentamento ao redor daquelas pessoas
trabalhando ali. Elas ficavam absorvidas em produzir não ape-
nas vegetais, mas, em alguns casos, também flores. Lembro-me
de pensar: “esta é a marca de uma sociedade civilizada”. Em
2005, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Ali-
mentação (FAO) registrou que hortas urbanas ou “peri-urbanas”
– aquelas em terrenos imediatamente próximos à cidade – forne-
cem alimento para cerca de 700 milhões de residentes urbanos
no mundo. São principalmente pequenos espaços – lotes ociosos,
quintais e até mesmo telhados. (55)
Dentro e perto da cidade de Dar es Salaam, capital da Tan-
zânia, cerca de 650 hectares de terra produzem vegetais. Esse
terreno supre não apenas a produção fresca para as cidades,
mas garante a subsistência de quatro mil agricultores que cul-
tivam intensamente seus terrenos o ano todo. Na extremidade
do continente, um projeto da FAO tem residentes urbanos em
Dakar, no Senegal, produzindo até 30 quilos de tomates por
Estabilizar a População
Há dois novos grupos de países onde as populações estão pro-
gramadas para encolher, um por causa da queda da fertilida-
de e outro devido ao aumento da mortalidade. No primeiro
grupo, 33 países, com quase 674 milhões de pessoas, têm po-
pulações que são essencialmente estáveis ou estão declinando
Objetivo Financiamento
(bilhões de dólares)
Total 77
Fonte: ver nota 90 no final
Recuperando Pesqueiros
Durante décadas, governos tentaram salvar pesqueiros res-
tringindo a pesca de determinadas espécies. Algumas vezes
funcionou; algumas vezes falhou, levando a atividade a um
colapso. Recentemente, tem se destacado uma nova aborda-
gem: a criação de reservas marinhas ou parques marinhos.
Essas reservas, onde se proíbe a pesca, servem como incuba-
doras naturais que ajudam a repovoar as áreas próximas. (47)
Atividade Financiamento
(bilhões de dólares)
Total 110
Fonte: Veja notas finais número 63.
A Localização da Agricultura
Está ocorrendo nos EUA uma verdadeira febre no interesse do
consumidor em comprar comida fresca nas vizinhanças, o que
se contrapõe à preocupação dos efeitos climáticos no consumo
de produtos vindos de lugares distantes, e também relativos à
obesidade e outros problemas de saúde associados à dieta dos
lanches rápidos. E isso se reflete no aumento das hortas urbanas
e escolares, e dos pontos de venda direta dos fazendeiros. (60)
O crescente movimento para consumo de alimentos locais
fez com que as dietas se tornassem regionalizadas e mais sazo-
nais. Em um supermercado típico de um país industrializado
é difícil hoje em dia saber a estação do ano, uma vez que a
loja procura ter de tudo o ano inteiro. Se o preço do petró-
leo aumentar muito, essa fartura acabará. Essencialmente, a
redução do consumo de petróleo no transporte de alimentos
a longa distância – seja por avião, caminhão ou por navio
– contribuirá para regionalizar a economia alimentar. E essa
tendência de regionalização já se reflete no recente aumento
do número de fazendas americanas, fato que pode reverter a
tendência secular de consolidação de fazendas. Entre o censo
agrícola de 2002 e o de 2007, o número de fazendas nos Es-
tados Unidos aumentou cerca de 4%, para quase 2,2 milhões
de estabelecimentos. As novas fazendas são principalmente
pequenas, muitas das quais operadas por mulheres, cujo nú-
mero na atividade pulou de 238 mil em 2002 para 306 mil em
2007, registrando 30%. (61)
Muitas das novas fazendas abastecem os mercados locais.
Algumas produzem frutas e verduras exclusivamente para a
venda direta ao consumidor nos mercados dos fazendeiros ou
nas barracas à beira da estrada. Outras são especializadas,
como as de ovinos que produzem leite, queijo e carne, ou as
de flores ou de lenha para lareira. Outras ainda se tornaram
especialistas em comida orgânica. O número de fazendas or-
III
A Grande Mobilização
Estabilizando o Clima
Delineamos até aqui a necessidade de baixar as emissões de
dióxido de carbono em 80% até 2020 para minimizar o futu-
Ação Quantidade
(milhões de toneladas)
Reestruturação Energética
Substituição de combustíveis fósseis por
eletricidade e aquecimento renováveis 3.210
Reestruturação do sistema de transportes 1.400
Reduzir o uso de carvão e petróleo na indústria 100
3
Nota do tradutor: (Panicum virgatum) – capim alto das pradarias centrais
dos EUA
Meta Quantidade
(bilhões de dólares)
Total 77
Total 110
Lester R. Brown
Brown foi descrito como “um dos pensadores mais influentes do mun-
do” pelo Washington Post. O Telégrafo de Calcutá chamou-o “o guru
do movimento ambientalista”. Em 1986, a Biblioteca do Congresso
Americano requisitou seus trabalhos para seus arquivos.
www.earthpolicy.org
Jim Garrison
Presidente do
State of the World Forum
Emilia Queiroga
Diretora do
State of the World Forum/Brazil
8 de Setembro de 2009
Salvador, Brasil