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SUBSÍDIOS PARA UMA TEORIA GERAL SOBRE EQUIVALÊNCIA ENTRE

SÉRIES NUMÉRICAS E SUCESSÕES

Manuel da Silva e Sousa Lobo


Professor Associado da Universidade Autónoma de Lisboa
(Na situação de Reforma)

Resumo: O artigo apresentado mostra que grande parte das Séries Numéricas são somáveis,
no todo e/ou em parte, utilizando processos simples e facilmente compreensíveis.
Esta possibilidade, baseada em métodos novos de conseguir criar relações de equivalência
entre sucessões e séries numéricas, permite estabelecer elos de ligação muito íntimos e
profundos entre estas e as primitivas e integrais que podem proporcionar vantagens muito
significativas em termos de leccionação e aprendizagem destes assuntos por parte dos
estudantes.

Palavras chave: Princípio da equivalência entre séries numéricas e sucessões, Teorema da


decomposição adequada, Princípio da igualdade aproximada, Teorema da decomposição
logarítmica aproximada.

Abstract: The following article shows that for great part of Numerical Series it is possible
calculate their sum, totally and/or partially, using simple and easily understandable
processes.
That possibility, based in new methods of to create relations of equivalence between
successions and numerical series allows establish connection links very intimate and
profound among those and primitives and integrals which can have very significant
advantages in terms of teaching and comprehension of these matters by the students.

Keywords: Principle of equivalence between Numerical Series and Successions, Theorem


of adequate decomposition, Principle of approximate equality, Theorem of approximate
logarithmic decomposition.

(∑ )
Introdução

O estudo das séries numéricas ( SN ) interpretadas como somatórios dos

tendencialmente infinitos termos de sucessões aqui designadas por sucessões base ( bn ) , ou



seja, SN = ∑ ( bn ) tem consistido, principalmente, no esclarecimento da sua convergência
n =1
ou divergência.
Todavia, idealmente, o estudo de uma SN deveria poder ser a determinação rigorosa, e de
preferência utilizando processos simples, da soma de qualquer número de termos da sua bn
, incluindo o Valor da Soma dos seus Infinitos Termos (VSIT) (ou limite da SN) se tal soma
existir definindo um valor tendencial.
Na verdade, é sempre possível a determinação da soma de um número finito de termos
sequentes da bn de uma SN, se fizermos a soma directa desses termos.
Todavia, esse cálculo é muito fastidioso e crescentemente complicado à medida que o
número de termos a somar aumenta.
E, pior ainda, a tentativa de obter o VSIT pela execução directa dessa soma é, seguramente,
uma tarefa impossível.

1
Assim, o referido estudo ideal de uma SN apenas poderá ser realizável a partir de métodos
indirectos de cálculo das referidas somas.
Em alguns (poucos) tipos de SN, esses métodos indirectos existem e resultam da possibilida-
de de fazer substituir as SN por sucessões equivalentes associadas ( S n ) , ou seja, conseguir

estabelecer equivalências SN = ∑ ( bn ) ⇔ S n e, a partir das S n , fazer o cálculo do valor da
n =1

soma de qualquer número finito e sequente de termos das bn incluindo o VSIT quando este
existir. Assim, as equivalências SN ⇔ S n permitem-nos garantir que:
n =1

 O primeiro termo da SN é ( SN ) 1 = ∑ ( bn ) =b1 = S1 .


n =1
n =2

 O segundo termo da SN é ( SN ) 2 = ∑ ( bn ) =b1 + b2 = S1 + b2 = S 2


n =1
n =3

 O terceiro termo da SN é ( SN ) 3 = ∑ ( bn ) =b1 + b2 + b3 = S 2 + b3 = S 3


n =1

 …
 O termo de ordem n da SN ou Termo Geral (TG ) da S n , será representado por
n
( SN ) n = ∑ ( bn ) =b1 + b2 + b3 + ... + bn = S n −1 + bn = S n
n =1

 Finalmente, será VSIT = lim ∑ ( bn ) = b1 + b2 + b3 + ... + bn + bn +1 + ... + b∞ = lim( S n )


n =1

Nota: Entendemos b∞ como sendo lim ( bn )

O artigo que desenvolveremos a partir de agora mostra que as equivalências SN ⇔ S n


podem ser ampliadas de forma significativa em relação ao que hoje é conhecido.

• De onde partimos
No actual estádio, o estudo das SN é essencialmente baseado na determinação da sua
convergência ou divergência utilizando os chamados Critérios de Convergência.
A determinação de equivalências SN ⇔ S n é, normalmente, excepcional sendo possível
apenas para alguns tipos de SN.
Adicionalmente, para algumas outras SN, embora não seja possível obter as equivalências
SN ⇔ S n , pode haver processos de determinação dos respectivos VSIT.
Então, de acordo com o conhecimento actual, teremos:

i) As Séries Aritméticas ( SA ) , cujas bn = an + b com a ≠ 0 são Progressões


Aritméticas ( PA ) , admitem equivalências SN ⇔ S n . A sua expressão genérica é

b +b
SA = ∑ ( bn ) ⇔ S n = 1 n × n . Obviamente todas as SA têm VSIT = ∞ (positivo
n =1 2
ou negativo)

ii) As Séries Geométricas ( SG ) , cujas bn = r n com r∈ I R\ { 0} são Progressões


Geométricas ( PG ) , admitem, igualmente, equivalências SN ⇔ S n . A sua

2
1− rn
expressão genérica é SG = ∑ ( r ) ⇔ S n = r ×

n
. As SG são convergentes
n =1 1− r
apenas para r <1 e, só para estas, é possível calcular os correspondentes VSIT.
iii) As SN convergentes cujos VSIT podem ser calculados sem passar por determinar
as equivalências SN ⇔ S n são as designadas por Séries Telescópicas ou Séries
de Mengoli ( SM ) que referiremos mais adiante.
iv) Finalmente, o desenvolvimento de algumas funções reais de variável real em série
de Taylor ou Mac-Laurin pode originar, o surgimento de SN convergentes com
VSIT calculáveis. Como exemplos, poderemos apresentar, entre muitos outros, as
∞ ∞
1 n +1  1 
SN = ∑   ⇒ VSIT = e , ou a SN = ∑ ( − 1)   ⇒ VSIT = ln ( 2 ) .
n = 0  n!  n =1 n

Nota: Como veremos mais adiante há dois tipos de equivalências SN ⇔ S n , uma delas definindo
equivalências exactas e a outra definindo equivalências aproximadas.
Ambos os tipos de equivalências são muito importantes mas os respectivos fundamentos são diferentes pelo
que faremos o seu estudo de forma separada começando pelas equivalências exactas.

I
A TEORIA DAS EQUIVALÊNCIAS EXACTAS SN ⇔ S n = u n + C

1. O objectivo a que nos propomos e a forma de lá chegar.


1.1. Introdução
A criação de equivalências SN ⇔ S n para além das já conhecidas, poderá concretizar úteis
exemplos de SN convergentes ou divergentes para serem usadas como âncoras e/ou termos
de comparação para outras SN em eventual estudo.
No entanto, a já referida escassez do conhecimento dessas equivalências tem limitado essa
possibilidade.
Por isso, o objectivo da primeira parte deste artigo é procurar novos métodos para obter
equivalências exactas SN ⇔ S n = u n + C adicionais.
Assim, neste texto referiremos dois métodos de criação dessas equivalências exactas e que
são:

i) Primeiro método: Partir de uma dada SN para, escrevendo os seus sucessivos


termos, correspondentes às somas progressivas dos termos das respectivas bn
procurar encontrar comportamentos padronizados nas somas parciais que nos
possam levar à compreensão da respectiva equivalência exacta.
ii) Segundo método: Partindo de algumas sucessões u n do mesmo grupo
funcional, procurar estabelecer relacionamentos u n ⇒ bn ⇒ S n utilizando
métodos muito simples e compreensíveis descritos adiante. Usando depois os
diversos resultados obtidos procurar detectar padrões que sirvam de suporte à
criação de fórmulas e processos capazes de permitir definir equivalências exactas
SN ⇔ S n = u n + C para os grupos funcionais em causa.

1.2. Primeiro método de obtenção de equivalências exactas


Como referimos atrás, o primeiro método proposto para obtenção de equivalências exactas
baseia-se em procurar encontrar, na sequência da escrita e cálculo dos sucessivos termos da
SN, comportamentos padronizados que possam levar ao estabelecimento dessas
equivalências exactas.

3
n −1 ∞
Exemplo: Consideremos a SN = ∑
n =1 n!
Vamos determinar os primeiros quatro sucessivos termos da SN. Obteremos:
n =1
 n −1 1−1
∗ O primeiro termo da SN será ( SN ) 1 = ∑   = b1 = =0
n =1  n!  1!
n=2
 n − 1 2 −1 1
∗ O segundo termo da SN será ( SN ) 2 = ∑  n!  = b1 + b2 = 0 + 2! = 2
n =1  
n=3
 n −1 1 3 −1 5
∗ O terceiro termo da SN será ( SN ) 3 = ∑  n!  = b1 + b2 + b3 = S 2 + b3 = 2 + 3! = 6
n =1  
n=4
 n −1 5 4 − 1 5 1 23
∗ O quarto termo da SN será ( SN ) 4 = ∑  n!  = S 3 + b4 = 6 + 4! = 6 + 8 = 24
n =1  

Se observarmos os valores obtidos para os 4 termos sequenciais da SN verificamos que:


0!−1 1 2!−1 5 3!−1 23 4!−1
( SN ) 1 =0 = ; ( SN ) 2 = = ; ( SN ) 3 = = ; ( SN ) 4 = =
0! 2 2! 6 3! 24 4!

 n −1 n!−1
Dos resultados obtidos parece podermos arriscar que SN = ∑ 
n =1  n! 
 ⇔ Sn =
n!
De facto, assim é, como demonstraremos adiante e como podemos, desde já, fazer uma
confirmação preliminar determinando a igualdade de mais dois termos. Assim para n > 4 :
n =5
 n − 1  23 5 − 1 119 5!−1
∗ O quinto termo será ( SN ) 5 = ∑  n!  = 24 + 5! = 120 = 5! = S 5 (confirma)
n =1  
n =6
 n − 1  119 6 − 1 719 6!−1
∗ O sexto termo será ( SN ) 6 = ∑  n!  = 120 + 6! = 720 = 6! = S 6 (confirma)
n =1  

Nota: Este primeiro método de determinação de equivalências exactas, pode ser usado em outros casos de SN.
Todavia ele é muito trabalhoso, bastante falível e dificilmente permite generalizações o que limita bastante o
seu interesse.

1.3. Segundo método de obtenção de equivalências exactas


1.3.1. Introdução. Apresentação do método. Princípio da Equivalência SN ⇔ S n .
O segundo método proposto para obtenção de equivalências exactas a partir de sucessões
u n é muito mais profícuo e baseia-se no seguinte raciocínio.
∗ A S n equivalente de forma exacta a uma SN é uma sucessão normal, semelhante a
qualquer outra sucessão u n dada por uma equação funcional com variável natural do tipo
S n = f ( n) .
∗ Todavia, qualquer S n , têm, relativamente às sucessões “normais” de responder a um
quesito adicional que impõe que a sequência S1 , S 2 , S 3 ,..., S n dos seus termos terá de
representar a soma progressiva dos termos de outra sucessão bn , ou seja, terá de ser:
 S =b1 1

 S =b +b
2 1 2

 S = b +b +b
3 1 2 3

…
 S = b + b + b +... + b
n −1 1 2 3 n −1

 S = b + b + b + ... + b + b
n 1 2 3 n −1 n

∗ Subtraindo as duas últimas equações, ou seja, S n − S n −1 obteremos:


S n − S n −1 = b1 + b2 + b3 + ... + bn −1 + bn − ( b1 + b2 + b3 + ... + bn −1 ) ⇔ S n − S n −1 = bn

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Baseados na igualdade genérica S n − S n −1 = bn obtida atrás, poderemos enunciar o:
Princípio da Equivalência SN ⇔ S n (PE, SN ⇔ S n )
• Se uma SN com sucessão base bn tiver uma sucessão equivalente associada S n , ou

seja, se SN = ∑ ( bn ) ⇔ S n então será S n − S n −1 = bn e S n = b1 + b2 + b3 + ... + bn •
n =1

Exemplo: Vamos utilizar o PE, SN ⇔ S n para confirmar a equivalência exacta obtida



 n −1 n!−1
anteriormente ∑   ⇔ Sn =
n =1  n!  n!
n!−1 ( n −1)!−1 n −1
Teremos então bn = S n − S n −1 ⇒ bn = − ⇔ bn = .
n! ( n −1)! n!
O resultado obtido para bn confirma a validade da equivalência exacta em confirmação.

Nota: O aqui designado PE, SN ⇔ S n é sobejamente conhecido, referido e descrito em muitos livros e
textos sobre SN. No entanto, o aprofundamento que dele vai ser feito, leva a desenvolvimentos muito
interessantes e nunca antes explorados.

1.3.2. A possibilidade de qualquer sucessão u n poder gerar uma equivalência exacta


SN ⇔ S n = u n + C .
Qualquer sucessão u n é sempre capaz de gerar outra sucessão v n a partir da operação
u n − u n −1 = v n . É óbvio que as equações u n − u n −1 = v n e S n − S n −1 = bn são semelhantes.

Então poderemos perguntar. Se v n = bn ⇒ u n = S n e consequentemente ∑ (b ) ⇔ S
n =1
n n = un ?

De facto, tal ocorrência pode acontecer (e com notável frequência) mas, infortunadamente,
nem sempre como veremos.

1.3.3. Estudo preliminar sobre a utilização do PE , SN ⇔ S n com a finalidade de levar


uma sucessão u n a poder gerar uma equivalência exacta SN ⇔ S n = u n + C
Quando, de acordo com o PE , SN ⇔ S n escolhemos uma sucessão u n com a finalidade de
gerar uma equivalência exacta SN ⇔ S n começaremos por executar a operação
u n − u n −1 = v n na expectativa de que, considerando v n = bn , possamos escrever a

equivalência exacta SN = ∑ ( bn ) ⇔ S n = u n .
n =1

Esta possibilidade é real mas a igualdade S n = u n não é a única possibilidade de u n poder


gerar uma equivalência exacta.
De facto, se considerarmos S n = u n + C com C ∈ IR então poderemos, igualmente,
escrever S n − S n −1 = bn ⇔ u n + C − ( u n −1 + C ) ⇔ bn ⇔ u n − u n −1 = bn .
Assim, S n = u n + C será uma possibilidade mais abrangente de u n poder gerar uma

equivalência exacta NS = ∑ ( bn ) ⇔ S n = u n + C .
n =1

Todavia, a equivalência exacta obtida a partir de u n inclui a constante desconhecida C.


Isso obriga a proceder ao seu cálculo antes de escrever a referida equivalência.
Como veremos a seguir, o cálculo de C é muito fácil. De facto:

• Cálculo da constante C

5
Quando se verifica a existência de uma equivalência exacta válida

SN = ∑ ( bn ) ⇔ S n = u n + C poderemos escrever S1 = b1 = u1 + C ⇒ C = b1 − u1
n =1

A determinação de C = b1 − u1 permite escrever SN = ∑ (b ) ⇔ S
n =1
n n = u n + b1 − u1 como

resultado final da equivalência.


Infelizmente, o resultado final da equivalência encontrada pode não ser absolutamente
seguro.
Assim, será avisado considerá-lo provisório, inicialmente, apenas o declarando
definitivamente válido depois de o confirmar.

Primeiro exemplo: Consideremos a sucessão exponencial u n = r n com r∈ I R\ { 0} .


Determinemos a correspondente bn usando o PE , SN ⇔ S n .
Obteremos bn = u n − u n−1 ⇒ bn = r − r ⇔ bn = r ( r − 1)
n n −1 n −1

∑ [r ( r − 1) ] ⇔ S

n −1
Então, se S n = u n + C poderemos escrever SN = n = rn + C .
n =1

∗ Cálculo do valor de C
Teremos C = b1 − u1 ⇒ C = r − 1 − r ⇔ C = −1 ⇒ S n = r n − 1
Poderemos escrever então a equivalência exacta provisória SN ⇔ S n = u n + C apresentada a
seguir:
[ ] r −1 ∞ n
( ) ( ) 1− rn
∞ ∞

∑ r n −1
( r − 1) ⇔ S n = r n
− 1 ⇒ × ∑ r ⇔ S n = r n
− 1 ⇒ ∑ r n
⇔ S n = r ×
n =1 r n =1 n =1 1− r

1− rn
∑ (r ) ⇔ S

Nota: A equivalência exacta provisória SN = = r×
n
n é reconhecidamente válida
n =1 1− r
porque se trata da muito conhecida equivalência SN ⇔ S n aplicável às Séries Geométricas anteriormente
apresentada e suficientemente demonstrada.

n
Segundo exemplo: Consideremos a sucessão racional u n =
( n + 1) 2
n n −1 − n2 + n + 1
Determinemos bn = u n − u n −1 ⇒ u n = − ⇔ b =
( n + 1) 2 n 2 n
n 2 × ( n + 1)
2

∞ 
− n2 + n + 1  n
Então, poderemos escrever SN = ∑  2 2
⇔ Sn = +C
n =1  n × ( n + 1)  ( n + 1) 2
∗ Cálculo do valor de C
1 1
Teremos C = b1 − u1 ⇒ C = − ⇔ C = 0 ⇒ un = Sn
4 4
Assim poderemos escrever a equivalência exacta provisória como sendo:
∞ 
− n2 + n + 1  n
SN = ∑  2 2
⇔ Sn =
n =1  n × ( n + 1)  ( n + 1) 2
Nota: A equivalência exacta provisória obtida é, obviamente, inválida porque bn e S n são incompatíveis
visto que bn é uma sucessão com sinal negativo enquanto S n é uma sucessão com sinal positivo.

6
Esta situação de invalidade para a equivalência exacta provisória provenientes do PE , SN ⇔ S n , obtida
anteriormente, pode ocorrer para outros tipos de sucessões u n .
Para prevenir o aparecimento destas falhas o ideal seria poder identificar, a priori, se a sucessão u n escolhida
tem, ou não, capacidade para gerar equivalências exactas válidas.

A seguir falaremos sobre isto.

2. Condições necessárias e suficientes para que uma sucessão u n possa gerar uma
equivalência exacta válida SN ⇔ S n = u n + C .
2.1. Condições necessárias mas não suficientes.
2.1.1. Introdução.
Antes de iniciarmos o estudo das condições em título vamos estabelecer úteis simplificações
que consistem em dividir as sucessões em 4 grandes grupos ou conjuntos atribuindo-lhes
uma designação e um símbolo. Assim, consideraremos as sucessões como podendo ser:

i) Sucessões Infinitamente Grandes ( SIG ) , quando têm limite infinito.


ii) Sucessões Infinitamente Pequenas ( SIP ) , quando têm limite zero.
iii) Sucessões Convergentes excepto SIP ( S \CS I) ,P quando têm limite finito e
determinado correspondente a um qualquer número real diferente de zero.
iv) Sucessões Convergentes ( SC ) , quando têm limite real (incluindo zero).
v) Sucessões Sem Limite Definido ( SSLD ) , quando não é possível encontrar
um limite único para essas sucessões.

Nota: Assim, daqui em diante escrever, por exemplo, un ∈ S C\ S I significa


P que u n pertence ao conjunto das

sucessões convergentes mas com limite diferente de zero, ou escrever u n ∈ SIP significa que u n pertence
ao conjunto das sucessões infinitamente pequenas, caracterizadas por terem limite específico igual a zero.

2.1.2. Considerações iniciais


Se uma relação de equivalência exacta SN ⇔ S n = u n + C obtida a partir de uma sucessão
u n usando o PE, SN ⇔ S n for válida, por estar comprovada ou ser susceptível de
comprovação, então as características das sucessões u n , bn e S n envolvidas estarão inter-
condicionadas.
Assim, sabemos já, por exemplo, que sucessões bn ∈ SIP com termos positivos e
decrescentes poderão gerar n S ∈ S C\ S I P
(sendo exemplo as séries geométricas com r <1 )
ou, gerar também S n ∈ SIG com termos positivos (sendo exemplo a Série Harmónica).
Nestas circunstâncias e para os exemplos referidos, a relação bn ⇒ S n consubstancia uma
mudança de natureza e de comportamento evolutivo dos termos da sucessão bn para a
correspondente sucessão S n com manutenção de sinal.
Assim, diremos que quaisquer sucessões u n , bn , S n , intervenientes numa equivalência
válida SN ⇔ S n = u n + C , se devem sujeitar a condicionalismos de sinal, de natureza ou
limite e ainda de comportamento evolutivo dos seus termos.

Vamos, seguidamente, analisar esses condicionalismos.

2.1.3. Condicionalismos de sinal

7
A determinação de equivalências exactas SN ⇔ S n = u n + C partindo de sucessões u n sem
sinal fixo não será aqui considerada.
Por outro lado, a equivalência exacta provisória obtida no segundo exemplo do ponto 1.3.3.
∞ 
− n 2 + n + 1 n
anterior e definida por SN = ∑  2 2 
⇔ Sn = não pôde ser considerada
n =1  n ( n + 1)  ( n + 1) 2
válida porque bn tinha sinal fixo negativo e S n sinal fixo positivo o que as tornava
incompatíveis.
Assim, salvo excepções que referiremos adiante, as sucessões u n ⇒ bn ⇒ S n envolvidas em
equivalências exactas válidas resultantes do PE, SN ⇔ S n deverão ter o mesmo sinal fixo.
Obviamente, se isso não acontecer, as eventuais equivalências obtidas não poderão ser
válidas.

2.1.4. Condicionalismos de natureza ou limite


De acordo com a teoria das SN, a natureza das sucessões bn determinam a natureza das SN
e, portanto, a natureza das sucessões S n , caso exista uma equivalência válida SN ⇔ S n .
Como S n = u n + C então a natureza de u n será condicionada pela natureza de S n .
De facto como C ∈ IR então, se S n ∈ SIG ⇒ u n ∈ SIG . No entanto se n S ∈ S C\ S I Pentão
poderemos ter u n ∈ SIP ou n u ∈ S C\ S I. P
Resumindo poderemos escrever:

i) Se n b ∈ S I P⇒ S n ∈ S C\ S I ∨P S n ∈ S I G⇒ u n ∈ S I G(no caso de S n ∈ S C\ S I verifica-se


P
que nu ∈ S C\ S I ∨Pun ∈ S I como
P explicitaremos adiante)
ii) Se bn ∈ S C\ S I ⇒P ( un , S n ) ∈ S I G
iii) Se bn ∈ SIG ⇒ ( u n , S n ) ∈ SIG

Exemplo: Consideremos a sucessão u n = n


Trata-se de uma sucessão u n ∈ SIG .
Determinemos a correspondente sucessão bn = u n − u n −1 . Obteremos:
bn = u n − u n−1 ⇒ bn = n − n − 1 =
( n − n −1 × ) ( n + n −1 ) ⇔b n =
1
n + n −1 n + n −1
Como vemos, neste caso, verifica-se que u n ∈ SIG ⇒ bn ∈ SIP .
∗ Cálculo de C
C = b1 − u1 ⇒ C = 1 − 1 = 0 .

 1 
Então poderemos escrever provisoriamente SN = ∑ 
n =1  n +
 ⇔ S n = n .
n −1 
Então, sendo a equivalência exacta obtida válida, conforme confirmaremos na Nota que se
segue será, neste caso, bn ∈ SIP ⇒ S n = SIG

Nota: Demonstração da validade das equivalências obtidas. Método das verificações sucessivas.
A verificação da validade das equivalências obtidas a partir do PE, SN ⇔ S n , e não reconhecidas é
necessária, tendo em conta os riscos envolvidos de poderem não ser verdadeiras.
Assim, poderemos usar o Método das Verificações Sucessivas.

8
Este, consistiria em fazer a verificação da igualdade dos sucessivos somatórios de bn com os
correspondentes resultados obtidos a partir de S n = u n + C .
No entanto, poderemos garantir o mesmo se fizermos a verificação da igualdade para um termo qualquer e
para o termo de ordem n.
Assim, no caso anterior poderemos escrever:
1
Para n = 2 ⇒ S 2 = 2 ∧ SN 2 = b1 + b2 = 1 + = 2 (confirma)
2 +1
1
Para n = n ⇒ S n = n ∧ SN n = S n −1 + bn = n − 1 + = n (confirma)
n + n −1
De acordo com os resultados obtidos pelo Método das Verificações Sucessivas poderemos garantir que a
equivalência SN ⇔ S n encontrada atrás é absolutamente válida.
O método das verificações sucessivas pode ser utilizado para confirmar as equivalências exactas provisórias
obtidas SN ⇔ S n = u n + C de forma completamente fiável.
No entanto, a sua aplicação nem sempre é fácil, principalmente a verificação do termo geral final, ou seja
S n = S n −1 + bn . Por isso, grande parte das vezes, usa-se o Método Simplificado das Verificações
Sucessivas que consiste em fazer apenas as duas primeiras verificações sucessivas.
De facto, verifica-se que se a equivalência não estiver correcta um erro vai ser detectado logo na primeira
verificação e que será confirmado na segunda verificação pelo que, este método, apesar de simplificado em
relação ao anterior, é completamente fiável.

2.1.5. Condicionalismos referentes ao comportamento evolutivo dos termos das
sucessões envolvidas nas equivalências exactas válidas PE , SN ⇔ S n = u n + C .
Por agora, referiremos os condicionalismos apenas para sucessões com termos de sinal fixo
positivo considerando que, para as mesmas sucessões com sinal fixo negativo, esses podem
ser ajustados tendo em consideração a sua simetria de comportamentos. Assim:

i) As bn ∈ SIP , com termos positivos monotonamente decrescentes poderão originar


S n ∈ S C\ S I ou
P S n ∈ SIG com termos positivos monotonamente crescentes.

ii) As nb ∈ S C\ S I P
, com termos positivos monotonamente crescentes ou monotonamente
decrescentes para o seu limite originarão S n ∈ SIG com termos positivos
monotonamente crescentes.
iii) As bn ∈ SIG com termos positivos monotonamente crescentes originarão
S n ∈ SIG com termos positivos monotonamente crescentes.

 1 
Nota: A equivalência exacta válida SN = ∑   ⇔ S n = n , encontrada atrás, é composta por
n =1  n + n −1 
uma bn ∈ SIP , com termos positivos monotonamente decrescentes para zero, e que origina uma S n ∈ SIG
com termos monotonamente crescentes para infinito.

2.1.6. Considerações finais. Sucessões viáveis.


Como resumo do conjunto de condicionalismos explicitados atrás, poderemos dizer que
quando estamos perante uma qualquer sucessão u n que queremos utilizar para tentar obter
equivalências válidas SN ⇔ S n = u n + C usando o PE , SN ⇔ S n , deveremos verificar, à
partida, se tanto u n como bn = u n − u n −1 obedecem a algumas condições prévias.
Assim a sucessão u n deverá:

i) Ter termos com sinal fixo.


ii) Não deverá ser u n ∈ SIP embora possa haver excepções

9
iii) Se for de sinal fixo positivo deverá ter termos monotonamente crescentes
quer seja, nu ∈ S C\ S I P
ou u n ∈ SIG .
iv) Se for de sinal fixo negativo deverá ter termos monotonamente decrescentes
quer seja n u ∈ S C\ S I P
ou u n ∈ SIG .
v) Gerar bn = u n − u n −1 com as seguintes características:
1) Tenham termos com o mesmo sinal fixo de u n com excepção de u n ∈ SIP
2) Sejam monotonamente decrescentes se forem bn ∈ SIP com sinal positivo ou
monotonamente crescentes se forem bn ∈ SIP com sinal negativo.
3) Sejam monotonamente crescentes se forem n b ∈ S C\ S I ou
P bn ∈ SIG com sinal

positivo, ou sejam monotonamente decrescentes, se forem bn ∈ S C\ S I P ou


SC ∈ SIG com sinal negativo.

Nota: Para economizar texto, designaremos por sucessões viáveis todas as sucessões u n e bn que respeitam
as condições necessárias para gerar equivalências exactas válidas.

2.1.7. Exemplos de definição de sucessões viáveis


n 2 + 2n
Exemplo 1: Consideremos a sucessão u n = 2 .
n +1
Será u n uma sucessão viável? Vejamos:
A sucessão n u ∈ S C\ S I P 2 5 2
3
e os seus primeiros termos são u1 = ; u 2 = ; u 3 = ; u 4 =
17
.
8 3 24

Assim, u n →1 de forma não monótona pelo que é uma sucessão não viável.
n3 + 1
Exemplo 2: Consideremos a sucessão u n = . Será u n viável?
( n + 1) 3
Esta sucessão n u ∈ S C\ S I P
tem lim ( u n ) = 1 e é monotonamente crescente para o limite.

Então, u n é, em princípio, uma sucessão viável. Determinemos então a correspondente bn


.
n 3 + 1 ( n − 1) + 1 3n 4 − 6n 2 − 3n
3

Obteremos: bn = u n − u n −1 = − =
( n + 1) 3 n3 n 3 × ( n + 1)
3

A sucessão bn ∈ SIP e os seus quatro primeiros termos de bn serão: b1 = − 3 , b2 = 1


4 12 ,
b3 = 5 b4 = 33
48 , 400 .
A não monotonia de decrescimento dos termos de bn para zero e ainda o facto de o
primeiro termo ser negativo leva-nos a considerar bn como sucessão não viável e,
consequentemente, a rejeitar u n para poder gerar uma equivalência válida
SN ⇔ S n = u n + C .
n2
Exemplo 3: Consideremos a sucessão u n = . Será u n viável?
( n + 1) 2
A sucessão n u ∈ S C\ S I tem
P lim ( u n ) = 1− e é monotonamente crescente para o limite.

10
n2 ( n − 1)
2
2n 2 − 1
É, em princípio, viável. A respectiva bn será bn = − ⇔ bn =
( n + 1) 2 n2 n 2 × ( n + 1)
2

A bn → 0 + de forma monótona pelo que é, igualmente e provisoriamente, viável.


Poderemos prosseguir, procurando encontrar a equivalência SN ⇔ S n .
∞ 
1 1 2n 2 − 1  n2
Assim, como C = b1 − u1 = − = 0 ⇒ SN = ∑  2 
2 

4 4 n =1  n × ( n + 1)  ( n + 1) 2
∗ Verificações simplificadas sucessivas
4 1 7 4
Para n = 2 ⇒ S 2 = ∧ SN 2 = b1 + b2 = + = (confirma)
9 4 36 9
9 9
Para n = 3 ⇒ S 3 = ∧ SN 3 = b1 + b2 + b3 = S 2 + b3 = (confirma)
16 16
Como vemos, a sucessão u n gerou uma equivalência exacta válida.

Nota: Apesar de, no exemplo 3, termos tido sucesso, nos dois outros isso não aconteceu pelo que, a verdade é
que o processo de obtenção de equivalências válidas usando o PE, SN ⇔ S n é algo falível.
Assim, o ideal seria partir de uma sucessão u n = bn e estabelecer, directamente, equivalências válidas.

Vamos, seguidamente, procurar estabelecer as condições para que tal seja possível.

2.2. Condições necessárias e suficientes para que qualquer sucessão u n = bn possa


gerar, directamente, equivalências válidas SN ⇔ S n .
2.2.1. Introdução. Noção de decomposição adequada de bn
De acordo com o PE , SN ⇔ S n , em todas as equivalências exactas válidas terão de se
verificar, obrigatoriamente, as duas seguintes condições:
(1) bn = S n − S n −1 e ( 2) S n = b1 + b2 + b3 + ... + bn .
Então, para que uma qualquer sucessão bn viável possa originar, directamente, uma
equivalência exacta SN ⇔ S n = u n + C válida, é necessário e suficiente que qualquer termo
de bn se possa decompor na subtracção de dois termos sequentes e correspondentes de
outra sucessão S n tal que bn = S n − S n −1 em que S n = b1 + b2 + ... + bn .

Nessas circunstâncias, poderemos escrever garantidamente que ∑ (b ) ⇔ S
n =1
n n e diremos que

a decomposição bn = S n − S n −1 é a decomposição adequada de bn .


No entanto, bn pode ter outras decomposições diferentes da referida decomposição
adequada. Assim:
(a) Se fizermos S n = u n + C teremos S n − S n −1 = u n + C − ( u n −1 + C ) ⇔ S n − S n −1 = u n − u n −1
(b) Por outro lado se fizermos S n = C − u n teremos:
bn = S n − S n −1 ⇔ bn = C − u n − C + u n −1 ⇔ bn = u n −1 − u n .

Então, qualquer decomposição de bn do tipo bn = u n −1 − u n (a) ou bn = u n − u n −1 (b) pode


vir a transformar-se na decomposição adequada se introduzirmos uma constante C tal que
C = b1 + u1 para o caso (a) e C = b1 − u1 para o caso (b)

1
Exemplo: Consideremos a sucessão bn =
n × ( n + 1)
1 1 1
Vamos decompô-la. Obteremos: bn = = − .
n × ( n + 1) n n + 1

11
1
A decomposição obtida é do tipo bn = u n −1 − u n , sendo u n = .
n +1
Embora não se trate da decomposição adequada bn = S n − S n −1 poderemos obtê-la fazendo:
1
S n = −u n + C ⇒ S n = − + C em que C = b1 + u1 .
n +1
1 1
Então, C = + = 1 pelo que poderemos escrever:
2 2

 1  1 ∞
 1  n
SN = ∑   ⇔ Sn = − + 1 ⇔ SN = ∑   ⇔ Sn =
n =1  n × ( n + 1)  n +1 n =1  n × ( n + 1)  n +1

∗ Verificação simplificada sucessiva


2 1 1 2
Para n = 2 ⇒ S 2 = ∧ SN 2 = b1 + b2 = + = (confirma)
3 2 6 3
3 2 1 3
Para n = 3 ⇒ S 3 = ∧ SN 3 = S 2 + b3 = + = (confirma)
4 3 12 4

Nota: A equivalência exacta encontrada está correcta e a decomposição adequada será


1 n n −1
bn = S n − S n −1 ⇒ bn = = −
n × ( n + 1) n + 1 n

2.2.2. Teorema da decomposição adequada (TDA).


Estamos agora em condições de enunciar o TDA nos seguintes termos.

Teorema da Decomposição Adequada (TDA)


• Dada uma sucessão viável bn tal que cada um dos seus termos possa ser decomposto
na subtracção de dois termos sequentes de outra sucessão u n , ou seja, se bn = u n −1 − u n
ou bn = u n − u n −1 então, para qualquer das decomposições referidas, existe uma
constante C ∈ IR tal que, definindo respectivamente S n = −u n + C ou S n = u n + C
transforma, cada uma delas, na decomposição adequada bn = S n − S n −1 a partir da qual

se pode escrever, imediatamente, a equivalência exacta SN = ∑ ( bn ) ⇔ S n •
n =1

Nota: Como é óbvio, a constatação à priori de que determinada sucessão bn não pode ser decomposta nos
termos do TDA permitir-nos-á rejeitá-la imediatamente como sucessão capaz de gerar uma equivalência exacta
válida SN ⇔ S n = u n + C .
3n + 1
Exemplo: Consideremos a sucessão bn =
( n + 1) × ( n + 3)
A sucessão bn ∈ SIP e é viável. No entanto, o denominador de bn mostra-nos o produto de dois termos
não sequentes de uma sucessão polinomial o que invalida a possibilidade de a decompor em bn = u n − u n −1
ou bn = u n −1 − u n .
Então, neste caso, a sucessão bn , apesar de viável, não poderá gerar uma S n porque não pode respeitar o
TDA.

Estamos agora em condições de procurar criar métodos sistematizados para determinação de


equivalências exactas válidas SN ⇔ S n a partir de sucessões bn viáveis.
3. Criação de métodos sistematizados para a criação de equivalências exactas
SN ⇔ S n = u n + C a partir de sucessões bn viáveis pertencentes a um grupo funcional
escolhido.
3.1 Introdução
12
Recorrendo ao PE, SN ⇔ S n e partindo de várias sucessões u n viáveis e do mesmo grupo
funcional, poderemos conseguir criar sistematizações algébricas que facultem a definição de
fórmulas genéricas para que, a partir de bn = u n − u n −1 do grupo funcional resultante,
possamos obter, directamente, equivalências válidas SN ⇔ S n = u n + C . Começaremos pelas
sucessões polinomiais.

3.2. Sucessões polinomiais.


As sucessões polinomiais são do tipo genérico
u n = a 0 n m + a1 n m −1 + a 2 n m −2 + ... + a m −1 n + a m em que a 0 , a1 , a 2 ,..., a m são coeficientes
reais constantes e m ∈ N 0 é o seu expoente de maior ordem designado por grau dessa
sucessão polinomial.
As sucessões polinomiais são sempre u n ∈ SIG excepto a sucessão com m = 0 que será
u n = a 0 n 0 ⇔ u n = a 0 com termos constantes e iguais entre si.
O estudo que se segue consiste em escolher sucessões polinomiais u n com termos positivos
e monotonamente crescentes para infinito (o que inclui todas as sucessões polinomiais com
grau m ∈ N e termo de maior ordem positivo) e analisar os comportamentos e
características das sucessões bn = u n − u n −1 e correspondentes S n definidoras de
equivalências exactas válidas resultantes da aplicação do PE, SN ⇔ S n .

Nota: Como a representação genérica extensiva das sucessões polinomiais apresentada atrás não é muito
prática para a escrita frequente que utilizaremos a seguir, passaremos a usar simbologias simplificadas do tipo
u n = P ( m ) ( n ) ou v n = Q ( p ) ( n ) , ou ainda wn = R ( k ) ( n ) como representação de sucessões polinomiais de
variável n ∈ N e graus ( m, p, k ) ∈ N respectivamente. Assim, se escrevermos u n = Q
( 4)
( n − 1)
estaremos a querer dizer que u n é uma sucessão polinomial de grau 4 e variável ( n −1) .

3.3. Estudo de equivalências exactas válidas resultantes de sucessões polinomiais u n .


• Primeiro caso: Consideremos u n = P ( 2) ( n ) ⇒ u n = n 2
Teremos bn = u n − u n −1 = n 2 − ( n − 1) = 2n − 1 .
2


Como C = b1 − u1 = 1 − 1 = 0 poderemos escrever SN = ∑ ( 2n − 1) ⇔ S
n =1
n = n2 .

O resultado da equivalência exacta provisória está correcto pois, sendo bn = 2n −1 uma


sucessão aritmética, a expressão da soma dos seus termos será
u1 + u n 1 + ( 2n − 1)
Sn = × n ⇒ Sn = × n = n2
2 2
• Segundo caso: Consideremos agora u n = P ( 3) ( n) ⇒ u n = n 3 − n .
[ ]
A correspondente bn será bn = u n − u n −1 = n 3 − n − ( n − 1) − ( n − 1) ⇔ bn = 3n 2 − 3n
3

∑ (3n )

Então, como C = b1 − u1 = 0 − 0 = 0 poderemos escrever
2
− 3n ⇔ S n = n 3 − n
n =1

∗ Verificação simplificada sucessiva.


Para n = 2 ⇒ S 2 = 6 ∧ SN 2 = b1 + b2 = 0 + 6 = 6 (confirma)
Para n = 3 ⇒ S 3 = 24 ∧ SN 3 = u1 + u 2 + u 3 = 6 + 18 = 24 (confirma)

3.4. Utilização dos resultados anteriores para definição de uma fórmula geral para
equivalências exactas directas SN ⇔ S n = u n + C resultantes de bn ⇒ S n .
No primeiro caso anterior, verificamos que para bn = P ( n ) = 2n − 1 ⇒ S n = Q ( n ) = n .
( 1) ( 2) 2

13
No segundo caso anterior para bn = P ( n ) = 3n − 3n ⇒ S n = Q ( n ) = n − n .
( 2) 2 ( 3) 3

Pelos casos apresentados e por outros efectuados e não referidos poderemos concluir, de
forma genérica, que para bn = P ( m ) ( n ) ⇒ S n = Q ( m +1) ( n ) .

Nota: Nos dois casos resolvidos a expressão do polinómio S n não contém o termo constante a m +1 .
De facto, esta situação é recorrente como poderemos demonstrar a seguir.
Assim, pelo TDA, teremos bn = S n − S n −1 = Q
( m +1)
( n ) − Q ( m+1) ( n − 1)
Então se considerarmos Q
( m +1)
( n ) = S n = a0 n m +1 + a1 n m + ... + a m n + a m +1 e, em consequência,
Q ( m +1) ( n − 1) = a 0 ( n − 1) + a1 ( n − 1) + ... + a m ( n − 1) + a m +1 , poderemos escrever:
m +1 m

S n − S n −1 = a 0 n m +1 + a1 n m + ... + a m n + a m +1 − a 0 ( n − 1) − a1 ( n − 1) − ... − a m ( n − 1) − a m +1 ⇔
m +1 m

( ) [
⇔ S n − S n −1 = a 0 n m+1 + a1 n m + ... + a m n − a 0 ( n − 1)
m +1
+ a1 ( n − 1) + ... + a m ( n − 1)
m
]
Como vemos verifica-se que S n = Q
( m +1)
( n ) = a0 n m+1 + a1n m + ... + a m n , ficando demonstrado que
S n tem sempre o termo constante a m +1 igual a zero.

3.5. Utilização da fórmula genérica bn = P ( n ) ⇒ S n = Q ( n ) para obter


( m) ( m +1)

equivalências válidas SN ⇔ S n = u n + C sendo bn uma sucessão polinomial de


qualquer grau m ∈ N .
A fórmula de relacionamento, bn = P ( n ) ⇒ S n = Q ( n ) obtida atrás, garante que todas
( m) ( m +1)

as sucessões polinomiais obedecem ao TDA pelo que as sucessões deste tipo funcional são
sempre viáveis e capazes de gerar equivalências válidas SN ⇔ S n = u n + C .
A determinação prática dessas equivalências faz-se recorrendo à fórmula obtida e ao método
dos coeficientes indeterminados.

Exemplo: Consideremos a sucessão polinomial u n = bn = P ( n ) ⇒ bn = n


( 3) 3

Sendo bn ∈ SIG uma sucessão polinomial então é intrinsecamente viável.


A correspondente S n deverá ser do tipo S n = Q ( n ) .
( 4)

Abarcando todas as hipóteses possíveis para a sucessão polinomial procurada do tipo


S n = Q 4 ( n ) e não considerando o último termo constante do polinómio que, como
demonstramos atrás, é sempre nulo, poderemos escrever que S n = An 4 + Bn 3 + Cn 2 + Dn
sendo A, B, C e D coeficientes indeterminados.
A determinação desses coeficientes A, B, C e D pode fazer-se através da criação e
resolução de um sistema de 4 equações recorrendo às 4 primeiras igualdades de termos entre
S n e as correspondentes SN n ou somas sucessivas dos 4 primeiros termos da sucessão
bn . Assim:
Para n = 1 ⇒ S1 = A + B + C + D ∧ SN 1 = b1 = 1
Para n = 2 ⇒ S 2 = 16 A + 8B + 4C + 2 D ∧ SN 2 = b1 + b2 = S1 + b2 = 1 + 8 = 9
Para n = 3 ⇒ S 3 = 81 A + 27 B + 9C + 3D ∧ SN 3 = S 2 + u 3 = 9 + 27 = 36
Para n = 4 ⇒ s 4 = 256 A + 64 B + 16C + 4 D ∧ SN 4 = S 3 + u 4 = 36 + 64 = 100
Das expressões anteriores obteremos o sistema de 4 equações e respectiva solução.

14
 A= 1
 A+ B+ C + D = 1  4
 1 A+ 86B + 4C + 2D = 9  B = 1 4 3 2
  2 n + 2n + n
 ⇒  ⇒ Sn =
 8 A+ 21B + 97C + 3D = 3 6  C = 1 4
 2 A+ 56 B + 164C + 46D = 1 0 40
 D = 0
n 4 + 2n 3 + n 2
Poderemos escrever SN = ∑ ( n ) ⇔ S n =

3

n =1 4
∗ Verificação simplificada sucessiva (para n > 4)
Para n = 5 ⇒ S 5 = 225 ∧ SN 5 = S 4 + b5 = 100 + 125 = 225 (confirma)
Para n = 6 ⇒ S 6 = 441 ∧ SN 6 = S 5 + b6 = 225 + 216 = 441 (confirma)

Nota: Como vimos, foi possível criar um método genérico que nos permite calcular equivalências exactas
S n ⇔ SN = u n + C , válidas para todas as sucessões polinomiais bn o que significa que todas elas
obedecem ao TDA e que, nestes casos, a decomposição adequada é, também, única.
Neste grupo funcional, verifica-se que bn ∈ SIG ⇒ S n ∈ SIG .
Então, como o limite de S n é infinito para todas as sucessões polinomiais bn isto parece reduzir o interesse
da sua determinação.
No entanto, existem outros motivos de interesse para a determinação de S n .
Assim, o conhecimento de S n permite calcular com exactidão e de forma simples e imediata o valor
numérico da soma de qualquer número de termos sequentes de bn o que não é possível se fizermos a simples
constatação da sua divergência. Então:

∗ Motivo de interesse 1: Possibilidade de cálculo do valor numérico de qualquer termo da SN.


n = 40
Por exemplo, o termo de ordem 40 de uma SN ⇔ S será dada por SN 40 = ∑ ( bn ) = S 40 .
n
n =1

n + 2n + n
∑ (n ) ⇔ S
∞ 4 3 2
Então, para a equivalência SN = =
3
n resolvida atrás será:
n =1 4
40 + 2 × 40 + 40 2
4 3
SN 40 = S 40 = = 672400
4
∗ Motivo de interesse 2: Possibilidade de cálculo do valor numérico da soma de qualquer número de termos
sequenciais da bn .
Suponhamos que queríamos calcular a soma dos termos b45 + b46 + b47 + ... + b102 de uma SN ⇔ S n .
n =102 n = 44
Tal soma será dada por b45 + b46 + b47 + ... + b102 = ∑ ( bn ) − ∑ ( bn ) = S102 − S 44 .
n =1 n =1

Então, para a mesma equivalência SN ⇔ S n anterior será:

15
102 4 + 2 × 102 3 + 102 2 44 4 + 2 × 44 3 + 44 2
S102 − S 44 = − = 26613909
4 4

4. Estudo das equivalências válidas SN ⇔ S n = u n + C para um segundo tipo funcional


de sucessões u n . Sucessões Racionais.
4.1. Introdução
As sucessões racionais u n são aqui genericamente definidas por quocientes de duas outras
vn P ( m) ( n)
quaisquer sucessões polinomiais v n = P ( n ) e wn = Q ( n ) , ou seja, u n =
( m) ( p)
= ( p) .
wn Q ( n )
As primeiras sucessões racionais que nos interessarão serão do tipo
P ( m) ( n)
un = ( p) com ( n, p ) ∈ N , m ∈ N 0 e m ≠ 2 p −1
Q ( n ) × Q ( p ) ( n − 1)

Nota: As sucessões racionais cujo denominador é o produto de dois termos sequentes da mesma sucessão
polinomial podem ser decomponíveis de acordo com o TDA e são, portanto, capazes de gerar equivalências
válidas SN ⇔ S n = u n + C .

4.2. Formulários de relacionamentos válidos bn ⇒ S n para as sucessões racionais


O estudo de equivalências válidas SN ⇔ S n = u n + C , a partir de diversas sucessões
racionais u n com valores de m e p judiciosamente escolhidos deu origem às seguintes
fórmulas genéricas para relacionamentos directos bn ⇒ S n que são:

• Relacionamentos do tipo 1 em que n b ∈ S I ⇒P S ∈ S C\ S I P


n
Para estes relacionamentos obtivemos a seguinte fórmula geral:
P ( m) ( n) R ( p ) ( n)
b
Se n = ⇒ S = com p −1 ≤ m ≤ 2 p − 2 .
Q ( p ) ( n ) × Q ( p ) ( n − 1) Q ( p ) ( n)
n

 S \S C I P
• Relacionamentos do tipo 2 em que bn ∈  ⇒ Sn ∈ S I G
S I G
Para estes relacionamentos obtivemos a seguinte fórmula geral:
P ( m) ( n) R ( m − p +1) ( n )
Se bn = ( p ) ⇒ S = com m ≥ 2 p
Q ( n ) × Q ( p ) ( n. − 1) Q ( p ) ( n)
n

Nota 1: Como se vê, os relacionamentos do tipo 1 e 2 apresentados, deixam de fora as equivalências referentes
a sucessões racionais do tipo bn ∈ SIP ⇒ S n ∈ SIG .
No entanto, mais adiante e em capítulo especial, esse estudo será feito.

Nota 2: De forma paralela ao que aconteceu nas equivalências exactas válidas SN ⇔ S n = u n + C


resultantes de sucessões polinomiais bn estudadas atrás, também aqui, nas equivalências exactas válidas
SN ⇔ S n = u n + C resultantes de sucessões racionais bn , se verifica (e se pode demonstrar) que o

16
polinómio que surge como numerador das S n não contém o termo constante, pelo que estas podem ser
a 0 n p + a1 n p −1 + ... + a p −1 n a 0 n m − p +1 + a1 n m − p + ... + a m − p n
representadas por S n = ou S n =
b0 n p + b1 n p −1 + bm −1 n + bm b0 n p + b1 n p −1 + ... + bm −1 n + bm

4.3. Métodos de determinação de equivalências exactas válidas resultantes de bn


definidas por sucessões racionais.
4.3.1. Introdução.
A determinação de equivalências exactas válidas SN ⇔ S n = u n + C , partindo directamente
de sucessões racionais bn viáveis, pode fazer-se por vários métodos dos quais
apresentaremos os dois mais importantes e que são:

i)Método genérico que consiste em recorrer ao formulário exposto


anteriormente para os relacionamentos bn ⇒ S n dos tipos 1 e 2 bem como, de
forma semelhante ao que fizemos nas sucessões polinomiais, criar e resolver
um sistema de equações utilizando coeficientes indeterminados.
ii) Método por recurso ao TDA em que se procura fazer a decomposição
das sucessões racionais bn na subtracção de dois termos sequentes da mesma
sucessão. Este método apenas interessa para os relacionamentos do tipo 1.

• Método genérico.
n 2 + n −1
Exemplo: Consideremos bn =
n × ( n + 1)

A sucessão n b ∈ S C\ S I P
é viável e pertence ao relacionamento tipo 2.
Assim, como m = 2 e p =1 teremos, de acordo com o formulário apropriado, que
P ( 2) ( n) n2 + n −1 R ( 2 ) ( n ) An 2 + Bn
bn = ( 1) = ⇒ S = =
Q ( n ) × Q ( 1) ( n − 1) ( n + 1) × n Q ( 1) ( n )
n
n +1
Na expressão de S n temos dois coeficientes indeterminados A e B pelo que precisamos de
duas equações extraídas das igualdades sucessivas SN ⇔ S n . Assim:
A+B 1
Para n = 1 ⇒ S1 = ∧ S1 = b1 =
2 2
4 A + 2B 1 5 4
Para n = 2 ⇒ S 2 = ∧ S 2 = S1 + b2 = + =
3 2 6 3
O sistema de equações e as respectivas soluções serão as seguintes:

 BA =+ 1  A= 1 n 2

 ⇒  ⇒ Sn =
 4A 2B=+ 4  B= 0 n+ 1 ∞
 n 2 + n − 1 n2
Poderemos escrever SN = ∑  
n =1  n ( n + 1) 
⇔ S n =
n +1

17
∗ Verificações simplificadas sucessivas
9 4 11 9
Para n = 3 ⇒ S 3 = ∧ SN 3 = S 2 + b3 = + = (confirma)
4 3 12 4
16 9 19 16
Para n = 4 ⇒ S 4 = ∧ SN 4 = S 3 + b4 = + = (confirma)
5 4 20 5

• Método genérico e por recurso ao TDA para sucessões u n ∈ SIP do tipo 1.


3n 2 + n − 1
Consideremos a sucessão bn =
( n + 1) 2 × n 2
Trata-se de uma bn ∈ SIP viável do tipo 1 com m = 2 e p = 2 pelo que a sua S n , se
existir, pode ser determinada pelo método de recurso ao TDA ou pelo método genérico.

∗ Método do recurso ao TDA.


Assim, procedamos à decomposição da sucessão bn na subtracção de dois termos
sequentes de outra sucessão u n . Obteremos:

3n + n− 1 A + B (nnA + 1) + B  A = 3 3n + n− 1 3n− 1 3n+ 2


2 2
bn = 2 2 = 2 − 2 ⇒  ⇒ bn = 2 2 = 2 − 2
(n+ 1) × n n (n+ 1)  B −= 1 ( n+ 1) × n n ( n+ 1)
Como

∞ 
3 5 3n 2 + n − 1  3n + 2
C = b1 + u1 = + = 2 ⇒ ∑  2
⇔ Sn = − +2⇒
n =1  ( n + 1) × n  ( n + 1) 2
2
4 4
∞ 
3n 2 + n − 1  2n 2 + n
⇒ SN = ∑  2
⇔ S =
n =1  ( n + 1) × n  ( n + 1) 2
2 n

Nota: As sucessões racionais polinomiais u n ∈ SIP do relacionamento tipo 1 anterior, podem ser
P ( m ) ( n) R ( q ) ( n − 1) R ( q ) ( n )
decompostas fazendo = − em que ( n, p ) ∈ N ,
Q ( p ) ( n ) × Q ( p ) ( n − 1) Q ( p ) ( n − 1) Q ( p ) ( n )
( m, q ) ∈ N 0 e p −1 ≤ m ≤ 2 p − 2 .
A sequência de valores possíveis de m ∈ [ ( p − 1) , ( 2 p − 2 ) ] determina a sequência de valores possíveis de q
que estarão situados no intervalo q ∈ [ 0, ( p − 1) ] .
Assim, por exemplo, para p =1 apenas poderemos ter m = 0 ⇒ q = 0 .
Já para p = 2 poderemos ter m = 1 ⇒ q = 0 ou m = 2 ⇒ q = 1

• Método genérico
An 2 + Bn
Como m = 2 e p = 2 a correspondente S n será do tipo S n = .
( n + 1) 2
A resolução do sistema de 2 equações permite escrever:

18
 BA =+ 3  A= 2 2n + n 2

 ⇒  ⇒ Sn = 2
 2 BA =+ 5  B= 1 (n+ 1)
 3n 2 + n − 1 

2n 2 + n
Então SN = ∑   
2 
⇔ Sn =
n =1  ( n + 1) × n  ( n + 1) 2
2

Nota: Os resultados obtidos no primeiro e segundo método são iguais.


Isso dará garantia de correcção na equivalência encontrada pelo que nos absteremos de a confirmar.

5. A determinação de equivalências exactas SN ⇔ S n = u n + C referentes a Séries de


Mengoli (SM).
As Séries de Mengoli ( SM ) são SN convergentes para as quais é possível determinar os
respectivos VSIT.
Todavia, a forma de determinar as respectivas S n não é conhecida.
Vamos ver como, a partir dos conhecimentos anteriores sobre relacionamentos
bn ∈ S I ⇒P S n ∈ S C\ S I ,Pas poderemos determinar.

Assim, as SM são do tipo SM = ∑ ( u n − u n + p ) com p ∈N , sendo convergentes quando
n =1

( ) ∑( u ) − lim (u ) .
p
u n ∈ SC ⇒ lim u n − u n + p = 0 . Nessas circunstâncias será VSIT = n n+ p
n =1

No entanto, as SM convergentes com p =1 , ou seja, SM = ∑ ( u n − u n +1 ) são da mesma
n =1

natureza que as SN = ∑ ( u n −1 − u n ) ⇔ S n = −u n + C .
n =1
Por outro lado, é sempre possível transformar uma SM com p >1 numa soma de SM com
p =1 como demonstramos a seguir. Assim:
∞ ∞
SM = ∑ ( u n − u n + p ) = ∑ ( u n − u n +1 + u n +1 − u n + 2 + ... + u n + p −1 − u n + p ) ⇔
n =1 n =1

⇔ ∑( u
n =1
n − u n+ p ) =

∑( u n − u n+1 ) + ∑( u n+1 − u n+2 ) + ∑( u n+2 − u n+3 ) +... + ∑(u n+ p −1 − u n+ p )


∞ ∞ ∞

n =1 n =1 n =1 n =1

Então, SM = ∑ ( u n − u n + p ) ⇔ S n = S n +1 + S n + 2 + S n+3 + ... +S n+ p
n =1

19
Isto permite assegurar que qualquer SM convergente com p ∈N pode ter uma S n global
que será a soma das S n das SM com p =1 e não apenas um VSIT, como até agora se
considerava.

 1 1 
Exemplo: Consideremos a SM = ∑  −  ⇒ p =3
n =1  n + 1 n+ 4
Poderemos escrever:

 1 1  ∞  1 1 1 1 1 1 
SM = ∑  −  = ∑ − + − + − ⇔
n =1  n + 1 n + 4  n =1  n + 1 n + 2 n + 2 n + 3 n + 3 n + 4 

 1 1  ∞  1 1  ∞  1 1  ∞  1 1 
⇔ ∑ −  =∑  −  + ∑ −  + ∑ − ⇔
n =1  n + 1 n + 4  n =1  n + 1 n + 2  n=1  n + 2 n + 3  n=1  n + 3 n + 4 

 1 1  ∞  1  ∞  1  ∞  1 
⇔ ∑ −  =∑   + ∑   +∑  ⇔
n =1  n + 1 n + 4  n =1  ( n + 1) × ( n + 2)  n =1  ( n + 2) × ( n + 3)  n =1  ( n + 3) × ( n + 4 ) 

 1 1  n n n
⇔ ∑ −  ⇔S n = S n + 2 + S n + 3 + S n + 4 ⇔ S n = + +
n =1  n + 1 n+ 4 2( n + 2) 3( n + 3) 4( n + 4)

II
TEORIA DAS EQUIVALÊNCIAS APROXIMADAS SN ⇔ S n ≅ u n + C
Introdução.
O desenvolvimento de certas realidades matemáticas de há muito conhecidas, mas nunca
exploradas para o fim aqui proposto permitem estabelecer equivalências aproximadas do
tipo SN ⇔ S n ≅ u n + C em que o sinal ≅ se lê “aproximadamente igual”.
Estas equivalências aproximadas permitem, obter resultados de grande importância para a
teoria geral das SN.
As referidas realidades matemáticas que servem de base à agora apresentada Teoria das
Equivalências Aproximadas SN ⇔ S n ≅ u n + C traduzir-se-ão no que designaremos por
Princípio da Igualdade Aproximada (PIA) e Teorema da Decomposição Logarítmica
Aproximada (TDLA) que, juntamente com os anteriormente apresentados PE , SN ⇔ S n e
TDA constituirão as bases para a Teoria que passaremos a analisar.

1. O Princípio da Igualdade Aproximada (PIA)


bn
Consideremos duas sucessões bn ∈ SIP e v n ∈ SIP tal que lim =1 .
vn
As condições apresentadas permitem escrever que para valores de n suficientemente
elevados, ou seja, para n > p se verifica a igualdade aproximada bn ≅ v n .
1 1
Exemplo: Consideremos as sucessões bn = e vn = .
n n + 999
un
Poderemos dizer que bn ∈ SIP , v n ∈ SIP e lim = 1.
vn
Então, por exemplo, para n > 1000 poderemos escrever a igualdade aproximada bn ≅ v n .
De facto:
∗ Para n = 1 ⇒ b1 = 1 ∧ v1 = 0,001 ⇒ b1 ≠ v1 .
∗ Para n = 1000 ⇒ b1000 = 0,001 ∧ v1000 ≅ 0,000999 ⇒ b1000 ≅ v1000 .
∗ O efeito de igualdade aproximada bn ≅ vn acentua-se à medida que n > p =1000 e,
obviamente, transforma-se em igualdade plena no limite, ou seja, lim ( bn ) = lim ( v n ) .

20
A evidência do exemplo anterior e a óbvia possibilidade da sua generalização permite-nos
enunciar o
Princípio da Igualdade Aproximada (PIA)
b
• Dadas duas quaisquer duas sucessões bn ∈ SIP e vn ∈ SIP tal que lim vn = 1 então,
n

para uma determinada ordem n > p verifica-se a igualdade aproximada bn ≅ v n


definindo-se a igualdade plena no limite ou lim ( bn ) = lim ( v n ) •

Nota 1: Aplicação do PIA à igualdade aproximada de sucessões


A possibilidade de estabelecer igualdades aproximadas entre sucessões bn e sucessões v n respeitadoras do
PIA é especialmente importante quando bn define sucessões transcendentes (logarítmicas, exponenciais,
trigonométricas).
Assim sabemos que se v n ∈ SIP existem, entre outros, os seguintes limites unitários notáveis:
e vn − 1 ln (1 + v n ) sin ( v n ) tan ( v n )
(1) lim = 1 ; (2) lim = 1 ; (3) lim = 1 ; (4) lim =1
v n →0 vn v n →0 vn v n →0 vn v n →0 vn
A existência destes limites unitários conhecidos pode ser aproveitada para gerar igualdades aproximadas
respectivamente como (1) e vn −1 ≅ v n ; (2) ln (1 + v n ) ≅ v n ; (3) sin ( v n ) ≅ v n ; (4) tan ( v n ) ≅ v n
∗ Exemplos de igualdades aproximadas
 1 
1
1 sin   1   1  1   1  1
(1) e n2
−1 ≅ 2 : (2) e  n
−1 ≅ ; (3) tan ln1 + 3   ≅ 3 ; (4) sin 2 tan   ≅ 2 ;
n n   n  n   2n  4n
 n 2
  1  1 1
1
(5) ln  2  = ln 1 − 2 ≅− 2 ; (6) e n ≅ + 1
 n +1  n +1 n +1 n

Nota 2: Aplicação do PIA em igualdade plena para determinação de certos limites complexos com
sucessões transcendentes.
Certos limites referidos a sucessões transcendentes muito complexas podem, por vezes, escapar aos métodos
normais de resolução. Nesse caso, a sua análise no sentido de ver se é possível aplicar-lhes o PIA em igualdade
plena pode permitir simplificá-los de forma a conseguir chegar a um limite conhecido.
1

∗ Exemplo: Consideremos a sucessão u n = 1 + sin 12  


  1 
ln 1+ tan2    .
  n 
n   
1
n2
Determinemos o seu limite. Teremos: lim( u ) = lim1 + sin 1    1
  1 
ln 1+ tan2   
n   2    n  = lim 1 + 2  = e
  n   n 
Nota 3: A igualdade aproximada ln (1 + v n ) ≅ v n com v n ∈ SIP é especialmente importante para a
sequência do texto deste artigo.

1.1. Aplicação do PIA isolado ou associado com o PE , SN ⇔ SN ou com o TDA para


determinação de equivalências aproximadas SN ⇔ S n ≅ u n + C .
1.1.1. Introdução
O esclarecimento da natureza de SN com bn transcendentes como sucessões logarítmicas,
exponenciais e trigonométricas é muitas vezes fonte de perplexidade para os estudantes.
De facto, os Critérios da Comparação, de D’Alembert ou de Cauchy nem sempre são
suficientes para esclarecer a natureza de certas SN.

 1 
Um exemplo conhecido é o da SN = ∑   cuja divergência só pode ser
n =2  n × ln ( n ) 

confirmada pelo Critério do Integral.

21
Infelizmente, este Critério tem o inconveniente de necessitar de conhecimentos de Cálculo
Integral extrínsecos à Teoria das SN o que levanta problemas à sua aprendizagem.
A utilização do PIA por si só em alguns casos, em conjugação com o PE , SN ⇔ S n em
alguns outros casos ou, com o TDA noutros casos ainda, permite esclarecer não só a
natureza destes tipos de SN (prescindindo do Critério do Integral) como também, muitas
vezes, calcular inclusivamente a correspondente S n embora aproximada.

1.1.2. Utilização do PIA isolado para obtenção de equivalências aproximadas.


Sejam bn e v n duas sucessões que obedecem ao PIA.
∞ ∞
Nessas circunstâncias, parece ser possível escrever ∑ ( bn ) ≅ ∑ ( vn ) .
n =1 n =1

Se pudermos estabelecer a equivalência exacta SN = ∑ ( v n ) ⇔ S n = u n + C então poderemos
n =1

escrever SN = ∑ ( bn ) ⇔ S n ≅ u n + C
n =1

 n×( 1n +1) ∞ 
Exemplo: Consideremos a SN = ∑ 
e −1 . Determinar, caso possível, a sua

n =1  
equivalência aproximada.
1
n×( n +1) 1
Como pelo PIA podemos escrever e −1 ≅ então teremos:
n × ( n + 1)
∞  n×( 1n +1)  ∞
 1 
∑ e −1 ≅ ∑ .
 n =1  n × ( n +1) 

n =1 


 1  n ∞  n×( 1n +1)  n
Sendo SN = ∑   ⇔ Sn = então ∑ e −1 ⇔ S n ≅ u n =
n =1  n × ( n + 1)  n +1 
m =1 
 n +1

Nota 1: Repare-se que a equivalência estabelecida é SN ⇔ S n ≅ u n e não SN ⇔ S n ≅ u n + C como


temos vindo a referir.
No entanto, a comparação por diferença entre os sucessivos termos da SN com os correspondentes termos
da u n originam uma sucessão de erros (ε n ) definida por ε n = SN n − u n .
Assim, que para os 6 primeiros termos os erros ( ε1 , ε 2 , ε 3 , ε 4 , ε 5 , ε 6 ) serão:

 Para n = 1 ⇒ SN 1 = b1 ≅ 0.649 ∧ u1 = 0.5 ⇒ ε 1 = SN 1 − u1 ⇒ ε 1 ≅ 0.149


 Para n = 2 ⇒ SN 2 = b1 + b2 ≅ 0.83 ∧ u 2 ≅ 0.667 ⇒ ε 2 ≅ 0.163
 Para n = 3 ⇒ SN 3 = SN 2 + b3 ≅ 0.917 ∧ u 3 = 0.75 ⇒ ε 3 ≅ 0.167
 Para n = 4 ⇒ SN 4 = SN 3 + b4 ≅ 0.968 ∧ u 4 = 0.8 ⇒ ε 4 ≅ 0.168
 Para n = 5 ⇒ SN 5 = SN 4 + b5 ≅ 1.002 ∧ u 5 ≅ 0.833 ⇒ ε 5 ≅ 0.169
 Para n = 6 ⇒ SN 6 = SN 5 + b6 ≅ 1.026 ∧ u 6 ≅ 0.857 ⇒ ε 6 ≅ 0.169

Como vemos, para estas primeiras 6 subtracções de termos, a sucessão de erros εn cresce lentamente e
parece tender para um valor numérico constante e aproximadamente igual a 0.169 .
A ser assim, poderemos escrever que lim ( ε n ) ≅ 0.169

22
 n×( 1n +1)  n
Então, em vez da igualdade aproximada inicial ∑e −1 ⇔ S n ≅ (1) será mais correcto e

 
 n +1
∞  1
 n
completo escrever ∑ e  −1 ⇔ S n ≅
n×( n +1)
+ 0.169 (2)

n =1 
 n +1

De facto, a expressão (2) continua a ser uma igualdade aproximada mas com maior qualidade de aproximação
do que a expressão (1) devido à introdução da constante C ≅ 0.169 .
De uma forma geral, tal como aqui, o estabelecimento de equivalências aproximadas pela aplicação do PIA faz
surgir, quase sempre, na comparação de termos por subtracção, uma sucessão de erros ε n = SN n − u n que
tende para uma constante real, ou seja, ε n → C ∈ IR ⇒ C = lim( ε n ) .

A determinação exacta do C , ou seja, C = lim ∑ ( bn ) − lim( u n ) é muito morosa e, na verdade, pouco
n =1

rentável. A situação piora quando tanto a SN como a correspondente S n são divergentes.


Por isso, a determinação rigorosa de C não será feita normalmente (excepto em casos especiais abordados
adiante) limitando-nos a referir valores presumíveis quando seja aconselhável.

1.1.3. Utilização do PIA em associação com o PE , SN ⇔ S n para determinação de


equivalências aproximadas SN ⇔ S n ≅ u n + C
O PIA associado ao PE , SN ⇔ S n pode ser utilizado para estabelecer importantes
equivalências aproximadas SN ⇔ S n ≅ u n + C .
ln ( n + 1) − 1
Exemplo: Consideremos a sucessão u n =
ln ( n + 1)
∗ Utilização do PE , SN ⇔ S n
A sucessão apresentada é n u ∈ S C\ S I P
, tem termos monotonamente crescentes e com sinal fixo

positivo para n > 1 e lim ( u n ) = 1 . Assim sendo, u n é uma sucessão viável. Então,
+

poderemos calcular bn como sendo:


 1
ln1 + 
ln ( n + 1) − 1 ln ( n ) − 1 ln ( n + 1) − ln ( n )  n
bn = u n − u n −1 ⇒ bn = − ⇒ bn = ⇔ bn =
ln ( n + 1) ln ( n ) ln ( n ) × ln ( n + 1) ln ( n ) × ln ( n + 1)
∗ Intervenção do PIA
 1 1
De acordo com o PIA sabemos que ln 1 +  ≅ pelo que poderemos escrever
 n n
1
bn ≅ .
n × ln ( n ) × ln ( n +1)

 1  ln ( n + 1) − 1
Então, finalmente teremos SN = ∑   ⇔ Sn ≅ +C
n = 2  n × ln ( n ) × ln ( n + 1)  ln ( n + 1)

Nota: Alguns cálculos efectuados permitem ter a convicção que C ≅ 0.62 mas, mais importante do que
 1 
calcular o valor exacto de C , é a garantia da convergência da SN = ∑ n × ln ( n ) × ln ( n +1)  .
 

 1 
De facto, até agora, a demonstração da convergência da importante SN = ∑  n × ln ( n )  que é da mesma
2

n =1 
 1 
natureza da SN =   (praticamente iguais, aliás) apenas se podia fazer recorrendo ao
 n × ln ( n ) × ln ( n + 1) 
Critério do Integral.

23
Por este processo de estabelecimento de equivalências aproximadas SN ⇔ S n ≅ u n + C , o Critério do
Integral torna-se desnecessário, a demonstração da convergência da SN pode fazer-se recorrendo ao Critério da
Comparação e até é possível calcular a sua soma aproximada.

1.1.4. A utilização do PIA em associação com o TDA para determinação de outras


importantes Equivalências Aproximadas SN ⇔ S n ≅ u n + C .
1.1.4.1. Introdução. O Teorema da Decomposição Logarítmica Aproximada (TDLA)
v n +1
Consideremos a sucessão n v ∈ S C\ S I P
ou v n ∈ SIG tal que lim
vn
=1+

v n +1 v − vn
Então, poderemos escrever = 1 + n +1 .
vn vn
Aplicando logaritmos neperianos aos dois termos da igualdade anterior obteremos
v   v − vn 
ln  n +1  = ln 1 + n +1  (1) .
 vn   vn 
v n +1 − v n
Como, para as condições iniciais, se verifica sempre que → 0 então, de acordo
vn
 v n +1 − v n  v n +1 − v n
com o PIA, poderemos escrever ln 1 +  ≅ .
 v n  vn
v n +1 − v n
Fazendo = bn poderemos substituir a igualdade plena (1) anterior pela igualdade
vn
 v n +1  v n +1 − v n
aproximada: ln   ≅ = bn ⇒ bn ≅ ln ( v n +1 ) − ln ( v n ) ( 2 )
 vn  vn
Se considerarmos em ( 2 ) que ln ( v n +1 ) = u n +1 e ln ( v n ) = u n então, a expressão obtida é
uma decomposição adequada aproximada do tipo bn ≅ u n − u n +1 .
Assim, de acordo com o TDA, poderemos definir a equivalência aproximada genérica

 u − un 
SN = ∑  n +1  ⇔ S n ≅ ln ( u n +1 ) + C .
n =1  un 
Estamos então em condições de enunciar o

Teorema da Decomposição Logarítmica Aproximada (TDLA)


 u n +1 
• Dada uma sucessão n u ∈ S C\ S I Pou u n ∈ SIG tal que lim 
u
 = 1+ então verifica-se a
 n 
possibilidade de efectuar a decomposição logarítmica adequada aproximada
u − un
bn = n +1 ≅ ln ( u n +1 ) − ln ( u n ) pelo que de acordo com o TDA poderemos escrever a
un

 u n +1 − u n 
equivalência aproximada SN = ∑ 
un
 ⇔ S n ≅ ln ( u n +1 ) + C •
n =1  

1.1.4.2. Utilização do TDLA para determinação de equivalências aproximadas para


P ( p −1) ( n )
sucessões racionais do tipo u n = que tinham ficado por estudar, bem como
Q p ( n)
para sucessões definidas por quocientes de sucessões não polinomiais.

24
(i ) Utilização do TDLA para definir equivalências aproximadas de SN com bn
P ( p −1) ( n )
definidas por sucessões racionais do tipo bn = não estudadas anteriormente.
Q ( p ) ( n)
Consideremos a sucessão polinomial u n = Q ( n ) com ( n, p ) ∈ N e apliquemos-lhe a
( p)

decomposição logarítmica aproximada. Obteremos:


Q ( p ) ( n + 1) − Q ( p ) ( n )
bn =
Q ( p ) ( n)
[ ] [ ]
≅ ln Q ( p ) ( n + 1) − ln Q ( p ) ( n ) . Então, pelo TDLA poderemos

 Q ( p ) ( n + 1) − Q ( p ) ( n ) 
[ ]

∑  ⇔ S n ≅ ln Q ( n + 1) + C
( p)
escrever SN = 
n =1  Q ( n)
( p)

Nota: Como se verifica sempre que Q ( p ) ( n + 1) − Q ( p ) ( n ) = R ( p −1) ( n ) teremos:


Q ( p ) ( n + 1) − Q ( p ) ( n ) R ( p −1) ( n ) ∞
 P ( p −1) ( n ) 
bn =
Q ( p) ( n)
=
Q ( p ) ( n)
. Assim, qualquer SN = ∑  ( p)
n =1  Q ( n ) 
é sempre divergente

(pelo critério da comparação) embora só quando se verifica R ( p −1) ( n ) = Q ( p ) ( n + 1) − Q ( p ) ( n ) seja possível


determinar a equivalência aproximada SN ⇔ S n ≅ u n + C .

Vejamos seguidamente alguns importantes exemplos de equivalências aproximadas
referentes a este tipo de sucessões racionais.

Exemplo 1: Consideremos a sucessão polinomial divergente de 1º grau u n = Q ( n ) = n .


( 1)

u n +1 n +1
Como lim = lim = 1+ poderemos escrever:
un n
Q ( 1) ( n + 1) − Q ( 1) ( n ) ( n + 1) − n ⇔ b = 1 SN = ∞  1  ⇔ S ≅ ln( n + 1) + C
bn =
Q ( 1) ( n )
⇒ bn =
n
n
n
⇒ ∑  
n =1  n 
n

A equivalência aproximada obtida refere-se ao conhecido relacionamento entre a Série


Harmónica ( SH ) e a sucessão logarítmica há muito definida por Euler, embora com uma
pequena diferença, que analisaremos adiante.

∗ Cálculo do valor de C

1
Como referimos atrás, valor exacto de C seria C = lim ∑   − lim[ ln ( n + 1) ] (1)
n =1  n 
Para evitar fazer o cálculo directo de C, que seria muito penoso, vamos recorrer à conhecida
n
1
constante de Euler-Mascheroni que é dada por γ = lim ∑   − lim[ ln ( n ) ] ( 2 ) .
n =1  n 
n →∞

A comparação das duas expressões (1) e ( 2 ) , permite garantir que C = γ .


Então, de acordo com o TDLA, poderemos escrever a equivalência aproximada

1
SH = ∑   ⇔ S n ≅ ln( n + 1) + γ
n =1  n 

Nota 1: A imprecisão de Euler


∞ ∞
1 1
As igualdades aproximadas ∑   ≅ ln ( n ) + γ (1) e ∑  n  ⇔ S n ≅ ln( n + 1) + γ ( 2 ) resultantes
n =1  n  n =1
respectivamente da Expressão de Euler ( EE ) e do TDLA não são exactamente iguais.

25
A pequena discrepância revela-se a favor da igualdade aproximada ( 2) resultantes do TDLA porque a
sucessão de erros (ε n ) é menor do que a correspondente εn provenientes da igualdade aproximada (1)
resultante da EE.

Dado que os resultados obtidos são suficientemente esclarecedores fá-lo-emos apenas para os 3 primeiros
termos. Então para:

 ( E )E⇒ ε 1 = S N1 − u1 ⇒ ε 1 = b1 − u1 ⇔ ε 1 = 1 − l n( 1) ⇒ ε 1 = 1
∗ n =1⇒ 
 ( T D ) L⇒ Aε 1 = S N1 − u1 ⇒ ε 1 = b1 − u1 ⇔ ε 1 = 1 − l n( 2) ⇒ ε 1 ≅ 0,3 1

( E E) ⇒ ε 2 = S N2 − u2 ⇒ ε 2 = b1 + b2 − u2 ⇔ ε 2 = 1 + 1 − l n( 2) ⇒ ε 2 ≅ 0,8 1
 2
∗ n= 2⇒ 
 ( T D L) ⇒Aε = S N − u ⇒ ε = b + b − u ⇔ ε = 1 + 1 − l n( 3) ⇒ ε ≅ 0,4
 2 2 2 2 1 2 2 2
2
2


( E E) ⇒ ε 3 = S N3 − u3 ⇒ ε 3 = 1 + 1 + 1 − l n( 3) ⇒ ε 3 ≅ 0,7 3 5
 2 3
∗ n = 3⇒ 
 ( T D L) ⇒A ε = S N − u ⇒ ε = 1 + 1 + 1 − l n( 4) ⇒ ε ≅ 0,4 4 7
 3 3 3 3
2 3
3

Como vemos confirma-se que a sucessão de erros resultantes das igualdades aproximadas provenientes do
TDLA é menor do que a correspondente sucessão de erros proveniente da EE.
Por outro lado, como γ ≅ 0,577 verifica-se que os erros resultantes do TDLA fazem a aproximação à
constante γ tendencial por valores menores do que γ enquanto no caso da EE se verifica o contrário.

Nota 2: A demonstração da equivalência entre os termos da SH e a sucessão logarítmica devida a Euler
necessita do conhecimento da teoria do cálculo integral para ser compreendida.
O TDLA faz essa mesma demonstração mantendo os conhecimentos necessários à sua compreensão
estritamente dentro da Teoria das SN.

Exemplo 2: Consideremos a sucessão polinomial divergente genérica u n = Q ( n ) = n + p
( 1)

com p ∈N .
u n +1  n +1 + p  n +1 + p − n − p 1
Como lim = lim   = 1+ poderemos escrever bn = =
un  n+ p  n + p n + p

 1 
Então, pelo TDLA teremos SN = ∑   ⇔ S n ≅ ln ( n + 1 + p ) + C p .
n =1  n + p 

∗ Cálculo de C p
A determinação do valor de C p pode tornar-se o principal óbice ao estabelecimento das
equivalências aproximadas completas deste tipo de séries.
Poderemos superar essa dificuldade recorrendo a um artifício.
Assim, faremos o cálculo expedito do valor de C p recorrendo ao conhecimento do valor de
γ , do valor do VSIT das SM e ainda ao TDLA.

26

1 1  p
1  1  p
1
Assim (1) SM = ∑  − 
n n+ p ⇒ VSIT = ∑   − p lim  ⇔ VSIT = ∑  
n =1   n =1  n  n+ p n =1  n 

Por outro lado, sabemos que:


1 1  ∞ 1 ∞  1 
[ ]

∑ 
 −  = ∑  − ∑  ⇔S n − S n + p ≅ ln ( n + 1) + γ − ln ( n + p + 1) + C p ⇔
n =1  n n + p  n =1  n  n =1  n + p 

1 1  n +1
⇔ ∑  −  ⇔S n − S n + p ≅ ln + γ − C p (2).
n =1  n n+ p n + p +1
Igualando os resultados (1) e (2) anteriores no limite, poderemos determinar C p .
 n +1 
( )
p p
1 1
Assim lim S n − S n+ p = lim  ln 
 n + p +1 + γ − C p = ∑  
n =1  n 
⇒ C p = γ − ∑  
n =1  n 
 
Teremos então a seguinte fórmula geral para este tipo de SN:

 1  p
1
SN = ∑   ⇔ S n ≅ ln ( n + 1 + p ) + γ − ∑  
n =1  n + p  n =1  n 


 1 
∗ Caso concreto: Consideremos a SN = ∑  
n =1  n + 4 

Considerando o valor aproximado de γ ≅ 0,577 a equivalência aproximada será:


∞ ∞
 1  4
1  1 
SN = ∑   ⇔ S n ≅ ln( n + 5) + γ − ∑   ⇒ SN = ∑   ⇔ S n ≅ ln ( n + 5) − 1,51
n =1  n + 4  n =1  n  n =1  n + 4 

Exemplo 3: Consideremos a sucessão polinomial divergente u n = Q ( n ) = n + 1


( 3) 3

u n +1
= lim
( n + 1) 3 + 1 = 1+
Como lim poderemos escrever:
un n 3 +1
Q ( 3) ( n + 1) − Q ( 3) ( n ) n 3 + 3n 2 + 3n + 2 − n 3 − 1 3n 2 + 3n + 1
bn = ⇒ b = ⇔ b = ⇒
Q ( 3) ( n )
n n
n3 + 1 n3 + 1
 3n 2 + 3n + 1 
 ⇔ S n ≅ ln( n 3 + 3n 2 + 3n + 2 ) + C

⇒ SN = ∑ 
n =1  n +1 
3

∗ Cálculo de C
Este caso é específico e não generalizável pelo que o cálculo de C seria muito moroso e
pouco interessante.
No entanto, o resultado obtido permite-nos garantir que a SN é divergente tal como todas as
outras da mesma natureza.

(ii ) Utilização do TDLA para determinação de equivalências aproximadas de SN com


bn definidas por quocientes de outras sucessões não exclusivamente polinomiais.
O TDLA é também muito útil para determinar equivalências aproximadas
SN ⇔ S n ≅ u n + C ou, no mínimo, esclarecer a convergência ou divergência de outras
importantes SN com bn definidas por quocientes de sucessões não exclusivamente
polinomiais.

Exemplo 1: Consideremos a sucessão logarítmica u n = ln ( n )


u n +1 ln ( n + 1)
Como lim = lim = 1+ poderemos escrever:
un ln ( n )

27
 n +1  1
ln  ln1 + 
ln ( n + 1) − ln( n ) n  n 1
bn = ⇔ bn =  ⇔ bn =  ⇒ bn ≅ ⇒
ln( n ) ln ( n ) ln ( n ) n × ln ( n )

 1 
∑  n × ln( n )  ⇔ S n ≅ ln[ ln ( n + 1) ] + C
n=2  

∗ Cálculo de C
Neste caso o cálculo de C seria muito moroso e pouco interessante.
No entanto, o resultado obtido para a equivalência dá garantia da divergência da SN.

Nota: Também aqui, a divergência desta SN só podia ser comprovada utilizando o critério do integral.

CONCLUSÕES
Já enquanto estudante e, mais tarde como professor, sempre considerei as SN como uma
espécie de anomalia à natureza do edifício matemático que sempre se baseou em
conhecimentos acumuláveis, interligáveis e sequentes.
De facto, o estudo e a leccionação das SN, embora reconhecidamente sequencial das
sucessões, estudadas no ensino secundário, parecia procurar prescindir destas.

Assim, o sinal mais evidente disso era o facto de ser comum chamar termo geral (TG ) da
SN à sucessão base bn quando, na minha opinião, esse TG das SN deveria, mais
apropriadamente, ser representado pela soma de n termos da sucessão base, ou seja,
TG ( SN ) = b1 + b2 + ... + bn .

Depois, embora a sequência natural de assuntos fosse que, a seguir às Séries se devesse
leccionar e aprender o cálculo integral, a verdade é que o estudo completo das SN
necessitava de conhecimentos antecipados desse cálculo integral dado que a comprovação
da natureza de algumas delas só podia ser feita usando o critério do integral.

Finalmente, as SN não deixavam revelar a íntima ligação aos assuntos que se deveriam
seguir, ou sejam as primitivas e integrais parecendo tratar-se de coisas diferentes.
O artigo agora publicado vem esclarecer:

• Que, ao contrário do que era ideia generalizada entre os estudiosos de SN, uma enorme
quantidade destas pode ter equivalências exactas SN ⇔ S n = u n + C ou equivalências
aproximadas SN ⇔ S n ≅ u n + C e que essas equivalências se traduzem em relacionamentos
íntimos entre sucessões e SN, ou seja, bn ⇒ S n ⇔ SN o que permite estabelecer uma natural
transição entre esses temas matemáticos.
• Que a forma de encontrar as equivalências como, por exemplo, o aparecimento das
constantes C e do tipo de formulários obtidos para os relacionamentos bn ⇒ S n constitui
uma excelente introdução ao estudo das primitivas.
• Que o critério do integral é, afinal, redundante para o estudo das SN.
• Que deixa de haver qualquer obstáculo para que a natural sequência dos temas
Sucessões, Séries, Primitivas, Integrais seja universalmente aceite e que, portanto, a
verdadeira natureza do edifício matemático seja recomposta.

Para finalizar direi que as analogias e ligações que, no artigo, podem começar a ser
detectadas entre as SN e as primitivas e integrais podem ser ampliadas e aprofundadas.

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De facto, elas são tão interessantes e sugestivas que poderão constituir uma revolução no
estudo e compreensão do Cálculo Integral.
Esses aspectos não poderão ser apresentados aqui pelo que ficarão, eventualmente, para um
artigo ulterior.

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