RESPOSTA À DENÚNCIA PÚBLICA FEITA PELA GESTÃO VEREDAS, DO
CAELL (USP)
No dia 11 de março, a gestão Veredas do CAELL (USP) publicou uma carta
referindo-se a um suposto “comportamento inapropriado” da militante do PSTU, e também executiva estadual na EXNEL, Arielli Tavares Moreira, durante uma atividade da Calourada da Letras 2010. O conteúdo desta carta condena Arielli, dizendo que a companheira utilizou sua intervenção, “espaço cedido à EXNEL”, para construir outra entidade, a Assembléia Nacional dos Estudantes - Livre (ANEL). A diretoria do CAELL, na carta, repudia uma ativista do movimento estudantil por ter apresentado uma entidade “irrelevante e até mesmo impertinente no que tange o movimento estudantil do curso de Letras e da Universidade de São Paulo”. E afirma: “o CAELL e nem a EXNEL estão comprometidos com a construção da ANEL”.
Vamos aos fatos
A proposta do espaço da Calourada em questão era apresentar “um pequeno resumo sobre a origem, atuação e histórico de lutas das entidades” que compuseram a atividade. Assim fizeram todos os convidados, incluindo a executiva estadual da EXNEL Arielli. Em sua intervenção, a companheira não só fez uma síntese das pautas mais importantes da EXNEL, como defendeu a finalidade de uma organização nacional dos estudantes de Letras, a necessidade de unificação de nossas lutas nacionalmente, apresentando as discussões realizadas no último Encontro Nacional dos Estudantes de Letras (ENEL) – fórum máximo de deliberação da EXNEL. Além dos problemas específicos que atingem os estudantes de Letras de todo o país, a EXNEL realiza um debate profundo e sistemático sobre a organização do movimento estudantil nacional. Foi a partir deste acúmulo político que a entidade deliberou sua ruptura com União Nacional dos Estudantes (UNE) em 2006. E desde então, discute com centralidade em seus fóruns as perspectivas e alternativas para unificar o movimento em prol de uma educação pública de qualidade, gratuita e para todos. Com esse objetivo, o último ENEL deliberou pela participação da EXNEL, ainda enquanto observadora, nos espaços de construção da ANEL. A fala de Arielli foi hierarquizada por este tema. Sem deixar de lado as outras pautas discutidas pela EXNEL, a companheira fez a opção política de priorizar o debate sobre a reorganização do movimento estudantil nacional. Isso não deveria ser surpresa para a diretoria do CAELL, pois Arielli foi eleita democraticamente executiva estadual da EXNEL pelos estudantes de Letras de todo o estado de São Paulo, presentes no último ENEL. E essa escolha foi baseada nas opiniões políticas dos candidatos ao cargo. Dessa forma, Arielli foi eleita defendendo a construção da ANEL como alternativa à burocratização e à degeneração da UNE. A diretoria do CAELL querendo ou não.
O que está por trás da denúncia pública
Os argumentos da diretoria do CAELL demonstram dois grandes problemas. O primeiro é uma distorção interessada dos fatos da realidade para justificar sua acusação de aparelhamento por parte de Arielli e do PSTU, incorrendo em um método calunioso. O segundo é uma concepção burocrática sobre a conduta política das entidades. Essa concepção é extremamente perigosa para o movimento estudantil. A EXNEL é uma organização de Frente Única dos estudantes de Letras de todo o país. Seu programa, suas pautas e sua forma organizativa são definidos democraticamente em seus fóruns de deliberação. Nestes fóruns se escolhem, depois dos debates políticos, aqueles estudantes que vão dirigir e representar a entidade no próximo período – estes são os executivos. No interior da entidade existem muitas opiniões políticas, muitas polêmicas, refletindo a construção democrática e aberta à participação de todos. Na direção da entidade, no corpo de executivos, também estão representadas estas diferentes opiniões. Os executivos têm autonomia para expressar suas posições políticas, sem ferir o estatuto da EXNEL. O campo majoritário da direção não pode centralizar ou definir o que cada executivo deve ou não falar. A Arielli, em sua intervenção na oportunidade relatada pela diretoria do CAELL, em nenhum momento disse que a EXNEL constrói a ANEL, apenas colocou a importância do debate sobre a reorganização do movimento estudantil para a entidade. E neste debate a ANEL é ponto principal. Cada executivo da EXNEL, com certeza, hierarquizaria sua intervenção a partir do seu próprio entendimento daquilo que é mais relevante nas pautas e nas discussões da entidade. E todos têm o direito e o dever de fazer assim, pois foram eleitos por suas posturas mediante aos embates políticos do movimento. A atitude sectária e caluniosa da diretoria do CAELL demonstra uma concepção arbitrária do funcionamento da EXNEL e do movimento estudantil. Reflete um burocratismo, no qual as opiniões políticas diferentes do campo majoritário da direção da entidade são tratadas como “irrelevantes, inapropriadas e impertinentes”. A consequência dessa concepção é um desvio hegemonista, o qual deslegitima as posições da minoria.
Um convite ao debate político
Os estudantes de Letras da USP, representados pelo CAELL, participaram do Congresso Nacional do Estudantes (CNE), que fundou a ANEL no ano passado. No entanto, infelizmente, a atual diretoria Veredas ainda não entendeu a importância da organização nacional dos estudantes contra os ataques dos governos federal e estaduais à educação brasileira. Além do discurso demagógico reivindicando o debate, nada foi feito em nosso curso para construir esta discussão. A unidade do movimento é fundamental para barrarmos estes ataques e elaborar um projeto alternativo e soberano para a educação em nosso país. Entretanto esta unidade não pode esconder as diferenças políticas existentes entre os setores combativos do ME. Nem podemos perseguir nossos adversários políticos. Saber conviver com as polêmicas e as divergências é fundamental para superarmos a experiência fracassada da UNE no último período. Com esse espírito, convidamos a diretoria do CAELL a deixar a tentativa de desmoralizar publicamente a Arielli, uma ativista que coloca boa parte de sua vida a serviço da defesa da educação, para construir coletivamente conosco não só o debate acerca das perspectivas do ME nacional, mas igualmente todas as lutas de nosso cotidiano. O sectarismo e as denuncismo não podem ser obstáculos ao fortalecimento de nossa ação coletiva. Todos contra o governo e as reitorias e em defesa da educação. Esse é o nosso chamado!