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BANCO DO L IVRO - CURV ELO /MG

JANEIRO A M ARÇO
2008

“SERTÃO FOI FEITO PARA SER SEMPRE ASSIM: ALEGRIAS .”


Guimarães Rosa

INTRODUÇÃO

A cultura e a arte têm o poder de alegrar, de elevar a auto-estima e a dignidade do ser


humano, que se sente bem quando é ouvido, recebe atenção e é bem acolhido. É
enrique cedor para o traba lho, pois traz um sentimen to de realização muito grande poder
contribuir com a socialização dos pacientes do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e
dos idosos do Asilo, proporcionando pequenos momentos de alegria, descontração e
incentivo à leitura.

Ao re alizar oficinas nesses locais, o Banco do Livro não apenas incentiva a leitura de um
modo geral, mas também promove cuidado e acolhimen to, uma vez que o ser humano
apresenta carências d iversas. E existe a preocupação de que as histórias contada s por nós
sejam causos ou histórias que valorizem a cultura sertaneja e que resgate m um pouco as
rod as de h istória, qu e aconteciam com freqüência e naturalidade nos tempos antigo s.

Nós acred itamos na dignidade da pessoa humana, em todas as fases, na saúde ou na


doen ça, na infância ou na velhice, pois todos tra ze m em sua história de vida valore s e
muitos casos para contar.

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ATIVIDADES D ESENVO LV IDAS NO P ERÍODO

• Roda de viola

“Meu dever é alegria sem motivo ... Meu dever é ser feliz...”

Guimarães Rosa

A roda de cantoria e violão é a atividade preferida dos pacientes do CAPS. Com ela, além
de diversão, o Banco do Livro também proporcion a às pessoas músicas de qualidade atuais
e antiga s. Algumas delas também retratam a cultura sertaneja. Essas rodas acon tecem hoje
com muita naturalidade e as pessoas já se apropriam delas, a ponto de escolher músicas e
também tocar violão umas para as ou tras.

• Oficin a de dobraduras

Quando começamos esta oficina, ningué m imag inava que pudesse ser tão compensador.
No CAP S, as pessoas estão sempre distraídas por causa dos medicamentos e muitas têm
dificuldade para se concentrar. Entretanto, foi visível o quanto elas se esforçaram e se
divertiram fa zend o as dobraduras, mesmo as mais simples. E sse é um g rupo inten sivo, isto
é, que freqüenta o CAPS todos os dias da semana, e por essa ra zão as dobraduras
ensinadas foram as mais simples. O grupo aprovou e cada um foi ajudado de acordo com
suas necessidades, de forma que todos conseguiram começar e terminar, além de brincar
com as dobraduras depois de prontas. Foram feitos aviões, gatos, cachorros, entre outra s
formas.

A Dr.a Elizabe th, que é psicóloga, informou que as dobraduras podem a judar os pacientes
em sua concen tra ção, so cialização, além de acalmar e rela xar. A atividade faz com que as
pessoas se sintam bem, na medida em que conseguem superar seus limites e aprender
algo novo.

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• Carnaval

“A felicidade se encontra em horinhas de descuido.”

Jo ão Guimarães Rosa

No dia 31 de janeiro, o Banco do Livro foi convidado a participar de um baile de carnaval


org anizado pelo CAPS no Asilo da Velhice Desamparada de Curvelo. As mú sicas ficaram
por conta do grupo de pagode Mocidade do Samba. Além dos funcionários do asilo,
estavam presentes a terapeuta ocupacional Alexandra , a psicóloga Glícia, a assistente
social Helenilce, a enfermeira Júnia, o segurança Ronald o e a educadora Esvânia, do Banco
do Livro.

Tudo aconteceu num clima de muita amizade e tranqüilidade, tanto os internos como os
visitantes se divertiram bastante. A festa se dividiu em dois tempos: confetes, serpentina s,
samba no pé, trenzinho e muita animação. Fo ram momentos d e intensa alegria e diversão.
Todos se envolveram na brincadeira, até os idosos q ue não conseg uiam andar mostravam
sua a legria num sorriso.

• Roda de História

São muito divertidos os momentos de contar e ouvir histórias. Essa atividade re mete os
participantes aos tempos mais antigo s, quando as avós e os avôs nutriam a imaginação e a
fantasia dos neto s com as mais variadas histórias. Sentindo a necessidade de resgatar
momentos como esses, o Banco do Livro tem desenvolvido, em parceria com o CAPS,
diversas rod as de história, em que os pacientes têm a oportunidade de ouvir e também d e
conta r suas histórias.

Todos do CAPS participam das ro das, contam histórias e dão sua opinião, interpretando a
obra de acordo com a realidade de cada um. As rodas nos permitem le var a essas pessoas
histórias que fazem um resgate cultural e também histórias tiradas de livro, que não só
divertem como incentivam o hábito de ler.

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• Algibeira de Livros

Com o intuito de incentivar a leitura, o Banco do Livro ofereceu ao CAPS uma Algibeira de
Livros. No mesmo dia em que a Algibeira foi apresentada às pessoas, já foi possível
perceber que teria grande aceitação , pois muitos dos livros foram empre stados no mesmo
momento. Ainda temos pouco tempo de Algibeira no CAPS, mas já é possível perceber que
existe grande interesse: a Algibeira nunca está com todo s os livros e xpostos, pois muitos
deles estão nas mão s das pessoas.

• Trocas de liv ros

A principa l atividade do Banco do Livro é a troca. Há algum tempo, por falta de livro s
literários, o Banco vem fa zendo suas tro cas da seguinte maneira: um livro literá rio vale outro
literário, um livro didático vale outro didático, uma revista vale uma revista e apostilas valem
apostilas. Dessa forma, estamos conseguindo manter o Banco do Livro sempre abastecido
de livros literários e os clientes estão ap rovando.
IND ICADORES E EVIDÊNCIAS

• Índ ices quantitativo s

Doações Recebidas - Livros, revistas e apostilas

Ano: 2008
450

403
400

350
317

300

250
Livros
Revistas
Apostilas
200
17 5
156
150

100 92

50 40 36

0 2
0
janeiro fe vereiro março

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Trocas Efetuadas - Livros, revistas e apostilas

Ano: 2008
450

402
400

350

300
279

250
Livros
204 Revistas
200 Apostilas

150

100

50 41
32
22
9 5
0
0
janeiro fevereiro março

• Índ ices qualitativos

- Gra nde número de doações re cebidas.


- Número de livros trocado s é cada vez melhor.
- Crescente interesse em visitar o espa ço.
- Parceria com o CAPS de Curvelo.
- Convite de outras instituições para que participemos de suas atividades.

• Ind icadores de dificuldades

- Freqüentes saídas de uma das funcionárias para ir ao méd ico, o que dificultava os
horá rios de atendimento do Banco d o Livro.
- Término da parceria com a es cola onde acon teciam as rodas de história.

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BREV E SÍNTES E

Além de promover a leitura a pa rtir da troca de livros, o Banco tem também contribuído para
melhora r e manter a saúde de várias pessoas. Te mos nos colocando como parceiros dos
pro fissionais do CAPS, que acreditam, assim como nós, que a cultura, a brincadeira, a
música e as oficinas ajudam e muito na socialização, na elevação da auto-estima e no bem-
estar do ser humano.

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ANEXOS

• Depoimentos
Roda de História

“Gosto de ouvir essas histórias, porque elas têm um jeito diferente e original que faz com
que a gen te pare para refletir. E isso também se torna uma forma agradá vel de reunir as
pessoas num momento a legre.”
Júnia, en fermeira do CAPS

“Gosto de ouvir as histórias, pois isso me acalma e me faz ir imaginando a cena, além de
ser um assunto para a gente refletir. Nessa eu pensei sobre o consumismo, que leva as
pessoas adultas e também os adolescente s a querer comprar tantas coisas de que não
necessitam, co mo um co mprador compulsivo.”
Sílv ia Ma ria, paciente do CAPS

“A história infantil tem o fascínio de nos lembra r da crian ça interior que mora dentro de nós.
Precisamos parar um pouco para refletir e, através de algo tão simples, podemos refletir, rir
e emocionar nosso coração .”
Ma rília do Carmo, paciente do CAPS

Roda de Viola

“A música acalma e aleg ra o coração da gente.”


Maria Rosa, paciente do CAPS

“A música, para mim, é um calmante natural que me leva à tranqüilidade e à alegria do


espírito.”
Flávio da Silva, paciente do CAPS

“Gosto muito de o uvir e can tar músicas infantis e sertanejas. Isso me fa z feliz.”
Maria José Dantas, paciente do CAPS

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“Minha mãe gostava muito de cantar e dançar e eu já gosto mais de ouvir e me le mbrar
dela. É muito bom!”
Maria Rosa, paciente do CAPS

“Acredito que a música é uma forma de terapia p ara todos os pacientes, pois acalma, eleva
a alma, tra nsmite alegria e serenidade, além de promover a socialização entre o grupo, que
se relaciona melhor com esse precioso momento de descontração.”
Elizab eth Santos, psicóloga do CAPS

“Gostei muito de aprender as dobradu ras, pois posso fazer para os meus filhos e depo is
brincar com eles com um brinquedo tão simples e barato.”
Jaqueline Me ndes, paciente do CAPS

“No começo, achei difícil fazer as dob raduras, mas depois de insistir e tentar de novo eu
consegui. Então descobri que ainda sou capaz de aprender e fiquei muito alegre.”
Maria Rosa Lima, paciente do CAPS

“É muito bom apren der a brincar e dar forma a outros objetos com o papel, pois assim a
gente se sente mais tranqü ilo. Enquanto estou concentrado, me esqu eço de muitas coisas
ruins.”
Mauro Lúcio Silva, paciente do CAPS

Banco d o Livro

“O Banco do Livro é muito bom. Eu adoro ler! Todo o acervo é muito importante para todos
nós. Quando estou lendo , eu me sinto como se estivesse viajando, imag ino como se
estive sse vivend o a história que estou lendo. O livro é uma coisa ra ra, que deve ser
guardada com muito amor e carinh o. Ler é um e xcelente exercício que todos deveriam
pra ticar, e eu sempre pra tico esse exer cício aq ui no Banco do Livro .”
Karine Fe rnandes da Cruz, 15 anos
E.E. M inistro Adauto Lúcio Ca rdoso - 7ª série

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“O Banco do Livro é um espaço cultural e também é muito bom para a educação , pois ajuda
os alunos nos trabalhos escolares e todas as pessoas qu e gostam de ler.”
Daniel de Olive ira,15 anos
1º ano En sino Médio - E. E. Irmã Claren tina

“Ter o Banco do Livro é muito bom para nós estudantes, po is a troca de livros aqui é feita d e
uma forma simples e organizada, facilitando para as pessoas que que rem ler mais e
estud ar.”
Thiago de Oliveira, 15 anos
1º ano Ensino Médio - E.E. Irmã Clarentina

• Algumas músicas das rodas de viola

Maria, Maria (Milton Nascimento)

Ma ria, Ma ria é o dom, uma certa mag ia Mas é preciso ter força, é pre ciso ter ra ça
É uma força qu e nos alerta É preciso ter gana sempre
Uma mulher que merece Quem traz no corpo essa marca
Viver e amar como outra qualquer do Maria, Maria mistura a d or e a alegria.
planeta.
Mas é preciso ter manha, é preciso ter
Ma ria, Ma ria é o som, é a cor, é o suor graça.
É a dose mais forte e lenta É preciso ter sonho sempre
De uma gente que ri Quem traz na pele essa marca
Quando deve chora r e não vive, apena s Possui a estranha mania de ter fé na vida.
agüenta.

Velha Infância (Tribalistas)

Você é assim... um sonh o pra mim vo cê


E quando eu não te vejo Meu riso é tão feliz contigo
Eu penso em você d esde o amanhecer Meu melho r amigo é o meu amor
Até quando eu me deito E a gente canta... e a gente dança
Eu gosto de você e gosto de ficar com E a gente não se cansa

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De ser criança... da ge nte b rincar Eu sigo e nunca me sinto só
Na nossa velha infância Você é assim... u m sonho pra mim
Seus olho s meu clarão Quero te encher de beijos
Me guiam dentro da escuridão Você é assim... u m sonho pra mim
Seus pé s me abrem o caminho Você é assim...

Caçador de mim (Milton Na scimento)

Por tanto amor, por tanta emoção


A vida me fe z assim,
Doce ou a troz, manso ou feroz Senão esquecer o medo
Eu, caçador de mim Abrir o peito à força
Preso a cançõe s Numa procura
Entregue a paixões que nunca tiveram fim Fugir às armadilhas da mata escura
Vou me enco ntrar longe do meu lugar Longe se vai sonhando demais
Eu, caçador de mim. Mas aonde se chega assim
Nada a temer Vou descobrir o que me faz sentir
Senão o correr da luta Eu, caçado r de mim
Nada a fazer Nada a temer...

Ban co do L iv r o - C ur ve lo/MG 10
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De quantas maneiras diferentes e inovadora s podemos e stimular a le itura e o uso dos servi ços do Banco do Livro?

Atividade Da ta Re sponsável

A patir de janeiro de 2008, quinzenalmente ou de ac ordo com a


Roda de violão e cantoria. nec essidade e o desejo de nossos parceiros, principalmentt e dos Dirce, Esvânia, Terezi nha
paci entes do CAPS.

A partir de j aneiro de 2008, quinzenalmente, de acordo com as datas


Roda de hist órias. agendadas nos c onvit es ou mesmo nas visitas recebidas pelo Banco do Dirce, Esvânia, Terezi nha
Livro.

Criação e confecç ão de marcadores de livro com


fras es de Guimarãs Rosa para oferecer aos usuários A partir de 09 de fevereiro de 2008, diariament e. Dirce, Esvânia, Terezi nha
e visitant es.

Montagem de algibeiras de li vros para s erem


A partir do princípio de março. Dirce, Esvânia
colocadas nos loc ais onde trabalhamos e out ros.

Oficinas divers as (dobraduras, cartões, pinturas,


A partir de 02 de maio de 2008, uma vez por semana. Dirce, Esvânia, Terezi nha
ent re outras ).

Busca de novas parcerias. Durante t odo o ano de 2008. Dirce, Esvânia, Terezi nha

Divulgação em rádios e outros veículos de


A partir de 25 de abril de 2008. Dirce, Esvânia, Terezi nha
comunicação.

Troca de livros. Durante t odo o ano de 2008 e perpetuamente. Dirce, Esvânia, Terezi nha

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