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5. Os escribas e fariseus tinham compreendido mal a Lei, citando s metade, pois a Lei
diz que, em caso de adultrio, morrero os dois: o homem e a mulher (Levtico 20,10;
Deuteronmio 22,22). To-pouco estavam a compreender a resposta do MESTRE Jesus
ao parecer jurdico que lhe tinham pedido. E era clara a lio: na verdade, h apenas
outra circunstncia na Escritura Santa em que algum escreve COM O DEDO: as tbuas
de pedra escritas pelo DEDO DE DEUS no Sinai (xodo 31,18; cf. Deuteronmio
9,10). Claramente: o MESTRE que escrevia COM O DEDO era Deus! Conhecia a Lei,
mas conhecia tambm os Profetas, pois ao ESCREVER NO CHO, est a ler Jeremias
que diz que os que se afastam de YHWH sero escritos no cho (17,13). Jesus
conhecia a Lei e os Profetas, isto , a inteira Escritura Santa, e conhecia tambm os
homens por dentro (Joo 2,24-25). Permanecendo SENTADO, endireitou-se e disselhes: Aquele que estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra! (8,7).
Inclinou-se novamente e continuava a escrever no cho. Saram todos, a comear pelos
mais velhos, diz-nos o narrador, recorrendo com certeza outra vez a Jeremias 17,13, que
diz ainda que os que abandonam YHWH sero cobertos de vergonha. esta vergonha
que faz com que todos se vo embora, um aps outro, a comear pelos mais velhos, os
primeiros a sentir o peso da vergonha. Ontem como hoje: os mais novos chegam l
sempre depois.
6. Ao comentar este episdio, Santo Agostinho diz luminosamente que s ficaram dois
em cena: a miservel e a misericrdia (relicti sunt duo: misera et misericordia). Os
escribas e fariseus prenderam e acusaram a mulher, mas foram eles que se sentiram
acusados, desvendados, lidos, descobertos no esconderijo do seu prprio pecado! Nem
sequer viram a mulher como uma pessoa: nunca falam com ela ou para ela; falam
simplesmente dela, como se de um objecto se tratasse. o MESTRE Jesus o primeiro
na cena que fala para a mulher, e no a prende, mas liberta-a, colocando-a no caminho
novo da liberdade: Vai e no tornes a pecar (v. 8), diz-lhe Jesus.
9. O Canto ritmado do Salmo 126 serve para nos abrir bem os olhos do corao para
vermos bem as inumerveis maravilhas com que Deus enche os nossos caminhos todos
os dias. Entre a sementeira e a ceifa, entre a dor e a alegria, o inverno e a primavera, a
semente no erra e no mente. Segue o seu curso natural. Suavemente. A est, portanto,
outra vez a jubilosa procisso dos exilados! E ns, extasiados, como quem sonha, a boca
cheia de riso e os lbios de canes.
O cu que lavras.
Recomea!
Conquista o espao
Onde a palavra cresa
Longe do rudo das palavras!
Antnio Couto