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Rituais
Dom Anselm falou que o caminho da espiritualidade é um caminho concreto,
podendo utilizar-se de “alguns facilitadores como rituais, não como um passe de
mágica, mas como algo palpável”. Ilustrou que pode ser uma alternativa de se ganhar
vigor e força, “o ritual do toque de uma imagem que pode fazer com que você se sinta
tocado por Deus, ou igualmente acender uma vela e fazer silêncio”. Tudo isso,
acrescentou, “gera um espaço sagrado, um lugar de cura”.
Citou um exemplo que não pode ser subestimado porque revela quanto vale a
qualidade e o empenho de cada pessoa na criação desse espaço de excelência
espiritual. Uma senhora com muitos filhos e tarefas externas, usava como tempo
sagrado o momento dos seus cinco minutos durante o banho e isso produzia na sua vida
muitos frutos que ninguém lhe podia mais tirar.
Complementou com outro testemunho de uma mãe com muitos filhos bem
sucedidos na profissão, que utilizava-se de um ritual que também lhe trazia muito
vigor espiritual. Ela reunia-se com a família toda durante datas festivas, como o Natal
e que isso lhe trazia qualidade na vida espiritual.
Mencionou ainda a sintonia que podemos construir com as raízes de
antepassados, recordando devoções que antes eles assim faziam; isso também
constitui uma fonte de alimento espiritual. Outro ritual recomendado é o gesto de se
levantar a mão como distribuição de bençãos, assim como diz a Palavra.
Dom Anselm ressaltou nesse sentido o quanto orar é essencial; fez uma pérola
de síntese, afirmando que “o lugar saudável é o lugar da oração”, contestando em
contrapartida, certas práticas de sacrifício da ascese cristã, defendendo por outro
lado, os exercícios de caráter espiritual/interior. Esse é o caminho, disse o monge,
onde é possível saborear e se construir um eu forte. Completou em seguida, o quanto é
importante buscar-se a sabedoria de “transformar vícios em desejos, coisas
reprimidas em sentimentos expressos”.
Sobre a ocorrência da depressão que tem se abatido sobre tantos na
atualidade, Anselm voltou a falar à respeito do tipo de alimento que a maioria se
nutre, reportando-se às tantas imagens negativas e turvas que as pessoas costumam
colocar no seu interior. Disse ainda que “viver com mais força não tem a ver com
piedade; mística é estar acordado para a vida”, como bem diz o jesuíta Anthony de
Melo, reportou-se.
Enfatizou ao final que esse lugar é “um espaço sagrado, é o Reino de Deus em
nós; um espaço livre do julgamento do outro, onde nada pode penetrar”. Nesse espaço
interior, acrescentou, “encontra-se a imagem que Deus fez de nós; é o espaço onde
somos claros, limpos de toda sujeira e memórias negativas; é um espaço imaculado, o
mistério de Deus em casa”.