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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

AFS
Nº 70014683627
2006/CÍVEL

AGRAVO DE INSTRUMENTO. LEI N° 11.187/05.


PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL.
LESÃO GRAVE E DE DIFÍCIL REPARAÇÃO.
CONVERSÃO PARCIAL EM AGRAVO RETIDO.
Com a entrada em vigor da Lei n° 11.187/05 a
interposição de agravo de instrumento como recurso das
decisões interlocutórias a quo passou a ser a via de
exceção, pois a regra é o agravo retido. Tal reforma
privilegia a celeridade processual, guindada a garantia
constitucional desde que, pela Emenda Constitucional nº
45, foi incluída no artigo 5º, inciso LXXVIII. Neste espírito,
a novel legislação incluiu como pressuposto de
admissibilidade do recurso de agravo de instrumento,
quando não for hipótese de inadmissão da apelação e
seus efeitos, a demonstração da lesão grave e de difícil
reparação e, no caso concreto, tais requisitos não estão
demonstrados. Assim, nos termos do artigo 527, inciso II,
do Código de Processo Civil, o presente agravo de
instrumento é parcialmente convertido em agravo retido
nos autos da ação principal.
MANUTENÇÃO DO CADASTRO DO NOME DA PARTE
JUNTO AOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO.
DECISÃO MONOCRÁTICA. PEDIDO
MANIFESTAMENTE PROCEDENTE EM FACE DO
ENTENDIMENTO CONSOLIDADO NA CÂMARA.
A Lei n.º 9.507/97 regulamenta o acesso e a retificação
de registros nos bancos de dados de caráter público. Na
hipótese de o interessado apresentar explicação ou
contestação ao registro, tal legislação prevê uma
anotação no cadastro de seu nome - exegese dos artigos
4º, § 2º, e 7º, inciso III -, não cabendo ao Judiciário
determinar que os agravantes se abstenham de incluir ou
excluam o nome do interessado dos cadastros de
inadimplência, sob pena de ofensa ao inciso II do artigo
5º da Constituição Federal.
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. DECISÃO
MONOCRÁTICA. PEDIDO MANIFESTAMENTE
IMPROCEDENTE EM FACE DO ENTENDIMENTO
CONSOLIDADO NA CÂMARA.
Aplicável o Código de Defesa do Consumidor, nada obsta
a inversão do ônus da prova, quiçá tratando-se de parte
evidentemente hipossuficiente.
AGRAVO DE INSTRUMENTO PARCIALMENTE
CONVERTIDO EM RETIDO. NO RESTANTE, DADO
PARCIAL PROVIMENTO.

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AGRAVO DE INSTRUMENTO DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL

Nº 70014683627 COMARCA DE PORTO ALEGRE

MAISONNAVE CIA DE AGRAVANTE


PARTICIPAÇÕES E OUTROS

CARLOS AUGUSTO DA SILVA LINO AGRAVADO

DECISÃO MONOCRÁTICA
Vistos.
Trata-se de agravo de instrumento interposto por MAISONNAVE
CIA DE PARTICIPAÇÕES E OUTROS contra a decisão de fl. 74, segundo a
qual, nos autos da ação revisional de contrato de compra e venda manejada
por CARLOS AUGUSTO DA SILVA LINO, determinou a exclusão do nome do
agravado dos cadastros de proteção ao crédito, a inversão do ônus da prova e
a manutenção de posse do imóvel.
Em síntese, sustentam os agravantes que têm o direito de incluir
o agravado nos cadastros de proteção ao crédito, já que o depósito judicial a
ser realizado se dará em valor inferior ao devido. Pelo mesmo motivo, afirmam
que têm o direito de manejar demanda para reaver a posse do imóvel.
Outrossim, defendem que, sendo inverossímeis as alegações do agravado, não
há porque inverter o ônus probatório.
O recurso, embora tempestivo e preparado, merece algumas
considerações prévias ao seu conhecimento.
O artigo 522 do Código de Processo Civil, cuja redação foi
modificada pela Lei nº 11.187/2005, que entrou em vigor em 19 de janeiro de
2006, incluiu outro pressuposto para a interposição do agravo de instrumento: o
risco de lesão grave ou de difícil reparação da agravante. A partir dessa
alteração legal, a parte que não se conformar com a “sentença liminar”

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prolatada pelo juízo a quo deverá se manifestar, em regra, por meio do agravo
retido nos autos.
A Lei nº 11.187/2005 tem causado muito alvoroço no meio
jurídico, e nem mesmo os neófitos deixam de “palpitar” acerca dos avanços ou
prejuízos por ela causados. Mas o que não se tem dito é que a legislação em
comento nada mais fez que adequar a lei processual ao artigo 5º, inciso
LXXVIII, da Constituição Federal, que, desde a Emenda Constitucional nº
45/04, dispõe que “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação”.
Ou seja, a celeridade processual foi guindada à categoria de
princípio constitucional, inserta expressamente dentre as cláusulas pétreas.
Contudo, os instrumentos legais à disposição dos aplicadores do direito
impediam que o processo, instrumento que viabiliza o exercício dos direitos das
partes, cumprisse tal finalidade.
É verdade que a Lei nº 10.352/2001, por exemplo, modificou o §
4º do artigo 523 do CPC, prevendo o agravo retido a situações similares à ora
proposta, mas a interposição do recurso era, ao fim e ao cabo, de escolha do
agravante, que invariavelmente alegava ser caso de dano de difícil e incerta
reparação, interpondo o agravo de instrumento, não o retido nos autos do
processo.
Assim, dia após dia éramos (a conjugação do verbo no pretérito é
proposital e demonstra o otimismo deste Relator) soterrados por agravos de
instrumento. O fato é que as partes recorriam porque eram sucumbentes e o
simples indeferimento de seu pleito, segundo a ótica de pelo menos 90%
(noventa por cento) dos agravantes, era o bastante para justificar o dano de
difícil e incerta reparação. Mas não é. Essa premissa é equivocada porque no
Direito o “prejuízo” de um em detrimento do outro é a regra. Um, no mínimo,
sempre será sucumbente. O ideal é que o sucumbente seja a parte que não
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tem razão. Porém, este é o utópico e maniqueísta plano ideal. Na vida real, a
parte que toma a iniciativa do processo pode não obter o seu pleito, assim
como a parte processada pode ter contra si decisão desfavorável. Tal decisão -
ou como dizem as partes: “prejuízo” - não necessita ser, como regra,
imediatamente revista pela instância superior. Afinal o julgador singular dispõe
do juízo de retratação. É ele quem poderá, até a prolatação da sentença, de
acordo com as provas carreadas aos autos, revisar suas decisões.
Enfim, ter decisão contrária à sua pretensão é ônus do processo,
e como tal deve ser absorvido pelas partes. Se a decisão foi certa ou errada é
questão de mérito, e como tal será analisada. Deste modo, sempre que a parte
não se conformar com a “sentença liminar” deverá lançar mão do agravo retido,
para evitar a preclusão de seu direito, e, depois de sentenciado definitivamente
o feito, ou seja, quando o juízo a quo não mais puder se retratar, a parte
poderá devolver ao Tribunal todas as questões que, segundo sua ótica, lhe
causaram prejuízos. Nessa oportunidade, com a atenção que os recursos
merecem, o Colegiado poderá fazer a análise crítica do processo, exercendo o
controle jurisdicional, próprio do sistema recursal.
Deste modo, o juízo monocrático deixará de ser mero organizador
de documentos e coletor de provas. O juiz natural voltará a ser o magistrado de
primeiro grau que, com suas decisões valorizadas, cumprirá o disposto no
artigo 5º, inciso LXXVIII, da Constituição Federal, prestando a jurisdição em
prazo razoável. Outrossim, o próprio Tribunal poderá cumprir o dispositivo
constitucional, pois não terá perdido tempo com centenas de agravos
desnecessários, contando ainda com o efeito reflexo que é a qualidade da
prestação jurisdicional.
Tal mudança pode parecer radical àqueles que estão
acostumados a recorrer a cada decisão, mas não é. Na verdade repõe as
prioridades à ordem de primazia. E funciona. Haja vista o exemplo que nos é
prestado pela Justiça do Trabalho que convive, e bem, com a irrecorribilidade

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das decisões interlocutórias, impugnadas por meio do protesto antipreclusivo,


que nada mais é do que o nosso agravo retido.
Mas nem precisaríamos ir tão longe, pois o Código de Processo
Civil não exterminou o recurso de agravo de instrumento. A Lei nº 11.187/2005
tão-somente incluiu mais um pressuposto para a sua admissibilidade, que é a
comprovação do risco de lesão grave ou de difícil reparação. Seu objetivo, não
olvidemos, é conferir racionalidade, celeridade e efetividade à prestação
jurisdicional.
Sobre o tema, cabe sugerir a leitura da exposição de motivos da
Lei que, dentre outras verdades destaca ser a intenção do autor da proposição
legal o ”fortalecimento da jurisdição a quo para o âmbito da legislação
processual civil brasileira”, o que, sem dúvida, é premissa básica para o
fortalecimento da jurisdição e do Estado Democrático de Direito.
Em síntese, alegam os agravantes que têm o direito de buscar
reaver a posse do imóvel, de sorte que a medida liminar de manutenção de
posse deveria ser reformada. Todavia, ao contrário do alegado, a lesão grave e
de difícil reparação não está configurada em tal contexto. Assim, a decisão
recorrida - juridicamente possível, pois não há óbice que o julgador, até que
prolate a sentença, reveja as decisões interlocutórias, vez que a mutabilidade é
característica de tais decisões – não pode ser modificada.
Refira-se, por oportuno, que na qualidade de justificativa para a
exigida lesão grave e de difícil reparação, os agravantes invocam que a
manutenção de posse do agravado não terá a contraprestação financeira
contratada, causando-lhes prejuízo financeiro de grande monta. Todavia, o fato
é que tal prejuízo não se enquadra na hipótese legal de lesão grave e de difícil
reparação. Afinal, trata-se de evidente risco dos contratos de promessa de
compra e venda, e mais do que isso não foi provado.
É preciso repetir que a sucumbência não se caracteriza como
cláusula de lesão grave e de difícil reparação que justifique o afastamento do
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juízo natural do processo, mesmo porque a balança pende para os dois lados.
Ou seja, se foi reconhecida a lesão grave e de difícil reparação para um dos
pólos, por óbvio, não será para o outro.
Tal digressão se deve para que a parte entenda que, mesmo
fosse superada a ausência de requisitos de admissibilidade do agravo e fosse
analisado o seu mérito, nenhum reparo mereceria a decisão interlocutória, pois
ela demonstra que o juízo assumiu sua responsabilidade na distribuição dos
bens da vida durante o curso do processo com a maturidade e
responsabilidade inerentes ao cargo.
Por óbvio, o insucesso do presente agravo, na forma em que
proposto, não veda a possibilidade de revisão da decisão ao longo do
processo, pois, com a instrução do feito, outras circunstâncias poderão dar
novas matizes ao julgador, autorizando novo juízo de valor.
Enfim, a conclusão é que os agravantes não se desincumbiram
de seu ônus em demonstrar ser caso de lesão grave e de difícil reparação que
autorize o agravo de instrumento quanto à questão da posse. Tampouco
estamos diante de ponto que envolva a admissão da apelação e seus efeitos,
ou outra que justifique a aplicação da exceção à regra, de modo que, nos
termos do artigo 527, inciso II, do Código de Processo Civil, converto
parcialmente o presente agravo de instrumento em agravo retido nos autos do
processo de origem.
Quanto aos dois outros pontos, quais sejam, possibilidade de
inscrição do agravado nos cadastros de inadimplentes e inversão do ônus da
prova, não lançarei mão do disposto pelo artigo 527 do Código de Processo
Civil e passo à apreciação de plano, porque a matéria em debate já foi
pacificada pela Câmara. Ou seja, em análise preliminar, posso adiantar qual a
solução que será dada pelo Colegiado. Enfim, para economizar tempo e
dinheiro das partes e do Poder Judiciário, deixo de converter o restante do
presente em agravo retido.
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Esclarecida a questão preliminar do conhecimento, resta dizer


que a Décima Sétima Câmara Cível entende ser inegável a valia dos cadastros
de inadimplentes, que têm o objetivo de evitar riscos desnecessários aos
comerciantes que realizam suas operações com base em tais cadastros. Ora,
impedir a inscrição do nome da parte seria um desserviço ao sistema. Afinal,
estamos diante de mora evidente, já que o depósito judicial se dará por valor
inferior ao contratado. Ademais, seja pela quantidade ou velocidade, nas
relações comerciais modernas, fornecedor e consumidor não se conhecem, ou
seja, a relação de confiança que, há priscas eras, baseava o mercantilismo,
não mais existe.
Nesse diapasão, o CODECON estabelece princípios básicos que
asseguram, de um lado, o acesso e o controle desses registros pelos próprios
consumidores, e de outro, o seu funcionamento como instrumento de proteção
ao crédito, considerados, os mesmos, de caráter público, conforme parágrafo
4º do artigo 43 do mencionado diploma legal.
Mas, a meu ver, é a tese, muito bem defendida pela Desa. Elaine
Harzheim Macedo, de aplicação da Lei n.º 9.507/97 que resolve questões
como a do agravado, pois restaura qualquer eventual desequilíbrio existente
entre consumidor ou usuário de crédito no que pertine a preservação do seu
bom nome no mercado e a indispensável proteção ao crédito, irrenunciável nas
sociedades modernas e que não sobreviveria se estimulada a inadimplência.
A Lei n.º 9.507/97 regulamenta o acesso e a retificação de tais
registros, vez que o artigo 4º, § 2º, da legislação antes referida estabelece que,
embora não constatada a inexatidão do dado, se o interessado apresentar
explicação ou contestação sobre o mesmo, justificando possível pendência
sobre o fato objeto do dado, tal explicação será anotada no cadastro do
interessado – e não simplesmente subtraída -, ainda em sede administrativa.
Além disso, o artigo 7º, em seu inciso III, prevê a ação jurisdicional, elevada à

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garantia constitucional pelo artigo 5º, inciso LXXII, da Carta Magna,


exatamente para a hipótese de anotação nos assentamentos do interessado,
de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro sob pendência judicial, ou
mesmo amigável, quando obstaculizada a providência administrativa.
Corolário lógico, portanto, é a reforma parcial da decisão
agravada, permitindo-se, assim, a inscrição do nome do agravo nos órgãos de
restrição ao crédito.
Resta expor ser o entendimento supra prevalente nessa Câmara:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO MONOCRÁTICA.


ART. 557, CAPUT, DO CPC. INSCRIÇÃO NOS ÓRGÃOS
RESTRITIVOS DE CRÉDITO. MANUTENÇÃO DA
INSCRIÇÃO. DIREITO À ANOTAÇÃO. Há entendimento
consolidado nessa Câmara, no sentido de que o devedor que
se encontra discutindo débito que deu ou poderá dar origem a
registros em cadastro dos órgãos de proteção de crédito, tais
como SPC, SERASA e outros, tem direito à anotação, e não à
eliminação ou sustação do registro. Inteligência dos arts. 4º, §
2º, e 7º, inciso III, da Lei nº 9.507/97. DECISÂO
MONOCRÁTICA QUE NEGA SEGUIMENTO AO AGRAVO DE
INSTRUMENTO. (Agravo de Instrumento Nº 70013357173,
Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Agathe Elsa Schmidt da Silva, Julgado em 03/11/2005)

AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE


DANO MORAL POR DESCUMPRIMENTO DE ORDEM
JUDICIAL. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA, EM REVISIONAL,
DETERMINANDO A ABSTENÇÃO DA INSCRIÇÃO EM
ÓRGÃOS CADASTRAIS REVOGADA EM SEDE RECURSAL.
IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. Evidente a
impossibilidade jurídica de pedido de dano moral por alegado
descumprimento de ordem judicial quando comprovada a
revogação, em sede recursal, da antecipação de tutela deferida
nos autos da ação revisional no sentido de que o agravante se
abstivesse de inscrever o nome do agravado no SPC e
SERASA. Agravo interno desprovido. (Agravo Nº
70010175404, Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em
09/11/2004)

Destarte, dou provimento, de plano, ao ponto do recurso acima


analisado.

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Finalmente, quanto à questão relativa à inversão do ônus da


prova, com base no Código de Defesa do Consumidor, analisando os julgados
da Décima Sétima Câmara Cível, sendo indiscutível a incidência do Código de
Defesa do Consumidor, por questão de coerência, nos termos do artigo 6º,
inciso VIII, da Lei n° 8.078/90, possível é a propugnada inversão do ônus da
prova.
Ora, evidente que será muito mais viável aos agravantes,
considerando a atividade que exploram, a apresentação de informações e
documentos pertinentes à contratação havida entre as partes do que ao
agravado, indubitavelmente hipossuficiente.
Ante o acima exposto, converto parcialmente o recurso em agravo
retido, no que tange à questão da posse. Outrossim, de plano, dou parcial
provimento ao restante do recurso para permitir a inscrição do agravado nos
cadastros de proteção ao crédito.
Transitada esta em julgado, dê-se baixa e, feitas as anotações
devidas, encaminhem-se os autos ao Juízo de origem.
Diligências legais.
Intimem-se.
Porto Alegre, 22 de março de 2006.

DES. ALZIR FELIPPE SCHMITZ,


Relator.

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