Alberto Goldman - Governador SEÇÃO I
Volume 120 • Número 94 • São Paulo, quinta-feira, 20 de maio de 2010 www.imprensaoficial.com.br
Internet a serviço do desenvolvimento
de novos negócios no Estado de SP
O site Potencialidades,
da Investe SP, é um
mecanismo de análise que
identifica qual tipo de
negócio é mais comum nas
cidades paulistas
F
icou mais fácil para o investidor nacio­
nal ou estrangeiro encontrar a região
mais propícia para instalar seu negó­
cio no Estado de São Paulo – seja indústria,
comércio, serviço ou agronegócio –, basea­
do em informações econômicas locais. É
o sistema Potencialidades SP, mecanismo
on-line de análise que identifica qual tipo de
negócio é mais comum nas cidades paulis­
tas. Se o empreendedor deseja montar fábri­
ca de autopeças, escolhe as regiões do ABC
ou Taubaté, onde existem indústrias auto­
motivas. Se for fabricante de rolha ou gar­
rafa para vinho, pode instalar seu negócio
nas proximidades de São Roque ou Jundiaí.
Se deseja madeira para móveis, o indicado é
Votuporanga, Mirassol e adjacências. O ser­
viço é acessado por meio do site da Agência
Paulista de Promoção de Investimentos e
Competitividade, a Investe São Paulo.
O diretor da Investe SP, Mario Mugnaini
Júnior, informa que o portal, lançado no
início do mês, exigiu dois anos de pesqui­
sa de técnicos da Secretaria de Estado do
Desenvolvimento com municípios paulistas
e instituições privadas e públicas, fornece­
doras de dados econômicos, como Fiesp,
Embrapa, Seade, IBGE, Fundação Getúlio
Vargas e outras. As prefeituras receberam
questionários para preencher com dados
locais. Cerca de 45% responderam. “Um
bom índice de retorno”, assegura Mugnaini.
Os técnicos juntaram tudo sobre os setores
produtivos, vindo dessas fontes, e ordena­
ram no site Potencialidades.
O sistema é capaz de combinar interes­
ses do empreendedor relacionados à infra­
estrutura logística, energética, de recursos
Número de doadores de órgãos cresce 43% até abril
O Estado de São Paulo registrou aumen­
to de 43% no número de doadores de
órgãos nos quatro primeiros meses deste
ano, na comparação com o mesmo perío­
do de 2009. É o que indica o mais recen­
te balanço da Secretaria de Estado da
Saúde, com base nos dados da Central de
Transplantes, órgão da pasta. Segundo o
levantamento, o total de doadores viáveis
(que tiveram um ou mais órgãos aprovei­
tados para transplantes) passou de 216 no
naturais, de capital intelectual, mão de obra,
meio ambiente e situação socioeconômica
da população do município. Pela pesquisa
no site, é possível saber quais estradas, fer­
rovias ou hidrovias existem na região para
transportar produção e pessoas, geração de
energia, aeroportos, escolas e universida­
des formadoras de mão de obra qualifica­
da, eventuais características e necessidades
ambientais, etc. “Enfim, tudo o que for pre­
ciso para tornar viável a instalação do negó­
cio na área escolhida”, confirma Mugnaini.
Capital do ovo – No Potencialidades
SP, o interessado encontra 248 tipos de
oportunidades no Estado, baseadas na
Classificação Nacional de Atividades
Econômicas (CNAE), do Governo Federal.
Alguns negócios localizados são bem conhe­
cidos do empresariado, como eletroeletrô­
nica em São José dos Campos e Campinas,
derivados de petróleo em Paulínia, laranja
primeiro quadrimestre do ano passado para
309 nos quatro meses iniciais de 2010 –
crescimento de 43%.
Neste ano, foram realizados 852 trans­
plantes de órgãos, ante 615 no mesmo
perío­do de 2009, o que representa elevação
de 38,5%. Até 30 de abril de 2010, contabi­
lizaram-se 34 transplantes de coração, 50 de
pâncreas, 507 de rins, 233 de fígado e 28 de
pulmão. A alta no número de intervenções
é atribuída ao aprimoramento do trabalho
em Araraquara e região, sapatos em Franca,
etc. No entanto, há atividades econômicas,
presentes no site, totalmente desconheci­
das do público, como a pujante produção
de ovos na cidade de Bastos e vizinhança,
onde existe toda uma rede de produto, equi­
pamento e serviço para abastecer inúmeras
granjas.
O Potencialidades SP, que também per­
mite conhecer incentivos ficais oferecidos
pelas administrações municipais, encontra-
se disponível em português e inglês. As ati­
vidades de cada município são classificadas
de forma simples, nas escalas de potencial
econômico alto, intermediário ou baixo.
O programa foi desenvolvido pela
Fundação Getúlio Vargas, para a Investe
SP, a pedido das secretarias estaduais do
Desenvolvimento, da Fazenda, de Economia
e Planejamento, além da Fundação Sistema
Estadual de Análise de Dados (Seade) e
da Imprensa Oficial. O site da Investe SP
de captação nos hospitais e ao projeto que
criou coordenadores intra-hospitalares de
doação e transplante em 31 hospitais da
rede estadual paulista. Esses profissionais
têm como função identificar pacientes que
possam ser potenciais doadores, além de
acompanhar o processo de realização de
exames para viabilizar a doação.
Da Agência Imprensa Oficial e da Assessoria de
Imprensa da Secretaria da Saúde
recebe cerca de 36 mil consultas por mês,
com a introdução do Potencialidades, os
organizadores preveem aumento para 40
mil por mês.
Criada em 2008, a Investe São Paulo
executa papel de articulação entre enti­
dade pública e privada para atração de
novos investimentos nacional e inter­
nacional para o Estado. Assim, auxilia o
empreendedor na busca da melhor opor­
tunidade de negócio, com o propósito de
estimular a competitividade da economia,
geração de emprego e renda, e inovação
tecnológica. Entre os principais trabalhos
da agência estão as futuras instalações
das empresas automobilísticas Hyundai,
em Piracicaba, e Toyota, em Sorocaba. Os
dois investimentos juntos somam US$ 1,2
bilhão e pretendem gerar cerca de 5 mil
empregos diretos e indiretos.
Otávio Nunes
Da Agência Imprensa Oficial
SERVIÇO
Sistema está disponível no link
Potencialidades econômicas regionais,
módulo Web, no site
www.investimentos.sp.gov.br
Fehidro libera verba
para preservação de
recursos hídricos
O Fundo Estadual de Recursos Hídricos
(Fehidro) liberou R$ 6,38 milhões para 46
contratos de estudos e projetos direciona­
dos à preservação da água. A maior parte
das ações está ligada à conservação do
solo e à educação ambiental. Os municí­
pios diretamente beneficiados são Batatais,
Descalvado, Lençóis Paulista, Sertãozinho,
Poloni, Lupércio, Bariri, Pirassununga,
São Pedro do Turvo, Nantes, Valparaíso,
Borborema, Glicério, Alvinlândia, Coroados,
Cajuru, Itobi, Herculândia, Pracinha, Iacri,
Álvares Machado, Tupã, Mogi Mirim, Porto
Feliz, Adamantina, Porto Ferreira, Ribeirão
dos Índios, Santópolis do Aguapeí, Parapuã,
Mirandópolis, Caiuá, Piquerobi, Guararapes,
Júlio Mesquita, Oscar Bressane, Indaiatuba e
São José do Rio Preto.
O Fundo liberou também R$ 239,9 mil
para dois projetos nas cidades de Tremembé,
Lorena e Piquete. Os recursos são da cobran­
ça pelo uso da água do Comitê de Bacia
Hidrográfica do Paraíba do Sul.
Da Agência Imprensa Oficial
II – São Paulo, 120 (94)
Arquivo Público é modernizado para g
Reinauguração do portal na internet, no fim do
ano passado, reflete as mudanças em curso na
instituição, que terá novas instalações em breve
E
nquanto no Núcleo de Conservação
são recuperados os documentos de São
Luiz do Paraitinga, atingidos pela água
nas enchentes que arrasaram o município no
início do ano, em outros ambientes e do lado
de fora é o edifício que passa por cuidados.
O prédio em obras é prenúncio de mudança,
mas no caso do Arquivo Público do Estado
de São Paulo, a reforma trará novidades que
garantirão melhores condições de preserva­
ção, assim como a construção do novo edifí­
cio, anexo ao atual, que está em andamento.
A instituição paulista é um dos maiores
arquivos públicos brasileiros. Sua função pri­
mordial é de formular a política estadual de
arquivos, que procura recolher, tratar e difundir
toda documentação de caráter histórico pro­
duzido pelo Poder Executivo paulista. O novo
perfil começou a ser esboçado a partir de uma
recolocação institucional, em 2007, quando
passou a ser vinculado à Casa Civil, e teve sua
estrutura administrativa alterada e ampliada.
O projeto de reforma e ampliação tam­
bém teve sua origem aí: as atuais dependên­
cias (7.007 metros quadrados de área) serão
totalmente renovadas, enquanto o edifício
em construção agregará ao Arquivo Público
11 pavimentos, de 1,6 mil metros quadra­
dos cada, com capacidade para abrigar 90
mil metros lineares de documentação. O
prédio a ser reinaugurado terá ainda novos
laboratórios de preservação, restauração,
microfilmagem e digitalização de documen­
tos, e depósitos para a guarda de acervo,
com climatização controlada e prevenção de
infestações por pragas. Além disso, oferecerá
três espaços de atendimento coletivo, que
possibilitarão a pesquisa em grupo sem que
os pesquisadores individuais sejam incomo­
dados, um auditório, um espaço expositivo,
uma livraria, um café e a estrutura adminis­
trativa. O investimento total para isso é de R$
68 milhões. O término da obra está previsto
para dezembro deste ano.
“Será o primeiro edifício de grande
porte do País pensado especificamente para
a guarda e conservação de documentos em
papel. Ele incorpora o que há de mais moder­
Por dentro do Arquivo
Depois da apresentação sobre a estru­
tura da instituição, a organização do acer­
vo, os procedimentos de consulta e os servi­
ços à disposição, exemplos de documentos
de vários segmentos são distribuídos para o
grupo conhecer. As luvas necessárias para
a manipulação do material e as máscaras
opcionais (para os que têm alergia) também
são oferecidas. “Vou distribuir pelas mesas
e peço para vocês se locomoverem”, diz
a diretora do Núcleo de Ação Educativa,
Andresa Oliver Barbosa.
A visitação do grupo de alunos do
curso de História da Unifesp ocorre em
dinâmica improvisada para suprir as restri­
ções do período de reforma do prédio. Na
verdade, o atendimento a estudantes, que
podem ser do ensino fundamental, médio
ou mesmo universitários, como é o caso dos
14 em companhia da professora de História
e Arquivo, Márcia Eckert Miranda, funciona
normalmente com visita pelas instalações e
contato com o acervo nos próprios setores.
“Assim que terminarem as obras, vol­
taremos a circular pelo prédio e a ter os
próprios responsáveis de cada setor falan­
do sobre o seu trabalho”, explica Andresa.
Diário Oficial Poder Executivo - Seção II
FOTOS: GENIVALDO CARVALHO
Paulo: “É importante preservar a memória”
Núcleo de Microfilmagem preserva originais
no – temperatura e umidades controladas,
filtros de ar, entre outros recursos”, conta o
coordenador do Arquivo, Carlos de Almeida
Prado Bacellar. As mudanças, explica ele, são
consequências de ações que vêm sendo pro­
movidas pela instituição desde 2007 e têm a
reinauguração do site, em dezembro do ano
passado, como marco principal.
“Pelas páginas do site transparece o
projeto de um novo Arquivo Público do
Estado de São Paulo, um arquivo para o sécu­
lo 21, preocupado com as novas tecnologias
da informação, seja para divulgar seu acervo
de maneira democrática, seja para garantir
a gestão e preservação de documentos digi­
tais”, explica na apresentação do próprio
portal virtual.
Essa renovação abrange além da nova
política arquivística, realizada no âmbito do
Departamento de Gestão do Sistema de
Arquivos do Estado de São Paulo, o vigoroso
processo, em andamento, de microfilmagem
Rafaella e Jade: pesquisas históricas
Mesmo de maneira limitada, a experiência
agrada aos visitantes. “Combinamos de vir
no início do semestre. Muitos aqui ainda
não conheciam esse espaço do historiador,
que faz parte do seu trabalho, não só como
consulente, mas também como realizador.
O Arquivo do Estado é uma referência”,
avalia a docente.
A universitária Joyce Ferreira define
a instituição da mesma maneira que a
professora, como a principal referência
do trabalho documental. E embora seja
fã do ambiente, não conhecia o Arquivo
do Estado pessoalmente. “Estou gostan­
do bastante, principalmente de conhecer
as dimensões e saber o que é feito aqui,
Núcleo de Conservação do Departamento de Preservação e Difusão de Acervo do Arquivo do Estado
Exemplar do Correio da Manhã com notícias da Copa 58: coleção do jornal disponível para consulta
e digitalização do acervo, que inclui perió­
dicos, publicações e documentos diversos,
integrantes da administração paulista, do
Judiciário e de coleções de instituições e de
particulares. Essa atuação está vinculada ao
Departamento de Preservação e Difusão do
Acervo, sob o qual funciona também o aten­
dimento ao público e a ação educativa.
na prática”, conta ela que trabalha no
arquivo de uma autarquia.
Com um documento de 1943 da
Delegacia Regional de Ensino em mãos,
Gustavo Ferreira e Paulo de Vincentis
concordam sobre o quanto é interessan­
te verificar in loco o que veem nas aulas.
Ambos visitam o local também pela pri­
meira vez. “É extremamente importante
a preservação da memória para o nosso
conhecimento”, avalia Ferreira. Paulo de
Vincentis se diz impressionado com a
capacidade da instituição de manter e
dar acesso aos documentos mais antigos.
“Aqui, a gente tem uma ideia melhor do
que é isso”, afirma.
Jade Alencar Silva e Rafaella Oliveira
de Matos analisam cuidadosamente o
prontuário de Monteiro Lobato, do Deops.
Elas já têm experiência como consulen­
tes do Arquivo. “Recorro a ele quando
tenho de fazer trabalhos da faculda­
de”, conta Jade. Rafaella também. Diz
que o local facilita muito o acesso às
fontes históricas, que é com o que pre­
tende trabalhar. “Quero me dedicar às
pesquisas”.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Memória do Estado – O acervo da
instituição é formado por cerca de dez mil
metros lineares de documentação permanen­
te, disponíveis integralmente à consulta públi­
ca, e aproximadamente 16 mil metros lineares
de documentação intermediária, que corres­
ponde ao Arquivo Administrativo. Trata-se dos
documentos públicos produzidos pelas diver­
sas secretarias, autarquias, fundações (1900-
1960) e fundos cartoriais, que aguardam ava­
liação e definição de prazos prescricionais de
guarda, para incorporação ao acervo perma­
nente ou eliminação.
Já o permanente inclui ampla variedade de
documentos oficiais da administração pública
estadual, além de fotografias, ilustrações, cari­
caturas, mapas, jornais e revistas. O mais anti­
go é o inventário do sapateiro Damião Simões,
datado de 1578, e os mais significativos, pela
dimensão ou pela procura, são os relativos à
Agricultura e Imigração (1812-1948), Maços
de População (1765-1850), Registros de Terras,
Sesmarias e Tombamentos de Bens Rústicos
(1602-1856), Inventários e Testamentos
(1578-1801), Ofícios Diversos (1603-1913) e
Departamento de Ordem Política e Social –
Deops (1924-1983).
O Arquivo recolhe ainda conjuntos
documentais produzidos ou acumulados por
pessoas ou instituições de caráter privado,
adquiridos por meio de doações ou com­
pra. O acervo iconográfico soma 1,5 milhão
de cópias fotográficas, positivos, negativos,
mapas, ilustrações e caricaturas, que têm
como destaque os conjuntos de imagens de
fotojornalismo, tal como o do jornal Última
Hora, que circulou entre 1951 e 1971 e
representou um marco na história do jorna­
lismo brasileiro.
 quinta-feira, 20 de maio de 2010
garantir maior espaço à história de SP
Hemeroteca: grande coleção de jornais e revistas do século 19 aos dias atuais; são mais de 200 títulos de jornais e 1.200 títulos de revistas
Na hemeroteca, há grande coleção de
jornais e revistas do século 19 aos dias atu­
ais. São mais de 200 títulos de jornais, entre
os quais se destacam o Correio Paulistano,
Última Hora, Movimento, Opinião e
Pasquim, além da coleção de diários oficiais
– Diário Oficial do Império do Brasil (1871-
1889), Diário Oficial do Brasil (1889-1899)
e Diário Oficial do Executivo do Estado de
São Paulo (1891-2004). Os exemplares de
revistas somam 32 mil, entre 1,2 mil títulos.
Uma coleção do jornal Correio da Manhã,
que abrange o período de 1904 a 1974, com
891 exemplares doados no fim do ano passa­
do pelo Arquivo Edgard Leuenroth (AEL), da
Universidade Estadual de Campinas, é novida­
de à disposição para consulta na hemeroteca.
Antes de serem abertos para a manipulação,
os jornais passam por diferentes tratamentos
técnicos, como a higienização, sendo que os
mais danificados tiveram de ser restaurados
pelo Núcleo de Conservação.
A coleção doada juntou-se aos dois
exemplares desse jornal que o Arquivo Público
dispunha até então em seu acervo. O Correio
da Manhã, fundado em 1901, no Rio de
Janeiro, por Edmundo Bittencourt, foi um dos
periódicos mais lidos do País e referência em
sua época, colocando-se no centro das discus­
sões políticas do Brasil. Ficou marcado por uma
posição política sem vínculo partidário.
Arquivo em casa – Esse material está,
cada vez mais, disponível no site para con­
sulta on-line. O espaço virtual reúne mais de
200 mil imagens, entre documentos oficiais,
jornais, revistas, fotos e filmes, diretamente
ligados à memória do País e relacionadas a
temas diversos, como, por exemplo, imigra­
ção, cotidiano paulista, história da educação,
movimento estudantil e futebol. Para se ter
acesso ao conteúdo, pode-se optar entre 14
diferentes mecanismos de busca. Há no site,
por exemplo, catálogos para jornais e revistas
digitalizados e o Guia do Acervo, com dados
sobre todo o acervo da instituição.
Por trás da agilidade virtual, no entan­
to, o procedimento especializado, criterio­
so e artesanal, realizado sistematicamente,
garante parte do novo perfil à instituição.
No Centro de Preservação, composto de
três núcleos, os documentos passam por
conservação, microfilmagem, digitalização
e acondicionamento. “Estou participando
de um momento muito importante, no qual
há um grande esforço para disponibilizar os
documentos à população, e tenho orgulho
Diário Oficial Poder Executivo - Seção II
Núcleo de Microfilmagem: técnico do Arquivo faz o escaneamento da revista Careta
disso”, diz o diretor do Centro, Marcelo
Lopes. Ele se refere à intensificação do tra­
balho de digitalização do acervo que vêm
ocorrendo há pelo menos dois anos. Atuam
na preservação 31 pessoas, entre funcioná­
rios e estagiários, que dão conta de nada
menos do que todo o material da instituição.
Concurso em andamento para o Arquivo
deve reforçar a equipe em breve.
Trabalho minucioso – O início do
processo por que passa o acervo no Centro
de Preservação acontece no Núcleo de
Conservação. O documento é levado em pri­
meiro lugar para a limpeza, feita com trincha,
e para a retirada de grampos, entre outros
objetos metálicos. Constatada a presença de
fungos, fica de quarentena e é encaminha­
do para a desinfecção, por meio de banho
com solução química. O tratamento aquoso
pode ser também o método ideal para desco­
lar folhas e para diminuir a acidez do papel.
“A escolha do tratamento depende do tipo
de material (tinta e papel). Se o documento
foi escrito ou impresso com tinta solúvel, por
exemplo, a imersão em líquido não pode ser
feita. Já o banho para a melhora do PH pode
prolongar a conservação”, explica a diretora
do núcleo, Gabriela de Melo Silva.
Em seguida, na consolidação do suporte
são realizados pequenos reparos, de “preci­
são cirúrgica”, já que pontos de oxidação
(que se alastram) são retirados com bistu­
ri. A reintegração do material onde foram
feitas as incisões e em falhas já existentes
é feita com papel de qualidade arquivísti­
ca. “A gente faz um preenchimento, para
que o documento não se desfaça”, ensina
Gabriela, artista plástica e especialista em
conservação e restauração de papéis. O que
está amassado e muito marcado passa por
aplainamento, com a colocação de placas e
pesos em cima, ou vaporização.
No Núcleo, o trabalho previsto para os
próximos seis meses abrange as 690 pastas
de papéis de São Luiz do Paraitinga, as 600
do Deops encontradas recentemente em
Santos, mais um acervo de 30 livros, em
manutenção. “É assim, um processo inin­
terrupto, que não acaba”, diz a especialista.
A próxima parada é o Núcleo de
Microfilmagem, onde são feitas as reprodu­
ções dos documentos. Para isso, há diferentes
possibilidades. Em uma máquina denomi­
nada híbrida são feitas a microfilmagem e
a digitalização ao mesmo tempo. “Por aqui,
passa mais jornal e jornal encadernado. No
processo, a gente acaba até restaurando
algumas imagens um pouco apagadas”,
informa Renato Jorge Alves, responsável pela
atividade que tem como objetivos a reprodu­
ção do acervo e o atendimento a solicitações.
“A gente consegue fazer um tratamento que
deixa as imagens bem mais nítidas”, conta.
Cópias de segurança – Têm priorida­
de no setor os documentos mais deteriora­
dos, porque uma vez reproduzido o conteú­
do, o original não é mais manipulado. São
feitas duas cópias em microfilme de cada
– sendo um negativo em prata, de gran­
de durabilidade, e outro em diazo, material
São Paulo, 120 (94) –
­ III
Conteúdo
democratizado
O acesso da sociedade ao Arquivo
acontece por meio do Centro de Difusão
e Apoio à Pesquisa, que trabalha com
diversos públicos, entre eles de pesqui­
sadores, alunos, professores, leitores e
internautas. Pode se dar no atendimento,
realizado no salão, no qual é ofereci­
do auxílio para busca de documentos,
transcrição paleográfica (para restabe­
lecer conteúdos a serem usados como
comprobatórios) e acesso às fontes docu­
mentais, bibliográfica e de imprensa sob
guarda do Arquivo. A consulta pode ser
feita diretamente no documento (quando
ele não foi ainda microfilmado) ou com o
uso do leitor de microfilme.
Para levar uma cópia para casa, não
há o recurso da fotocópia. Pode ser soli­
citada a digitalização do original, uma
cópia digital do que já foi digitalizado
ou, ainda, o próprio consulente pode
tirar uma foto sem flash do material que
o interessa. A assistência ao pesquisador
e as iniciativas da Ação Educativa, que
além do recebimento a grupos atua na
organização de oficinas, cursos e semi­
nários, também ligam a instituição aos
interessados. O Centro dispõe ainda de
uma pequena equipe voltada à ativida­
de editorial.
também mais resistente que o microfilme
original, feito de sais de prata, utilizado para
o manuseio. A reprodução em prata é guar­
dada em sala climatizada, por segurança, na
Cinemateca Brasileira.
Como a máquina híbrida só reproduz
em preto e branco, a captura das imagens
em cores é realizada num Scanner Flat Bad.
Por ele, passam, por exemplo, as revistas
coloridas, como a Careta de 1958, que está
em processamento. Depois de captadas,
essas imagens são tratadas no Photoshop.
Por fim, o material chega ao Núcleo de
Acondicionamento, para a guarda. É onde
se encerra o ciclo do Centro de Preservação.
As embalagens são todas produzidas manu­
almente no próprio setor, em polietileno,
conhecido como polionda, material escolhido
por não interferir quimicamente com o papel.
No decorrer dos tempos, essa opção
mudou algumas vezes. Inicialmente, os docu­
mentos eram acondicionados em caixas de
ferro e depois em pastas de papelão. A adoção
da polionda é uma evolução natural e o mate­
rial ainda arquivado em embalagem de ferro e
papelão será transferido gradualmente.
Cada caixa feita no Núcleo abriga em
média mil documentos, seja em papel ou
microfilme, guardados em pastas de papel
alcalino. A escolha pela confecção própria
das pastas teve origem na diversidade de
tamanhos de embalagens que a guarda
exige. “Não encontraríamos pronto o pro­
duto adequado para os vários formatos de
documentos com que trabalhamos”, conta
o responsável, Alexandre Masotti. No pro­
cesso, são também identificados, datados e
lançados no sistema.
Simone de Marco
Da Agência Imprensa Oficial
SERVIÇO
Atendimento: De terça-feira a sábado, das
9 às 17 horas (solicitação de material até
às 16 horas)
Endereço: Avenida Cruzeiro do Sul, 1.777
– Tel. 2089-8100
Site: www.arquivoestado.sp.gov.br
 IV – São Paulo, 120 (94)
Lei Antifumo paulista completa um
ano e vira modelo para outros Estados
E Algumas regiões do País procuraram a Secretaria Estadual
m São Paulo, a Lei Antifumo foi san­
cionada pelo Governo do Estado de
São Paulo em maio do ano passado.
Pouco tempo depois de entrar em vigor
PAULO CESAR DA SILVA
(agosto de 2009), várias secretarias de saúde
de outros Estados (Rio de Janeiro, Paraná,
Minas Gerais, Bahia, Pará e Espírito Santo)
entraram em contato com o órgão paulista
para adaptar o modelo às suas localidades.
“É uma vitória da saúde. Ficamos orgulhosos
em mostrar que a Lei Antifumo faz bem para
todos”, comemora Maria Cristina Megid,
diretora de Vigilância Sanitária do Estado.
Como vem ocorrendo desde que a lei
entrou em vigor, o índice de cumprimento
à norma manteve-se superior a 99%, tanto
na cidade de São Paulo como nas demais
regiões do Estado. Cerca de 500 fiscais da
Vigilância Sanitária e do Procon foram espe­
cialmente capacitados para fiscalizar o cum­
primento da medida. “Somando às pessoas
que foram treinadas em outros municípios
para esse fim, totalizam 3 mil profissionais
aptos a realizarem blitze diárias, em dife­
rentes horários, incluindo madrugadas a
dentro”, diz Maria Cristina.
O alto índice de cumprimento e o res­
peito e apoio da população vêm trazendo
benefícios à saúde pública, dado confir­
mado em pesquisas realizadas. Estudo do
Instituto do Coração (Incor) do Hospital das
Clínicas em cerca de 700 estabelecimen­
tos do Estado, como bares e restaurantes,
revelou que houve redução de 73,5% nos
níveis de monóxido de carbono no inte­
rior desses ambientes. Os frequentado­
res e funcionários desses estabelecimentos
foram alguns dos grandes beneficiados.
Carlos Alberto Ferreira, sócio-proprietário
da Padaria Gran Royale, na zona norte da
capital, explica que “construiu o estabele­
cimento sem área específica para fumantes.
Possuímos outro estabelecimento na zona
sul que precisou ser reformado. Nossos
FERNANDES DIAS PEREIRA
clientes entendem que é proibido fumar e
respeitam a atitude”.
Mais ginástica – Quem também apro­
va a lei é o gerente comercial da rede de aca­
demias K@2, Maurício Marchezini. “Após
a implantação da medida, muitas pessoas
deixaram de fumar e, com isso, resolveram
investir na saúde e descobriram que a ginásti­
ca é melhor que o vício do tabaco”. De acor­
do com Marchezini, houve aumento de 50%
de alunos matriculados na rede.
Clauberto Nogueira da Silva é garçom
há 10 anos e diz que só agora consegue
trabalhar sossegado. “Tenho rinite alérgica
e quando as pessoas chegavam perto de
mim fumando era terrível. Com a nova lei
FERNANDES DIAS PEREIRA
Jailson, cozinheiro: “Não fumo no trabalho”
Diário Oficial Poder Executivo - Seção II
de Saúde para adaptar sistema paulista à sua realidade
Clauberto, garçom há dez anos: alegria com o fim das crises da rinite alérgica
que proíbe o fumo em ambientes fechados,
FERNANDES DIAS PEREIRA
agora consigo servir as mesas sem prejudicar
a minha saúde”.
Luciano Minto, advogado e sócio-pro­
prietário do Restaurante Filippa, na zona
sul, diz que a Lei Antifumo é um avanço.
“Acabaram as reclamações. Todos fazem
suas refeições sem o embaraço do odor
exalado pelo cigarro”. Minto diz que o seu
estabelecimento não precisou fazer campa­
nha para os clientes não fumarem no local.
“Os mais resistentes saem para fumar na
rua (não ficam na porta do restaurante)
depois da refeição”.
Sílvia: mais gente em busca de tratamento
Multas e autuações
Balanço realizado pela Secretaria da
Saúde revelou que, desde a implantação
da medida, 7 de agosto de 2009, foram
registradas em todo o Estado 736 autua­
ções por desrespeito à norma. Dessas, 374
multas foram aplicadas em São Paulo e 362
no interior. No período, foram realizadas
322.033 ações de fiscalização (83.235 na
capital paulista e 238.798 no interior).
Como vem ocorrendo desde que a lei
entrou em vigor, o índice de cumprimento
à lei manteve-se superior a 99%, tanto
Madalena: adeus ao cigarro 30 anos depois
Apesar de fumar há 15 anos, o cozinhei­
ro Jailson Batista Andrade, do Restaurante
Filippa, apóia a nova lei. “Não fumo no
meu trabalho e acredito que esta opção é
a melhor para a saúde dos meus colegas e
clientes”. Andrade diz que até já tentou lar­
gar o cigarro, “mas é difícil”, ressalta.
Salvação do fumante – Há 16 anos, o
Serviço de Psicologia do Hospital do Coração
em São Paulo (HCor) oferece o Programa de
Cuidado Integral ao Fumante, que promo­
ALEXANDRE MACHADO
ve palestras educativas para jovens e adultos
“além de realizar atendimento a pacientes
do hospital”, informa Sílvia Cury, chefe do
departamento de psicologia do HCor.
na cidade de São Paulo como nas demais
regiões do Estado.  Na capital, a zona sul
foi a região com maior número de autua­
ções registradas (105). Em seguida, vieram
a região central (78), zona leste (74), zona
norte (67) e zona oeste (50).
A legislação proíbe fumar em ambientes
fechados de uso coletivo, como bares, restau­
rantes e casas noturnas. Quem quiser informar
sobre o descumprimento da medida pode
fazer a denúncia pelo telefone 0800 771-3541
ou pelo site www.leiantifumo.sp.gov.br.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
A psicóloga salienta que desde o início
da aplicação da Lei Antifumo houve um
salto de 50% na demanda por procura por
tratamento para parar de fumar. Formado
por grupos de cinco a 10 pessoas que se
reúnem uma vez por semana, durante
dois meses, o programa tem obtido êxi­
tos inéditos. Após o início do tratamento,
por exemplo, cerca de 80% dos pacientes
permanecem em abstinência. Depois de
um ano, 60% deles resistem ao cigarro,
diminuindo consideravelmente os riscos
de doenças cardiovasculares, hipertensão,
cânceres, diabetes, entre outros males.
Madalena Monterisi Nunes é enfer­
meira da qualidade do HCor e ex-fumante.
“Dependi do cigarro durante quase 30
anos, apesar de trabalhar na área da saúde.
Conheci o programa por curiosidade e
entrei para o grupo. Há dois anos larguei
o vício”.
Ao todo, desde o seu lançamento há
16 anos, já passaram pelo programa mais
de 800 pessoas e, após a lei, houve cresci­
mento de 40% na procura pelo tratamento.
Há quatro anos, a Associação Comercial de
São Paulo resolveu ampliar seu refeitório e
precisou de alvará de funcionamento dos
bombeiros. Eles chamaram a atenção para
um problema que persistia na Associação
Comercial de São Paulo (ACSP): os funcio­
nários que fumavam saíam de suas salas
(onde era proibido fumar) e acendiam seus
cigarros nas escadas. Para resolver essa
situação foi construída uma área aberta
no subsolo, onde os funcionários podiam
fumar. A partir daí, a empresa passou a
investir maciçamente em campanhas anti­
tabagismo.
A campanha tinha, também, um viés
econômico. Por meio de estudos, os econo­
mistas da ACSP mostraram que os colabo­
radores (incluindo terceirizados) gastam, em
média, 50% dos seus salários com cigarros.
Apostilas e folhetos explicativos sobre os
malefícios dos cigarros seguem junto com às
cestas básicas e no holerite dos empregados.
“Depois que a Lei Antifumo entrou em
vigor, acabamos com o espaço. Os fuman­
tes, agora, devem fumar na rua e longe da
porta da entrada principal da ACSP. A medi­
da ajudou a diminuir a compulsão pelo vício
e muitos acabaram largando o cigarro”,
informa o dr. Antonio Camargo Moreno,
Médico do trabalho da associação.
Maria Lúcia Zanelli
Da Agência Imprensa Oficial
Dr. Moreno: “Nem espaço para fumantes”