Você está na página 1de 159
JOHN LOCKE ENSAIO ACERCA DO ENTENDIMENTO HUMANO Tradugio de Anoar Alex Fundador VICTOR CIVITA, (1907-1990) (el Eaitora Nova Cultural Lida. Copyright © desta edisto 1999, Editora Nova Cultural Lida Rua Paes Leme, 524-10" andar CEP 05424-010” Sto Paulo = SP. Coordenagio Editorial: Janice Forde ‘Chefe de Arte: Ana Suely Dob Pagina: Nate Fernandes da Siva Dirctos exclusives sobre as tradugies deste volume: aitora Nova Cultural Ltda, S80 Paulo Diretos exclusivos sobre “Locke - Vida ¢ Obra” Eaitora Nova Cultural Lida Impressfo e acatamento: Gréfca Ciculo ISBN 85-13-00906-7 Vena permit somente em conn comm sie de jos VIDA E OBRA CConsultora de Carlos Estevam Martins ¢JoB0 Paulo Monteito ‘A ttsr0tia poli datngltre do séalo XVI tem como mat: cot tem nds on ano de 108 109 Em Te, faeces abet {ise 160) ea coon colada na ceva cde ame Sto (866129, Em 6, Revolugio Clon fer sper ao tomo cel Gutherne fc nange (6504709 sun esposa Mana 602 eh, Ente aul dus orrram os conftesdetremes do abuso do pode: pr pate Gee tants do innatin ds Stunt a tenttvas Le console des inser do fungus reas poe sus epesenaner a Glinara dos Comers No cul ation, o abate dos Tudor constiua expresso dos terse ta teen a cs spins eps do sb dene prod Henge Vil 1-34) Heabeth fo ‘Bn muitobesem martrscu poder com dasa aprtncan degoverno opua. Quad desea Gestear didn Ge poplar vidos, ‘oriam fomaldae de ober provera paramentar guano mses “Siva ris dni, ablam somo fae ara que ts eprops pric dna vlutnie dos epesetants do pore Nowtclo XV, conto aatuaiastrouse-A brgucsa eta sufcentemente orld fora prendre governs fons pa. SStcarseu domino sores rats Acrorertvete 0 ate de {eo shears Sar ado tno a mesma hblidde qu sup ae ue nine | por velar Henge Vda Fang 58610) SRimava“oimbeal mas tere da randade’ pecedia fad Irena a autre rl ho poder divin. Sus suceores cambiar pte mess vise edo 9 elo XVI cot marendo pls constants Polio ene a atoidade veal e autosdade do Parlannte. Eases com tor ses spc lose, envolvendo poets conta cat icon mu snretado eam eepesto de inter een veer tes, Am das oposigdes entre a aristocracia medieval e a burguesia,con- trapunhamse os intereses da burguesa metcanti,protegida por priv legios de monopélio,e de novos stores que procuravam quebrar esses rmonopélios, alteando as relagesexistentes no comércio internacional ‘Ao lado dessas fora, havia ainda uma nova classe de empresirios age cols e novas camadas urbanas,interessadas na expansio da indstria de transformagio, 0 resultado dos conftes fi a derrota final do absolutismo com a Revolugfe Gloriosa. Em 1689, a Cdmara dos Comuns triunfou, mandando chamar Guilherme de Orange e sua esposa Maria, que se encontravarn refugiados na Holanda, Outorgando-Ihes o poder real, o Parlamento bur- gus deiava claro que esse poder era derivado do seu ¢ nele deveria fundamentarse, Méoico, FLdsoro & Potirico "No navio que tansportava Guilherme de Orange esta esposa Matia encontava-se ofilésofo John Locke e sso ao era ola de simples aaso. Locke participosativamente do processorevolucionsrio realizado em set pals e essa paticipagao podera er remontada até suas orgens fanvliares John Locke nascou a 29 de agosto de 1621, no seio de wma fama de burgueses comercianies da cidade de Bristol. Quando estourow are volugio de 1688, seu pai adotou a causa dos purtancs e alistou-se 10 cexército do Parlamento. [Na mesma época, Locke estudava na Westminster School, e, em 1652, tansferiuse para 0 Crist Charch College de Oxford, instituigio & qual estaria ligado até 1684, primeiro como aluno, depois como fellow’ Em Oxford, Lacke deseneantow-se com oaristtelsmo escolistio all en- sinado, mas recebeu também duasinfluéneias fundamentals para 0 curso posterior de seu pensamento: ade Jon Owen (1616-1689), que enfatizava 3 importncia da tolerinca religiosa,e a de Descartes (1596-1650), que 0 ibertou "do inintlgivel modo de falae” dos escolisticos. Ses interesees como estudante foram bastante diversiicados, abrangendo desde a qu mica © 2 meteoroloia até a telogi. Finalmente, optou pela medicina ‘comoatividade pofissional. Datam dessa época sua aizades com Robert ‘Boyle (1627-1681) e Thomas Sydenham. Boyle repudiando a teora ais totlia dos quatro elementos (jgua, at, terra ¢ fogo), foi o primeio a formula 0 maderno coneeito de elementos quimicos.O segusto revol cionou a medicin clinica, abandonando os dogmas de Galeno (130-200) ulashipotesesespeculativase baseando o tatamento das daencas a cobservagio empiria des pacientes. Locke integrava, assim, 0 circulo da _queles que valorizavam a experiéncia come fonte de conhecimento,« a ‘bra posterior sistematizaria a filsofia empinsta. Nesses anos, redigis fama pequena obra em Iatim, Ensis sobre Let ds Natures, Emborafortuitament, sua dedicagio & medicna experimental tam- bbém servi para fazé-loingressar nos ctculs politicos da Inglaterea. En 1666, Locke tornou-se méico de Anthony Ashley Cooper (1621-168), posteriormente lorde eprimeiro conde de Shaftesbury. Como obteve si ‘cess no tratamento, Ashley © empregou como médico particular e acabou por atribuirlhe outs fungdes, como a de seu assessor Locke paticipou, assim, da elaboragio de uma consttugio para a coldnia de Carolina, s tad na América do Norte. Em Exoter House, esidéncia de lore Ashley tem Londres, Locke convivia com os mais altos ezculos intelecuaise po Iiticos da época. Nesse periodo comesou a ecrever um de sas obras principais, © Enso sole o Entendimento Humano,na qual trsbalhasia du ante quase Vinte anos. Com a rpida ascensto de lorde Ashley, multpicaram se suas oct pagdes politat. Em 1672, lorde Ashley recebeu o titulo de conde de Sha tesbury e tornou-se Presidente do Consetho de Colonizagio + Comérco; logo depois, scene 20 cargo de chanceler. Acompankando-o, Locke tomnou-se Secretirio para a Apresentagio de Benefcios, devendo cvidar de todos os problemas elesisticos. ‘Shaftesbury representava, na politics britinica os interesses do Par- lamento ¢ cada vez mais opunhs-se as medidas do soberano Carlos Il (6530-1685), corueaias a estes interessese que tentavam fortalacer 0 ab- solutisma, Em 1675, Shaftesbury fot destituido de todos 08 seus cargos © Locke foi também obrigado a abavdonar a8 atvidades politica, Visjou entdo para a Franca onde permanecera durant és anos ese relaconaria com of citculos intelectuais de Montpellier e Paris. Em 1679, voltou & Inglaterra encontrando-a em grande agitacio poltica. Shaftesbury, lider dda oposigio a Carlos estivera pees, mas voltaraa fazer parte do govero, «em 1678, desempenhando as fungGes de Presidente do Corslho Pivado. Os servis de Locke foram novamentesequsitades, mat sins teases com govern do monarea Carlos Il no durariam muito tempo, Ea 168, Shak tesbury,acusado de cher uma rebcio para depor 0 saberano foi peso © compelido a trocar a Inlatra pela Holanda, one falece em 1683. Locke pasowa ser vigido pelo partido do ree também acabou procurando refigio ‘ma Holanda, onde eustaliberdade de pensamento (Os Princinios Dx ToLERANe “Meseo na Honda os agentes de Carlos I peseguiam Loeke, que se stag, em Amsterdam, sob 0 ome de dr Van der Linden. Apesar de por ‘gio, coreeguapelasnare com Jean Lelers (1657173), eice de um pe ‘ico Iter inulado Bédotar Unoosal « Mitren. Para esa publica, ck continua com vrios aig, Conta eno 54 ans de dade ‘Saas principais obras, contudo, s6 seriam publicadas entre 1689 & 1690, a0 voltar Inglaterra, depois da vitria do Parlamento ra Revolusso Gloriosa e consequent ascensio ao tone de Guilherme de Orange e Maris [esses anos, Locke publicou a Cart sobre a Tolertnia, 0s Dois Tratados sobre 0 Gover Civile 0 Ensio sobre 0 Entendimento Humano. A primeira Carta sobre @ Tlerdnciacausou muita polemica e Locke escreveu outras nes, Nelas,advoga a liberdade de conscigncareligiosa (um dos principals temas polticos da epoca), sustentando a tese de que o Estado deveria ‘apenas cuidar do bemvestar material dos cidadios e nio tomar partido ‘de uma religio. O Princio Trtado sobre 0 Coro Ciil combate ironica- rent, a tere desir Robert Filmer (1588-1653), defensor do absolutismo dos Stuart segundo a qual os monarcasreinantes remontavam seu poder ' Adio « Eva. O Segundo Tratada do Govern Ci desenvolve a8 tees pollicas bernie de Locke, O Ensaio Sobre o Eniondimento Huomono seria fu obra mais important do ponto de vista estitamente os6fico. Alem dessas obras, Locke public Aluns Pensamentos Referens Esso, em 163 e Racionaidade do Crastinismo, em 1695. prima & expecamente importante por consttuir wma aplicagio de sua teoria empiista do conhecimento acs problemas do ensino. Locke sustentava que "pode-se levar,faclmente, & alma das eviangas numa ou neuta dizes30, como «8 prbpria égua’ (Os itimos anos da via de Locke foram relaivamente calms den tro da nova stuagio politica criada pela Revoluio Glriosa. Depois de ‘iver dois anos com o modesto cargo de Comissério de Recursos erecusat ‘oferta para desempenhar as fungdes de embaiador em Brandenbutgo, pssous esiie nas tertae desir Francis Mashan. Naresiddncia de Mashan, fm Oates, recebia& visita de seus amigas, entre os quas Isaac Newton (0642-1727, um dos eriadores da fisiea moderns. Ein 1636, Leckeassumi ocargode Comissro da Chmarade Comérco, sendo obrigadoa desleca-sfequentemente ate Londres. Quatroanos dep, fo a snide jf debltads, renunsiou a0 cargo, dodicandose a uma vida de ‘meditagio e contemplago, Morr no dia 27 de outubro de 174, |A Caines 40 Iariswo Durante toda a vida, Locke partcipou ds tutas pela entregs do poder 8 bunguesi, classe a que petencia. Na época, isso signifieav tar contra a teocrciaanglicana e sua tesesleitimadoras a de que o poder do re seria absoluo ea de que esse poder dina respeito tanto 20 plano spiritual quanto 20 temporal soberano tendo diteta de impor a nas80 deterinada crengae determinada forma de culo ‘Locke insurga-se conta esas tess poitias,vinculando-as a teses {ilos6fieas mais eral, fandamentadas, em sitima isténeia, numa certa {ecoria do conhecimenta. As palavrasinicias do Ensaio sobre o Eniend ‘mento Humano si0 muito mais claras nesee sentido. Relatando as cir ‘Gunstancas da origem da obra, o autor diz que o Ensaio resultou das ‘ifculdades surgidas para resclucdo de um problem files6fico,abor ‘dado em discussso fortita entre amigos: diame da dificuldade, Locke sugeriu uma previa indagagio solve a extensdo eo limite do entendi- mento humano. A indagacio proposta acabow por se transformar na ‘obra com a qual 0 pensador pretendia “fundomentat a tolerineia rel Bios filosstics Papel fundamental no Enso é desompenhado pela andl cits da doutrina das ideas nats. O problema surgi na mente de Locke pela Jeitra da obra O Verdadsro Sista Tutslechual do Univers, de autora de ‘um dos prncipaisanimadores da escola patna de Cambridge, soo Ralph Cudwerth (1617-1688). Esse pensadorsustentava que a demonstra. ‘oda verdade da existancia de Deus exige o pressuposto de que o homem ossul ideas inatas, ito € dias que se encontram na alma desde o nas clmento, que, portant, nao derivam de qualquer experénca, Para Cud- worth, « doutrna empirsta, segundo a qual "nada esté no ineecto que antes no tenha estado nos sentido’, conduz diretamente a0 atesmo © por isso deve se combatda. © livto I do Ensaio de Locke & desicado & critica do inatismo de- fersido por Cudivorth Locke procura demonstra que inatismo & uma ddoutrina do preconcito,levando dirctamente 20 dogmatimo individvia. ‘Se os principios fossem verdadeiramenteinatos, consttuiiam uma cer teza iredutive, som nenhum outto fundamento a nfo sera afirmagd0 o individuo, Critiea ainda o inatismo, afirmanda que os principios chamados inatos deveriam encontar-se em todos os individ, come aspectos constants e universals, Mas iso, entretanto, nfo ocorre. Exa- rminando-se os individuos — diz Locke —,vetfica-se que apenas uns ppoucos conhecem, por exemplo, os princpios de identidade e contra Aigio lgicas. Da mesma forma, nem todos conheceriam os principios da vida pritica, como “age com relagd0 20s outs coma gostaias que agissom com relagdo af ‘Alem de negar que os principios supostamente chamados inatos Sejm uraversais, Locke afirma que eles nto tee maior ublidade, pois seria possvelchogar mals a0 exato conhecimento sem nenbuma necessi- ade de ee recotre a ees, Para jelgar que o doce nio € amaego, por ‘exemplo,bastariapereeber o doce eo amargo em separado; imediatamente Sse concluiria que sio diferentes. Nesse caso, no haveria a menor neces sidade de se utilizar o principio de identidade Iigice, segundo a qual & limpossivel que uma coisa sejadistnia dest mesma, Analogamente seria potsivel, segundo Locke, provar a existéncia de Deus sem nenhura fa damentaclo numa suposta ida inata de Deus; ou sea, 0 chamado “ar ‘gomento ontoldgico” nio teria nem validade nem ullidade, Santo Agos tino (354-430), Santo Anselzs (1035-109), Descartes (1596-1650, defen- sores do inatsm, afirmavam a existncia no espirito humano, antes de ‘qualquer experiencia, da iia de um ser perfeito: dai concluam sua exis- téncia autdnoma. Ao contri, segundo Lock, a existanca de Deus po ‘dera ser demonstrada por uma variante da prova "por conlingéncia do ‘mundo’ a existencia do ser contingente, que € 0 homem (conhecimento ‘dquirido pela experiéncia),supoe a existéncia de um ser eterno, todo- poderosoe intligente. Alem disso, ano universalidade da ideia de Deus ficariacomprovada pelo fate de que i selvagens que seriam intiramente desttuds dessa idea ‘A ctica ao inatsmo, realizada por Locke, evowo a conceber @ alma humana, no momento do masciment, como uma "tabula rasa, una ‘spécie de papel em branco, no qual iniclalmente nada se encontea escrito ‘Chega, enti, &conclas3o de que, seo homem adulto poss conhcianent, ‘esta alma é um "papel impress’, outros deverdo ser os seus confess: sas idéias provenientes — todas — da experiénca. ‘Locke procurou, ent, descobre quas seriam os elementos corti- tutivos do conhecimento, quais as suas origens e processo de formacio, equal a amplitude de sua aphiabiidade. Em outra pslavras, se homer ‘io possul idéasinatas — 20 eontririo do que afiemavam Piato (428/7- 5318/7 aC), Agostinho, Descartes e outros —, perguntase: como pode 0 bhomem consituir um conhecimento certo e indubitavel e em que casos isso € possvel? ‘Que Stcasrica Pensan? No livro Hl do Enso sobre 0 Entndimento Humans, Locke eomaga por afizmar que as fonts de todo conhecimento so a experiencia senvel fa refleo, Em si mesmas, a experiéncia sensivel ea relleso nio cons ‘stuiram propriamenteconheciment;seriam, ante, process que suprem 2 mente com os materiais do conhecimento. A estes materas, Locke dé ‘nome de ideas, expressto que adie, asim, o sentido de tod e qual: quer contedido do processo cognitivo. "dei é, para Locke, 0 objeto do Ghtendimento, quando qualquer pessoa pers; a expresso "pensa”é as fm tomada no mais amplo sentido, englabando todas as possveis av ades cogritivas.Incuem-se no significado da expresso ida” os "Tan tasmas (entendidos, por Locke, como dads imediatamente proverientes dos senidos), leabrangas, imagens, nogSes,conceltesabstats. ‘Asidlas de sensagio proviiam do exterior, enquanto as de reflexio teria origem no prdprio interior do individuo, Ness sentido, expresses ‘como "amatelo’ “bance”, “quent” designam idias de sersagao;enquanto ts palavras “pensar "duvidar’, "rer" nomeiam ine de reflexio. Estat dune categoris de ideias seriam recebidas passivamente pelo entendi mento e Locke Ihes di © nome de “ideas simples ‘A simplicidade da dia no decorreria de enum carser interior 1 ela mesmas: seriam simples as idas que no se pode ter a nso ser ‘mediante experincias bem concretas, com fro e quene, doce e amargo ‘te. Estas experiéncias coneretas forneceriam idias simples de tr por: de sensagio, de relledo e de ambas 20 mesmo tempo. Exemplos das, primeiras sio 0 quente,o slide, o duro, 0 amargo, a extensio, 0 mov ‘mento; entre a segundas,encontiam-se a atengo, a meméria, a vontade, finalment,idéias simaltaneamente de sensagio e reflexso seriam as de cexisténcia, duracio, némero. ‘A nogio de idéias simples coloca de Smediatoo problema de saber se elas sdo mesmo representatvas, isto é imagens das coisas exteriores 430 sujet que as percebe. Para melhor solacionar a questio, Locke ‘separa as idéias simples em dois grupos. O primeiro ¢ formado por {déias “enquanto percepsdes em nosio esprit o segundo, “enguanto ‘modifcagdes da matéria nos corpos causadores de tais percepcies Estas iltimas seriam efeitos de poderes ou poténcias capazes de afetar 0s sentidos humane ‘Tal distingio conduz Locke a wma outra entre quaidades primsrias ‘© qualidades secundaria dos corpos extrires 2 mente. Assim, Locke transite da teoria do conhecimento para a teria do mundo fisio, As (qualidades primévas seriam insepardveis dos corpos, tis como a soldez, 2 extensio, a figura eo movimento; mesmo que um cero corpo se Vidido em dois, 3835 qualidades pesistriam nas partes resultanes. AS ‘ualidades secundaris, 20 contraro,ndo persistram e no estariam nos ‘objeos senio como poderes para produzir vias sersagdes nos suetos percents; assim ocorre com os Sons, os gostose as cores. ‘As idéias simples constitiriam os elementos com oF quais se formam as ideias compostas, que se dividem em dois grupos. O pri- 1meito & constituido por idéias simples combinadas na ideia de uma coisa nica, como por exemplo 2 idéa de homem ou de ouro. O segundo ‘formado por iddias que se retinem para formar uma idéia compost, ‘mas que continuam representando coisas distntas; &o que ocorze com todas as ideias de relagto, como a de filiaglo, que une, sem alters, as ‘das de pat filbo (© primeiro grupo, por sua vez, subdivide-se em duas classes: das de modo das coisas que no podem subsstir por si mesmas (am trlingulo ‘ou um niimero, por exemplo) eas substincas que, como diz a propria palavea, subsistem por si seria o caso da idéia de homem, entre ouras Os proprios modos dividemese em simples e compostos, ou mistes. Nos primeros a idéia simples combina-se corsigo mesma, como a idéia de ‘imeros, que resulta da combinagio das ideias de unidades; ou a de ‘xpago, proveniente da combinasio das ides de partes homogeneas. Os ‘mode compostos, 4 mists, derivam da comunicacio de dels simples heterogdneas, como a iddia de beleza ou de assassinate [A SuasrAneta IncocNoscivet Segundo 0 projeto de Locke, a tooriselaborada no Ensaio sobre 0 Eentendimento Haneano possbiitasa encaminhar de ovtra forma a sou: ‘lo de muitos problemas filossticos, que 26 as teorias inatstas se jul Gavam eapazes de resolver, Dentre esses problemas, of mais impor Tantes, a seu ver, eram os referentes is nogbes de Infinit, de poténcia fede substinca ( infinite ¢ concebide por Locke como um modo simples, resultante dda repetisio da unidade homogénea de nmero, duracso e espago,dis- tinguindo-se do finitota-somente pelo fato de que tal repetigSo no ter limite, Prtanto, also — diz Locke — consideraro infinite como anterior 230 frto e que frit sea uma limita do infinito, Plas mesmas raze, € falso também conceber tum infinito de peroiio, diferente do into de quantdade. A ideia de poder & concebida pelo autor do Enso como um modo simples, formado pela repetida experiéncia de certas mol provadas nas coisas seetveis eno proprio homem. Este chega ppovler, quando nots que suas idéis se modificam sob influgecia das im [presses dos sentidos ou por esclha de sia propria vontade. A ideia de poder formarse‘ia também quando o homem imagina a posibilidade de fais modifiapbes vem a ocorrer no futur; nesse caso produzem-se as idias de poténcia ava, referent Aquilo que causou a modificagto,e de potéreia pasiva, que diz respeito aquilo que sofre a modificagao. Mas, ‘em geral, iia de poténcia atva sera uma idéia de reflexdo, proveniente das modificages produzidas pela vontade do homem as coisas externas; fesse sentido, a vontade & uma poténcia ativ O terceiro problems sbordado por Locke foi 6 da natureza da substincia. A substincia sempre fot entendida como realidade prim tiva, mas filésofo algum — pensa Locke — foi capaz de dizer claramente ‘que entendia por esse substato de todos os atributos. No Ensaio sabre 1 Enlendimento Humaro encontra-se a tese de que as insufiiéncias das dloutrnastradicionaisdecorrem de terem os filésofoserradamente con- fxbido a substincia como uma ida simples, quando, na verdade, se trata de idéiacomposta. Tomando-e como exemplo 0 auto, de acordo coma tese de Locke, sua substancia no seria mais do que tm conjunto Ge ideias simples, que a experiéncia mostra sempre agrupadas: amarelo, ‘dict, denso ete. Nesse caso a substincia no seria mais do que um modo misto, que & também tim grapo constante de idias simples deno- ‘inadas por uma 6 palavra, saa tee de Locke sobre a substincia nfo significa, contudo, que cle aimasie a realidade como formada excusivamente elas ideas sim- ples; Locke admute a existénca real dae subetincias, mas acha que elas ‘nia podem ser conhecidas em si mesmas. A tese de Locke €, assim, ferente ao conhecimento nio tem, propriamente, um significado meta fisca. A subetincia reduci-se-ia a wma espécie de infinito em ao; existe ‘mas nko se pode saber 0 que sea, e a tinica inwestgacio possvel € 2 pesquisa experimental das qualidades que nea coenstem. Dessa forma, pra conhecer os corpos que compoem 3 ealdade exterior ao homem, & ‘tuficiente considera a substincia um conjunto de ideas simples de sen- sacdo. Analogamente, deve-se entender a realidade interior alma, na me- tafsca medieval) como conjunto de idlas de relexdo, (Os FUNDAMENTOS DA CeRTezA Depois de analisar 0s materiais constiuintes do entendimento hu- ‘mano, 0 Frstio aborda o problema dos limites do conhecimento © suas formas egitimas, ou sj, a verdade. Para oauter,oconhecimento constitui percepeio de conveniéncia ou discordancia entre 3: ides © xprese-se través dos juios. rata, portano, da percepciode vncules, que podem ‘ser de tes pos identdade (ou diferenga), quando se diz que A é Bou A ‘fo By reli, como a expressa na fase “Toso & filho de Paulo”, ou ‘qualquer outa referent a semelhanca e dessemelhanga, maior € menor fe, e de coexstecia ‘Além desses tis tipos de vinculos entre as ids, exitria uma ‘quarta classe de conveniéncia,referente no as relagdes possiveis entre as proprias ins, mas & corespondéncia que uma ida poss ter com a realidad exterior ao expt amano. Nos termos do proprio Locke a quarta Classe de conveniénca €"a de uma exstneia real eatual que convém algo fj iia temos em mente’, A percepyso da exiténeia — diz Lake — € lnvedutivel a percepsio de uma relago entre dus iia, em vitude de a festincs nio ser uma iia como a de doce ow amargo, quente ou fa [Exisem vin epics de certeza com relagio existncia das coisas. Uma primeira espéce a certeza intuit, proveniente da rellexao, ue o homer tem de ss prpriaexisinia, Uma segunda expe seria a certeza demons trativa da exstnca de Deus. Finalmente, uma trcira epic € a “eteza por seneagio’,referente aoe corposexteriores 30 homer. 'A duslidade dos juzos,separando de um lado as relagoes que se poctem estabelacer entre ae préprias ids e, de outro, aquelas que se ‘eforem a exsténia real dos correspondents as dias, coloca-se também ‘quanto ao problema da verdade ede sua contraparte, a falsidade, Segundo Locke, hi ds eategoras de juizos falss. Na primeira categoria, a elaclo ‘expresa pela linguagem no corresponde a relagio percebidaintutiva: mente entre as ins. Na segunda, 0 erro no corsste em perceber mal ‘uma relago, mas em percebé-la ene ideias rio correspondent a qual- «quer realidad. No primeio caso € possivel,evtando ero, formular-se ‘um juizo verdadeiro que, no enfant, nada diz rspeito& realidade; é 0 {que ocore quand, por exemplo, se diz que cavalo alado no € centauro, Somente no segundo caso se pode ter conbecimento rea. Este, contudo, supe os dois elementos da verdade: conveniéncia dae idsias entre sie as idias em roagio a reaidade. Da distngio entre dois pos de verdade deduzemse dois ipos de dlisciplinas cientifias, O primeira tipo — pensa Locke — & constituido ‘plas matemticase peas cgncias moras; elas todo 0 conhecimento é Absolutamente certo porque seu contetdo io ideias produzidas pela pro ria mente humana, Locke afi, por exemplo, que € peretamente de- ‘monstravel que o homieidio deva ser casigado; a certeza dessa demons- tracio seria to segura quanto a de um teorema matemstico. O segundo ‘ipo € 0 das céncas experimentas, que formariam uma drea de conhe- cimento a qual acereza das cncias ieais(matemticas © moras) no ‘sta presente A cereza, no dominio das cincias experimentais, depen: daria do critrio de verfiacSo da conveniénca enze as ideias que estdo za mente humana ea reaidade exterior a ela, [EsrADO NATURAL E LineRDADE. ‘A teora do conheciment exposta no Enso sobre o Entenimento Humane corett uma longa, pormenorzada e hal demonstraio de uma tise: a de ge © conbecimert ¢ furdamentalmente derivado da experincia serve. Fora de seus Limits, a mente humana produzit, por si mes, iin ca valde residiria aperas em sua compatbilidade inera, sem que poss ‘onsieréas expresso de uma ralidade exterior 8 propria mente ‘As teses soca politica de Locke camiaham em sentido parle, [Assim como mio exstem idéias intas no espisito human, também m0 teste poder que possa ser considerado inatoe de origem divina, come ‘queriam os tebricos do absolutism. Antes, Robert Filmer (1588-1653), 0 Autor de O Parizrr,e um dos defensores do absolutismo, procurara de ‘monstrar que o povo nao ¢ livre para escolher sua forma de governo € ‘que os monarcas possuem um poder inate. Contra O Patra, Locked rigia seu Prineiro Tratado sobre © Gaverno Cio: depois desenvolven sas {das no Segundo Tratado, Nele, Locke sustenta que o estado de sociedad «,conseqientemente, © poder polco nascem de um pacto entre os ho- ‘mens. Antes desseacordo, os homens viveriam em estado natal ‘Atese do estado e do pacto social tami fra defendida por Tho: mas Hobbes (1588-1679), mas 0 autor de O Levat nha obetivos intel ramente opostos aos de Locke, pois preteaiajustifiar 0 absolutismo. A diferensa entre os dois resultavabasicamente do que entendiam por estado natural, acarretando diferentes concepes sobre a natueza do acto socal fa estrutura do governo politico, Para Locke, no estado natural "ascemos livres a mesma mestida em aque rascemos racionais’. Os homers, por onseguinte, seriam guns inde- percents © governados pela razlo. O estado natural sera @ codigo na qual o peder exeutivo da lei da natureza permanece exclasivamente nas :maes dos individu, sem se tomar compa Tos os homens partciparam dessa socedade singular que €2 hurankdade,ligarwo-se pelo ame coma da razio. No estado ratural toes os homens team o destin de preservat a paz e a humanidade e eviar fre os dirites dos outes. Entre os dietos que Locke considera ratras, esti o de propiedad, 4 qual os Das Trikes o Gaver Ci concedem especial destague. Aleit 8 propriedade seria natural e anterior &sociedade civil, mas no inate Sua orgem resiiria na relaio concreta enze © homem e a5 cosas, ara o process de tabalho. Se, grasa este, o homer tasiorma as coisas — pens Locke —, 0 homem adgureo dieto de proprisdade: "Todo homer possui uma propriedade em sua peépria pessoa, de ta fema que a fadiga de seu enepo eo wabalho de suas mos io seus’ Assim, em haga de opoe ‘trabalho & propredade, Locke sustentaatese de que o trabalho & a origern ‘© ofundamento da propriedade. As coisas sem wabalho teriam pouco valor, «seria mediante o trabalho que elas devariam o estado em que se en- ‘ontram na naturers,tomando-se propriedades, “Vivendo em perfeta iberdadee iguakdade no estado natural, o ho mem, contudo, esara exposto a certs inconvenientes. O principal seria 2 possivel inclinagio no sentido de beneficiar-se a si proprio ou a seus amigos. Como conseqiéncia, 0 gozo da propriedade ¢ a conservagae da Uiberdade e da igualdade fata seriamente ameagados. Tstamente para eit a concretzagio dessa ameacas,o homem teria ahandonado 0 estado natural e crado # sociedade politica, através de um ontato no entre governs e governades, mas entre homens igualmente livres palo socal no ciara nehum dieto novo, que viese ase acres ‘cenlado aos diets naturais © pacto Seria apenas um acordo entre indi ‘os reunidos pata empregar sua for coletiva ma execu das les naturals, renunciando a executslas pela mos de cada um. Seu objetivo seria a pre servacio da vida, da liberdade e da propredade, been como reprimir a vio~ Iagiesdesses dries natuais. Em opesgio sida de Hobbes, Locke acre cla que, através do pot social,os homens ro renurciam aos seus proprios direitos naturas, em favor do poder dos governantes. 'Na sociedad politics formada pelo contrato, as leis aprovadas por matuo consentimento de seus membros ¢ aplicadas por juizes imparciais tmanteriam a harmonia geal entee os homens. miituo consentimento Colocaria os individaos, ques incoeporam através do paco, em condigdes Ge instar a forma de governo que julguem convenient". Conseqiente- mente, 0 poder dos governantes sera eutorgade polos participantes do pocto sociale, portanto, revagsvel. Hobbes achava que a rebelizo dos Sidadios contra ae autoridades constituas 56 se usin quarto os go- ‘Vernantes renunciam a wsar pleamenteo poster absolute do Estado. Con- tra ess tse, Locke justice o direito de ressténeia einsureigio, no pelo {desuso, mas pelo abuso do poder por parte das autoridades. Quando um [governante se torn tirano,coloc-se em estado de guerra contra 0 povo, Fst, se nto encontrar qualquer reparacio, pode revolae see esse dieito ‘uma extensio do dreto natural que cada um teria de pun seu agressor Para. o homem, a razio de sua pariipagso no contato social evitar © cstado de guetta, © esse contrato & quebrado quando o governante se toloca contra o povo. Madiante o pacto socal dieto legislative e exe- tivo dow individuos em estado de natareza & transferido para a soce ade, Esta, devido a0 proprio cariter do contrato seca, limita © poder politico, © soberano sera, assim, o agente © executor da soberaria do povo. Fate ¢ que estabelace os paderes legislatva, exeestivo ejadicitio {nck distingue © processo de contrat socal — criador da comunidade — io subseqiente proceso pel qual» comunidad confia poder plico sum govero, Esses processos podem ocorrer ao mesmo tempo, mas so ‘aramentedistintos; embora contratualmente relacionados ents 0s In- tegrantes do povo mio esto contratualmente submetidos ao govermo. E 10 povo que decide quando ccorre uma qucbra de confiang, pois 56 0 homem que confia poder ¢ capaz de dizer quando se abusa do poder Com suns iis poitias, Locke execet a mais profunda influéncla sobee © pensamento ocidental Sass tesesencontrantse na base das de smocracis liberais. Seus Dos Tatas sre 0 Govern Cit ustiicaam a revolugio burguesa ra Inglaterra, No século XVII os saminsts franceses foram buscar em suas obras as principaisidins responses pela Revo gio Francesa. Montesquiew (1689-1755) insprou-se em Locke para for smular a teora da separacto dos trés poderes. A mesa inflagnela encor- trae nos pensadores americanos que colaboraram para a deciaragho da Independencia Americana, em 1776 CRONOLOGIA 62 — Nasce fbn Locke, om Wrington, no die 29 de gosta 3642-1646 — Guerra Civil na Inglaterra: paritanos e presbiterianes esco- ces aliam-se contra © rei Carlos I; Oliver Cromwell comanda os rebelde, 11649 — Condenado pelo Parlamento,Catlos é executado a 30 de janeiro, 11651 — Hobbes publica sua principal obra: O Leva 11653-1658 — DuragSo do "Protetorado de Cromwell. 1656 — Locke bucharela'se em arts 1658 — Morte de Oliver Cromvell 1660 — Carlos Il passa 2 ocupar o trono inglés 1662 — Morte Pascal, 1666 — Dee em Oxford primeioencontro entre oftaro cored Shaftesbury Locke, 3672 — Carls Il concede a tolerinca religioa 1675 — Locke tore secrtiio do Const de lange ¢ Comer 1681 — Carls I dissolve o Paamento. 1683 — Morre o conde de Shaftesbury, Locke refupi-se na Holanda, 1685 — Nasce Bach Jaime Il ascende a0 tone ingles 11686 — Isaac Newton comunica a Royal Society de Londres sua hipotese sobre a gravtagiowniverel. Leib esereve o Discurso de Mets fea ¢ 0 Systema Theologicum, 11688 — Revolusso contra Jaime I; sobe 20 trono Guilherme de Orange 11669 — Locke rear 3 Inglaterra 1689-1690 — Si pias ox Doi Tatas sobre 0 Govern Chi de Lace 1690 — Locke eta 0 Ensaio sobre 0 Entendimento Human. M2 — Coma morte de Guilherme de Orange, sobe 30 trono sua filha Anne. 1704 — Locke morr em 28 de outubro, BIBLIOGRAFIA CRANSTON, M. W: Join Locke, «Biography, Londres, 1957 -MACPHERSON, C. B: The Political Theory of Pssesie Individualism, Ox- ford University Press, Oxford, 1962 SSABINE, GH A History of Poltial Thor, George G. Harrap &e Co. Lid ‘Londres, 1968, AARON, R.I: Join Locke, Oxford atthe Clarendon Press, Oxford, 197. LEROY, A-L Locke sa Vie son Ceuore — avec un Espst desu Philosophie, Presses Universaires de France, Paris, 1964 OCONNOR,D. J Jol Loc, Pelican Books, Londres, 1952. LASLETT, P: John Locke's too Trestss of Goverment, Cambridge, 1960 POLIN, R: Lr Politique Morale de ohn Locke, Presses Universtaines de Fran- ce, Paris, 1960. DUNN J: The Political Though of Joo Locke, Cambridge, 1969 YOLTON, J. W: Locke and the Way of Ideas, Oxford, 1957 RYLE, G: The Concept of Mind, Londtes, 1969 COLLIER; Th Eseyis in his Essyin foi Locke: Problems and Perspectives, ‘editado por |. W. Yolton, Cambridge, 1968 MANDELBAUM, Mc Locke's Realm in Philosophy, ‘ception, Baltimore, 1964, tence and Sone Per NOTA DO TRADUTOR A pease atu tics fandanettnent ma li brite do nce por A. yom 19091 iy We ain th noe eter Late pug psn CARTA AO LEITOR Lerror, {loco em suas mos 0 que tem sido opasatempo de algumas de minis ort mai ois edifice. Seer abo ore de mostrar assim pra alguns de eos es oc era io apenas a metade do pacer que Hoe a9 escrevel, ‘ec pens to poco sobre seu dinero como eu actrade meas al empregaos Sofiments, NBO interpret sa como wa remo 20 mea trabalho, ert fonclut, com base no pazer que tice ao eserewble, que esti por 0 ap omadamente casa por minha relia. Quom ta apa etoas e paris prtica tno esyorte,embor ns emoges seem Miers quanto & pessoa gue Se Uedice a jgoe mis interessante. Asin, entende muito malo asunto deste fratad, toe 0 Entendimento, quem desconkae gue por se tratar da faculade rns nobve dale, ele € utiliza com maior mais constant agra do gue (utr qualquer. Sua bus do verdade conse mua epi de flour, que Implic acetar a prpriaperseguigSo como considerdelespecto de raze. Cada puso da pla mente em su progress ta dro do Conhecimento meee 0 minor por on lgum deentimento ne 53 novo como o mas apropriio Tita, portant tor, do entreteniento de quem ibeou seus pripios pensamentos eos fo regsirando medida uecseeez, ni ln cabendoie-e, Dost fee oportunidad pra dvetimento seeltante, se 8 media que © for leo rcorer as seus prdpris pnsamentos. Ea les, se hes sto pripries, |g me fir ras, se dpendero de cronga de cute dei de er importante {erage si, pen decrrem da verdad mas de alga cosiderago mas especie, e i tle apo se praccupa com 9 gue ise ov pers quem diz on pens to somnte de aondo coma vinta de orem. Se coc alge por Si mes, estou seguro gu alga honestamente, ero sei, pos, prejulicado fw endo, sa qual for sua erica, Embora sei certo que nada ha neste tna acerca do verdad que no tense Easendo em minha total prsuaso, spear diss, considera me 9 sujio ao erro como, pons, vac. e se gu ete Too depend de od pare prdura ou frcasay ado por caus de nha opi, ‘mae devo sa propia opine. Sev desea pea casa rele qi Ie St ooo istrato,nab deve por iso me acu. NEO € enderjado aos gue jt lominarant este assunto coma qual encanta profundamentefniiariados tstaeés de seus propricepensamentos, mas visa inka prin informa € atisigto de alguns amigas que rconkecram no ter consderado o aiuto Suftentement. Se ose adequad fcomadilo coma hstra deste Ensaio, de ‘ria dizer fe que cinco 0 seis amigos reunios em meu quite discrrendo terer de ssunto bem remote do presente, fer perpleos, decide is difculdes (que surgiram de todos os lados. Ags leraas por certo tempo nos confur, {im ns aproximarmos de nenfura slug acerca das dias qué mos tnhar tla pepleses,sugin mt meus pensamentos que seins oceminko erat, antes de ns ns incarmos em esas desta aurea, seria neesio ea ‘hinarnosss propria hablidades eeveriguar gua objeto so e quts no slo (alquas par stem tatados por oss entendiments. Props to as meus Companhetos, ue prontamente concordaram,e, portant, facto que ela de feria ser moss primeira inesiqagao.Alguns pensamentosprecipiado ¢ mi igre, jamais consideados acre dst assurt, foam sugeridos pare nossa Dprixima reunite fornsceram o primero tpico deste discurso, que, tendo come fad por nas, fo cntinuado por slag, escrito por pares incoerents Tepis de Tonos interalos de ehandon,reiniciado de now, segundo met peramento on casio o permite, fnalment, devid does gue meabrigou {me lar e dew acer fi ergantzado na rdem em que the €apesertad ste manera descontinua de escrever deve te casonao, alm de outros, ois deetes ops, a saber, exes eescase de informa. Se voc descbrit lo faltando, fared muito contente em saber que que eserevi dete ensed para saiciar me que deers term extend moassunt, See parece dasa, Inc deve erro aunt, pos, quando calaque a pena sobre o papel, pense fue tudo que devia excreer sera do asst deveria ser conti apenas nua fatha A medida, pore, que prossegui, aumertaot 0 projto que tin; 00s Uescbrimentoslevoram-me siete e deste modo, eesceuinsensioeimene «che gw ao tama en que agra epree Nao neare que possvelment su taanio deo ser redid, equ algumas poles dle sjam resumias, if gue, por tr Sido escrito, como se por etapa com longs interns de interrupo,resltow fm alums reptiges: Mas, pra ser franco, enconto-me,presentemente, mito prego, on mito oeupado, pra reoease reduc ‘Nao ignoo que pouo lew em considera minha propia repatao, que reconhecdamente 0 dix continuar com un defi, 180 uprapriado pars asagradar sos mais judicbsoe, que sempre soos Ietoes mas agrafves. Mas ue ester famiirizad com a indonca ese content com qualquer desu Ine perdi terno por daminar-me, pis penso.a eno em muito Uw dose. Nio alegre, portant, em minha deft, que 2 meson nolo pss, polo fat de tr diferentes sents, eer ou ser necessria para prover istrar| bias porte do mesmo dscurso,o ue aconteceem divest partes deste, Deiardo [Sao de lado, recobecere facets gue por ees tae longomente do mesmo trgumento co expose de modoe diferentes, com ume deg be diferente ao pretend publica ete Ensaio vsando a informar os harens de pensamentos roles pospcici, pis, em velao a as mustes do eonbeiment, conse rove wm esudant,e, portant, 05 aio de antemio no esperar nada aq (eet 0 gut, tend sido desiado de meus pensamentos gross, ¢aproriads amons de mink propria ettur, aos gua ake, no ser that fue tena me efor pra tora clr e fli os Ses pnsamentos cetas ‘erdades que 0 preoncioesabelece, eu o aspect strato das propria dias (que pode tories dificis. Alguns objets pecisram ser ecards de todos 05 Tose, quando «roxio € nova, como eit gue algumas dss sopra min, ‘ow apertadas do comino erin, come suspeito qu aareero a outrem, Sedna simples apresenioio dito que fart com gue see acct por cada er fendimento, ov port ft como uma inpressio clara e permanente. Acredito {que poucs no bseroom pr si pips, cu, em cules, que 0 qu linha sido ‘propio de manzire muito obscura trnowse muito ear intel mediate ‘tro meio para exprest-lo, enone a mente tea dees encontrado pouc di renga mas frases, endagado porque um foi meno entendida que our, Mas rem tudo ince da mesma manera na imapinagao de todo harem. Noses en fendimentesndo slo moncs diferentes gue nosis paladares. Na verdad, ue smeacoscliaram a publica, aconselharam me or ta rsd, a publi lo como Sule, desde gue fut luado a deintloapreer dsj guest entendido por ‘quem Sed2 20 tablho de Uo. Tenko do poucointeese em er presses ‘inka obras que, se no estvesse persuade de gue este Ensaio poder se de gue wilde cs ours, como penso qu of para mim, er-me-iacontentado fen most alga emigos gue mo npiraram. Portnt, minke manifest pel imprensa tere o propesto de ser #30 i quanto pol; por i julgo hecesario formar 0 gue tenho a der fie stl toe epee postal de Tere. E preivo gato po especulton e perspias reclame dee sera certo ‘Ponto monston, a gue quem mio est habitaado com especulagbes abstalas, ‘tea imbuido de nogtes diferentes, acabe por se eguiocer ou so compreender meu pensament osselmente ser critcado como exomplo note de oidade ow incléncia (mini parte pretender instr a noes bia epee st citica & no enlan, reno sgicaton gum concorde com a publica deste Enaio com oto de gue sila oxtrem. ‘A comunidad cietfin de nossa aca no se encontra sem wm arquitt, ‘uj noaveisdesenbes, mpusionandoo progress das eines, dearlo mo- rumenios permanenes &posterdade. Mas nem tes deem almear ser um Boyle ou uo Senta, ¢ nara epacs em gue so prodasids mestes como 0 okve! Huygens eo ncompardoe! Newton, eoatron da masa esting, comsiste ‘em suficente ambien ser empregado como tom trabalhader inferior ue lp tum pouco 0 terreno ¢ remove pare do ental ue eté no camino do conhec iment. Certemente,o muda estaria mato mas aientados oer de homens lengenhosose prspiaesnioestiese #80 embraced pela eri e plo so alo determosdesconheidos, feeds ining, introduides msc, fend dso urna area tal ponto de a fils, que nada mais € do gue 0 terdadeiv conecimento das clas, torn Se impropia ou inca de er ape nda poe soiedade mai efinada¢ nas conversiserudias, Formas vies e sem Sead de falar, «abuso dx Finger, tm por muito tempo passado por Inistrios da enc paras dif ema empregadas, com pouco ou neue Seno, tm. por preseid, tal dit que si confandidas com o pensamento round e 0 cume da execu, sendo dif persuadir no 350s que flan amo 08 que or owwen que Sb apenas abrigos de ignordciae obstcalos 20 ‘reir conhecmenta,Suponho gue interromper 0 santudrio da idee e {gnordnca ser de alguna wtidade pra oentenimento urano,emborspoucos {Stejam apes penstr que evgana ou do engaradas pelo uso das polos, ou (que lingogem da seta «ue petencens tome gualuer defito que devas nina «eorrigido. Esper, pos, ser perdoad se att logamente dese as Sunto mo Lio Treo, em que tent alo de do simples, ara que nem 0 ‘auicalismo do dana, nem 0 predomi d cstume, sim dsculpas aos que no Se preoupn com o significado de suis propriaspolorase nfo empreendem su pesquisa Sabre o significado de suas exresss, - INTRODUGAO 1. nvesnicacAo do entendimento, agradivel e itil. Desde que © evtendimento situa o homer acima dos outros seressensiveis,e délhe toda vantagem e dominio que tem sobre ele, consiste certamente nu ‘pico, ainda que, por sua nobreza, merecedor de nosso trabalho de vestgtlo.Oentendiment, como oolho, que not fat vere perceber todas as outras coisas, no se observa asi mesmo; requer arte eesforgo sitio a distancia e farB-o seu proprio objeto. Qualsquer que sejam as dificul dades que etejam no caminho desta investiga, por mae que perma: resamos na escurdio sobre nds mesinos, estou seguro que toda a Iz {que postamoslangar sobre nossas ments, todo conhecimento que pose ‘mos adquirr de nosso entendimento, nfo sea apenas muito agradvel, ‘mas nos tard grande vantagem 20 orienar ness pensamentos na busca de outras coisas, 2. Designio. Sendo, portanto, meu propésto investigar a origem, ‘certeza © extensio do conbecimento hunano,jantamente com a bases © graus da cen, opiido e assetimont, nfo me ocupael agora como exame fisico da ment; nem me inquitarel em examinar no que concise su ‘sénca; nem por quais movimentos de nossos espiitos, ox allerages de rossos corpos,chegamos ter alguma sensafao mediante nossos Gxpios, ‘94 qualquer is em nossos entndimentos e se, em sua formagio, sgumas daquelas ideias, ou todas dependem ou nlo da matéra, Embora fais especulagtessejam curiosas e diveridas,rejltlas-el por estarem fora do eamninho no qual estou agora empenhado, Ao meu presente proposito Sera suficiente considera as faculdades dicernentes do homem, © comno las do empregadas sobre os objetos que les dizem respito, Eimaginaret ‘que no tere divagado em pensamentos surgidos nesta ocasito se, me- lant este simples método historic, puder dar algum tlato dos meios pelos quaisnossosentendiments alangam as nogbes das coisas qe pos Sums, e puder etabeloceralgumas medidas de certeza nosso conhe- cimento, ou as bases dessas persuasses que sdo enconradas entre os ho Ines vats diet ent ona Edema “erifcadoalgum lgar ow out comntl sxpurana conan, para quer sso em conta a Spies do humarisi,chera nin pow © 30 tress tempo, coierao alto ©» devoySo com os quis ls sB0 erat fades, a reso e avider por meio das quas els io mantdes, hi {tives ano para sspear genio hi de mod alga tal cis como 2 ‘erdae- ou gue a humana 0 em mele oBentes pre alana sium conhecient cert. {3 Método, Vale a pena, portant, pesquisar os limites ene a opinito ‘© © corhecimento,e examinar por quais medidas devemos regula noss0 Ssseniimenta © mederar noses persuastes a respeto das coisas de que no temo conhrcimento certo. Com visas a iso, seguro segunte meted: Primeiro, investiga’ a origem daquelas iis, nosbes, ow qualquer cutra coisa que he agrade denominar, que homom observa, éconsciente {de que as tem em sua mente, e 0 meio pelo qual o entendimento chega ter dela provido. ‘Segundo, ental mostrar que conhecimento entendimento tem dessns iis, ea certeza,evidéncia e extensio delas. "Tereio, fare algumainvestigagao acerca da naturezae fundamen tos da fou opin; entendo ito como 0 assentimento que dames para {qualquer proposigi como verdadsira, ov dessas verdades de que ainda ‘Ro temos conhecimento cert, Tereos, assim, ccaslo para examina as razbes grass do aseninent, 4. i saber a entenso de nasa compreensto. Se por et n- wes src tures do elena er eo Gere sleonde peetram, para econ soem algum gra stds, ‘onde nor st dicen, suponh queso pode svi pra persuadir ‘lonpade mente de homem e way eis cautla quando se envale com ota que evcadom son compreeno, paar quando 9 asso € muito Crier para suas fogs © pernanece em slencioraIgnorcia acerca dies cos que © same fveou stare fora do aance de ross Capeciader, Ni series, ver to precipice devo 8 presario Geum confecimento univers poo deievenarmos quests de tos confines evo oon com inputs sobre clay pa a ais feos entndnento ost aceon podemos formar {im cas metes nears perp cra © distin de gue (como ttm aver conte com mut Requenca) no eos de modo algu teria roo. Se podernos deacobie at once 9 enterdimento ode Sete, at onde sas facades poem aangar a ceteza, © ‘juss casos ele pode apenas jlgareadivinasaberemos como ns On. {Grae com o que alengSvl por nds nesta stuaio. 5. Nossa capacidadeadequada para nost sitaci e ssuntos. Em. tora a compreensio de nosis entender io correspond & vata totesto de cous, snda assim terenessuficete motive para gorfat S genersidde de nono Astor por eta posi egau de conhecimento tatorgados ais por ele, superiors acy outros hibiantes desta nossa Stora. Os homens em zi praetr ben stsfeton com o que Deus person que Ines ere adaquada, pots te Ines deu como diz Sto Pedro, Pas zon a ete, tad que € neces pa as convenncas 4s vid einvormapio da vitude,e colacow ao alae de sun descobeta Jrovisfo sue para esa vida eo meio que lve para uma melhor. Pormais reso queessja cru conhecimentode uma cmpreenstopertla ‘univer do que quer que sj sia asim as nprtantes preocupe {es dos homene si asepuradas de hz sufcenle para sansa 9 co Iheimento de seu Ciador ea sbseiagio de sexs propio devers-O> homens encotram suite mata para ccuparsuan bras empegat suns mlos com varilade, delete e salslags, se nio dscordarem at tamente de sua propria contigo e eitarem as bingo com as quts uns iden eto supidas, porque no soo sufcenlemente grandes pare fear Nioteremos motives para no usa da trea derenaas ‘ents seas empregarmostosomente mo que oe ¢allzsvel paso {ue so mult capes pois mo srt apenas inperdodve, como tper thenteciancce, e menerprezarmor as Vanagere de nose conhecneno ¢ decdarmos Ge aperfene-o parce ins aos quas ros dado, porque teres cones se encontrar fora de seu akance: Nio const desuipe fara um servo fro eel, que nia culda de sees negocios eae Tarde velaslegar qu he faltava a len az ols Avea que for coloceda ems bia oufciete prs todo ov nose propontos As deseberas {ue poceros fazer com iso deverstisaze how devemes, eno sat ‘ows entendimentoecrretaments quando vamos em oidergdo to dos os aeton dete meio er que poporo se arta Se owas fa ‘lade em cos funcamenton os pec se proposes; no necesita ‘de demonstra dogma e imoderada, exigindo apenas cerca a ‘angel pela probbinade que aie pra oietar ode os nesses {Senunes edesceosde do poe no podemosconbecergprsamente tos a ots, deveramos ina os que 130 ica de suse eras ‘ermanecend parados morendo,porue Ihe alt ass para vont 6.0 conhecimento de nossa capacidade, uma cura para o ctiismo { ociosidade. Quando conhecermos nossa propria fora, saberemos me: hor o que intentar com esperangas de éxito; quando tivermeos examinada ‘om culdado os pore de noses ments, felt alguma avaliaglo acerca do que podem esperar dele, nio tenderemos a ficarinativos, dexando 4e por nossos pensamentos em afvidade, pelo desespero de nada conhe- cermos; nem, por auto lado, poremos tudo em divida e renunciaremos {iodo conheclmento, porgue alums coisas 1 so compreendidas. Ede grande utiidade para 0 masinheiro saber a extensio de sua linha, embora nfo posa com ela sondar toda a profundidade do ocean. E conveniente que saa que ela ¢suficientemente longa para alcangar © fundo dos hagaresnecessiios para orjentar sua Viagem e preven-lo de tesbarrar conta excolhos que podem dlestrurlo. N3o nos diz respaito co ‘nhocer todas as coisas, mas apenas as que se referem & nossa conduta, Se ppdermos descobrir aquelas medidas por meio das quais uma erature Facional, posta nesta situaglo do homem no mundo, pode e deve drigir ‘suas opinioes © agdes delas dependentes, nfo deveremos nos molestar porque outras coisas eccapam a0 nosso conbecimenta 7. Motiva deste Ensaio. Fo isso que deu, no inicio, nascimento a este Ensio area dp Entendimento. Pensel que © peimeiro passo para se stave a wiriae indagagbes 8 quai a mente do homem estava bem apta para tender seria ode investiga nossos propos entendimentos,examinar roswos priprios poderese Ver pura que coisas eles esto adaptados. Até ‘qe ito Fosse feito, suspeitava que comecava pelo lado erzada, em vo Procurava saisfagio numa trangiilae segura posse das verdades que Innis nos dizem respeito, se deixdssemoe nossos peneamentossotos nn ‘asto oceano do ser como se todas esas extensdesiimitadasfossem de ‘posse naturale indubtavel de nossosentendimentos, em que no haveria ada que nio dependesse de suas decises, ou que escapasse sua com- preensio, Ampliando suas investigagdesalém de suas eapaidades,e de ando seus pensamentos vagarem em profundezas 4 tal porto de Thes {altar apoto Seguro para o pe, nso & de admirar que os homens levantem quests e milipliquem disputas acerca de assuntos nsalves,servindo Spenas pars prolongar © aumentar suas dUvidas, e para confirmilos a0 fim num perfeto cecisma Sendo bem examinadas as eapacidades de rnossos enfendimentos, divisando o hoeizonte entre as pats iluminadas ‘cas excuras das cosas — entre o que podemnas¢ no pedlemos compreen: der —, os homens concordariam, talvez com menos éscripulos, em feco- Inhecer nossa ignorincia acerca de uma cosas, © empregariam seus Pen- samentose discursos com mais proveito satisfac20 na resolugae deoutas. 8.0 que significa “idea Julgues necessio dizer tudo isso acerca do motive desta investigagso do enlendimento humano. Mas, antes de prossegnir no que penser sobre este assunto, aroveito eta oportunidad 2 pedir pero a0 mew leitor pelo ano Frequent da pala ile, que le encontars adiante no tatado,Julgo que, sendo este 9 temo mais Indicado para signifcar qualquer coisa que consiste no ajo do entend mento quando © homem pensa, usevo para expressar qualquer cosa que pode ser entendida como fantasma, nogo, especie, ou tudo o que pode fer empregado pela mente pensantee néo pude evita seu wo frequent Suponho que me seréfaciimente concedido que hi tas ideas nas mentes dos homens, Cada um tem conscignca delas em si mesmo © as palavras ‘ages dos homens o persuadiao de que elas existem nos outros. Portanto, rss Prien ivestigasfo consis em vera como eas aparece Livro I NEM OS PRINCiPIOS NEM AS IDEIAS SKo INATAS Caprftuto I [No Ht PRivcinios INATOS NA MENTE 1A maneira pela qual adguirimos qualquer conhecimento cons- tituisaticiente prova de que ndo € inato. Consiste numa opinito eta- belecida entre alguns homens que 0 entendimento comporta certs pr pion nates, certs mages primis, tina ro, caracteres, 0s quals es tariam estampados na mente do homem, caja alma os reccbera em seu ser primordial eos tansportaraconsigo a0 mundo, Seria suficiente para convencer os leitores sem preconceito da falsidade desta hipstese se pu: ‘ease apenas mostra (0 que espero fazer nas outras partes deste tatado) fame 0s homers, simplesment pelo uso de suas faculdades naturals, po- ‘dem adquiis todo conhecimento que possuem sem a ajuda de impresses Inatas e podem alcangar a certeza sem nenbuma destas nogBes om prin- ciples originals 2.0 assentimento geral consste no argumento mais importante. [No hé nada mais ordinariamente admit do que a existénca de certos _rincipies, tanto espeultioos como prices (pois referee 40s dois), com ‘8 quais concordam universalmente todos 0s homens. A vista diss, a fgumentam que devem ser niformes as impresses reebidas plas almas flor homens em seus sere primordinis, que, wansportadas por eles a0 ‘mundo, mostram-se tio necetssriase reais como 6 sho quaisquee de suas faculdades inatas 3. 0 acordo universal nto prova o inatismo. O argumento de- ‘vado do acordo universal comporta o seguinte inconveniente: se for verdadeiro que existem certas verdades devido a0 acordo entre todos (08 homens sto deixard de ser uma prova de que sto inatas, se houver ‘outro meio qualquer para mostrar como os homens chegam 3 sma ‘oncordincia universal acerca das coisas merecedoras de sun anna Suponho que isso pode ser feito. 4.70 que 6,€°, "€ imposs(vel para uma mesma coisa ser € no ser” nio sto universalmenteaceitas. Mas, © que € pio este argumento a anuénca universal, usado para provar principio inatos, parece-me tuma demonstragio de que tal coisa a existe, porque nfo nada passivel {de receber de todos os homens um assentimento universal. Comecarei pelo argumento especlativo, recorrendo a um dos mais lorifcados pri pics da demonstracso, ou sep, “qualquer coisa que ¢,€° e 8 impossivel [para a mesma coisa ser ¢ nfo tr", por [ulgi-los, dentre todos, os que frais merecem o ula de inatos. Esti, ademas, a tal pono com a repu~ {acto firmada de méximas universalmenteacitas que, indubitavelmente, seria corsderad estranho que algaém tentassecoloc ia em evida. Ape- ‘Sar disso, tomo a Uberdade para afizmar que estas proposies se encon- tram bem distantes de receber um assentimento universal pos no S30 conbecidas por grande parte da humanidade. 5. Nio se encontram naturalmente impressas na mente poraue indo do conhecidas pelas criangas,idiotas ete. Em primeir lugar, € ev: dente que nio s6 todas as crangas, como os Idioas, ro possuem delas ‘a menor apreensdo ou pensamento. Esta fall & suiciente para destrulr o assentimento universal que deve ser ecessariamente concomitant com todas as verdades inatas, parecendo-me quase uma contradigio afirmar ‘que ha verdades impreseasna alma que no so percebidas ou entendidas, jf que imprimie se to significa algo, implica apenas fazer com que certas vverdades sejum percebidss. Super algo impresso na mente sem que la © pererba parece-me poucointligiel. Se, portanto, a5 ciangas eos idiots Possuem amas, possuem mente, dotadas destas impresses, deve ine- Vitavelmente percebé-las,e necestriamente conocer eassentir com estas Verdades; se, 20 contro, nio ofazem,tem-se como evidente que essas impresses no existe, Se estas noySes no esto impressasraturalmente, ‘Como podem ser inalas? E se sio nogdesimpressas, como podem ser des- Conhetidas? Afrmar que uma nogio ests impressa na mente e, 20 mesmo tempo, airmar que a mente a ignora e jamais teve dela conhecimento, implica reduc estas impresses a nada, Nio se pode amar que qualquer proposigio ald na mente sem ser jaa conhecida e que jamais se tem isto eonscigncia. Se iso & possve, segue-se por semelhante ra2a0 que todas as proposgtes verdadatas, sem que a mente sea jamais capaz de hes dar o asentimento, podem ser afimadas como perncentes a mente ‘onde se encontram impresss, visto que se algo € considerado abarcado ‘ela mente, embora nfo sci ainda conhecido, deve ser apenas porque se capac de conhectlo, assim, a mente &formada por todas as verdades ‘que sempre conhecers. Deste modo, estas verdades devem esta impressas tha mente, que nunca nem jamais a8 conhecers, pois um homem pode ‘iver longamente,e,finalmente, morverignorando muitas verdades que - sua mente seria capaz de conhecer, 0 que o faia com certeza. Poranto, se capacidade de conhecer consist aa imprest natural dsputada, de- fore da opiio que cada uma das verdades que um homem jeraische- garda conhecerseré considerada inala. Este ponte importante no equivale # nenhuma outra coisa, apenas vealga uma manera inadequada de fla, femora visindo a afirmar o contrério, nada firma de diverso dos que ‘negam os principiosintos. Penso que ninguém jamais negou que a mente seria capaz de conhecer varias verdades. Afra que a capacidade ¢ inate, ‘mas 0 conhecimento aguirido. Mas, entSo, qual a fnalidade desta con. teovérsa acerca de certs maximas inutas? Se as verdades podem estar mprescas no entendimento sem que a8 perce, ndo diviso a exitencia de nenhhuma diferenca entre qualsquer verdades que a mente &capaz de concer, com respeito a sua origem: todas devem ser inatas ou todas fdquiridas,em vio uma pessoa tears dstngutls, 6.Encontram resposta dizendo que os homens sabem quando che- gam 20 uso da razio. Para evita isto, responde-se ordinasiamente que todos os homens sabem com elas aguicicem quando cham ao 10 da aie, e que sto ¢sufciente para provi-lasinaas 7. Esta resposta deve sgifar uma de dus coi: logo que tomers comer a usa fri, etn spostas nei ats fam 1 Ser po les concn e obseFvdas ou que o uso ower dado des homens or suai nadescberts deste nip, farendo com gue ‘ts, ceamente, se fomem conhecides paces 8. Se a razto os descobre, nio ¢ uma prova de que sto inatos. Se ‘querem dizer que mediante 0 uso da rao os homens podem descobrit ‘tes principos, endo iso sufiiente para proves inaos, esta manera de argir implica o sequinte sejam quai forem as verdades reveladas pela razio, ecom as quals somos levados por ela a concordat com firmeza, fodas estas verdades encontram:senaturalmente impresses ra mente, wna vez que o assentimento universal (suposta sua marca caracteristien) lo ‘equvalea mais do que isto: pelo uso da raz somos capazes de aleangar ‘certo conhecimenio ¢concordar com ele. Por este meio, nao havers dife Fenga entre as maximas cos matematicos es teoremas deduzidos dela, evendo tudo ser igualmente suposto inato, endo todas as descobertas ‘alizadas pelo uso da raz, as verdades que uma ciara raconal deve, ‘amen, conhecer, se apicar seus pensamentos des manera comet, 9. falso que a rio 08 deseabre. Como podem, todavia, estes ena e ous da raz €necessio pata dscobi prin ‘qe so supstos inatos, quando tarao (ee podemos ated) fda mais & do que a faculdade de deduzirverdades desconhecidas de prin “pos ou proposes conhecdos? Isto, ertamente, nunca pode ser pen Saco ato, se necessitamos da azo pata o descobrit, a menos que, como ise, consideremos inatas todas as verdades infaliveis que a razio nos ‘emina, Podemos igualmente pensar 0 uso da razio necesstio para fazet rossosolhos descobrirem abjtoswisveis, como deveria haver necessidade {ha razio, ou de seu exercco posterior, para fazer 0 enterdimento ver 0 ‘gue estéoriginalmente gravado nele,€ ado pode estar no entendimento nies de ter sido percebido, Deste modo, para fazer razio descobri fans vetdades assin imprescas, seria o mesmo que dizer que o uso dt ‘arBo revela ao homem o que antes js conhecia; sos homens tm estas ‘erdades inatas impress originalmente, e antes do uso da 14230, per Tmanecendo delay ignorants até aingirem 0 uso da razio, coniste ext STfirmar que os homens, ao mesmo tempo, asconhecem eno a conhecer, 10. Diese talvez, que as demonstragdes matemstcas, «outras ver aces que nio si inal, no sboacetas to logo propostss, distinguin- ‘dose, asim, dessos maxims de outras verdades inatas. Terei oports- nidade de abordar sas ormenovizadamerte no futuro 0 aseninento cera da primeira proposigi. No momento, concedereiapenss.e de modo reve, ue estas minimase as demonstaqGes matematcas difeem nist: numa term necessidade da 12230, do uso de provas, para demonstrila ¢ Feceber nosso asentimento, outa, porém, tio logo entendida,& sem © ‘menor racicini, compreendida e assentada 11, Quem se propuser a refletir sem muita atengo acerca das ope ragdes do entendimento descobrirs que 0 pronto assentimento da mente ‘com referencia aalgumis verdades nao depende de uma inscrigio natal fou do uso da aza0, mas de wma faculdade da mente bem distnta das (das, como veremos adiante, A raz0, portanto, no contribu para ocx Sonar nesso assenimento a estas mdxlmas, afirmar que os “homens “nem e concordasn com eas, quando chegam 20 uso da faz30", querendo om isso dara entender que oso da razso nes auxilia no conheimento ‘dstas madnimas,¢ineiamente falso , se isto fsse verdadero, provaria ‘gue elas 530 iat. 12, A posse do uso da rardo no corresponde ao instante em que chegamos a conhecer estas méximas.Se conhecélss eaceiti-las "quando possulmos uso da £4280" significa que este €o instante em que as ob Exrvamos através da mente; , logo que as criangastenham posse do ws ‘da aro, iguelimente coahecem e concordam com ests miximas; tudo {sto igualmente false frivolo,Primeiro, consiste numa falsidade porque ‘evidente que estas maximas ro se encontam na mente tio cedo quanto stone pant einen tnt tmpemene sian ac Sacra ra pacientes ome eaten mera mole atte ners moeernaintain a eireee race SRS gat cima sea tials endl imran mar atin sahara man eres cae eee raster a cers mars atc aehan Diels cite tmammernenae te esas SESE Shine pirnsseme cameras eee ee SSS eet 14. Se a posse do soda ano foseo instante de sua descabet, {sto no a provari inata, Mastnsogund gars eee vedi fc e instaie eat em ques conchae aes coesponese 1 ples doo da rato fon homens, sem no a prove ats te mung de arg € to tla como » propia spon aoa, Com eft por al ip eke tn qu unger nos ot ona fo naareza imprest na mente em um primes ove, por Seo coma a set obpervadoe aceito quae uma fcalnde da ete ‘ue lem um compo tem tent cemagh se xe? 15. Os pasos pelos quis» mente aleanga vila vrdads. Os sents iniiatment ta com dens pl, pesca fete sniavaco, mente se amare adatvamente com ages dls, depends na memiria designe portome Matanle 4 mest presen em aun arcs a val abso, speendend fyadusiment oso dos nomes gers Pr ante mses mee vaso Shqusceno com dae linguagem mata com au exes sn te curio ede el am landose em vrtde do emprego desses materia. Era posse de Sis gras o aso de palavran pris ex ao gealmente ces pes ‘0 vj como io pons ce slgn mo prov insta Conc fc @ conhciment denigumasverdades aparece bom ee ta ment Sas 4 mot que mosta que nio sb insta. Poise observe desc que sto contin amb com a as n-aa, s age ‘as end auc primels impress por cose externas, as ‘xlangas se deparam bem cod, ocastonano as als feet

Você também pode gostar