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20 1. 20) 2. (20) 3. GRUPO! A Apresenta as tuas respostas de forma bem estruturada, Lé atentamente, o seguinte texto, No verdo, Pedro partiu para Sintra; Afonso soube que os Monfortes tinham Ié alugado uma casa. Dias depois o Vilaga apareceu em Benfica, muito preocupado: na véspera Pedro visitara-o no cart6rio, pedira-lhe informagoes sobre as suas propriedades, sobre o meio de levantar dinheiro, Ele Ié the dissera que em setembro, chegando & sua maioridade, tinha a legitima da mami... Mas no gostei disto, meu senhor, nao gostei disto. ~E porqué, Vilaca? O rapaz quererd dinheiro, querera dar presentes & criatura... O amor € uum luxo caro, Vilaga. = Deus queira que seja isso, meu senhor, Deus o ougal E aquela confianga tio nobre de Afonso da Maia no orgulho patricio, nos brios de raga de seu filho, chegava a tranquilizar Vilaga. Dafa dias, Afonso da Maia viu enfim Maria Monforte. Tinha jantado na quinta do Sequeira a0 pé de Queluz, e tomavam ambos 0 seu café no mirante, quando entrou pelo caminho estreito que seguia muro a caleche azul com os cavalos cobertos de redes. Maria, abrigada sob uma sombrinha escarlate, trazia um vestido cor-de-rosa cuja roda, toda em folhos, quase cobria os Joelhos de Pedro, sentado ao seu lado: as fitas do seu chapéu, apertadas num grande lago que Ihe enchia 0 peito, eram também cor-de-rosa: e a sua face, grave e pura como um marmore grego, aparecia realmente adoravel, iluminada pelos olhos de um azul sombrio, entre aqueles tons rosados, No assento defronte, quase todo tomado por cartaes de modista, encolhia-se 0 ‘Monforte, de grande chapéu panamé, calca de ganga, o mantelete da filha no brago, 0 guarda- sol entre os joelhos. Iam calados, nao viram o mirante; e, no caminho verde e fresco, a caleche ‘passou com balangos lentos, sob os ramos que rogavam a sombrinha de Maria. 0 Sequeira ficara com a chavena de café junto aos labios, de olho esgazeado, murmurando: = Caramba! E bonita! Afonso ni respondeu: olhava cabishaixo aquela sombrinha escarlate que agora se inclinava sobre Pedro, quase 0 escondia, parecia envolvé-lo todo ~ como uma larga mancha de sangue alastrando a caleche sob o verde triste das ramas. ga de Queirés, Os Maia, cap. 2015, Port: Livtos do Brasil, pp, 31-22. Divide o texto ern duas partes e sintetiza o conteddo de cada uma delas. Refere 8s indicios do deseniace tragico da paixdo de Pedro por Maria Monforte. ‘dentifica o recurso expressivo presente em “e a sua face, grave e pura como um marmore grego™ [1.17], salientando um efeito de sentido. fou. leo). GRUPO B Leo texto, Carlos, nessa manhi, ia visitar de surpresa a casa do Ega, a famosa «Vila Balzac», que esse fantasista andara meditando e dispondo desde a sua chegada a Lisboa, e onde se tinha enfim instalado. Bga dera-Ihe esta denominacio literaria, pelos mesmos motivos porque a alugara num ssubdirbio longinquo, na solidi da Penha de Franca, ~ para que o nome de Balzac, seu padrociro, 0 siléncio campestre, os ares limpos, tudo ali fosse favordvel ao estudo, as horas de arte e de ideal. Por que ia fechar-se lé, como num claustro de letras, a findar as Memdrias dum Atomo! ‘Somente, por causa das disténcias, tinha tomado ao més um coupé da companhia Carlos teve dificuldades em encontrar a «Vila Balzac»: nao era, como tinha dito Ega no Ramalhete, logo adiante do largo da Graca um chalezinho retirado, fresco, assombreado, sor- indo entre arvores. Passava-se primeiro a Cruz dos Quatro Caminhos; depois penetrava-se. ‘numa vereda larga, entre quintais, descendo pelo pendor da colina, mas acessivel a carruagens; € af, num recanto, ladeada de muros, aparecia enfim uma casota de paredes enxovalhadas, com dois degraus de pedra a porta, e transparentes novos dum escarlate estridente. ‘Bea de Queirés, Os Maia, cap. VI.2015, Porto: Livros do Brasil . 149, Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem Explicita dois tragos que caracterizam Jogo da Ega,justificando cam elementos do texto, Interprets o facto de, no terceiro parégrafo, o mesmo espaco ser visto de forma diferente por Carlos e por Ega, GRUPO Nas respostas aos itens de escolha miltiplaseleciona a op¢0 correta Escreve,na falha de respostas, o n mero do item ea letra que identifica a opsao escolhida. L@otexto seguinte Enquanto o sexo é universal, o amor é uma invengo europela, com ramificacées importantes 1a literatura (nomeadamente, no romance). Refiro-me ao amor romantico que engloba distancia © sofrimento. Shakespeare, que sabia tudo sobre a alma humana, disse que “O amor é fumo ali- ‘mentado com vapores de suspiros" (Romeu e Julieta, ca. 1592). Tipicamente europeu & 0 “amor de lange” dos trovadores, que atravessou o continente e continua a florescer na era do horrivel Facebook. 0 amor de Jaufré Rudel, Senhor de Blaye (Gordéus) que, no século Xll, se apsixonou pele Condessa Hodierna, de Tripoli, sem nunca a ter visto, e que Amin Maalout pos em prosa para 2 6pera L”Amour de loin (2000), de Kaija Seariaho. (Maalouf nasceu apropriadamente no Libano, embora viva em Franca desde 1976.) tenor rae Os gregas jé dividiarn o amor em quatro categorias, consoante o destinatério: familia, amigos, amantes e deuses, Apenas 0 terceiro, o amor das paixdes ertticas, é regrado por Eros (que passou ‘8 Cupido/Amor com os romanos). © latino Catulo (século | @.C.) deu forma ao poema de amor. Os tres livros de A Arte de Amar (século Il d.C.), de Ovidio, S80 manuais de instrugées: a0 homem, de como encontrar e conservar @ mulher: e & mulher, de como conquistar e manter 0 homem. Um novo estado de espirito espelhou-se pelas artes - um amor “que nao olha com os olhos mas cam a mente" (por isso Cupido ¢ cego), como refere Helena (Sonho de uma noite de vero, co, 1595). € este amor imaginado e sublimado que me parece tipicamente europeu - na literatura como nas artes visuais. (As ideias co belo e do sublime serao outras tantas construcées europeias, % 2. Be. teorizadas por Edmund Burke no século XVII) Claro que o amor erético e carnal nunce esté ausente, mas também nunca assume a visibilidade e o esplendor que caracterizam, por exemplo, 195 templos de Khajuraho, ern Madhya Pradesh (India). Na Europa houve 0 cuidado de fezer 3 separacao entre os amores sacra e profano, como na misteriosa pintura (co. 1514) de Tiziano com as suas duas figuras femininas - uma pomposa- mente arreada e a outra nua, com a rosa e a flor da murta, simbolos do amor, e Cupido, no meio, 8 misturar as aguas... Mas haverd religi3o mais dada ao amor e 8s penas do martirio co que 2 catélica? Amor filial que € amor divino, franciscano amor fraternal (Irmo Sol ¢ Irma Lua), as vvezes temperado por amor erético (como no éxtase da Santa Teresa, de Gian Lorenzo Bernini, esculpido entre 1647-52). 0 “penso, logo existo” de René Descartes (que morreu em 1650) estave emvvias de ser substituido pelo “sinto, logo existo", de Jean-Jacques Rousseau, William Wordsworth definiria 8 poesia como um “transbordar espontaneo de sentimentas paderosos" e, ce facto, © amor excessivo, 8s vezes sublimado, é um dos ingredientes do Movimento Romantico que dori Nou @ primeira metade do século XIX (e do pds-Romantismo doentio no final do século). Afloramentos mais recentes misturaram amor com pacifisma - 0 “faz amor e recusa @ guerra” dos anos 60, au as cravas nos canos das espingardas de Abril. Em suma, s6 um europeu lames Joyce) podia ter inventado - em Ulisses (1922) ~ que o “amor ama amar 0 amor". Jorge Calado, “Quem € 0 que & A Buropa". Revista Ter Opinio, n23, 2014, Lisboa: Fundagio Francisco Manuel des Santos. A apresentagao de um ponta de vista pessoal, baseada em arqumentos e exemplos pertinentes, asso-

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