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1a tes 12 Ie BD-008 INTRODUGAO A MECANICA RELATIVISTICA Newton Bornardes 26 de julho de 1 972 BOLEIIM DIDATICO CENTRO DE ENERGIA NA AGRICULTURA USP - CNEN ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA "LUIZ DE QUEIROZ" PIRACICABA-SP BRASIL APRES ENTACAO 0s dois capftulos, DINAMICA DE UMA PaRrt- CUL4 o SISTEMAS DE PARTICULAS, aqui apresentados cons tituem a primeira terca parte de um curso de Introdu- go & Fisica, orientado na direg&o da Meica Atémica, 0 curso completo foi ministrado durante o segundo se- mestre de 1971 aos alunos do 12 ano da Escola Supe- rior de Agricultura "Imiz de Queirdz" e aos alunos do curso Introdug&o a Energia Nuclear na Agricultura, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura, ambos de Pi racicaba, em dezesseis semanas, de quatro horas de au las cada. Durante cada sessio, foram discutidos vd- rios exercfcios e problemas que ndo se encontram no texto, assim como uma atividade moderada de laboraté- rio, Isoladamente, estes dois capitulos, cons- tituem uma Introdug&o & Mec&nica Relativistica atra- ves de principios e caminhos originais e inéditos. © caminho histérico & Relatividade a par- tir de fondmenos éticos foi abandonado porque nele, @ amplid&o da Relatividade pode passar desapercebida. Nosso primeiro capitulo, propositadamente, mostra a estruturagio de uma teoria como um entrelaca mento de idéies e fatos nitidamente independentes. A eiéncia envolve descobertas, mas invengodes, além de importantes,s&o necessérias. © segundo cap{tylo contém o desenvolvimen to da Dinfmica dos Sistemas, Aqui tentei esclarecer dois pontos frequentemente obscurecidos: 1) os para~ metros din&micos do sistema, tais como massa de repou so e 2) @ exatidio da chamada Relatividade Restrita ow Especial, mesmo em casos onde existe interag&o, Minha tarefa foi facilitada pela partici- pag8o do pessoal do CEVA e do Departamento de Fisica da ESALQ, pois sem essa oportunidade, seria incerta a realizac&o deste trabalho, Piracicaba, outubro de 1971 w. NEWTON BERNARDES Catodrético da U.S.P. It, pagina I, DINAMICA DE UMA PaRTICULA 1. Velocidade o1 2. Massa 02 3. Momentum ou Quantidade de Movimento 03 4. Energia 06 5. Outras formas de Energia 09 6. Principios de Conservacéo 12 7s Andlise critica dos Principios de Consorvacio 14 8. 0 Teorema das Fércas Vives e os Tundamentos igicos 14 9. A RelacSo Fundamental e os Fundamentos légicos 19 10, Equivalénciacntro Massa _¢ Energia 24 il. As unidades de Massa e Inergia 25 12. Variacao da Magsa com a Velocidade 28 13. A nova expressdo da Energia Cinética 31 14. Determinag&o do valor da constanto "o" 34 15, & Velocidade da Luz 36 16, Céleulo aproximado da variago da Massa 37 if. Varice’ do Massa no dominio atémico | 40 18. Variac&o de Massa no dominio da ecletrénica 40 19. Célculo exato da velocidade adquirida por um elétron 42 20. 0 "Eletron-volt" como uma nova e convoniente unidade de energia 4T 21, Problemas 22, 0 limite Cléssico 23. Teoria da Relatividade o Mec&nica Cléssica 51 24, Principio de Relatividade . 52 25. Mudanca de Refcrencial-Transformagao de 53 Lorentz 26. Composic&o das vclocidades 60 27, Invariantes 61 28. O Invariante Fundamental 63 29. 0 Tempo Préprio 66 30. Um cxemplo de Dilatag&o do Tempo 68 31. A Energia e o Tempo Préprio 70 SISTHMAS DE PARTICULAS 32. A Estrutura dos Sistomes 72 33. Sistemas Ideais e Sistemas Reais 15 34. 4 Energia de Interag&o no dom{nio da Quimica 76 35. A Energia de InteragZo no domfnio da Fisica 78 36. Sistemas Ideais de particulas independentes 79 37. Transformagdo de Lorentz 82 38. A Masse de Repouso de um Sistema 84 39. Um Referencial todo special 86 40. 0 valor da Massa de Repouso de um Sistoma 90 InDICE et continuagao 41. 42, As contribuigdes para a Massa de Repouso de um Sistema Ideal A Inéreia da Energia A Masse de Repouso da luz A composic&o da Energia Total de um sistema A variacéo da Massa e da Energia com a volg cidade Sistemas Reais Um exemplo: 0 Deuteron A ubilidade da Teoria da Relatividade As limitagdes da Teoria da Relatividade a utilidade da Mecinice Cldéssica © fracasso da Mec&nica Cléssica Novamente as limitagSes da Teoria da Relati vidade A Teoria da Relatividede e a Energia Poten- ci: A composicao aproximada da Massa de Repouso de um Sisteme Real Conservacéo da Massa de Repouso de um Sistg ma Tsolado © Valor de uma Reacdio Desintegractio nuclear Fusdo Nuclear Energia de Ligacéo_ A Energia de Ligagio dog micleos Atémicos A Enorgia de Ligagdo quimica Um outro significado do valor Q de uma rea~ g&o de sintose Os sistemas da Fisica Atémica A Messa Reduzida Epilogo I - DINAMICA DE UMA PaRTicuba 1. VELOCIDADE Queremos, inicialmente, estudar o movimento de um OBJETO suficientemente pequeno face A precisio dos nossos instrumentos de medida, de modo que sua posic&o ing tantanea, em relac3o a um referencial R, possa ser especi ficada pelas trés coordenadas de um vinico ponto. Nessas condigdes de aproximagBo 0 objeto serd denominado PARTICU LA PUNTIFORME, ou simplesmente PARTICULA. Nao é necessd rio que a particula seja "material" oo sentido vulgar da palavra. For exemplo, podemos estudar o movimento da luz, que poderd também ser considerada como particula se, num dado instante, a sua presenca se manifestar numa re- giao suficientemente pequena de modo que possamos definir as coordenadas da sua posic¢&o sem ambigitidade. Se com nossos aparelhos podemos perceber que um objeto é consti- tufdo de mais de uma particula, denominamos &sse objeto de SISTEMA, Para uma particula puntiforme, podemos defi- air sua velocidade instanténea, ¥°"), em relacio a um re- ferencial R como =(R) ax(®) ax R) ye") = lim ————. = at—0 At at ou, abreviadamente ~ & vo Na discusso do movimento de uma particula, além de sua velocidade, esto envolvidos outros conceitos, principalmente: MASSA, MOMENTUM e ENERGIA, que passamos a discutir. =2- 2. MASSA © conceito de massa sempre esteve presente nas discussdes do movimento de uma particula, NEWTON, o grande formlador da dinamica, por volta de 1670, definia MASSA como "a quantidade de matéria em um corpo", Embo- ra seja dificil saber exatamente o que NEWTON queria di- zer, 6 certo que para éle a massa de um corpo era uma pro. priedade INTRINSECA, isto 6, uma propriedade que nao de- pende de NENHUMA relag&o do objeto com o resto do UNIVER- SO. 0 atributo ESSENCIAL da massa é a INERCIA, isto é, a incapacidade de um objeto mudar sua posi¢lo em relagZo aum referencial particular, sem a intervengdo de outros objetos. Portanto, para NEWTON, a inércia é algo intrin seco do objeto. Essa atitude é até hoje adotada pela maioria dos fisicos, embora seja vdlida uma posig&o criti ca. Por exemplo, hoje é aceitdvel a conjectura da possi, bilidade da massa ou inércia de um objeto ser, n&o uma propriedade intrinseca, mas sim uma propriedade global do objeto face ao Universo. LAVOISIER, em 1780, realizou experiéncias mos trando que o péso dos produtos da fermentagZo do agucar era igual ao péso dos ingredientes antes da fermentacio, concluindo que "em tédas as operagdes da arte e da nature za nada 6 criado; uma igual quantidade de matéria existe tanto antes como depois da experiéncia; a qualidade e a quantidade dos elementos permanecem exatamente as mesmas @ nada acontece além de mudancgas e modificagdes na combi- nag&o désses elementos". Assim, as experiéncias de La- VOISIER constituem a bese para um dos axiomas fundamen- tais de téda a ciéncia, qual seja o PRINCLPIO DA CONSERVA GRO DA MASSA, que pode ser enunciado sob uma das seguin- tes formas: "S impossivel alterar por qualquer proces so a MASSA de um sistema isolado", ou "Se um processo altera a MASSA de um sis~ tema, ent&o podemos conoluir que concomi tantemente se altera a MASSA de um outro sistema de forma que a MASSA total do Uni verso permanece constante". De uma forma ou de outra o prine{pio da con servacio da massa é um axioma bésico de téda a ciéneia. Vamos denotd-1o por Al e exprim{f-lo em simbolos matemdti- cos por Amuso AL subentendendo um SISTEMA ISOLADO. Mais recentemente, em 1965, EINSTEIN con- eluiu que hd uma EQUIVALENCIA entre MASSAe ENERGIA, abrin do a possibilidade da convers&o reciproca entre massa e energia. De qualquer maneira a Fisica até hoje ndo é ca paz de formlar com precis%o o conceito de massa, que as~ sim, permanece vago. No entanto, essa indefinig&o pare- ce nfo prejudicar o desenvolvimento da Fisica. 3 até pos sivel, que o conceito de massa seja supérfluo, emboraiitil, na Fisica. Essas questdes serio novamente discutidas mais adiante. MOMENTUM OU_QUANTIDADE DE MOVIMENTO DESCARTES, por volta de 1640, foi o primeiro a introduzir o produto mv, da massa pela velocidade, como uma medida do'movimento contido num corpo". Para DESCARTES, @ quantidade total de movimento de um corpo era constante, isto é, da mesma forma como para LAVOISIER a MASSA ou a "quantidade de matéria" de um corpo nao podia ser altera~ da, também o MOMENTUM, mv, ow a "quantidade de movimento" de um corpo nfo mudava, permanecendo constante. A ideo- logia de DESCARTES foi severamente criticada no sécvlo XVII, mas apesar disso NEWTON fez bom uso do conceito de MOMENTUM e formulou as condigdes em que a "quantidade de movimento" podia ser forgada a variar, e introduzin o con ceito de FORGA como uma medida da VARTACAO DE MOMENTUM ccorrida durante um intervalo unitério de tempo. Embora as palavras momentum e quantidade de movimento tenham se tornado sindnimos na lingua portugue- 8a, vamos preferir o uso do vocdbulo MOMENTUM para indi- car o produto mv, e vamos denotd-lo pelas letras PoP, A conservag&o do MOMENTUM total de um siste- ma isolado é outro princ{pio bdsico da Fisica, e podemos enunciar o PRINCIPIO DA CONSERVAGAO DO MOMENTUM sob uma das seguintes formas: "£ impossfvel alterar por qualquer proces So o MOMENTUM de um sistema isolado", "Se um processo altera o MOMENTUM de um sistema ent&o podemos concluir que concg mitantemente se altera o MOMENTUM de um outro sistema de forma que o MOMENTUM t9 tal do Universo permanece constante", Vamos denotar ésse axioma por A2 e exprimi- 1o em simbolos mateméticos por OP=o0 2 subentendendo um SISTEMA ISOLADO, Pl. P2. P3. P4, Um objeto livre préximo & superficie da Terra cai com uma velocidade crescente, aumentando portanto o seu MOMENTUM. Qual parte do Universo tem o seu MOMEN- TUM concomitantemente alterada? Qual foi o Referen cial adotado? Um objeto de massa igual a 1 kg se encontra, inicial mente, a uma altura de 2 km acima da superficie da Terra. 0 momentum total em relagio a um bom refe~ rencial é, pois, oulo. fle cai verticalmente per- correndo um certo intervalo de tempo a distancia de 1 km. J& que o momentum total se conserva, podemos concluir que nesse mesmo intervalo de tempo a Terra adquiriu uma certa velocidade em sentido contrério. Calcule a dist&ncia percorrida pela Terra nesse in- tervalo de tempo. Das suas observagdes GALILEU concluiu que todos os corpos préximos & superficie da Terra caem com a MES MA aceleragio. Baseado no Princfpio da Conservagio do Momentum prove que essa afirmagio vale sé aproxi- madamente, e que aa verdade os corpos mais pesados caem com acelerac&o maior. Repita o problema P2 substituindo os valores 1 kge 2 km pelos valores correspondentes & massa e & dis- t&ncia da Lua A Terra, -6~ Dos resultados désses problemas vemos que certos efeitos so muito pequenos para serem observados normalmente. No caso da queda dos corpos a conservacio do momentum, i.e. o recuo da Terra, 86 poderia ser consta tada experimentalmente se a massa do objeto que cai fosse compardével & massa da Terra, No entantc, em vdérias ou- tras situagdes em que as massas dos objetos em movimento relativo s&o, entre si, da mesma ordem de grandeza, pode mos constatar que o momentum total permanece constante. ENERGIA © conjunto das idéias de DESCARTES foi seve- ramente criticado e combatido no século XVII, tendo como Principal opositor LEIBNITZ, LEIBNITZ propds em 1686 que em vez do MOMENTUM, uma medida adequada da "quantidade de movimento contido em um corpo" era dada pelo produto da massa pelo quadrado da velocidade, mv®, que le denomina~ va FORGA VIVA. Bm térmos de hoje o conceito de PORCA VI- VA corresponde ao a@bro da ENERGIA crnénrca, —L mv2, A energia de um objeto é um indice da sua capacidade de pro duzir alteragdes no Universo. A energia CINSTICA depen- de sbmente do estado de MOVIMENTO do objeto, e no da sua POSIGAO em relago ao Universo. No século XIX o conceito de energia foi es- tendido para incluir a idéia de que mesmo em repouso um corpo tem energia LATENTE, ou seja, mesmo em REPOUSO ésse Corpo pode produzir alteragdes no Universo. Bm geral o repouso é devido a vinculos ou inibigdes que impedem o mg vimento em potencial. 0 caso, por exemplo, de um obje to em repouso préximo & superficie da Terra suspenso por um fio. Removidos os vinculos o corpo entra em movimen- -T- to e adquire energia CINETICA, A ésse tipo de energia latente devido & situacio do objeto em relacio ao Univer- so (ou seja, devido & configurago do Universo) chama-se ENERGIA POTENCIAL. Assim estendido, o conceito de ener. gia passou a ser tal que o "contevido de energia de um cor po" em qualquer instante era repartido em duas partes: uma, a ENERGIA CINETICA, devido ao movimento inetant4neo, e outra, a ENERGIA POTENCIAL, devido & posicio instant&- Bea do corpo em relagio ao Universo (configuracio instan- tanea do Universo) que podia modificar, isto é, acelerar, 9 movimento do corpo e portanto, transformar-se em ener- gia cinética, Bm sfmbolos matem&ticos podemos escrever: E=U + 2p) onde E 6 a energia total, U a energia potencial e T a energia cinética. A ENERGIA POTENCIAL 6 definida de tal forma que pode haver uma conversao total de energia cinética em energia potencial e vice versa, Portanto, as duas formas de energia sio concebidas de tal forma quea ENERGIA TOTAL de um corpo, pensada como a SOMA de sua energia cinéti- ca com a sua energia potencial, se CONSERVA havendo ape- nas transformacio reciproca das duas formas de energia. Isso significa que a configuragSo instantanea do Universo pode alterar o movimento das suas partes, assim como ésse uovimento pode alterar a configuracho do Universo. EXEMPLO: GALILEU estudando a queda dos corpos sob a ago da gravidade concluiu em 1590 que: 1) a velocidade v de um corpo em queda livre no v4cuo a partir do repouso aumenta proporcionalmente com o tem= Po, isto é, v= gt ao passo que 2) 0 espaco h percorrido por ésse corpo aumenta com o qua drado do tempo, isto é, 1 b= — gt? 2 Disso podemos concluir que a ENERGIA CINETICA désse corpo, uv® oumenta assim 1 1 (et)? 1 — w* = — m(gt)? = — ag’ 2 28 2 242 Se queremos descobrir qual deve sera express%o da ENERGIA POTENCIAL U em termos da FOSIQAO h do corpo, de tal forma que a ENERGIA TOPAL E = T + U se mantenha constante, bas- ta escrever 1 1 T+ U = — ngs? + (hn) = — met? + 0 = const. 2 2 ou seja, feet? 12 U = const, -—— mg*t? = const. - mg (——~ gt?) = const. -mgh 2 Se escolhermos uma certa altura h, arbitrrianente como a Posteo em que a energia POTENCIAL do corpo é aula, tenes = mgh, - mgh = mg(h,-h), e a ENERGIA TOTAL, se escre- ve pois, ar) E= U(h) + Mv) = mg(h) - h) + > P5. Estudo do movimento de um péndulo, i.e., v = v(8) e © = O(t) a partir de E= 74 V = const. ~9- 5. QUTRAS FORMAS DE ENERGIA m vdrias situagdes do cotidiano podemos ob servar que a soma 6 energia cinética com a energia poten cial ndo permenece constante. Como exemplo bastante sin ples podemos considerar o processo pelo qual um corpo de massa m partindo com uma certa velocidade v, deslisa s8- bre um plano horizontal com atrito, o que produz um de- créscimo de sua velocidade até que finalmente o objeto atinge o repouso. Pessa forma, a energia cinética ini cial + uv? foi totalmente dissipada, no tendo ocorri- tT, do nenhuma transformagfo de energia cinética em energia Potencial, enbora seja possivel reconhecer facilmente cer tas ALTERACGOES no objeto, como, por exemplo, um aumento de temperatura, Um outro exemplo de situagHo em que parece haver dissipac&o de energia é 0 seguinte: un gés estd contido num cilindro hermético provido de um pistZo sem atrito que pode se mover na vertical. Se 0 pistdo fr suficientemente pesado, face & pressdo exercida pelo gds, éle abandonado por si sé, se deslocard para baixo. Supondo a existéncia de um impecilho qual- quer, © pist&o atingiré o repouso a uma altura Ah abaixo da posigSo inicial Nesse caso, apesar de no haver ocor, rido nenhuma variagao de energia cinética do pist&o, hou- -lo- ve uma diminuic&o da sua energia potencial igual a mgAh, # claro, portanto, que a energia total do pist&o nfo se conservou, tendo havido uma dissipagZo de energia poten- cial igual a mgAh. No entanto, aqui também podemos f&- cilmente observar que houve aumento de temperatura do eds, do cilindro e do pistio. A andlise de situacdes como estas conduziu a uma AMPLIAGAO ou EXTENSAO do conceito de energia, para ineluir o CALOR como uma forma ae ENERGIA TERMICA, de mo- do que nos nossos exemplos, em vez de dizer que houve um desaparecimento de uma quantidade de energia igual a + nav? ou mAh, dirfamos, no primeiro exemplo, que how ve uma transformagao de energia CINETICA em CALOR ou ener gia TERMICA, e no segundo exemplo uma transformagao de energia POTENCIAL em energia TERMICA, As investigagdes de RUMFORD (1798), MAYER (1842) e JOULE (1842), demonstraram que a aparente dissipac&o de uma certa quantidade de ener gia mecAnica, isto 6, tanto energia cinética como energia potencial, de um sistema isolado produziam sempre um mes~ mo acréscimo da ENERGIA TARMICA do sistema medido como um acréseimo de TEMPERATURA, Embora essa energia térmica nem sempre pudesse vir a ser totalmente convertida de vol ta em energia cinética ou energia potencial ao sistema, @ energia anteriormente dissipada nfo havia sido perdida, © permanecia no sistema. Assim, além de energia CINSTI- ca e energia POTENCIAL, um sistema tem uma ENERGIA INTER- NA, se bem que essa energia interna 6 na verdade energia cinética e energia potencial de partes do sistema, partes estas (moléculas) que por serem muito pequenas,as suas con figuragdes e os seus movimentos n&o s&o percebidos pelos aparelhos ordindrios. Assim, foi possfvel estender 0 conceito de conservac&o da energia de um sistema isolado, uma vez rea -11l- econhecido o CALOR como forma de energia. . A andlise de situagdes andlogas conduziu a reconhecer varias outras formas de energia, tais como: LUMINOSA, ELETRICA, Macni- TICA, QUiMICA, etc, Dessa forma, na segunda metade do século XIX, um novo princ{pio foi incorporado como principio bésico de téda ciéncia, o FRINCLPIO DA CONSERVAGAO DA ENERGIA, que pode ser enunciado sob uma das seguintes formas: "E impossivel alterar por qualquer proces, so a ENERGIA de um sistema isolado". ou "Se um processo altera a ENERGIA de um sis tema, ent&o podemos concluir que concomi tantemente se altera a ENERGIA de um ou- tro sistema de forma que a ENERGIA total do Universo permanece constante", Vamos denotar ésse axioma por A3 e exprim{- lo em s{mbolos mateméticos por OE=0 A3 subentendendo um sistema isolado. Da mesma forma que os prinefpios da conser-~ vaco da massa e da conservagio do momentum, o prinefpio @a conservagSo da energia & bdsico para téda a Fisica. Se em algum processo observa-se que a energia aparentemen te nfo se conserva, somos obrigados a investigar a exis- téncia de uma nova forma de energia, até ent&o desconheci, da. Da mesma forma Para a massa e para o momentum, Anatom -12- princfpIos DE CONSERVACKO A partir do fim do século XIX, téda a Fsi- ca se apoia, pois, nos trés princ{pios bdsicos de conser- vagGo: de massa, de momentum e de energia, que em s{mbo- los matemfticos podem ser escritos: OM =0 (a1) ApP=o0 (a2) 4B=0 (83) No infeio, ésses trés princ{pios de conser- vaco foram baseados em observagées experimentais limita- das. Por exemplo, uma variag&o de massa da ordem de uma parte em um milbao teria passado desapercebida nas medi- das de Lavoisier, dada a precis&o insuficiente de suas ba langas. No entanto, os Frincfpios de Conservacio sio tho fundamentais que devemos encard-los nfo como uma extrapo- laco de uma série ampla, porém limitada, de observagdes em piricas, mas sim como AXIOMAS fundamentais para téda a Ci€ncia, Além désses trés prineipios de conservacho a Fisica adota princf{pios de conservag&o adicionais. Por exemplo, em fenémenos onde se manifesta a carga elétrica podemos observar, dentro da precis&o dos nossos instrumen tos de medida de carga, que a carga elétrica total de um sistema isolado no se altera. Extrapolando essa verifi- cago empirica para TODO e QUALQUER processo, adotamos o Princfpio da ConservacSo da Carga Elétrica cujo enunciado € andlogo a Al, a2 e 43, Na aplicag&o de qualquer Princfpio de Con- servacio é ESSENCIAL que o sistema esteja ISOLADO, caso contrério podemos ser levados a uma falsa conclusio. Com © Progresso da Ciéncia os sistemas de nosso interésse fi- cam cada vez mais Gelicados e consequentemente sua anéli- se, cada vez mais complexa,’ Em fenémenos que envolvem o micleo atémico é comm observar processos em que a massa aparentemente nao se conserva. Por exemplo, da colis&o entre um préton (p) e um neutron (n) pode resultar um dew teron (D), ou seja, um micleo de hidrogénio pesado. Escre vendo &sse processo como: pPtn— yD, 6 f4cil observar -13- um aparente déficit de massa, jd que os valores bem conheci- dos das massas dessas trés particulas sdo aproximadamente: 24 & a, = 1, 672-10 m,=1,675-107** @ , my=3,343°10724 g feses ovimeros indicam uma APARENTE diminuicio de massa igual a 0,004-107*4 g, No entanto, uma andlise cuidado- sa da reac&o acima nos mostra que além de deuteron uma ou tra particula (raio Y) é formada, e que essa particula, que normalmente escapa do sistema, carrega o aéficit ae massa, . Um outro exemplo é dado pela DESINTEGRACAO BETA expontfnea do neutron, Um neutron no VACUO se de- sintegra (estatisticamente) dentro de 12 minutos, produ- zindo um préton e um elétron: n—»p+e. Sendo a mas- sa do elétron igual aproximadamente a 0,001-107*4 g, né novamente uma aparente diminuig&o de massa, da ordem de 0,002-107@4 g (= 1,675-1,672-0,001). Aqui também uma andlise cuidetose da reag3o nos mostra que juntamente com © préton e o elétron, umaterceira particula (um neutrino) € emitida e que nela reside o déficit de massa. ~ A andlise de processos aucleares como ésses 6 bastante complexa, devendo, por exemplo, ser levado em conta a velocidade das particulas que participam da rea- yao, assim como a relagHo entre massa e energia. Cportu namente, @sses processos nucleares serio discutidos. Para ressaltar a import@ncia dos Princfpios de Conservacio podemos salientar que por volta de 1930, J4 havia sido observada a aparente diminuiglo de massa na desintegracio BETA, Uma andlise cuidadosa do processo no revelava a presenca de NENHUMA PARTCULA ENTAO CONHE- CIDA. Em vez de aceitar a VIOLACKO da Conservacéo da Mag. sa, foi preferfvel admitir a existéncia de uma NOVA PARTL CULA ATS ENTAO DESCONHECIDA, o neutrino. Sbmente 20 anos depois foi o neutrino observado de uma maneira mais direta.~ freenatnaennn -14- ", ANSLISE critica Dos FRIncfPIos DE CONSERVAG! Apesar de que a MASSA, a ENERGIA e o MOMEN- TUM de um sistema ISOLADO se conservam, o mesmo nao acon- tece com um sistema ou particula que nao estejam isolados. Se uma particula nfo estd isolada do resto do Universo, 0 seu MOVIMENTO, isto 6, a sua velocidade varia, e consequen temente variam a sua energia cinética e momentum. As ou tras partes do Universo sofrem uma variagdo em sentido con trério, de tal modo que a MASSA, a ENERGIA eo MOMENTUM do Universo permanecem constantes. A variaclo da ENERGIA e do MOMENTUM de uma particula nfo isolada é um fato ébvio da EXFERISNCIA COrI- DIANA. No entanto, dessa experiéncia nao é ébvio se a MASSA varia ou nfo. Na verdade essa experiéncia LIMITA DA indica que a MASSA nao varia com a mudanga de movimen- to de um objeto, Essa indicaco LIMITADA é condizente com a idéia newtoniana de que a MASSA é a quantidade de MATERIA em um corpo, e como tal, deve permanecer inaltera da sob tédas as circunstincias. Essa conclus%o precisa ser analisada mais detidamente por duas razdes: 14) ocon ceito de MASSA como "quantidade de MATERIA" 6 vagoe 28) a experiéneia do cotidiano é LIMITADA, no excluindo a pos- + sibilidade de que em certas circunstincias no usuais a MASSA de um objeto possa variar. Essa quest&o ser ana= lisada mais adiante. + O TEOREMA Das FORCAS VIVAS © 0S FUNDAMENTOS LOcGICOs Vamos analisar as variagées de energia cing tica e de momentum de uma PARTECULA nao isoleda, sob um Ponto de vista geral. Nosso objetivo 6 estabelecer uma relag&o entre a variagdo de energia cinética AT de uma 15+ PaRT{CULA e a variagio correspondente do seu momentum AZ. Queremos estabelecer uma relagdo entre AT e AP que nao envolva o conceito vago de massa. Essa relaco vird a ser At=Vap ou seja, “uma PEQUENA variac&o de momentum Aj’ de uma par- ticula 6 acompanhada de uma pequena variag&o de energia cinética AT, cujo valor é igual a VAD, onde Fé a velo. cidade da particula". Essa relagfo serd chamada de RELACAO FUNDA- MENTAL DA DINAMICA, RFD, porque 6 uma relaglo que vale independentemente do conceito particular de massa. Antes de discutir a RelagZo Fundamental da Dingmica em téda sua generalidade vamos, por razdes didé- ticas, DEDUZIR um resultado equivalente, a partir dos con ceitos limitados de massa, velocidade, momentum e energia cinética da mecanica newtoniana. 0 ponto de vista de Newton pode ser resumido nas trés afirmacdes seguintes: 1) a MASSA de uma particula é por DEFINI QAO uma CONSTANTE (isto 6, nZo se al- tera em nenhuma circunstancia) porque expressa algo INTRINSECO da particula, ou seja, a "quantidade de matéria"; 2) o MOMENTUM P’de uma partfcula de mas- same velocidade ¥é por DEFINICAO igual a uv; 3) 2 ENERGIA CINETICA T de uma particula de massa m e velocidade V é por DEFI- NIChO igual a mv’, ~16- Dessas trés verdades axiomdticas, decorrem relagées entre m, p’e T que por serem decorréncias pura- mente légicas séo necessariamente vdlidas, sempre que fo- rem vélidas os trés axiomas, 1), 2) e 3), Se chamarnos de Ruma dessas decorréncias légicas podemos colocar os axiomas 1), 2) e 3) nos vértices de um triangulo equildte ro, e a verdade R no centro do trifngulo: 3) 1) 2) para simbolizar que R é yma decorréncia légica de 1), 2) €3). No entanto, podemos colocar R em un dos vértices, Por exemplo, no superior, passando o axioma 14 situado pa reo inferior do triangulo por exemplo assim: R 3 3 /\ “JL “L ‘ \ 1 2 21 RoR 2 Para simbolizar, por exemplo, no primeiro esquema que dos ax: 8 1), 2) © R) decorre como necessidade Légica a ver, jade 3). Assim vemos que: -17- A) Num conjunto de trés axiomas podemos substituir um deles por um TEOREMA R, BEM ESCOLHIDO, sem alterar a estrutu ra da doutrina; e B) Se mantivermos stmente 2 dos 3 axig mas, e negarmos o terceiro, entao qua se tédas as verdades R serao agora inverdades (a néo ser aquelas tri- viais que sé dependem dos dois axio- mas mantidos). Uma relag&o importante, do tipo R, é a se- guinte: 1 de 3) B= ww? temos at = mi, a; de 1) m= const. temos dm =0 e portanto, may’ = a(m¥) ; de 2) P=uv e del) am=0, tems ap = mv Portanto, podemos concluir que aT = av. av = ¥, d(my) = ¥. ap ou seja, RR) ate¥. ey 1 -18- Reportando ao esquema do triangulo podemos portanto simbolizar: at=¥-dp’ ou an = 0 pow 1 Te — my? 2 ou peu ou am=0 ae Yeap at=¥.ap paw que significa que, em cada um dos esquemas, se tomarmos como AKIOMAS as afirmagées situadas nos vértices, a afir- mag&o situada no centro do triangulo serd NECESSARIAMENTE uma verdade, ou seja, uma decorréncia légida, i.e., um teo rema. No caso do primeiro esquema o teorema af = V. ap 6 0 chamado TEOREMA DAS FORGAS VIVAS, TFV, que usualmente é apresentado sob outra forma, a saber: Escrevendo ¥° como ~& podemos escrever ax * > —.a ou enti, at = ax. —— at at at = -19- Newton chamava a “variecZo de momentum por.unidade de tem ar" oo - / po de FORGA Fe assim tenos are. ax eo produto F+ dx é chamado o trabalho 4G realizado sd- bre a particula. Temos portanto, ar = 4% ou seja, "A variac&o da energia cinética de uma par tioula é igual ao trabalho realizado s6- bre ela", No entanto, arelacio aT =¥-+ dp é mais geral que o enunciado acima do TEV, jd que ela envolve os conceitos adicionais de FORCA e TRABALHO, oA RELAGAO FUNDAMENTAL E OS FUNDAMENTOS LOGICOS A relagio, que daqui por diante serd abre- viada por RFD, 4 € to fundamental como os trés axiomas newtonianos: 2 M89 = 6; 2) 5=n¥ © 3) 7-2 nv?, na verdade, a ins dos trés axiomas newtonianos, pois, se escrevermos 4 2227+ 6 no caso de um movimento retilineo, aT = vap, Lee i RFD § de um certo ponto de vista até mais fundamental que =20- sob a forma dx at vemos que a RFD, significa que "independentemente das suas definigdes os conceitos de MOMENTUM e ENERGIA CINETI CA so COMFLEMENTARES, pois AQUILO que é medido pela va- riaco temporal do momentum é também medido pela variagio espacial da energia cinética". Uma relaclo désse tipo é muito mais fundamental, por exemplo, que uma definigo a priori, axiomftica e rigida de energia cinética igual a += tufda, por exemplo, por mv , que poderia sem nenhum prejuizo real ser substi- + on Beart ou bart ou por alguma expresso semelhante, sem contradizer a priori 0 conteido bdsico do conceito de energia cinética, qual se- ja: Mv =0)=0 e @-v) = T(v), isto 6, a energia ci- aética de uma particula em repouso é mula, e a energia ci nética depende s6 do médulo da velocidade da particula e nfo da sua direcdo. A razio para tomar a energia cinéti ca NEWTONTANA como T= + mv” pode ser compreendida pelo 22 esquema triangular da pg. 18, ou seja: queremos, 1) que a massa seja invaridvel; 2) que o momentum seja, B= tv; e 3) que a variagdo temporal de p seja igual A variagfo de 7, Désses trés requisitos decorre que T de-~ ve ser igual a + nv’. No entanto, n&o podemos simplesmente tomar a RFD af = V7. dp’ como axioma em substituic&o & definicg&o newtoniana T=—t- mv? mantendo os outros dois axionas newtonianos: 1) dm=0 e 2) p= mv, assim -21- at= Yeap dm = 0 psuv porque isso acarretaria com o teorena: 1 = —— mv* assim: 2 at=vap 1 to uv? 2 am = 0 peu Se quisermos desviar do esquema newtoniano devemos, pois, abandonar MAIS UM dos dois axiomas restan- tes, ow p= uv ou m= const. A definic&o de momentum ; CMe o produto da massa pela velocidade dificilmente pode “ria ser substitufda por outra express&o como mesmo con- { teffo. = Jd a conservaciio ou invariabilidade da massa, am = 0, 6 um verdade baseada apenas em: - 1) CONCETTO VAGO de massa como quantidade de matéria, e 2) FATO LIMTTADO, da conservac%o da massa em reagdes quimicas, queda dos corpos, etc. =22- # possfvel, pois, manter a definigHo de mo- mentum como p = uv, e abandonar a invariabilidade da mag ga, estabelecendo o esquena: / Pew aT = Yeap buscando para o vértice superior um terceiro axioma basea do em: 1) wm CONCEITO AMPLO de massa, que néo es teja em contradig&o com NENHUM FATO; 2) FATOS GERAIS, mais gerais que a conser vagio da massa. Quanto a FATOS GERAIS, mais gerais que a conservagio da massa, a experiéncia nfo os revela. Devemos, pois, bus- car uma idéia "a priori" acérca do conceito de massa cuja generalidade nfo possa ser negada por NENHUM FATO experi, mental. Que essa idéia "a priori" deve ser uma rela ¢&o entre massa e energia cinética podemos ver do seguin- te modo: -23- Da definic&o de momentum, p = mv, temos P == a) n que sudstituida na RFD, a? = V+ dp nos a4 md? =p. ap ou, integrando ambos os membros 2 P mat = —— (2) 2 Para efetuarmos 2 integrag&o indicadano pri meiro membro precisamos estabelecer uma relag&o entre mags sae energia cinética, Uma vez estabelecida essa rela~ go podemos efetuar a integrac3o, obtendo assim da Eq.(2) a relagfo entre energia cinética e momentum, ou pela Equa g&o (1), entre energia cinética e velocidade. Se escolhermos a massa como uma constante m, independente da energia, a Eq.(2) depois de efetuada a in tegracio nos dard mt + C onde C 6 uma constante de integragio, cujo valor é zero, jd que a energia cinética deve ser nula para uma particu- la em repouso, i.e., Mp = 0) = 0. Assim, teriamos 2 t= 2, ou usando a Eq. (1), 7=—b mv? assim, pode en 2 mos concluir que se escolhemos o conceito de massa como um atributo intrinseco da particula, invaridével sob quais— quer circunst@ncias, entdoas equagdes fundamentais p = mv eat =. ab implicam que a energia cinética é igual a 1 > w*, como jé esperdvanos. =24— EQUIVALENCIA ENTRE MASSA © ENERGIA wan EO EE Assim, devenos estabelecer um NOVO conceito de massa, baseado em alguma IDEIA FUNDAMENTAL, que nao eg teja, porém, em contradic&o com a experiéncia limitada do cotidiano. Essa idéia fundamental éa EQUIVALENCIA entre MASSA e ENERGIA, Embora essa equivaléncia n&o seja de- corréncia OBVIA de nentium fato ou de nenhuma idéia mais simples, ela nos conduz a uma vis&o do Universo muito mais simples e muito mais ampla do que a visio newtoniana, ba- seada na constancia e invariabilidade da massa de uma par ticula. A equivaléncia entre massa e energia foi deduzi da por EINSTEIN em 1905, seguindo outros caminhos. As suas consequéncias se estendem desde os movimentos intra- atémicos até & Cosmologia.. A relag#o entre massa e ener, gia 6 a NAICR DESCOBERTA da Fisica nos ultimos 300 anos. A equivaléncia entre massa e energia, funde 8sses dois conceitos em um sé, que podemos chamar de mas— sa ou de energia. Dado o actimulo de conceitos formados sob a tradic&o da mecfnica de Newton durante varios sécu- los 6 mais conveniente manter a ENERGIA como o conceito FUNDAMENTAL e olhar a MASSA como uma FORMA particular de energia. No entanto, qualquer forma de energia cinética, potencial, térmica, etc, pode em princ{pio ser convertida em massa, isto 6, naquilo vulgarmente chamado de matéria, @ vice-versa. Outro aspecto da equivaléncia entre massa © energia 6 que qualquer forma de energia deve ter o atri, buto essencial da massa, ou seja, INERCIA, Ainda mais a equivaléncia entre massa e energia funde os principios da conservacdo da massa e da conservacio da energia em um sé. ~25- 1. AS UNIDADES DE MASSA E DE ENERGIA . AS UNTDADES OF MASSA SS Para exprimir a equivaltncia entre massa e energia temos a dificuldade de que, por razées histéricas, essas duas grandezas sao medidas em unidades diferentes, por exemplo, massa em gramas e energia em ergs, Na ver- dade, isso representa s6 wma inconveniéncia e nado uma di- ficuldade. A situaco é andloga & equivaléncia mecAnica do calor descoberta experimentalmente por Mayer e por Jou le em 1842, Essa equivaléncia entre trabalho mecAnico e calor significa, segundo as investigagdes de Joule, que quando uma certa quantidade de trabalho G é realizado e dissipado sévre um sistema, por exemplo sébre uma certa quantidade de dgua, o efeito produzido 4 sempre igual ao efeito que seria produzido por uma determinada quantidade de calor Q, independentemente da forma particular da ener gia, isto é, se cinética, potencial, elétrica, etc, que foi dissipada. Isso significa que o efeito de G JOULES € 0 mesmo que o efeito de Q CALORIAS. Portanto, podemos exprimir a equivaléncia entre calor e trabalho pela equa- gBo G=IQ onde J € o chamado equivalente mecanico da caloria, e va- le segundo as investigacdes de Joule, 4,18 joule/caloria. 0 valor numérico resulta igual a 4,18 porque tanto a calo via como o joule j4 haviam sido definidos anteriormente como unidades de grandezas independentes. Na equivaléncia entre massa e energia a si- tuagdo é a mesma. N&o podemos exprimir essa equivalén- eia simplesmente pela equagao n=E Porque tanto a unidade de massa como a unidade de energia -26= j& foram definidas anteriormente como unidades de grande- zas independentes. Por isso a equivaléncia entre massa e energia deve ser escrita sob a forma m=KkE onde & é uma constante cujo valor numérico depende das unidades préviamente escolhidas para a massa e paraa ener gia. Assim como o valor do equivalente mecAnico do ca- lor é J = 4,18 joule/caloria, o valor de & serd por exem plo, "tantas gramas por erg", ou "tantos kilogramas por joule", : Tomando o caso de uma partfeula puntiforme, que 6 o mais simples, escrevemos oa =a [a 0) (3) onde separamos a energia total E da particula, em duas partes: wma energia cinética 1(p) que, subentendidow re ferencial R, depende do seu estado de movimento, e uma energia E,(#) que depende da configurago do Universo, du ma maneira complicada e em geral conhecida sé fenomenold- gicamente. Em vez de chamar B, de energia potencial, va mos chamdé-la de ENERGIA DE REPOUSO, porque ela é a forma de energia que atribuimos a uma particula desrrovida de energia cinética, isto é, de movimento, ou seja, en repow 80. Essa energia de repouso B, pode depender de uma ma- neira complicada da sua posig%o face ao resto do Universo. E, pode depender mesmo da histéria do Universo, isto 6, nBo 86 da sua posigio instantanea face ao Universo, mas do Conjunto das suas posigdes dentro do Universo, durante um certo intervalo de tempo. Essa dependéncia complexa mesmo que n&o seja evidenciada pelos fatos experimentais, no deve ser posta de lado por razées simplistas. =27- A Eq. (3) pode ser escrita como m=, + A Tp) (4) onde m, = & E,(x) 6 a parte da massa correspondente ENERGIA DE REPOUSO e por isso pode ser chamada de MASSA TE REPOUSO, A Eq. (4) implica que a massa de uma parti- cula varia com a sua velocidade. A massa aumenta com a velocidade se X for positivo e diminui se & fér negati- vo. Se c& fosse negativo, poderia acontecer que para va lores bastante grandes de T(p) o t@rmo negativo A T vies se aser maior que m, resultando uma massa total negativa. Da mesma forma, uma partfcula que tivesse massa de repou- so nula teria sempre uma massa negativa, Por essas ra- 2des devemos tomar a constante como um niimero positivo. Bm vez de se exprimir a equivaléncia entre massa e ener- gia pela equacio m = AE, costuma-se exprimf-la pela equa Gao (5) onde c? = 1/o(, sendo 1fcito escrever 1/ol como um qua- drado c7, porque K deve ser tomado como positive. Por- tanto, escrevemos a Eq. (4) sob a forma me = (EB, + 8) (6) c onde E,/c® 6 a massa de repouso, ou seja, a massa newtor niana comum, cujo valor para uma dada particula s6 se co- ahece fenomencldgicamente (isto é, através da experiénoia; Por exemplo, a massa de repougo do elétron é dada pela ex- periénoia como igual a 9-107 g, mas nao temoa nenhuma ex Plicagio Para ésse valor), ao passo que o acréscimo de mas, sa 1/c* devido ao movimento seré deduzida através da Equa go (2), -28- , VARTACKO DA MASSA COM A VELOCIDADE © exioma newtoniano da invariabilidade da massa, dm = 0, serd pois, substitufdo pelo axioma einste- | miano da equivaléncia entre massa e energia, E = mc’, Em térmos do esquema do trifmgulo, vemos que o esquena newto niano am = 0 Pew t= ww? \ ou o seu equivalente, como discutido no § 9 dm =0 * p df= Vedp | seré substituido pelo esquema einsteniano. B= nc? =29- Uma vez estabelecida a relacdo entre massa er cinética, dada pela Eq. (6) podemos integrar o ete, monte da Bg. (2), ov seja . cong _ (By +T)at 3 ° et rinancs a integrag%o, nos a4 ‘eso / 1? BLD + (7) e yonde A 6 uma constante de integracio. 0 significado da energia cinética T é tal que quando p= 0, T também 6 iguala zero, isto 6, M(p = 0) = 0, Fazendo p=Ona Equa g&o (7) podemos concluir que a constante de integragdo A :6 gula, e ficamos portanto com ET + que, multiplicando ambos os membros por 202 nos a4 (2? + 2B,n) = p20? que, completando-se o quadrado no primeiro membro, nos dd (t+8,)? - BL? = p2o® (8) Como T+ Ey 6 a ENERGIA TOTAL E, podemos escrever a Eq. (8) como (9) que exprime a ENERGIA TOTAL E da particula em t@érmos da sua ENERGIA DE REPOUSO EB e do seu MOMENTUM p. =30- Dividindo ambos os membros 4a Eq. (9) por ce lembrando que m= /c* temos 2 + pe/e (10) que nos d4 a dependéncia da MASSA de uma particula com o seu MOMENTUM, Para obter a variagéo da MASSA diretamen- te com a velocidade, procedemos assim: Dividindo a Eq. (9) por BL? temos pet 31+ (11) 12) 44 a MASSA de uma part{cula como funcHo da sua ve A Eq. (12) é uma das equagdes mais importan- SAO_DA ENERGIA CINETICA Como foi discutido no § 9 0 conceito newto~ massa como uma propriedade intrinseca da partieu como consequéncia para a energia cinética a ex- = w?. Por outro lado, do conceito eins- en ee teniano de massa como energia resulta para a energia cing gen eS ~ tiea"uma expresstio diferente de —S- mv*, como aiscutido n0 §°9. 4 nova expresso da energia cinética pode ser obtide da Eq. (8) Whats (7 + B,)? = BL? + po? (13) que 6 a express&o final da energia cinética em fung&o da Velocidade da particula. Eubora bastante mais complica- © 4a do que a expressdo newtoniana 7 = —2- mv? a nova for, ma da energia cinética, dada pela Hq. (14) é de muito mais utilidade na Fisica e muito mais geral que a expressio new toniena, Muitas vézes é conveniente exprimir a energia -33- cinética T em unidades da massa de repouso mc", isto 6, T/ajc*. Da Bq. (14) temos ou seja, (15) T=E-E, (16) ait. energia total E 6 a soma da energia ae repouso . Mergia devido ao movimento (CINETICA) 7, -35- (ag) (20) scien vélidas en qualquer caso (mesmo quando m,=0 = E,). pas Sxiacdes (19) e (20) segue ies (21) Portanto, da Iq. (21) que vale em qualquer ago @ da Eq. (18) que vale no caso particular de m, = 0, * temos, substituindo E = pe da Eq. (18) na Hq. (21) oe v(m, = 0) = ¢ (22) 5 0U sejas "Q significado e o valor da constante "co" € aveiocidede das particulas de massa de repouso aula". ou, de outro modo: "T$da particula de massa de repouso nula tem velocidade igual ac", Resta, pois, saber quais s&o as particulas de massa de repouso nula, medir sua velocidade para se oh ter o valor da constante c. ~36~ A VELOCIDADE DA LUZ Sem dtivida, n&o podemos selecionar as parti, culas de massa de repouso nula por uma medigfo da massa de repouso de uma série de particulas. Podemos, no en- tanto, medindo a energia e o momentum, descobrir quais as particulas que satisfazem a Eq. (18), ou seja, devemos in vestigar quais as particulas cuja energia ¢ proporcional ao seu momentum. Essas particulas ser&o partfculas de masea de repouso nula. Entre as poucas particulas de mag, sa de repouso nula, a mais comum é a luz, pois LEBEDEV (1901) e NICHOLS e HULL (1903), independentemente, medi- Tam a "pressdo da radiacio", isto 6, a pressdo, ou férca por unidade de drea, ou transfer€ncia de momentum por uni dade de tempo e por unidade de drea e concluiram que -essa Pressio 6 proporcional A energia da radiagfo (incidente por unidade de tempo por unidade de drea), e que o coefi- edente de proporcionalidade é a velocidade da luz (medida Por experiéncias independentes), tudo de acérdo coma Equa, eGo (18). (Na Eq. (18) "p" 60 momentum e no pres— Bo). Quando encaramos a luz como uma colegio de Perticulas de massa de repouso nula, com momentum e ener- @ia ligados pela Eq. (18) damos o nome de FOTONS a wma @essas partficulas. Portanto E= pe (para FOTONS) (23) PE we © = velocidade da luz = 3-108 m/seg (24) Da identificacio dos conceitos de MASSA e ENERGIA resultou que a massa de uma particula varia com a ua velocidade, de acérdo com a Ea. (12), (12) 0 passo que a exigéncia de que as equagdes valham para tOdas as particulas, qualquer que seja o valorda sua mas— 8a de repouso m, (inclusive m, = 0) teve como consequén- eda que nm, (FOTONS) = 0 © = velocidade da luz (= 3 x 108 n/seg) Da Eq. (12) podemos concluir, portanto, que quando a velocidade de uma partfcula se aproxima da velo- cidade da luz, a sua MASSA (e portanto a sua ENERGIA) cres Ce indefinidamente. Isso ndo 6 evidenciado pela nossa erperitncia cotidiana (e nem pelos resultados de vdrios sé eulos de observacio fisica) em que n&o percebemos nenhuma Variac3o da massa das partfculas. No entanto, n&o perce demos essas variacSes devido ao fato de que sendo peque- nas (couparadas com a velocidade da luz) as velocidades dessas Partfculas, as variagdes de massa resultantes sio Pequenas demais para serem percebidas nessas situagdes do ~sotidiano, 0 grdfico G1 mostra a massa em unidades de ge °°"? funcdo da velocidade da particula (em unidades -3T- . CALCULO APROXIMADO DA VARTAGAO DA MASSA -38- de c) dada pela Eq. (12). v/e Da Eq. (12) podemos calcular a variagio per centual (dm/m) de massa em fung&o da velocidade. Temos 1 2 an vay aw n oF _ ye °F . v2 ou seja, para v ¢¢o 1 ae mv) -m(o) | -O y m(0) Assim podemos organizar uma pequena tabela 31 que nos mostra a variacho percentual de massa, n(v) - m(0) — we » a baixas velocidades, =39- 300 km/s 3.000 km/s 30.000 km/s 60.000 km/s 90.000 km/s Por outro lado, a Tabela 7.2 nos mostra a velocidade de alguns movimentos de nosso cotidiano junta~ mente com as variagdes percentuais de massa corresponden- tes. 22 situacio } velocidade Movimento orbital da Terra em térno do Sol 3-104 tem/n 3,85+10720 satélite artificial 1-104 in/n 4,28-10722 2,68+10722 avigo supersénico 2,5*103 km/h 1103 kn/n 4, 28+10723 molécula num gés Na Tabela 2 vemos que essas variagdes (no néximo de ordem de 4 partes em 101°) passam completamente desapercedidas frente & sensibilidade aos aparelhos usa- dos nessas situagdes. Bee -40- 7. YaRTAGKO DE MASSA NO Dowinto_avourco 34 no dominio dos movimentos intra-atémicos a situagdo nfo 6 a mesma. A Tabela 3 nos mostra a ordem de grandeza da velocidade de um elétron profundo mum dto- mo leve (H) e num 4tomo pesado (Cu) juntamente com as va- riagSes correspondentes de massa. 1.3 | ordem de grandeza da veloca, dade de um elétron profundo 210° em/s (6,6+1073 0) 6+109 cm/s (0,2 ¢) Da 1.3 vemos que no interior dos dtomos (principaimente dos dtomos pesados) um elétron atinge ve- locidades compardéveis com a velocidade da luz, acarretan- do variagdes de massa significantes, o que altera profun- damente o comportamento dos elétrons nessas situagdes. 18. VARTACAO DE Massa NO DoMiNIO DA ELETRONICA No entanto, n&o é sé no interior dos dtomos que os elétrons adquirem altas velocidades. Mesmo subme- tido & ag&o de campos elétricos comuns um elétron sofre veriag&o de massa aprecidvel. Calculemos essa variacio. Quando uma particula de carga elétrica ae massa m é submetida a uma férga F (que suporemos constan- te) a sua velocidade 6 calculada pela 28 lei de Newton, ~41- Fa i,daqual resulta, 2 = Ff e a= ait = (qE/m)at, onde. E = intensidade do campo elétrico, igual a F/q. Multiplicando ambos os membros por v, temos ete (+ av’) (qE/n)-7at. Desprezando sverige da com a velocidade temos por integraco, v@= {2a8/m,)b onde, Y, 6 a velocidade final no percurso L, tendo a carga partido do repouso, — Conhecendo o valor da razio a/n, (pafa tm elétron essa raz%io vale 1,76 + 10! coutomb/Kg) fpodemos calcular a velocidade adquirida pela carga quan- @¢ acelerada por uma certa diferenca de potencial V exis- eate no percurso L(E = V/L = tantos volts por cm), Subg tituindo o valor V/L = E, na expressdo anterior, temos etter : (25) Meaee caso a variacdo percentual de massa dada pela ex- = dn/n, Ev2/2c2 fica ém/m, = qV/n,! 2 (26) ela 1.4 nos mostra a velocidade final e a variag#o ezcentual da massa de um elétron quando acelerado por pg ‘ee Commmente encontrado em aparelhos sletrénicos. ia. 42 vdlvula de rddio tubo de televisio 100 volt 10.000 volt | 6-107 m/s 2-107? { | I Da Tabela T.4 vemos que mesmo quando acele- yado por potenciais existentes em aparelhos eletrénicos ,comuns um elétron atinge velocidades compardveis com a ve “Locidade da luz, e consequentemente, sofre variagdes de ftassa aprecidveis. Portanto, menos nesses casos devemos usar as equacgdes completas, por exemplo, Eqs. (12) e(15), sendo incorreto o uso das equagées aproximadas. 19, cktcuLO SXAT0 DA VELOCIDADE ADQUIRIDA POR UM ELETRON No cAlculo anterior coneluimos que a veloci, dade final v de uma particula de carga elétrica q acelera da por wma diferenga de potencial V era dada aproximadamen te por v? = 2qV/m,. fisse resultado nfo é exato, porque tomamos a massa da particula como uma constante m, inde- Pendente da sua velocidade. No entanto, o cdleulo exato dessa velocidade é bastante simples. De fato, pelo prin eipio da conservagio da energia, a energia cinética (R=EB- E,) adquirida pela particula ao se deslocar sob a aglo de uma diferenga de potencial V 6 igual A perda de energia potencial elétrica qV, ou seja, T=aV. 3 justa- Mente isso queoresultade acima, Bq. (25), v"=2 aV/m, aig w “ifica, De fato, multiplicando por m,/2 concluimos que -43- =av (27) ja, “Energia cinética (aproximada adquirida, 7 = per fade energia potencial, av". a . Para calcular ovalor exato da velocidade fi vesta user, em vez de T= —b- nv", a expresso exa para a energia cinética Mv) dada pela Eq. (15) na igual ete T(v) = aV. ‘Temos = . t L peme? | ————— -1}=a i, v2 (V3 e D, 2 ° 2 = aV + m0 2 xv woe que elevada ao quadrado nos dd mm, 204 5 ° 2 2 ~ = (n,e2 + av) . 1.2 he. o © dovertendo temos v2 n,204 ea 1-- 2 2 2 | z ° (m,0? + av) Oa, finalmente te he 2,4 v2 m,7c — =1-————_ (28) 2 (mc? + av)? Be Dividindo o numerador e o denominador do segundo membro por m,7c+ ficamos com uma expressGo mais cémoda (29) que nos dé o valor exato da velocidade final v de uma par itfoula de carga q e massa de repouso m, quando acelerado er uma diferenga de potencial V. Esse resultado exato jeve ser comparado com o resultado aproximado, dado pela ‘h. (27) (27) hee ee weobtido anteriormente, quando desprezamos a variacio da mag @a com a velocidade. ~ 0 gréfico G.2 nos mostra, para um elétron ssubmetido A agZo de fércgas, a sua velocidade final, caleu Jada pela equacao aproximada, Eq. (27) e pela equagao exa ta (29), em fungo do potencial acelerador, V. -45- Eq. (25) V (milndes de Volt) 0 gréfico G.3 nos mostra os mesmos resulta dos, porém, para o quadrado da velocidade, v@/c*. G.3 15 Eq. (25) V (milndes de Volt) 0 gréfico G.4 nos mostra o quadrado da velo cidade adquirida v2, em unidades de oc”, para potenciais aceleradores fracos. Xe -47- 20. 0 "ELETRON-VOLT" COMO UMA NOVA EB CONVENIENTE UNIDADE ———— SEO DE_ENERGIA Da discuss%o precedente notamos que quando um elétron se desloca sob ac%o de uma diferenga de poten- cial elétrico V a energia cinética adquirida 6 igual a eV, onde e é a carga elétrica do elétron, Assim, se um elétron executa um certo movimento sob aglo de uma dife- renga de potencial de, por exemplo, 100 volt a sua veloci dade final serd dada pela Eq, (29) a partir da qual pode- mos calcular (em erg, por exemplo) a sua energia cinética exata por meio da Bq. (15), Zsse cdlculo nos dard, nas unidades cscolhidas, um certo valor, digamos, Tj,9. Se repetirmos o c4lculo para um outro movimento sob a agHo, digamos, de 200 V, passando pela complexidades das Equa gdes (29) e (15), obteremos outro valor, nas mesmas uni- dades escolhidas, digamos, 7,4). Independentemente das unidades escolhidas teremos sempre Tyo, = yo9 5 T300 = 4Fiog = 300 71, ou em geral, T,= VI, ou seja, a energia cinética (expressa em qualquer unidade de energia) adquirida por um elétron que se move sob a agdo de uma di. ferenga de potencial igval a "V volts" 6 igual V vézes a energia cinética adquirida pelo mesmo elétron se éle se Movesse sob a acto de uma diferenga de potencial igual a "L Volt", Mesmo que o elétron tenha alcangado uma ve- locidade v sob ag&o de férgas nao elétricas, ou sob ago de forcas elétricas complicadas (campo n&o uniforme) a eg 8a velocidade v corresponderd uma certa energia cinética, dada pela Eq. (15), energia essa que poderia ter sido ad- quirida por wma aceleragao prodwzida por um campo elétri- co correspondente a uma certa diferenga de potencial igual a um certo mimero V de volts. Assim, independentemente do processo pelo qual o elétron adquira energia cinética ~48- podenos dizer que essa energia cinéticavale "tantos volts" ou melhor ainda, "tantos elétron-volts". | Mesmo outras formas de energia, que n&o sejam energia cinética podem ger expressas em "elétron volts" (eV). Por exemplo, a energia de repouso de um elétron equivale aproximadamente @ 500.000 elétron-volt ou 5*10° eV, o que significa dizer que “a energia de repouso, m,0°, de um elétron, expressa por exemplo em erg, 6 igual & energia cinética que ste “elétron, partindo do repouso, teria adquirido se tivesse “gido acelerado por 5+10? volt". Além disso, qualquer forma de energia de qualquer particula pode ser expressa em eV, 0 resultado numérico X sempre significando "a energia cinética que um elétron, partindo do repouso, teria adquirido se tivesse “sido acelerado por X volts". Para evitar nvmeros mito grandes, quando conveniente, podemos tomar 10° eV como unidade de energia, que serd denotada por MeV (milhdo de elétron-volts). * 21, FROBLEMAS Calcule em eV as seguintes energias: 1) a energia de repouso de um elétron: (mo, = 9,1-107%8 gramas) 2) a energia de repouso de um préton: (my, = 1467-10774 g) 3) a energia de repouso de uma particula g: (m, = 6,8-107*4 @) -49= 4) a energia de repouso de um niicleo de Urfnio 238: (mgy = 3,94+107°? g) 5) @ energia de repouso de uma particula de massa de re- pouso igual a 1 grama: (m,) = 1 8) 6) a energia de repouso da Terra: (my,q = 61077 g) 7) @ energia cinética adquirida por um préton acelerado por wma diferenca de potencial de 200.000 Vs 8) a energia cinética de uma partfcula of (micleo de Hé- lio duplamente ionizado) acelerada por uma diferencga de potencial de 6+10° v. Q LIMITE CLASSICO Na discussao anterior fica claro que para velocidades baixas (v ( a teed ° 2 8 of %. que substituindo nas Eqs. (15), (12) e (11) acima nos 44 2 4 1 vi 3 v D = mc" (= + tees (30) 2 42 8 of m=, (31) B= (32) -51- |, Como By = By of podemos escrever, desprezando térmos de or "em igual ou superior a v2/c% 1 pease, (33) 2 (34) 2 = met 40 (35) 0 que sdo justamente os valores cldéssicos da massa e da ener gia cinética, A Eq. (35) expressa a energia total como a energia cinética cldssica (1/2)m,v° mais a energia de repouso m,c* porém 8sse térmo adicional m, 7 no afeta os célculos eldssicos, por ser apenas uma constante (embora muito grande). TBORTA DA RELATIVIDADE B MECANTCA CLASSICA © conjunto das idéias e as equagdes resul- tantes (por exemplo, Eas. (9), (10), (11), (12), (15), etc, do axioma da equivaléncia entre massa e energia (Hq. 15) se chama, por razdes histéricas, TEORIA DA RELA~ TIVIDADE e foram obtidos pela primeira vez por um caminho sistemético por EINSTEIN em 1905. Por outro lado, o con junto das idéias e equagdes resultantes do axioma da inva riabilidade de massa (m= m, ou dm = 0) se chama MECANT ca cLASSICA, e foram sistematizados por NEWTON em 1687. g 08 resultados da Mecénica Cldssica est@o contidos na Teo- ria da Relatividade e a partir dela podem ser obtidos to-~ @ nando o limite v—90 (v<¢ 3 2 ® \pr - 4, ge ce Jeterminados assim os valores de a, b, Ae B pelas Zqua~ goes (36) a (39), temos para as Equacdes de transformacio, uE TLL = 30-—> Cc The Et = ¥(E - up) e TL2 jas formulas de transformagZo de um referencial para ou yvalem para qualquer movimento (desde que retilineo e ongo de u) de qualquer objeto, epor isso constituirdo entro das nossas manipulacdes. Equagdes de transfor- es equivalentes a TL1 e TL2 acima foram obtidas antes SINSTEIN (1905) por LORENTZ em 1903e por isso sao deno jas TRANSFORMAGUES DE LORENTZ. ‘XO: Para descongestionar as Equagdes é comum to © como unidade de velocidade, ou seja, ¢ = 1, passan- U/e a ser escrito comou. Todas as equacées ficam mi 8 simples. As TLl e TL2, por exemplo, passariam a eseritas: TLL p' = §(p - uE) T2 Et = ¥(E - up) -60- L = oS Bor outro lado a equivaléncia entre massa e energia, Equa- ago (5), seria escrita ae ; e * ‘OMPOSIGAO DAS_VELOCEDADES 2 Se a velocidade de uma particula em relagao ©, um referencial R vale v" = V» qual seré a sua velocida- hae v™ =v! em relacdo aumreferencial Rt ae ao primeiro R com uma yelocidade Var ‘posta dessa pergunta vem de =?) EB-m y_que se move em =u? Ares m pt =0ye-— ° TL2 Et = Sul® - up) #* , Usando a Ba. (21), v' = e2pt/E! e aividindo LL por TL2 jy. tems 2 . 2 Pt (a/e*)E yee E - up Dividindo o denoninador e oumerador go segundo meubro por © temos, face & Eq. (21) lee = we vi=c oo 1 = w/e? e portanto (40) -61- qn. TRVARTANTES ~ “ Diz-se que as grandezas Fe G se transfor- “gem covariantenente ou sto covariantes com e B se essas grandezas Fe G se transformem segundo TL1 e TL2, isto 6, u R= r¢ - a) —— semelhante a p' e Gt = ¥(G - uF) — semelhante a Et que significa que os valores de Fe G dependem do estado de movimento ou do estado do movimento do observador, ou melhor ainda, do estado de movimento em relagZo ac obser- vador. No entanto, existem combinagdes de Fe G (e de Fe Gt) cujo valor nfo _dependem do observador. Essas combinagdes so denominadas INVARIANTES, isto é, o valor de cada uma dessas combinagdes é o mesmo para todos os ob servadores, isto 6, n&o depende do estado de movimento da partioula em relag&o ao observador. Por exemplo, au ee -— =) ee at? = vr (G? + u2p? - ure) e portanto ete ofr? = -62- Portanto, (42) Em particular, Er? ~ opr? - n? _ 92,2 = nvaRrANTE 0 valor désse invariante j& conhecemos, e pode ser obtido da Eq. (9), B?=B,?+ p02, que nos ad E2- 0%? = B on OU seja, o valor do INVARIANTE particular E2-p%c? 60 qua~ drado da energia de repouso, que j4 cabenes ser um INVA- RIANTE, pois, pela equival€ncia entre massa ¢ cnergia, a energia de repouso é simplesmente a massa de repouso, Existem, no entanto, outros invariantes me- nos 6bvios que a massa de repouso, 0s invariantes num dado movimento ("movimento’ nZo no sentido restrito de des locamento no espaco, mas no sentido geral de "processo", "acontecimento", "reaco", "transformagio" e mesmo um "sim ples deslocamento") so de grande import&ncia nas formula Ses das leis da Fisica. Certamente nem thdas as leis da Fisica envolvem sbmente invariantes, Além de alguns elementos invariantes (massa de repouso, velocidade da luz, carga dos elétrons, eto), uma lei da Fisica em geral envolve elementos nfo invariantes (massa, energia, momen- tum, velocidade, etc), No entanto, devemos preferir for mulagdes das leis da Fisica que envolvam o maior ntimero possivel de elementos invariantes e o menor miimero possi- vel de elementos nfo invariantes. Dafa utilidade dos invariantes e o nosso interésse em descobri-los. A dis cussaio seguinte nos conduzirdé & descoberta de mais um in- variante de grande import&ncia -63- “0 INVARIANTE FUNDAMENTAL Ue € © conceito de momentum 6 definido como pro- Quto da massa pela velocidaée. Essa definic&o envolve trés conceitos nfo invariantes (como j& vimos), 1) massa, 2) velocidade e 3) momentum, Em relacio a referenciais ‘Re R! diferentes, cada uma dessas trés grandezas terdé va “lores diferentes. Usando ésses trés elementos n&o inva- %piantes, queremos descobrir combinagSes invariantes. Quan #0 ao momentum n&o hd possibilidade de tornd-lo invarian- “'te (0 dnvariante, j& vimos, 6 B? - pc?), No entanto, podemos procurar uma nova definigfo de momentum que, em vez de envolver dois elementos no invariantes, me v, en ‘tyolva mais um invariante no lugar de m ou dev. (dbvia~ Guente seria infrutifero buscar dois invariantes para subs, “tituir mev). A solugio é fAcil porque a presenca de m na definigio de p = uv, sugere a introduglo de m,, isto 6, gq vez de definir p=mv podemos definir p = m,v*, onde ral boviamente no é mais a velocidade comum, ~9%-,aa partfeu (R ,emrelago aumreferencial R, =o; obtida da maned at "Fra comum pelo quociente do deslocamento ax‘) meaigo em relag&o ao referencial R, pelo intervalo de tempo dt'™) ne ‘@ido também por relégios fixos no referencial R. a Na definigfo usual p(®) = (8) ax(®) at : Wedmente at®) poderia ser (mas n&o 6) um invariante, i4 ‘que dbviamente, p, me ax dependem do referencial. Se es *colhermos uma nova definigio p\®) = nyv'®) ou ESCOLHEMOS “@Pax" iovariante ou ESCOLHEMOS at* invariante. ’ IRA ALTERNATIVA: Se mantivéssemos dt dependendo do eferencial e escolhéssemos ax* como invariante, ficaria- -64- mos na seguinte situacio (escrevendo provisdriamente ax, no lugar de dx™ para salientar o seu cardter de invarian- te, e at no lugar de at*), ax 0 ron at(®) onde: 1) p\®), o momentum, depende ao referencial, de acérdo com TL1; 2) m,, a massa de repouso, 6 um INVARIANTS; 3) ax,, um deslocamento INVARIANTE no espago absolu- to que por ESCOLHA NOSSA no depende do referen- cial, e 4) at") | 5 tempo gasto em percorrer ax,, que depen- de do referencial (senfo nada no segundo depende- ria do referencial, o que acarretaria ser o pri- meiro térmo tambémum invariante, o que nao ¢). SEGUNDA ALTERNATIVA: Podemos manter o deslocamento dx de pendendo do referencial e ao mesmo tempo escolher at* co- mo invariante, e nesse caso escrevermos dt, em vez de at® e dx em vez de ax", ficaremos com ax(®) at, 1) p°®), o momentum, depende do referencial, de acor- do com TLL; 2) m,, a massa de repouso, é um INVARIANTE; 3) ax(®) | 9 aesiocamento medido em relagdo ao refe- rencial R e que portanto dbviamente nfo § inva~ riante. -65- 4) at, , um intervalo de tempo, por BSCOLHA, INVARTAN TE, gasto em percorrer ax. A segunda alternativa 6 aweferida, porque a primeira gera uma séric de inoonvenitncias que n&o so pela introdug&o do novo invariante dx,. Se escolhermos a segunda alternativa, intro auzindo portanto um intervalo de tempo dt, invariante re sulta para ésse invariante dt, os seguintes significado e valor. > (a) ,e @) _ (a) & compensadas av) , ‘a definig&o comum de momentum (que ser4 escrita sdmente de uma outra forma, sem contudo alterar o valor do momen- tun p‘®)) e da nova forma de escrever a mesma coisa, ax'®) of) = a,——, aty podemos concluir que (R) ax‘®) ax(®) nf®) sm, at(®) at, ou seja, que my at, = at(®) 7) Como j4 vimos a massa n°) ae uma partioula de massa de repouso m, e que se desloca em relagio a um 4 ye referenci i (®) - / encial R comuma velocidadév vale m\*!=m,/\/1-—3-- -66- portanto a rh er ce (42) © significado de at pode ser compreendido elevando a express&0 acima ao quadrado: (Rr)? 2 2 at? = as)” at?) e' Leubrando-se que ax®) = v'®ae®) temos (43) ou seja, "Quando uma particula qualquer se move arbitrariamente percorrendo num inter, valo de tempo dt um espago Gx, 0 va~ lor de at2-dx2/o? (ou de ax® - c7at?) 6 um INVARIANTS, isto é, nfo depende do referencial". Esse invariante dt, se chama o INVARIANTE FUNDAMENTAL. e 29..¢ TEMPO PROPRIO Para compreender o significado de dt, basta nos colocarnos num referencial (0) relag&o do qual a par— tfceula se encontra em repouso (isto é, dx’ = 0), A Bq. (43) nesse caso nos 44 = a6) at, = at ou seja, -68- 30. Ut EXEMPLO DE DILATACAO DOQ_TEMPO Um exemplo de desintegrag&o em véo que de- monstra claramente a dilatagao do tempo 6 0 seguinte. Vérias experitncias realizadas no laboraté- rio mostram que mésons pi produzidos no laboratério a bai- xa velocidade (desprezivel) se desintegram (estatistica- mente) depois de aproximadamente 2-107° seg, a chamada meia vida. Isso significa que dado um certo mimero N de nésons, depois de 2-107° seg 26 teremos N/2 mésons, tendo os outros N/2 se desintegrado. Ora, nos chamados raios césmicos, observa- mos na superficie da Terra, mésons p provenieutes de cima com velocidades praticamente iguais & da luz, e que neces, sariamente foram produzidos na atmosfera e, portanto, no ndximo a uma altura de uns 100 km pela colis&o de um raio eésmico com um 4tomo de g4s da atmosfera. Sondagens com baldes mostram que acima dessa altitude, onde pr&ticamen- te nao existe atmosfera, n3o se observam mésons p, Ain~ @a mais, essas sondagens nos mostram que dos mésons produ zidos, aproximadamente 10% atinge a superficie da Terra antes de se desintegrar. Ora, para percorrer 100 km se deslocando com @velocidade da luz, @sses mésons levam para chegar & su- perf{cie da Terra 100/300.000 = 3 + 10°* seg, ou sejayum tempo aproximadamente igual a 150 meia-vides. esse tem Po, grande parte dos N mésons originalmente produzidos na atmosfera teria se desintegrado antes de alcangar a super, ffeic da Terra. Caleulemos que frag&o de N teria sobre- Vivido e conseguido chegar aqui. Depois de uma meia-vi- da teriamos N/2 sobreviventes. Depois de duas meia-vi- “das N/4. Depois de trés N/8. Enfim, depois de n meia~ -69- N vidas teriamos ——— sobreviventes. Portanto, depois 2 2’ ge N= 150 meia-vidas teriamos (27150 = 10745)10749 Wh omé- gons sobreviventes que atingiriam a superficie da Terra ao nivel do mar. No entanto, constatamos que a fracdo so previvente que atinge de fato a superficie da Terré 6 mi to maior, da ordem de 10%, ou seja, tol N. Coneludmos, pois, que em relagdo a um referencial ligado & Terra (com relagéo ao qual os mésons so contados) em vez de haver decorrido wm tempo de cérca de 150 meia-vidas ( isto é, 3-107! seg) durante o perourso dos mésons através da at- nosfera, decorreu um intervalo de tempo stmente da ordem de 3 meia-vidas (isto &, 6+107° seg). A dilatacio do tem po é pois da ordem de um fator 50. Perguntamos, poist "Qual 6 a velocidade dos mésons para produzir uma dilata~ go de tempo igual a 50"? Pela Eq. (44) temos que elevada ao quadrado e invertida nos aA: 1 = v2/e2 = 1/2.500 = 4107+ , on seja, v?/e%=1 - 4e107* w/e = 1- 21074, isto 6, v/e = 0.9998, o que significa que a velocidade dos mesuos é pr&ticamente igual A da luz. -10- A ENERGIA EO TEMPO PROPRIO o invariante fundamental, Com a introduce 4 energia rio podemos escrever também a 9 a0 tempo prép: Basta escrever 2 em térmos do tempo préprio. B= uc’ 2 moe at B= ——————_ ° Lenbrar que = v2 at, Le e que ficamos com a expressao que é bastante parecida com @ nova expressao do momentum Yamos redescobrir um resultado jd obtido, elevando a0 quadrado as duas expressées acima e manipulen do, Temos 2 2 at ax’ = n,2e4 —- 2 2an 2 at, oat, 24 at - ax?/o* =n 2e¢ ——————— ° 2 at “71+ pelo valor do tempo préprio at? dado pela Eq. (43) ou pe 1 valor do invariante fundemental concluimos que a fra- go do segundo membro é igual 4& unidade e que portanto B? - peo? = aot verificando assim, aquilo que j4 sabfamos. 1a fed a We BD-008 INTRODUCKO \ MECANICA_RELATIVISTICA (continuagao Newton Bornardes 26 do julho de 1 972 BOLETIM DIDATICO CENTRO DE ENERGIA NA AGRICULTURA USP - CNaN " ESCOLA SUPERIOR DE aGRICULTURA "LUIZ DE QUEIROZ! PIRACICABA-SP BRASIL -72- II - SISTEMAS DE PaRTicuLas 32. A ESTRUTURA DOS _SISTEMAS Tedo corpo, exceto as partfculas elementa- ares, 6 composto de um maior ou menor ntimero de partes, ou gqperticulas. Por exemplo: uma porcSo de gée bidrogénio fanob a forma isotépica de deutério ¢ composto de um grande 4 ero de moléculas (diatémicas) de hidrogénio (deutério). geoote uma dessas moléculas é por sua vez composta de dois itomos de hidrogénio (deutério). Cada dtomo de hidrogé- o (acutério) ¢ composto de um niicleo (com uma carga elé ca unitéria negative). 0 elétron sendo uma particula ementar nao tem partes, ao passo que o micleo de deuté- io é composto de um préton e de vm neutron, Da mesma ‘culas elementares ¢ assim scndo nao tém partes. Dessa + Se a porgdo de hidrogénio contém N moléculas, pode 8 concluir que ela é constituidade 2 N prétons, 2 N new rons e 2 N elétrons. A afirmagio jinversa, porém, nem pempre 6 verdadeira, isto 6, 2 N prétons, 2 N neutrons e Nelétrons nem sempre formam uma porgSo de hidrogénio Pesado (deutério). # possivel que arranjados sob forma ersa ésses mesmos dtomos venham a constituir um outro © (substancia) com propriedades macroscépicas totalmen diferentes, Por exemplo, ésses mesmos 2 N prétons, neutrons e 2 N elétrons podem ser encontrados agrupa- ps em N dtomos (nao em 2 WN) cada um contendo, portanto, nticleo com 2 prétons e 2 neutrons e dois elétrons fora ymicleo de cada dtomo, que, portanto, viria aser um imo de hélio, Essa colegSo de particulas elementares 8 Constituindo wma porg&o de hidrogénio pesado, cons- -B- tituiria agora uma porgo de gés hélio (isétopo 4). 3, portanto, vélida a cogitac&o de um processo que transfor ne hélio (isétopo 4) em deutério (isstopo 2 do hidrogénio), Também podemos considerar corpos macroscépi cos compostos de partes também macroseépicas, sem penetrar no detalhe da constituigio dessas partes, que portanto se riam as "partes elementares" do corpo em questao. Por exemplo, uma porgéo de um certo tipo de lama podeser cong tituida de uma determinada quantidade de dgua e de uma de terminada quantidade de um certo tipo de argila. Como outro exemplo podemos considerar que um certo péndulo (sistema) é composto, por exemplo de 2 partes: um determinado fio de ago e uma determinada esfe ra de chumbo, No entanto ésse mesmo ago e chumbo, agru- pados de outra forma poderiam vir a constituir um outro corpo (sistema), por exemplo, wma diizia de anzéis e chum bvadas para pescar. No momento estamos interessados em disoutir os movimentos (e portanto tédas as propriedades) de um cor po, a partir dos movimentos de suas partes. 0s exemplos acima mostram que para especificar o sistema precisamos eg pecificar as suas partes componentes juntamente com cer- tos detalhes acérca da maneira como essas partes estao agrupadas. Para certos fins, podem ser supérfluos cer- tos detalhes da composigo das partes de wn sistema, que poderia, ent&o, ser especificado por um pequeno ntimero de partes. No caso do péndulo, se estamos interessados sd- mente nas suas oscilagdes no vacuo sob a agio da gravida- de basta especificar o comprimento do fio (se inextensi- vel), sendo desnecess4rio especificar qualquer detalhe acérea da esfera de chumbo, até mesmo se ela é de chumbo ou nfo. vem verdade que, olhado de uma maneira mais fundamental, para estudarmos as oscilagées de um péndulo “Th simples precisariamos conhecer o sistema com mais detalhe, incluindo, por exemplo, como parte do sistema o planeta que produz a gravitacio. A seguir estudamos as propriedades fundamen tais de um sistema de particulas (ou partes) a partir das propriedades dessas partes. Inicialmente ¢ necessdrio definir os atributos do sistema, para eliminar ambiguida- des ou incertezas nos conceitos. Por exemplo, nao pode- mos falar com seguranga que a velocidade de um certo tijo lo é tantos metros por segundo, porque partes diferentes do tijolo podem ter velocidades difcrentes (por exomplo, porque tle esté girando). Colocaremos algumas definigdes dos conceitos fundamentais (energia, momentum, massa, mag sa de repouso, centro de momentum) e a partir delas pode~ remos tirar algumas conclusées baseadas nas propriedades das partes elementares do sistema, cujas propriedades de~ ven jd ser conhecidas. Até aqui estudamos sdmente as propriedades de corpos puntiformes, que chamamos de particulas. Essa restrig&o foi necessdria porque do infcio, e repetidamen- te, usamos o conceito de velocidade que sé é bem definido para um corpo de tamanho desprezivel face & preciso dos instrumentos de medida. Assim sendo, no que segue, as partes elementares do sistema serio necessarianente "par- tf{oulas". Vamos conseguir ampliar os quatro conceitos, energia, momentum, massa e massa de repouso, para incluir © caso de wm corpo qualquer. Uma vez que tenhamos alcan gado ésse objetivo, podemos recuar e tratar sistemas com- postos de partes extensas (isto é, no particulas) j4 aue @ essa altura as propriedades dessas partes extensas esta r&o bem compreendidas dentro de um esquema que n&o envol- ve mais 0 conceito de velocidade, Por isso, no desenvol vimento que segue nao seria necessdrio, jd de inicio, con -15- ema como puntiformes. No entan siderar as partes do sist jor clareza no raciocinio. Uma go, vamos fazé-1o pare ma _gez eliminado, no fin, o concei to de velocidade do objeto (sistema) podemos usar os resultados iminentes para abor- dar sistemas cujas partes clemeatares poden ser extensas. SISTEMAS IDEATS E SISTEMAS REAIS As partes de um sistema podem ou néo exer= cer influéncia sdbre as outras partes, i.e., 0 movimento de uma das partes pode ou n&o ser alterado pela presenga des outras partes. Se ésse movimento n&o é influenciado _ pela presenga mitua significa que ésses movimentos sao en tre si independentes, exceto quando hé contacto entre as partes. As partes que formam um sistema désse tipo se chaman INDEFENDENTES ou LIVRES, e 0 sistema formade por partes ou particulas independentes s¢ chama VE SISTEMA IDEAL. a realidade nao existe nenhum sistema ideal, te., um sistema formado de partes independentes, No en tanto, o estudo dos sistemas ideais além de fornecer Sn esquena tedrico para o estudo de sistemas reais, serve, muitas vézes, como um modélo aproximado das propriedades de um sistema real. For exemplo, ce propriedades dos cha mados gases nobres, ou gases inertes, a saber: He, Ne, A, Kr, Xe, Ra a temperaturas bem acima dos scus respectivos pontos de ebulig&o podem scr deseritas por um modélo de im gés IDEAL, em que os ATOMOS, exceto pelas colisdes m+ tuas, n&o interagem uns com 0s outros. Por outro lado, as propriedades do gés hidrogénio wo podem ser descritas por um mod@lo IDEAL de um gés de AroMOS INDEPENDENTES, pois um par de dtomos de hidrogénio INTERAGE to fortemente que, na verdade, formam uma molécula @iatémica, Hy. Jd a interagio das moléculas diatémicas, Hy, de nidrogénio ¢ << af -T6- guficientenente fraca, de modo que as propriedades de uma porodo de eds (real) de hidrog@nio podem ser aproximada~ pente descritas por um moa@lo ée um gés IDEAL de MoLicU- was DIATOMICAS INDEPENDENTES. A ENERGIA DE INTERAGAO No Dowinzo Da QuiMIcA Dizer que n&o existe influéncia mitue entre as particulas de um SISTEMA IDEAL, i.e., que elas so IN- PEPENDENTES, significa dizer que a ENERGIA TOTAL do siste na é igual a soma das energias de cada uma das suas parti calas. Quando isso nao é verdade podemos concluir que 0 sistema nfo 6 ideal. A diferenga percentual entre a ener _gia total do sistema e a soma das energias das suas part£ ““qulas indica o desvio do comportamento ideal do sistema, d.e., a ENERGIA DE INTERAGAO, Por exemplo, sabemos que o calor especifico, Cy, de quase tédas as substfincias é da ordem de algunas calorias por mole por grau Kelvin. Sem cometer @rro de monta podemos assumir que o calor especi{fico 6 uma cons- tante, e daf concluir que a energia interna de qualquer substAncia (nao incluindo a energia de repouso) é aproxi- madamente igual a CT, ou seja, da ordem de 1,000 cal/mole a temperaturas ordindrias (300%). For outro lado o ca~ lor latente de vaporizacZo, que mede aproximadamente a energia de interac%o entre as particulas da substancia & também da ordem de 1,000 cal/mole (540 cal/g para a dgua, por exemplo). Podemos assim concluir que, pelo menos @ temperaturas ordindrias, a maioria das substancias nio po dem ser consideradas como sistemas ideais, j4 que a ener gia de interagZo entre as particulas 6 da mesma ordem de grandeza que a energia do sistema. -T1- Algumas substancias porém, se aproximam bem de um sistema ideal. 0 caso, por exemplo, dos gases inertes cuja fraca reatividade é uma indicacBo de intera gdes fracas. Em particular o calor latente de vaporiza gBo do He é smente da ordem de 20 cal/mole que é peque- no (2%) comparado com a energia do gés (da ordem de 1.000 cal/mole) a temperaturas ordindérias. Podemos pois, com boa aproximacHo, tratar uma porgao de gés hélio como um SISTEMA IDEAL formado de ATOMOS de hélio. © grau de IDEALIDADE de um sistema depende de como escolhemos as suas partes, Para ilustrar a in- portfancia dessa escélha, vamos tomar o caso do gds hidro génio. A temperaturas ordindrias a sua energia (nBo in cluindo a energia de repouso) € da ordem ainda de 1,000 cal/jowle. 0 calor de vaporizac&o, i.e., a ener gia paro decompor hidrogénio liquido em gés hidrogénio DIaTONICO é da ordem de 100 calfmole, o que mostra que a cnergia de intcracg&o entre MOLECULAS DIATOMICAS, Hy, de hidrogénio é da ordem de 10% da snergia total do sis- tema, e portanto uma porgdo de g4s hidrogénio 6 RAZOAVEL MENTE Usl SISTEMA IDEAL, se ponsado como composto de MO- LECULAS DIAT@MICAS. Por outro lado, a energia para que rar uma molécula de Hy é da ordem de 2 elétron-volt, ou seja, 40.000 cal/mole. Assim, vemos que uma porgdo de gés hidrogénio NAO pode ser aproximado por um SISTEMA IDEAL DE AToMos, pois a energia de interag&o entre teses 4tomos seria, & temperaturas ordindrias, da ordem de 40 vézes maior que a sua energia cinética. -78- 3 A ENERGIA DE INTERAC ‘Ko NO DOMINIO DA FisICa NUCLEAR A seguir estudamos 0 grau de idealidade dos gistemas de interésse da Fisica Nuclear, i.e., os NUCLEOS atomicos. A energia de interacZo entre as particulas que formam o micleo atémico é da ordem de UM MILHAO de vézes maior que a energia de interac&o entre os dtomos que por gua vez 6 da orden de NIL vézes maior que a energia de in teragho entre moléculas. As préprias unidades de ener- gia refletem a ordem de grandeza das energies: — calo- ria/mole (moléculas), eV (&tomos) e MeV (nticleos). A experiéncia nos mostra aue a energia de interagdo ontre os NUCLEONS (particulas que formam 0 mti- cleo) € da ordem de 10 MeV, e que a cnergia total do mi- cleo (nfo incluindo a massa de repouso) é também da ordem de 10 MeV. Um uvicleo, portanto, nfo constitui um siste— ma ideal. Essas energias nucleares sto fantasticamente grandes. De fato, 1 MeV = 1,610722 le = 61023 dtomos, e portanto, pare um dtomo com um sé nicleon, 10 MeV/niicleon ¢ da orden de 10'3 joules/mole, ou seja, da orden de 10? cal/mole. Tomando 10° ca1/mole como ordem de grandeza da energia quimica, vemos que a energia joule, mas um mo- nuclear 6 da orden de 10° vézes naior que a energia quimi ca, daf as expresses jornalisticas xiloton (10° ¢) megaton (10? g). A energia nuclear (i.e., 4 energia de inte- rag%o entre os micleons) sendo tio grande, néo podemos mais desprezar 0 seu efeito sébre a energia de repouso, jes, a massa do ovicleo. De fato, a massa de um préton equivale a uma energia da ordem de 103 MeV, donde vemos que a energia de interagdo nuclear é da orden de 1% da mas sa de repouso dos nticleons. ~19- y6. SISTEMAS IDEAIS DE PARTECULAS INDEPENDENTES Experiéncias limitadas, do tipo da de Lavol sier, nos mostram que tanto na formagdo de un sistema a partir das suas partes (SfNTESE) assim como na sua decom- posigdo em partes (ANALISE) 0 péso total de um sistema 6 igual, dentro da precisao limitada, & soma dos pésos dos seus componentes. No entanto, existem invimeros exemplos na Fisica Nuclear que nos mostram que a massa de um obje~ to complexo é ligeiramente diferente da soma das massas dos seus constituintes. Um exemplo disso 6 0 caso ao DEUTERON cuja massa é da ordem de 0,1% menor que a some das massas do PROTON e do NEUTRON, componentes do deute- ron, como foi discutido no § 6. Devido 1) a possiveis movimentos internos das particulas e 2) a variacto das massas dessas particu- las com ésses movimentos é compreensfvel que haja alguma diferenga de massa do sistema resultante, comparada com & soma das massas de REPOUSO das suas partes. Por essa ra zBo, QUALQUER afirmacao acérea da relag&o entre a massa de um sistema e as massas das suas componentes, precisa ser BEM QUALIFICADA, Apesar de que a maioria dos sistemas reais se desvia bastante de um sistema ideal, vamos inicialmen- te estudar os sistenas IDEAIS de particulas independentes por uma questio de método. para fixar idéias imaginemos um gés IDEAL sendo fornado a partir de suas uoléculas introduzindo-os numa caixa através de um furinho + 0 que servi- ré tanbén para imaginar a decomposi¢o do gés en nolécu- las dispersas. Imaginemos abandonar as varias noléculas, inicialnente afastadas uma das outras fora da caixa, com velocidades iniciais arbitrdrias de modo a atravessar o fu rinho. Como as particulas de um SISTEMA IDEAL nBo se R', Tie M2 (u = uf), T= Hew =_¥ PM). Py 1" os ” t 4 nO w €'*~ " oy Rm ca ‘ sg e (4mportante: nfo confunda u = ul®) com vy, ou vty, veloci- aades de particule, que serian denotadas respectivanente : por wf ou ww ) Somando ambos os membros de cada uma das equagdes acima sébre todas as particulas do sistema (in- elusive as de massa de repouso nula) temos Poe Fatx-+e) Ley zy SExy - aH) k -84- Lembrando queue Y se referem aos dois sistemas Re R! objetos de transformagiio, e que portanto, ue yy sao os mesmos para tédas as particulas, podemos colocd-1os em evi d@ncia, fora das somatérias, isto é, FS yy) = PLE, - FAL © que nos a& oP, -ylh - s— Ley Ley =P Le, - pela, que face &s definigdes (46) e (47) nos a&o, 7) Et = YE- yuP= YE ~ w) ’ C.Q.D. meyrey ay. 8. A MASSA DE REPOUSO DE UM SISTEMA SE RE REP OUSO DE UM SISTEMA . 4ssim como para uma partfoula, a diferen- ga E? - pc? para um sistema, é também um INVARTANTE, d.e., - BP — p@o? = TNVARTANTE -85- Demonstrag&o: De TL3 e TL4 temos: -2 uEP) - ae + \ 2 2m? _ p22 2 (y2p2 _ vw? 92 ye Ho) «5? ( a 2) = 2, 2? # tot) aa) — 2) (g2 _ p22 3 -92¢-a$) c Prot) = (2-Be) (2-35) (a? -2 80%) ‘ = BP _ p22 gan, = ye? + we GBs.: 2B? - pc? ser invariante significa que apesar de que a energia E e o momentum P, cada um em separado, te- ham valores E, E', Pe P! que dependem do referencial RB, R', ..., etc, a diferenca dos quadrados dos seus valo- Tes néio depende do referencial, No caso de uma sé part{ cula (vega Eq. (9)) 0 significado ae € ? ~ p?o? era n,20 (ou m,*), ou seja, o quadrado da massa de repouso da par- t4oula. No caso de um sistema (objeto composto de par- tes) vamos usar o INVARIANTE acima para definir a massa de repouso désse sistema composto. Aproveitamos o cardé- ter de INVARIANCIA da diferenga E2 - P22 © do seu signi- ficado no caso de uma partioula, para definir M, a MASSA DE REPOUSO DE UM SISTEMA pela equagdo (50) i 39. ou, por analogia com a Eq. (9) Dessa forma a massa de repouso de um sistema de particu las 6 um conceito bem definido (pela Eq. 50) e um atribu- to préprio do sistema, cujo valor numérico n&o depende de nenbum referencial, j4 que o segundo membro de (50) 6 in- variante, conforme ficou demonstrado, UM _REFERENCIAL TODO ESPECIAL EMAL TODO ESPECIAL A seguir queremos descobrir um método sim ples para calcular o valor da massa de repouso, 0 que vi- ré a ser a By. (57) mais abaixo, Antes, porém, necessi- tamos introduzir a definigBo de um referencial especial, em relago a0 qual o cdlculo da massa de repouso de umsis tema serd bastante simplificado, Observamos que se o mg mentum total de um sistema f$r nulo (devido & compensagao vetorial das velocidades de suas partes), o valor de My serd, nesse caso, igual & energia do sistema, como facil- mente se Gepreende da Eq. (50). No entanto, no caso Ben Fal de um sistema com momentum nfo nulo (j4 que o momen- tum de um sistema depende do referencial, de acérdo com a TL3) podemos cogitar da possibilidade de encontrar um re- ferencial particular que, se existir, chamaremos de REFE- RENCIAL DO CENTRO DOS MOMENTA ou REFERENCIAL DE REPOUSO do sistema em questio, abreviadamente Cle em relaco ao qual o momentum total do sistema 6 nulo, Essa definigo se escreve (51) -87— A possibilidade de se encontrar um referencial CM que, pa va um DADO SISTEMA, satisfaga a Eq. (51), depende da estru tura do sistema em quest&o (veja observacg&o 4 abaixo). Se @sse referencial oxistir, ese ver da TL3 +tomando R!_= OMe, portanto, u vw + quea sua velocidade vi) em relagfo a um reterencial R seré dada por v¥@ - 2+ p(B) (52) ou abreviadamente, sem possibilidade de mal-entendido: P 2 Voy = 0° — (53) cM E Demonstracho: De TL3 temos pia) _ rom - Ys 2) e portanto, da definig&o da Eq. (50), pia) 0, do sistema de centro de momentum, segue que (R) E pik) © va C.Q.D. (54) c' ObservagSes: 1) © conceito de referencial de centro de momentum substi, tui 0 conceito de referencial do centro de massa de um sig tema na Mecfnica Cldssica. De fato, na MecAnica Cléssica © gentro de massa de um dado sistema é um ponto no espaco tal que o momentum total do referido sistema em relacho a um referencial ligado a @sse tal ponto, 6 nulo. Na Mech, nica Relativistica, a existéncia de um ponto no espaco -88- (que viria ser o centro de massa relativistico do siste ma) 6 irrelevante. 0 que é importante é a possibilidade de se encontrar um referencial (e n&o um ponto) emrelacio ao qual P= 0, Wa verdade acontece que o uso do concei- to de centro de massa em MecAnica Relativistica & condend vel e desaconselhével, porque no é um conceito invarian- te, isto 6, diferentes observadores atribuiréo pontos di- ferentes como o "centro de massa", J&, como referen- cial do centro de momentum isso n&o acontece, ou seja, se ésse referencial existir le ser4 o mesmo para todos os observadores, ou seja, é um conceito invariante. R 2) Da equagio (54) acima, POR) = y(R) le e das Equa- ° ges (5), (46) e (48), BP) =8)e2 podemos concluir que PR) 5 (By) (55) "Em relagio a um referencial R qualquer, o momentum total de um corpo 6 igual ao mo- mentum de uma vnica particula, de massa igual & massa total M‘R) do sistema em re ago ao dito referencial R, animada de movimento com velocidade igual & velocida ae ve) do referencial do centro de momen tum, velocidade esta com relacZio ao mesmo dito R", ou seja, que 3) O resultado Eq. (55) 6 0 andlogo (e na verdade con- tém do teorema de Mec&nica Cldéssica que afirma que o "mg mentum total de um sistema cldssico 6 igual ao momentum ~89- de uma tinica partfcula de massa igual & massa total do sistema e animada de movimento com velocidade igual & do centro de massa do sistema, Os resultados diferem apenas pelos conceitos de centro de massa e centro de momentum e, como veremos abaixo, pelo valor da massa total. 4) Dizer que o referencial do centro de momentum existe, significa dizer que a sua velocidade Voy em relagio a um determinado (porém qualquer) referencial R 6 menor do que @ velocidade da luz, i.e., Vgy a, isto 6, a wassa de repouso de um SISTEMA IDEAL é sempre : maior ou igual & soma das massas de repouso de suas parti, i culas, 4 © sinal de igualdade sé vale no caso am que i Yto =0 ~92— Ora, sendo cada “s(n 3 a somatéria acima sé é igual a ze-~ ro quando cada on _separad: o fér igual a zero (jd que avimeros po! positives, t,, no podem se compensar na sua soma!), Isso implica que a velociaade vi) de cada par ticula em relacdo ao OM é nula, ou seja, que as velocida~ des de tOdas as particulas do sistema s4o iguais entre si, © que significa que a velocidade relativa de wm par de particulas (isto 6, a velocidade de uma particule em rela gao & outra) 6 nula, o que implica que a distfncia entre quaisquer duas particulas do sistema permanece constante, como decorrer do tempo, fisse sistema na Mecfnica Clds- sica corresponde a um corpo rigido. Portanto, My =m, 4 86 para corpo rfgido da Mecfnica Classica, ou sea, “a massa de um corpo 86 é igual & soma das massas de suas partes, se &sse corpo fér rigido". A INERCTA DA ENERGIA A Eq. (57) nos mostra que os MOVIMENTOS IN TERNOS (i.e., movimentos em relacio ao CM) de um SISTEMA contribuem para a massa de repouso. Vemos assim que de- terminada "quantidade de matéria" pode ter maior ou menor inércia dependendo dos seus movimentos internos. Tome- mos, como exemplo, um mole de He*, ou seja, 4 gramas de hélio. A temperaturas ordindrias (300°) a energie cing tica devido ao movimento interno de agitag%o de seus dto- mos ¢ da orden de 1,000 cal/nole, ou sea, aproxinatanon te 4,180 joules. Dividindo ésce valor par c2= (3-108 méeg)2 obtemos 5-10"!4 gramas como a inércia adicional das 4 gra mas de He devida ao movimento interno. tm aumento de mas se dessa ordem passa completamente desapercebido diante da sensibilidade de nossos melhores instrumentos, e assim se 43. -93- explicam os resultados de LAVOISTER, No entanto, podemos afirmar que o CALOR, assim como outras formas de ENERGIA INTERNA, contribuem para a INERCIA de um corpo. Mais adiante mostraremos que em sistemas REATS condensados, pa Fa os quais a ENERGIA INTERNA 6 NEGATIVA, a massa de re- pouso do sistema serd MENOR que a massa de repouso das suas partfoulas. A MASSA DE REPOUSO DA LUZ Outro caso particular interessante e de re sultado surpreendente 6 o caso de um sistema constitufdo tnicamente de particulas de massa de repouso nula (por exemplo, um feixe de luz n&o unidirecional, porque ?), Nesse caso (a. = 0) (se o feixe nao 6 unidirecional 6 poss{fvel encodtrer o referencial do CM, jd que os p, no s&o todos paralelos) a Eq. (57) nos 44 Hy = LHW = af, >0 © que implica que (a menos que sé haja um £6ton, ou que os varios fétons se propaguem na mesma diregSo e sentido) a massa de repouso de um gds de fétons (ou de qualquer par- ticula de massa de repouso nula) nfo 6 nula. Ainda mais a massa de repouso de um gés de fétons 6 igual & sua ener gia no referencial do CM. Ade A comPosi¢Ao DA ENERGIA TOTAL DE UM SISTEMA A seguir mostraremos como a energia total de um sistema qualquer em relagio a um referencial R ar- bitrdério pode ser decomposto em energia de repouso e ener, gia cinética, em analogia com a decomposicao no caso de uma particula. De fato, das Eqs. (49), TL4 e (51) temos BOR) 2 (RD Q2 5 ye () y(CM) _ (OH (CH). = y fra) = ou, y 2) ou seja, u®) 2a ye ®@ (58) Podemos escrever a Eq. (58) como w(B) _ ot, 6) + ou, - 08m, = McR + ose G - ) (59) Ora, no 22 membro da Eq. (59) o primeiro térmo ue” no depende da velocidade do CENTRO DE MOMENTUM, ao passo que © segundo térmo, ou y- 1), depende da velocidade do il através do térmo Soar Dessa forma, podemos escrever a Bq. (59) como ne) + @ (60) onde a(®) s oop 2 - 1), por depender do movimento do Gt em relacho & R, através do térmo ¥{E) tem o significa do de energia cinética do centro de momentum, em relacg&o a0 referencial R, De fato, usando o valor de x {®) temos ) oF) = woe (@) — 1) = 4 v@? + = ve 70? . -95- "6 a energia cinética de uma particula de massa de repouso igual & massa de repou- so do sistema, animada de movimento com velocidade igual & velocidade Vim ao cen tro de momentum em relacio a R, lor é dado pele Eq. (52), ep 22 g(t, © resultado da Eq. (60) corresponde ainda & separag&o de energia, em energia devido a movimentos in ternos em relagao ao OM, Bq. (57) 2. De (an e a energia devido a movimento global (externo, que n&o im plica em movimentos internos), 1 2 > Toy Zz Movcu + . (61) A VARIAGAO DA MASSA E DA ENERGIA COM 4 VELOCIDADE Outro resultado contido na Eq. (58) é a va riag&o de massa total do sistema com a velocidade do seu centro de momentum. De fato, usando na Eg. (58) o valor ae You = VW/N1 - V8y/c? , temos R w®) 2 @ ou seja que, (62) Da mesma forma temos E pR) . ° \fa - Ve? 72 que nos permite concluir que "a massa e a energia de um sistema aumen- tam com a velocidade de seu Centro de Mo mentum, segundo a mesma lei de variacHo da massa e da energia de uma particula comsuavelocidade, m =m,/4/1-v"/o? », (63) -97- 46, SISTEMAS REAIS As propriedades dos SISTEMAS IDEAIS so fa cilmente analisadas em térmos das propriedades das suas PAR TES, como foi discutido nos §§ 36-45. 0 mesmo n&o aconte ce com SISTEMAS REATS, No entanto, s&o justamente os SIS- TEMAS NAO IDEAIS os mais interessantes. - Como reconhecer INTERAGOES nas partes de um sistema? De uma maneira gené- vica, propriedades tais como COESAO, DUREZA, etc, s&o mani- festacSes de FORGAS atrativas ou repulsives entre as partes de um sistema, Por exemplo, a REACAO ao se COMPRIMIR ou DISTENDER uma mola helicoidal é uma manifestac&o das INTERA GOES entre os dtomos que constituem a mola. Uma outra ma nifestag&o da NAO IDEALIDADE de um sistema 6 a liberacio ou absorc&o de energia no processo da sua formagHo a partir das suas partes, assim como no processo da sua decomposigto. De uma waneira mais fundamental para a Psi ca Moderna a NAO IDEALIDADE de certos sistemas pode ser re- conhecida através da sua MASSA DE REPOUSO. Por exemplo, po demos afirmar que o DEUTERON nao é um SISTEMA IDEAL formado por um PROTON e um NEUTRON, pois a MASSA DE REPOUSO do DEU- TERON que é igual a 1.875,49 MeV é MENOR que a SOMA DAS MAS SAS DE REPOUSOS DO PROTON E DO NEUTRON, respectivamente iguais a 938,21 MeV e 939,50. MeV. fsse DEFICIT de. mas- sa de repouso estd em contradic&o com a desigualdade que se gue a Eq. (57), que vale para qualquer sistema ideal. ° DEUTERON portanto, nfo é um SISTEMA IDEAL. Devemos pois, buscar na INTERAGAO entre o NEUTRON e o PROTON a origem dég se decréscimo de massa de repouso. P, Calcule o déficit de massa do deuteron, i.e., m, +m, - my. Os sistemas da natureza apresentam intera- ~98- ges de varios tipos, v.g. a) Interagfo GRAVITACICNAL: se manifesta entre todos 0s corpos. Interago ELETROMAGNETICA; se manifesta entre ELI. TRONS, PROTONS e dezaic particulas CARREGADAS, e é a interag3o mais relevante aos fendmenos interatémi, cos tais como os da quimica. cy ¢) Interacio NUCLEAR: se manifesta entre NEUTRONS, PRO TONS e outras particulas, MESMO DESCARREGADAS, que intervém na formag&o dos MUCIEOS atémicos. 4) OUTRAS interagdes que, embora de interésse fundamen tal para o FfSICO profissional, nfo so relevantes para a compreens&o das propriedades dos sistemas do cotidiano atual, De tédas essas INTERAQOES, a interacio ELE- TROMAGNETICA é 2 unica que se conforma ao esquema de descri gfo da Teoria da Relatividade. J4 as outras interacdes 86 podem ser descritas quando as velocidades das partes, mas em relagéio &s outras so PEQUENAS comparadas com a velocida de da LUZ, Isso significa por exemplo, que 0 movimento conjunto de um ELETRON e um PROTON pode ser tratado de una maneira satisfatéria qualquer que seja a velocidade relati-~ va, i.e., por maior (ou menor) que seja a energia do MOVI- MENTO INTERNO, Assim, o ATOMO DE HIDROGENIO pode ser ana- lisado tedricamente sob tédas as condigdes, com o detalhe que se queira. 0 mesmo nfo acontece com um sistema forma- do por um PROTON e um NEUTRON, cuja interacHo AINDA é com preendida incompletamente. Apesar disso, j4 somos HOJE ca pazes de estudar APROXIMADAMENTE 0 movimento conjunto de um PROTON e NEUTRON a baixas velocidades relativas, ou seja, a energias INTERNAS pequenas comparadas com a massa (energia) de REPOUSO (v< Po +¥ (64d) ou por 1 2 Yay at (640) Iniciamos a discussio do problema, elegendo um reforencial. © referencial mais CONVENIENTE é sempre 0 do CM, que pode ser localizado assim. 0 referencial do CM - antes da colisio 6, por definic&o, o referencial em relagio ao qual o momentum total do sistema inicial préton-neutron émulo. Por exemplo, se os prétons est&o contidos nos dtomos de hidrogénio das moléculas de uma subst&ncia hidrogenada si tuada sébre uma mesa no laboratério, e se os noutrons inci- dom de um reator om dirego & tal mesa, com uma velocidade - de, por exemplo 103 m/seg, podemos localizar o referencial - do CM pelas seguintes consideracdes; a. os prétons nas moléculas tém energia cinética des . prezivel, normalmente muito monor que 1 eV. P, Calcule a velocidade de um préton ou neutron cuja energia cinética é igual al ov. >. os momenta do préton c do neutron de cnorgias de ordem de eV sao despreziveis face aos outros mo- menta cnvolvidos na reagio, por exemplo do raio . ¥ omitido. P. Calcule o momentum dc um préton ou neutron cuja energia ~102- cinética é igual al eV, P. Calewle o momentum de um raio y de energia igual a 2 Mev. Dessas consideragdes podemos concluir que o referencial do.CM pode ser tomado como o referencial do la- boratério, j4 que no laboratério o momentum total de siste- ma nep 6 PRATICAMENTE NULO. Apesar de que o deuteron resultante da coli s&o nfo é um sistema ideal, devido 4s forgas mucleares que mantém o neutron e o préton ligados mituamente, notamos 0 seguinte: ce) ANTES da colis&o, a interag3o entre o préton eo new tron é desprezivel por estarem éles afastados um do outro, No estado inicial o sistema préton-neutron 6, pois, IDEAL, 4) DEPOIS da colis&o, a interagHo entre o deuteron for mado e o FOTON acompanhante 6 desprezfvel. No es- tado final o sistema deuteron-féton é, pois, IDEAL. Temos, portanto, duas situagdes, uma ANTES da colis&o e outra DEPOIS da colisto, em que estto envolvi- dos sistemas ideais. (Se estivéssemos dispostos a sacrifi car a clareza em troca do rigor dirfamos que temos DOIS ES- TADOS IDEAIS (n=p) e (d- yr) de um SISTEMA), Os nossos resultados dos pardgrafos 36 - 45, referentes @ sistemas ideais sdo, pois, aplicdveis ANTES e DEPOIS da colis&io. Durante a colisto nada podemos dizer porque @ Teoria da Relatividade nfo inclui métodos para dig cutir a interag%o responsdvel pela formagio do deuteron e concomitante emiss&o do féton, A Eq. (48) nos diz, por exemplo, que a mas- sa total M, do sistema p-n antes da colis&o é igual a -103- a a OyD O,n + a | 272° 27,2 1 -¥,°/e 1 - v,°/e' onde v, e v, s&o as velocidades do préton e do neutron, No referencial do CM essa massa M, 6a MASSA DE REPOUSO do sis- tema ideal p-n, que pode ser escrita como (65) M, (m, OyP CM /,2 CM /,2 + TN /er) + (ayn t Ty 7°) (66) onde 1! 5 20ll oo respectivamente as energias cinéticas do préton e do neutron no referencial do (il. Por outro lado, também pela Eq. (48) sabe- mos que DEPOIS da colis&o a massa Mp do sistema d~ ¥ em re- ago ao mesmo referencial do CM é igual a Bod Mp, =m, +m. = f= Mg x you 1-(—4 ° ou explicitando a energia cinética + By /o° My = (my g + 1gM/0%) + (0 + Be) (67) onde vo ¢ Evelocidade do deuteron en relagdo ao referencial do Ox @ EM 6 a energia (massa) do féton, taubém no referen cial do CM. Sabemos também que 9 momentum total do sis- tema a-¥ DEPOIS do choque, em relac&io ao referencial do CM é you > Moya Va P= F,t+P. = + Bee (68) r Ye- (By -104- 8, A UTILIDADE DA TEORIA DA RELATIVIDADE Todo ésse conhecimento referente aos siste mas ideais, ANTES e DEPOIS, em SEPARADO, seria um conheci- mento vazio SE A TEORTA DA RELATIVIDADE NAO ESTABELECESSE UMA RELACKO ENTRE OS ESTADOS INICIAL E FINAL DO SISTEMA, Essa relag&o 6 dada pelos axiomas fundamentais da Fisica; © Principio da Conservaciio do Momentum e o Princfpio da Con servacdo da Massa (ou da Energia que é equivalente A Mas- sa). : Na soluc&o de um grande mimero de problemas da Fisica de hoje é NECESSARIO e SUFICIENTE uma HABIL mani- pulac&o de: 1) Teoria da Relatividade, 2) Princfpios de Conservagio, e 3) Aproximag&o cldssica para baixas velocidades. Vamos exemplificar essa manipulacio resol- vendo o problema da formagio do deuteron discutido no § 47, supondo que a energia cinética do neutron e do préton é pe- quena, por exemplo da ordem de 1 eV. - Os Princfpios da Conservag8o do Momentum e da Conservacao da Energia (massa) P= F, (69) e Mi = (70) (71) ou seja, -105- BoM 4 BM e = 0 (72) (73) As Eqs. (72) e (73). s&0 suficientes para de terminar a energia cinética do deuteron, ou seja, o médulo da sua velocidade. Por outro lado, elas n&o sao suficien- tes para determinar a direcho dessa velocidade. -Nés 86 po demos afirmar que no referencial do CM q deuteroneo raio sair&éo em direc&o opostas, com momenta que se cancelaraéo vetorialmente. Inicialmente vamos escrever as Eqs. (72) e (73) de modo a explicitar a energia cinética das particulas. Temos: BOE = mg VOM = (w/o? mM (74) e Bit = mye + 1M (75) Portanto BOE = (mig + 1/02 re (76) A Eq. (72) se escreve, pois (17) ~106~ Por outro lado, de m® =m, +0", a Bq. (73) fica i Bog + 1c? + + gs? = ag, +m, + 1M? + 27?! (78) Essas equagdes sio EXATAS e podem ser resol vidas EXATAMENTE sem qualquer aproximagio. Isso porque tan : to no estado inicial como no estado final temos sistemas ideais. No entanto,. estamos supondo que a energia cinéti- ca das particulas é _Sengresivel comparada com as magsas de repouso (1,000 MeV = eV), Assim podemos, na Eq. (77), desprezar T4/c® face a m4 e daf concluir que a velocidade de "recuo" do deuteron serd aproximadamente (0,14), (79) | cage valor munérieo deve ser-muito menor que a unidede, pa- ra n&o contradizer a hipétese. Empiricamente, ea = 2 MeV e sendo mye? = = 2,00Q MeV podemos concluir que Vi Ve. serd aa ordem de 0,1%, 0 que acarreta (VM/e )2~ 10 65 © que im plica através aa Eq. (pg. 38) (42. = Bb v?/0? ) que 20tt seré da orden de 5+10"7. msc? = 5+107% 2,000 MeV = 1,000 eV= = 1 keV, 0 que confirma nossa hipdtese: m4 >>7M/o?, Essa energia de 1 keV 6 aproximadamente a ENERGIA CINETICA MINIMA DO DEUTERON PARA QUE O SEU MOMENTUM CORRESPONDENTE CANCELE 0 MOMENTUM Do FOTON, ‘ -107- P, Calcule o momentum de um deuteron de energia igual a 1 keV. Compare com o momentum de um féton de energia igual a 2 Mev, Assim, na Eq. (78) podemos desprezar no se- gundo menbro os térmos 7, e 7, (que sto da ordem de 1: eV on menor) em comparaciio Ty ~ 1 keV, E.~ 2 Mev © nm, ~ 10> Mev. Aquela equacio fica, portanto, (80) ou seja, BO = (938,214 939, 50 -1.875,49) wev~ 20 = 2,20 mev 2%! (81) A energia cinética de recuo do deuteron po- de ser calculada pela Bq. (79) usando-se a aproximagio clés sica, 7=-$- niv, Ent&io temos, Oo v, 1 a Co 2 pom en oe 4 2 0d c = 5 (82) 2 2 myge ‘que substituida na Eq. (81) e transpondo amt para o primei- ro membro, nos a4 ox a . an 1+ = 2,22 MeV (83) 2 Boge -108- Como primeira aproximacio, podemos, dentro do paréntesis, desprezar Ey ~ 2 MeV face a 2 m,gc?~ 4.000MeV e entio concluir que a = 2,22 Mev (84) que esté en étimo acBrdo com os fatos, F5. Uma vez obtido o valor de.E,= 2,22 MeV po~ demos utilizar @sse valor aproximado na Ey. (83). Esereven do a Eq. (83) sob a forma au 2,22 Mev r oa @ expandindo o denominador em série, i.e., 1/(1+x) gol zl- & 1 tEy/2 o at an ' s 1 2 Lt Ey/2 Boat’ 2 mae’ temos finalmente . 2,22 Mev Ml ~ 5,02 mev(1 - — ct 3.750 MeV ) = 2,22(1-6+10"4) (85) © recuo do deuteron modifica, pois,. a ener gia do raio y de 6 pertes em 10+, correcHo essa que sé 6 importante em trabalhos de alta precisio. Epyisente & reag&o inversa da formagio do deuteron, i.e.: Bas o 71+ p, chamada a foto-desintegracho do deuteron, realizada pelo bombarded de deuteron por raios . su pondo Vy"? = 0 calcule vo! ve ew fung&io de BM Mog. tre que a reacho 35 cconre | para Bf > 2,22 Mev. P, Foi usada a aproximacdio que Vai” = 0. Na verdade, VEAP € da ordem de 103 m/seg. Usando a transformagSo de Lo- rentz, 712, calcule By” sabendorse que By = 2,22 MeV e que Voy? &, por exemplo, 103 m/seg.. Esea corregdo é im portante ou nao. face 3s Eas. (84) e (Bt)o -109- - AS LIMITACOES DA TEORIA DA RELATIVIDADE Uma vez exemplificada a utilidade da Teoria da Relatividade, é necessdrio compreender as suas limita- gSes. Por exemplo, ela no explica porque a energia do vaio y na formag&o do deuteron é igual a 2,2 MeV (Eq. 84), Isso é devido ao fato que a Teoria da Relatividade NAo $ ca PAZ DE CALCULAR A MASSA DE REPOUSO DO DEUTERON A PARTIR 1) DAS MASSAS DE REPOUSO DO PROTON E DO NEUTRON, 2) NOS MO VIMENTOS DESSAS PARTICULAS DENTRO DO DEUTERON e 3) DA ENER~ GIA DE INTERACKO p-n, Sea Teoria da Relatividade nos per mitisse caleular a massa de repouso do DIUTERON, o princfpio da conservacio da energia (massa) nos permitiria concluir que o déficit de massa (2-2 MeV) teria que ser compensado pela emiss&o de 2.2 MeV sob uma forma ou outra de energia. No entanto, 0 conteiido da Teoria da Relatividade nfo é sufi cientemente amplo para tratar com EXATIDAO de problemas que envolvem interacdes. Apesar disso a aplicaco aos Princ pios de Conservagio juntamente com a Teoria da Relatividade cobre um grande nimero dé situacdes importantes na Fisica Moderna. Por exemplo, a partir SOMENTE do conhecimento das MASSAS de repouso do préton, do neutron e ao deuteron, (Ey) que implicam num déficit de massa de 0,0025 uam, podemos concluir do Princfpio de Equivaléncia entre Massa e Ener- gia, e do Prineipio da Conservacio de Energie (Massa) que na formagio de um deuteron a partir de um neutron e um pré- ton seré liberada sob uma forma ou outra, que no poderfa- mos especificar, uma ENERGIA equivalente a 0,0025 uam, ou seja, 2,2 MeV. 0 Prinefpio da ConservacBo do Momentum nos garante, ainda mais, que essa energia de 2,2 MeV deve tam- vém possuir um momentum adequado. Gr&ficamente podemos exprimir o uso e as li mitagdes da Teoria da Relatividade considerando o grdfico que simboliza uma reagio A+B+C..,—yx~at+bdic.., ~110- onde "A", "B", "C", ete, so partfeulas incidentes e "a", "bo", "oe", etc, s&o particulas emergentes. Essas particu- las INTERAGEM quando esto localizadas dentro de uma regido R. Fora de R as particulas nfo interagem, e podem ser con sideradas como um sistema ideal, tanto A, B, C, ..., ete, como a, b, c, ... ete, Podemos aplicar a Teoria da Relati, vidade aos sistemas ideais inicial e final, MAS NAO NA RE- GIAO R DE INTERAGAO, 0s Princfpios de Conservacio do Mo- mentum ¢ da ConservacHo da Energia (massa) nos permitem es- tabelccer RELAGOES entre os estado inicial e final, Embora ésses Principios VALHAM TAMBI DENTRO DA REGIAO R, af a Teo via da Relatividade nfo ¢ capaz de tratar da interacHo, i.e., da cnergia potencial, com EXATIDAO. No caso do DEUTERON a regiao de INTERACKO p-n envolve o deuteron, i.e., grafica- mente, j& que dentro do deuteron existem um préton ¢ um neu tron com uma intcracZo (que os mantém ligados) que nio é desprezfvel. -111- Gostariamos de estudar o movimento rclativo intimo do préton e do neutron, suas érbitas, ete, dentro do deuteron. Para isso temos que introduzir a encrgia poten- cial de interag&o do préton com o neutron, c na Teoria da Relatividade nfo est%o incluidos meios para discutir com EXATIDAO esses movimentos sob interagho, a nfo ser no caso da interagio cletromagnética, No entanto, a baixas velocd, dades podemos introduzir conceitos tais como férga e ener- gia potencial, c resolver o problema aproximadamente, obten do resultados que apesar de nfo sorem cxatos, so mclhores que os da Mec&nica Cldssica, A UTILIDADE DA MECANTCA cLASsICA Quando as velocidades so extremamente bai- xas a Teoria da Relatividade dd os mesmos resultados que a MecBnica Cldssica, e por isso um grande aimero de problemas de Fisica e a grande maioria dos problemas de Quimicaé Cia., para os quais a Fisica é relevante, podem ser tratedos pela Mecfnica Cldssica, utilizando conceitos tais como fércga e energia potencial. Essa é a raz&o para estudarmos a Meoa- nica Cldssica e seus métodos. Por exemplo, da Quimica sabemos que da rea- g&o de Carbono com Oxigénio pode resultar monéxido de carbo no. Consideremos, n&o a reacto verdadeira que envolve mo- léculas diatémicas dc oxigénio 0, € talvez carbono sob for- ma de grafite, mas sim uma reac&o hipotética entre CARBONO GASOSO MONOATOMICO e OXIGENIO GASOSO MoNOATOMICO, C+0—» co (86) Sabemos, por meios indiretos da Quimica, que essa reacgdo libera aproximadamente 220 kCal/mole, ou seja, aproximadamente 10 eV/mclécula. fisses 10 eV representam a ~-112- ordem de grandeza da onergia de interaclo do dtomo de carbo no com o do oxigénio dentro da molécula de mondéxido de .car- bono. Essa energia de 10 eV é t&o menor (~ 3-1072°) que a energia de repouso da molécula CO (C = 12, 0=16 .*. coz 28 uam = 28-109 eV) que podemos desprezar qualquer efeito relativistico nas propriedades da reaglo e da molécula de CO e utilizar tranquilamente a Mec&anica Cldssica. Os métodos da Fisica Cldssica aplicados a sse problema, levando em conta as vdrias interagdes ELETRO MAGNETICAS entre os 14 elétrons e os dois micleos seriam suficientes para prever que na reagdo (86) seriam liberados aproximadamente 10 cV mais a cnergia cinética inicial. Ain da mais ésses métodos da Fisica Cldssica seriam suficientes para analisar com PRECISAO os movimentos (érbitas, frequén- eias, etc) dos dtomos C e 0 dentro da molécula CO. Isso significa que por se tratar de movimen tos a baixissimas velocidades a Fisica Cldssica resolve o problema tanto fora da regifo de interagfo de C com 0 (con- servag&o de momentum o de cnergia) assim como dentro da re- gido R de interacio de C com 0, i.e., dentro da molécula CO. Gr&ficamente temos Se, qo er Em particular a Mec&nica Cldesica nos daria que a massa da molécula de Co é igual A soma das massas dos dtomos de Carbono e de Oxigénio, i.e., a Loi de Lavoisier. Além do mais os métodos da Pisica Cldssica seriam suficicntes para analisar com PRECISAO, (porém sem EXATIDAO)s -113- 1) a reago inversa: CO+ 10 eV—3C+0; 2) a reac&o macroscépica real: 1 © (grafite) + a 0, (eds) —» CO(gds) + 220 kCal/mol + 3) os movimentos atémicos e moleculares no grafite, oxigé- nio e monéxido de carbono. | 2 Um dtomo de Oxigénic (mp, = 16 uam) com uma energia cing T[ tica no referencial do laboratério igual al eV, incide sébre um dtomo de Carbono (mg = 12 uam) em repougo no la doratério, Calcule: (2) vEABe (2) VERB /e (3) oQyvev 1. © FRACASSO DA MECANICA CLASSICA No entanto, se a energia cinética dos Adto- mos de Carbono e Oxigénio fér suficientemente grande, diga- mos 103 MeV (o que é diffcil de se realizar) pode resultar uma reacSo esquisita do ponto de vista da Quimica. De fato, suponhamos que se trate dos isétopos mais comuns, 0-12 e 0-16, i.e. ’ ol 4 ao 6 8 -114- Essa colisio com energia cinética bastante grande pode provocar a aproximac%io {intima dos dois micleos e consequentemente a FUSAO NUCLEAR formando um niicleo mais pesado, como no caso da formag&o do deuteron. 0 nticleo for mado seria o (14, 28) que sendo 14 6 Silicio e portanto, 145478, que é justamente o isdtopo mais abundante do Si (934). Terfamos 12 16 28 oo + gO? — 4, St (87) com a liberac&o de uma certa quantidade de energia que logo serdé calculada. Nesse caso, a Fisica Cldssica daria resulta dos completamente em desacérdo com a experiéneia. A comecar pela lei de Lavoisier (conserva- gBo da massa de repouso) que néo é vdlida na reag&o (87) de vido a enorme energia liberada que produz um déficit de mag sa. De fato, os valores empfricos das massas pertinentes Bo m( ,022) = 12,00000 vam 16) _ m(g0") = 15,99491 vam (88) m(, 4847) = 27,97699 vam © que evidencia um déficit de massa igual a 0,0180 uam, que é equivalente a 16,8 MeV. Nesse caso a Teoria da Relatividade (Prin- eipio da Conservago da Massa e da Equivaléncia Massa—Ener- gia) nos garante que serd liberada DE UMA FORMA OU DE OUTRA uma energia igual a 16,8 MeV mais a energia cinética dos mi eleos incidentes. 0 Principio da Conservag&io do Momentum nos garante que essa energia possui um momentum adequado pa ra cancelar o momentum de recuo do nlicleo de Silfcio formado. -115- P, Supondo que na reag&o (87) o déficit de massa seja carre gado sob a forma de um UNICO raio Yi» erepetindo as etapas do § 48 calcule: a) @ velocidade de recuo VSM do micleo ae Si 5 >) a energia cinética correspondente, # necessdrio usar a equacio relativistica? 52. NOVAMENTE AS LIMITAGOES DA TEORIA DA RELATIVIDADE Apesar de que a Teoria da Relatividade nos permite calcular os detalhes do estado final da reac&o (87) (4.e., energie liberada e o reouo do micleo de ,,517°), ela no seria suficiente para tratar dos movimentos (érbitas, frequéneias, etc) internos do micleo de , 481°" resultante, a nfo ser de uma maneira aproximada, Essa incapacidade re flete a limitac&o da Teoria da Relatividade ao tratar de sistemas com interagio (no caso, o nifcleo de 4,547), No caso da reacHo (86) a MecAnica Cldssica era capaz nfo 86 de calcular os detalhes do estado final (i.e., energia libera~ da e o recuo da molécula de CO) mgs TAMBEM dos detalhes dos movimentos internos (érbitas, frequéncias, etc) da moléeula CO resultante. Isso é devido ao fato que a velocidade das particulas (14 prétons e 14 neutrons) que compdem o micleo de 1,51°° s&0 compardveis A velocidade da luz, a0 passo que a velocidade dos dtomos de C e O que formam a molécula Co é baixissima comparade com a velocidade da luz. 28 - gor? ae Sha -116- 53. A TEORIA DA RELATIVIDADE E A ENERGIA POTENCIAL Apesar de que a Teorda da Relatividade néio se aplica ao estudo dos movimentos internos de um sistema com imterac%o, ela se aplica ao estudo dos movimentos externos @ésses sistemas, i,e., aos movimentos désses sistemas consi- derados como particulas. Assin, a Teoria da Relativi dade nfo se aplica (ou melhor, sé se aplica APROXIMADAMENTE) ao estudo dos movimentos internos dos prétons e dos neutrons dentro de um nicleo, por exemplo, deutério, carbono, oxigé- nio ou silfcio. Portanto, a Teoria da Reletividade nfo 6 adequade para calcular com exatidio, por exemplo, a MASSA DE REPOUSO do deuteron a partir das massas. de repouso do préton e do neutron, de seus movimentos INTERNOS e de sua interacao. Isso significa que a Teoria da Relatividade n&o pode exten- der a Eq. (57) para incluir COM EXATIDAO o cfeito da INTERA- QAO sébre a massa de repouso de um sistema, ou seja, sébre a sua ENERGIA INTERNA, No entanto, uma vez conhecida EMPIRI- CAMENTE a massa de repouso de um sistema REAL, p.ex. deute- ron, carbono, oxigénio, silfcio, ete, a Teoria da Relativida de se aplica ao estudo dos movimentos externos désses siste- mas reais, por exemplo, ao estudo da reag&o (87). Se quisermos estudar APROXIMADAMENTE os movi~ mentos INTERNOS de um sistema cujas particules interagem mb- tuamente, somos levados 4 introduzir o conceito de ENERGIA POTENCIAL da MecAnica Cldssica para descrever como a intera~ g&o depende de CONFIGURAGAO do sistema. Isso nfo pode ser feito de uma maneira VALIDA PARA TODOS OS REFERENCIAIS (a rio ser no caso da interagio eletromagnética) o que viola o Prin efpio da Relatividade, No entanto, se as velocidades dos movimentos internos no referencial do CM so pequenas, compa vadas com a velocidade da luz, podemos introduzir 0 conceito de ENERGIA POTENCIAL de interag&o e estudar os vérios esta~ dos de movimento interno. Dessa maneira-podemos caleular a ~117- energia INTERNA, i.e., a energia em relacio ao referencial do CM, o que significa a massa de repouso. Por falta de me lhor aviso estudamos éeses movimentos internos supondo que a massa de repouso de cada particula componente no é alterada pela sua interagio com as demais companheiras. Isso signi- fica que no caso do DEUTERON, por exemplo, estudamos os movi mentos internos conjuntos de um préton e neutron com uma cer ta energia cinética, uma certa energia potencial, e cujes massas de repouso sSo as mesmas que cada uma dessas particu- las tem quando est&o isoladas. J4 mencionamos que no caso de movimentos intraatomicos e intranucleares a dificuldade maior s&o os fentmenos quanticos. No caso do deuteron um estudo désse tipo in- cluindo os efeitos quanticos, nos indica que o aéficit ae massa de 2,2 MeV provém de aproximadamente 20 MeV de energia cinética e -22 MeV de energia potencial correspondente A atra go mitua entre o préton e o neutron. Isso corresponde a escrever gq = Mop + Bog + TM aU (89) ‘op iQ onde T™ no caso do deuteron vale aproximadamente 20 MeV e U aproximadamente -22 Mev. No caso do dtomo de hidrogénio, i.e., o estu- do dos movimentos internos de um sistema constitufdo por um préton e um elétron, nos aé 1™! = 13,6 eV e U = -27,2 eV, © que implica um déficit de massa a T + U igual a -13,6 eV. A COMPOSI¢AO. APROXIMADA DA MASSA DE REPOUSO DE UM SISTEMA REAL A Eq. (89) 6 um caso particular da expressao da massa de repouso de um sistema de particulas com intera- g&o, segundo um esquema de aproximag&o em que as interacdes 55. -118- mituas sdo descritas por uma energia potencial. Dentro dessa aproximag&o podemos escrever a massa de repouso M, de um sistema real (90) onde t, é a energia cinética da k°°4™4 partfoula no seu movi, mento interno em relag&io ao referenoial do CM, i.e., em rela g&o ao referencial em que o sistema (partfoula ou nao) como um todo, estd em repouso; U 6 a energia potencial TOTAL, A soma U+ St" god denowinade de ENERGIA INTERNA porque ela 6 a parte da ENERGIA DE REPOUSO do sistema que depende dos MOVIMENTOS e CONFIGURACOES INTERNOS. Se as fércas s&o pre- dominantemente atrativas a energia potencial é NECATIVA e se essas férgas sto suficientenente fortes, U poderd en médulo ser maior que rem ,» 0 que resultard numa massa de repouso MENOR que as somas das massas de repouso, i.e., emergia in- terna negativa, que é o caso do deuteron e de todos os siste mas ligados. A Eq. (90) 6 uma generalizac&o (embora aproxi. mada) da Eq. (57), Excetwada essa Eq. (57) |que a4 seu lu- gear & Eq. (90)|, tOdas as equagdes dos §§ 36-45 referentes a sistemas IDEAIS permanecem vdlidas tanbém para SISTEMAS REAIS, CONSERVACAO DA MASSA DE REPOUSO DE UM SISTEMA ISOLADO Nos exemplos des reagdes da formagio do deute ron Bete colis&o de um neutron e um préton, e da formac&o do 1481 pela colis&o de eo? com gol pudemos observar que a massa de repouso des particulas envolyidas n&o se conserva entre o infeioeo final da reagao. No entanto, notando que: -119- 1) a massa de repouso de um sistema, tanto IDEAL, como REAL, 6 a ENERGIA désse sistema no referencial parti cular do CM; 2) o principio da Conservagtio de Energia (Massa) vale em qualquer referencial podemos coneluir que "A MASSA DE REPOUSO DE QUALQUER SISTEMA (IDEAL OU REAL) ISOLADO SE CONSERVA". © déficit Massa de Repouso nos exemplos men- cionados nao constitui uma violacio da Conservacdo da Massa de Repouso. £ necessdrio compreender que o que se conserva 6 a massa de repouso de um sistema ISOLADO, o que significa, por exemplo, que no caso da formag&o do deuteron n&o podemos deixar escapar o raio y que, fazendo parte do estado final do sistema, contribui para ea massa de repouso do sistema no estado final, assim como também contribui a energia cinética do deuteron, Consideremos a reac&o de formag&o éo deuteron @ partir de um préton e de um neutron em repouso (i.e., com velocidades despreziveis) dentro de uma "caixa", No final da reacgHo teremos um deuteron com uma velocidade baixa, Equa go (79), e com energia cinética desprezivel, 1 keV pela Equa gBo (82). Juntamente com c deuteron teremos a emisso de um raio S de 2,2 MeV, Consideremos dois casos: a) caixa de paredes finas, "opacas" para o deuteron, porém "transparen- tes" para o raio & , que portanto escapa do sistema; b) cai, xa de paredes grossas, "cpacas", tanto para o deuteron como para o raio ¥ , que portanto é ABSORVIDO pela parede. No caso (a) teremos no estado final um deute~ ron praticamente em repouso (1 keV), cuja massa (de repouso) é 1,875,49 MeV, e portanto menor que a massa de repouso ini- -120- cial, ou seja, m, +m, = 936,21 MeV + 939,50 MeV= 1.877,71 MeV. Nesse caso hdé um aparente déficit de massa de repougo equiva lente a 2,22 MeV, A massa de repouso diminuiu porque o sig. tema nfo esté ISOLADO, De fato um raio % escapou carregan do os 2,2 MeV correspondentes ao déficit de massa (numa and- lise EXATA da reacg&o devemos incluir na massa de repouso do estado final, também a energia cinética em relag&o ao OM, 1 keV, do deuteron formado, que 6, no entanto, desprezivel). No caso (b) temos duas maneiras de encarar o sistema: 1) incluimos a "caixa" como parte do sistema, ou 2) nfo a incluimos. Sea"caixa" n&o foi inclufda como parte do sistema ent&o a massa de repouso do sistema terd diminufdo, novamente, de 2,2 MeV. No entanto, podemos afirmar que ten do a "caixa" ABSORVIDO o raio § a sua massa de repouso terd sofrido um aumento de 2,2 MeV, Nesse caso podemos concluir que se a massa do sistema p-n diminuiu, ent&o a massa de um outro sistema ("caixa") aumentou exatamente do mesmo valor. Essa é uma das maneiras de enunciar qualquer Principio de Conservagio. Por outro lado, incluindo a "caixa" como par- te do sistema, nfo haverd diminuic&o de massa de repouso do sistema amplo. De fato chamando de M a massa de repouso da “eaixa" no inicio da recg%o e M' a sua massa no final da rea go teremos M' = M + 2,2 MeV dcvido ao acréscimo de massa da caixa pela absorcio do raio Y dc 2,2 MeV que provavelmente produzird um AQUECIMENTO da "caixa", Assim, teremos: mM +m +M=mg+m, P, Agsumindo valores razodveis para o calor capcoffico c pa- va a massa da "caixa", calcule a elevagSo de temperatura da "caixa" devida & abeorg&o do raio J do 2,2 MeV, -121- B/Nas condigdes do P, anterior calcule quantos raios Y de 7Y 2,2 MeV seriam necessérios para produzirum aumento de tex peratura da ordem de 1073 °C, Calcule, ento, a masea de Deutério produzida, Em seguida, discuta a possibili- dade de se calcular a energia do raio ¥ calorimtricanen- te, i.e., medindo o aumento de temperatura, e a quantida- de de deutério produzida, Un exemplo bastante comum nos. livros, e de cer to modo deletério € a colisio totalmente ineldstica de duas bolas idénticas. Se my 6 a massa de repouso de cada bola e ve -v as suas velocidades no CM temos = ame? + 2 20 (91) onde T 6 a energia cinética de cada bola em relag%o ao CM. Apés a colis&o. (totalmente ineldstica) teremos uma vinica par ticula, que, pelo Princfpio da Conservag&o do Momentum, esté em repouso no referencial do OM, e cuja energia Ep, 00 refe~ rencial do CM, é pelo Princfpio da ConservacSo da Energia (massa), igual a E,, ou seja, BeM = 2(me? + 2% (92) Como a partfoula esté em repouso no referencial do cu, EM ¢ a prépria massa (energia) de repouso, ou seja, My = 2(m, + 2/0?) (93) onde M, 6 @ massa de repouso da partfcula "composta" apés a colis&o. ° Costuma-se (inadvertidamente) dizer que "a mag sa de repouso do objeto composto 6 maior, porque a energia cinética inicial 2T foi convertida em energia interna (calor) e em energia potencial (deformagao). Embora essas conside- ragSes sejam justas nado é conveniente excluirmos da massa de <122= repouso do sistema inicial de "duas bolas" a sua energia ci- nética inicial 2t™, ge incluirmos essa energia cinética inicial na massa de repouso do sistema inicial, como alids nos obriga a Equac&o (57), ent&o nao terd havido variac&o de massa de repouso devido & colis&o ineldstica, Nesse exen- plo, @ aparente variacdo de massa de repouso de um sistema nBo 6 devido a termos considerado um sistema aberto, mas sim devido a uma comparacdo que nao envolve reagfo ou processo fisico algum. Isto 6, 2m, é a massa de repouso de duas bo~ las, CADA UMA em repouso, e que por estarem em repouso ja~ mais poderiam colidir e formar um objeto de massa dife- rente de 2m,. © VALOR DE UMA REACAO Se analisarmos uma reagio do tipo A+ Bt coe Pat dD + Cave (94) verificamos que a SOMA das masses de repouso do primeiro men bro, My, + Moy t soey Om geral n&o 6 igual & SOMA das massas de repouso do segundo membro, m,, + Moy, + Mog + e+e + Situa gSes tais foram encontradas nas reagdes (64) e (87). J& compreendemos a razdo dessa variagio de map sa de repouso, & luz da Conservacio da Energia, i.e., essa variagSo de massa de repouso é compensada pela variacgio da energia cinétiea, Justamente para poder predizer a varia g&o da energia cinética provocada pela reagfo 6 que a CONPA- RAQKO DA SOMA DAS MASSAS DE REPOUSO é uma comparacio util. De fato, na reagho (94) n&o existe interagio entre as partes A, B, ... do sistema inicial, nem entre as partes a, b, c, ... do sistema final, embora existam intera-~ gdes, por exemplo, entre as particulas que formam a particu- la A, No entanto, essas interagdes sao empiricamente des-

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