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Ciência, Tecnologia e Inovação

“O crescimento brasileiro este ano, que pode ser superior a 7%, esconde
uma dura realidade: a economia cada vez mais depende de produtos
básicos, o que distancia o Brasil das potências tecnológicas. Apesar dos
esforços recentes, o país ainda está em posição ruim no ranking mundial de
patentes, e o crescimento das pesquisas ocorreu em velocidade menor do
que nos países asiáticos. Especialistas dizem que o Brasil corre o risco de
perder oportunidades nas novas fronteiras do conhecimento, caso não
reforce o setor.”

“O diretor da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo cita


números que comprovam que o Brasil não está ganhando posições no
ranking mundial da inovação.Em 1994, o país pediu o registro de 60
patentes no escritório americano de propriedade intelectual. No ano
passado, foram 106 pedidos. Entretanto, a produção do país, nesses dois
momentos, representou apenas 0,06% do total mundial. O problema da
inovação por aqui está por se resolver.” Inovação não é discurso é ação.

“A pesquisa ainda não é parte da estratégia empresarial brasileira e está


longe das fronteiras do conhecimento. De acordo com a Organização
Mundial de Propriedade Intelectual há 23 empresas que, em 2009 privadas
que registraram mais patentes que o nosso país. Entre as cem empresas
com mais patentes registradas, nenhuma é brasileira. O mesmo se repete
no ranking universitário: não há nenhuma instituição nacional entre as 52
mais produtivas do planeta.” Isso considerando, também, que o registro
de uma patente ou a invenção em si não representa uma inovação.

O presidente do nosso Instituto Nacional de Propriedade Intelectual


reconhece que o país ainda tem uma taxa de inovação abaixo de seu
potencial, mas vê mudanças: “O Brasil está no time dos novos inovadores,
mas talvez seja o mais recente de todos”. "Não podemos esquecer, que há
muita tecnologia por trás de produtos básicos— disse o presidente do INPI".
Mas é preciso não esquecer também que a tecnologia per si não representa
inovação. [Fonte: texto "Brasil produz pouca inovação..." em Jornal O Globo
de 11 Julho 2010].

Ao falar de inovação seria conveniente lembrar que esta palavra traz um


sentido de ação em um processo completo que vai do surgimento de um
fato ou ideia até a aceitação deste por uma comunidade em convivência.
Este grupo de pessoas é que vai decidir se aceita ou rejeita uma coisa nova,
que pode estar substituindo um similar já existente. Ao aceitar o novo existe
uma crença compartilhada de que isto trará um acréscimo ao bem estar de
todos.

Uma inovação não é sinônima de P&D, patente registrada, invenção,


criatividade, ou nova tecnologia embora estas coisas sejam necessárias
para que uma ação de inovação se manifeste. Quando comparadas a
inovação as atividades anteriores tem uma configuração estática. Já a
inovação é uma aceitação acoplada a uma decisão pela coisa nova que
resulta em ações dinâmicas de implantação da nova técnica em um
determinado espaço social.

Neste quadro é a informação livre que, ao final, melhora o homem e sua


realidade. Se a introdução da inovação não é aceita por todos em um
espaço, por qualquer razão, ela não acontece. Só em convivência política
entre os habitantes de uma sociedade se delibera sobre a introdução da
novidade.

O processo de inovação tecnológica relaciona, para sua efetivação, variadas


competências. O fator de maior importância é a vontade de mudar, de
modificar estruturas, correndo riscos e motivando pessoas para trazer uma
ideia nova, mais produtiva e mais coerente para a vivência comum. É um
processo político que só acontece na pluralidade dos habitantes de um
ambiente social. Não é só uma ação de estratégia estratégica ou de
criatividade e gestão.

O espetáculo da novidade é uma condição humana que só pode ser


exercida em conjunto. Corresponde a uma atuação na pluralidade; uma
ação da vida política do homem na terra. Nela o indivíduo exerce por livre
arbítrio sua inteligência para introduzir conhecimento no seu espaço de
convivência. Nada está mais longe do discurso que a ação de inovação.

Disponibilizar o acesso à informação para um conhecimento em rede e para


acesso de todos tem sido o sonho de grande número de pessoas durante
muito tempo. Desde a prisão dos conteúdos nos muros medievais dos
mosteiros copistas até realidade da web, pessoas e seus mecanismos se
agregaram para este fim. A intenção é introduzir o novo através da
informação o que, contudo, por vezes é uma condição imponderável.

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