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Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 11(1): 197-208, maio de 1999. O jornalismo como sistema perito LUIS FELIPE MIGUEL RESUMO: andlise do jornalismo (entendido em sentido amplo, isto 6, como difusdo de noticias por quaisquer meios) com base em categorias extraidas da obra As consequéncias da modernidade do sociélogo inglés Anthony Giddens. Ojornalismo é visto como um sistema perito, isto 6, um sistema de exceléncia técnica cuja efetividade repousa na confianga depositada por seus consumi- dores. A partir dai, busca-se estabelecer a centralidade da imprensa nos pro- cessos politicos contemporaneos e 0 desafio que ela langa ao ordenamento democratico. ste artigo busca analisar certas caracteristicas constitutivas do jomalismo utilizando como ferramentas as categorias elaboradas na obra mais recente do socidlogo inglés Anthony Giddens,estruturada em torno da idéia de que vivemos um perfodo de “modernizagao reflexiva”. Embora a teoria de Giddens nao seja imune a criticas, algumas de- Jas encampadas aqui, ela apresenta uma via de acesso interessante a discussio sobre a relagdo entre a imprensa ¢ a democracia — ¢ ajuda, segundo creio, a estabelecer a centralidade da midia nos processos politicos contemporaneos. Antes de tudo, convém observar que hé aqui uma utilizago de con- ceitos de Giddens numa diregao que nao € a indicada pelo conjunto de sua teoria. De uma maneira algo paradoxal, mas que nao € exclusividade sua, 0 sociélogo inglés combina uma atengao toda especial a informagdo (e ao papel que ela desempenha nas sociedades contemporineas) com um completo de- sinteresse pelos condicionamentos reais sofridos por esta mesma informagao. UNITERMOS: jornalismo, midia, democracia, sistema perito. Professor do Departa- mento de Ciéncia Po- litica da UNB 197 MIGUEL, Luis Felipe. O jornalismo como sistema penta. Tempo Social; Rev. Sociol, USP 8. Paulo, 11(1): 197-208, maio de 1989, 198 Aestrutura de propriedade dos meios de comunicagao, sua vinculagao com diferentes esferas do poder politico e do poder econdmico, os processos de produgiio da noticia (e do conhecimento) ou mesmo a profunda dicotomia entre produtores e consumidores de informagao: nada disso cativa a ateng’io de Giddens. A “informagio”, abstrata, e sua forma concreta parecem habitar dois mundos diferentes e incomunicaveis. Talvez por isso Giddens se sinta vontade para apresentar uma imagem to otimista—e mesmo edulcorada—do mundo da “modemizagiio reflexiva”. Sistemas peritos Uma das caracterfsticas marcantes das sociedades contemporaneas, na visdo de Giddens, € 0 fato de que vivemos num mundo marcado pelo “desen- caixe” das relages sociais, No lugar das antigas comunidades face a face, nos- sas vidas hoje esto, de forma cada vez mais direta e abrangente, ligadas a, e condicionadas por, grupos de pessoas que nunca vimos—e que, na verdade, em sua grande maioria, nunca veremos. As relagées sociais sio deslocadas de seus contextos locais e reestruturadas “através de exter indefinidas de tempo-espago” (Giddens, 1991, p.29). Sem ser privilégio da contemporaneidade, este desencaixe pode ser legitimamente considerado um dos seus tragos definidores, pelo grau de ge- neralizagdo e profundidade que alcangou, Omecanismo mais importante de “desencaixe” é a influéncia, cada vez mais onipresente, do que Giddens vai chamar de expert systems, expres- sdo que as tradugdes brasileiras tém vertido como sistemas peritos ou siste- ‘mas especialistas. O conceito, que elabora motivos weberianos, se refere a “sistemas de exceléncia técnica ou competéncia profissional que organizam grandes dreas dos ambientes material e social em que vivemos hoje” (Giddens, 1991, p. 35), incluindo saberes, praticas e artefatos. ‘Tais sistemas possuem dois tragos caracteristicos principais. O pri- meio é 0 clevado grau de autonomia em relagdo Aqueles que Ihes esto sub- metidos. O cliente ou consumidor do sistema perito, sendo por definigao des- provido da exceléncia técnica e competéncia profissional especificas daquele sistema, possui uma capacidade muito reduzida de influencié-lo —a rigor, sua influéncia se da apenas através dos mecanismos de mercado. Ele pode deixar de adquirir certos produtos ou de contratar certos profissionais, iniciativa que, uma vez agregada a decisdes similares de outros consumidores, seguramente provocard uma reagio. Mas é sé. ‘A segunda e talvez mais significativa caracteristica dos sistemas peritos € que eles implicam, da parte dos clientes ou consumidores, uma cren- a em sua competéncia especializada. Assim, quando um individuo vai ao médico, via de regra nao tem condigdes de avaliar a corregdo ou incorregaio do tratamento que Ihe é recomendado. Apenas confia no conhecimento especi- alizado de que 0 médico é portador. O mesmo vale para quem contrata um MIGUEL, Luis Felipe. 0 jornalismo como sistema peri. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 11(1): 197-208, maio de 1998, engenheiro, um psicélogo, um eletricista etc. Também para aqueles sistemas peritos que se encontram objetivados em maquinas: o passageiro comum que embarca num avid acredita no conhecimento especializado materializado naquele aparelho, conhecimento cuja preciso é incapaz de avaliar. Computa- dores, viadutos, automéveis, medicamentos, televisores, pipoca para micro- ondas: mais uma vez, a listagem € intermindvel. A confianga recebida pelo médico é, em muitos sentidos, idéntica depositada pelo individuo da sociedade tradicional no feiticeiro ao qual recorre ‘em busca de cura. Mas hé distingdes significativas. Os especialistas possuem um conhecimento que pode parecer misterioso para o paciente (ou consumidor), masque é, em prinefpio, acessivel a todos que se disponham a aprendé-lo; mais ainda, sua esfera de competéncia é restrita: em outros campos, 0s peritos estiio reduzidos A posic&o de leigo. J4 0 “guardido da tradiga0”, como diz Giddens, dispde de um saber arcano, nao comunicavel aos outros, que Ihe concede “um, Status distinto e generalizado na comunidade, como um todo” — isto é, ele ja- mais se torna uma “pessoa leiga” (Giddens, 1997, p. 83-84 110). Cabe observar ainda que 0 conceito guarda pelo menos duas dife- rengas fundamentais com a nogiio dediscurso, de Michel Foucault, que lhe , em alguns sentidos, proxima (Lash, 1997, p. 144). Em primeiro lugar, 0 con- ceito de Giddens, incorporando nao s6 discursos ¢ praticas, mas também arte- fatos tecnolégicos, é bastante mais abrangente que o do fildsofo francés. Além disso, Giddens valora de forma bastante positiva 0s sistemas peritos, promo- tores de bem-estar e de racionalizagao, enquanto Foucault vé os discursos cientfficos como instrumentos de controle e de dominagao. Na visio do soci- 6logo inglés, os sistemas peritos sao parte integrante da “modernizagao refle- xiva”, um mundo de democracia e bem-estar em que 0 progresso da autoconsciéncia alavanca a ampliagao da liberdade. O inverso da visio de Foucault, na qual os saberes/poderes promovem o disciplinamento e sufocam aautonomia dos individuos, Q jornatismo como sistema perito Explicado, em linhas gerais, o conceito de Giddens, nao é dificil perce- ber de que maneira o jomalismo—aqui entendido em sentido amplo, como produ- ¢40 e veiculagdo de noticias por quaisquer meios— pode ser visto como umsiste- ma perito que inclui uma pratica especifica e um produto final. O leitor/ouvinte/ espectador, no papel de consumidor de noticias, mantém em relagiio ao jomalismo uma atitude de confianga, similar 4 dos outros sistemas peritos, que pode ser dividida em trés momentos: 1) confianga quanto a veracidade das informagdes relatadas; 2) confianga quanto a justeza na selegdo ¢ hierarquizagdio dos elementos importantes ao relato; 3) confianga quanto a justeza na selegdo e hierarquizagao das noticias diante do estoque de “fatos” disponiveis. Aqui intervém uma primeira caracterfstica distintiva do jornali mo: arelativa incapacidade de comprovacio da corrego desta confianga. Como 199 MIGUEL, Luis Felipe. O jornalismo como sistema perito, tempo Social; Rev. Sociol. USP, S, Paulo, 11(1): 197-208, malo de 1998. Ha excegdes, isto & sistemas peritos que mantém por longo tem- poaconfianga dos seus clientes sem nenhuma comprovagao razoavel de sua efetividade. A mais impressionante destas excegdes, 0 mundo contempora- neo, talvez seja a psi- candlise O caso da Escola Base revela que adificulda- de na comprovagao das informagoes por parte dos consumido- res no depende da distincia espacial. Em 1993, proprietérios © funcionérios de uma pré-escola em Sto Paulo foram acusados. de praticar atos de pedofilia; a divulga- gio da noticia gerou revolta na comunida- de, que depredou 0 estabelecimento (a0 aque parece, com a co- nivéncia da policia) ¢ tentou linchar os res- ponsdveis. Mais tar- de, comprovou-se que a acusagao era infun- dada * Uma crenga bascada no desconhecimento dos processos de pro- dugao das imagens (cf. Miguel, 1997, p. 81-82) 200 observa Giddens, a crenga nos sistemas peritos nao € gratuita. Ela é sustenta- da pela experiéncia cotidiana, que nos diz que tais sistemas funcionam. Como dizia Engels, “a prova do pudim é que nés o comemos”. A crenga do passa- geiro comum no conhecimento materializado no avitio nao é mantida com base em algum saber especializado, que ele nao possui, mas também nao é irracional. Apia-se no fato de que, via de regra, os avides chegam a seus destinos; a crenga no engenheiro se mantém quando se observa que seus edi- ficios no desabam. Em geral, os sistemas peritos devem passar por isto que poderia ser chamado de “prova de efetividade”! O jornalismo, porém, por suas préprias caracteristicas, impoe séri- as restrigGes a tal prova. O primeiro momento da crenga do consumidor de informagao ~a veracidade do relato — permite a verificagdo apenas em certos casos. E claro que, se um jornal noticia que em certo cinema esté passando 0 filme X e, chegando l4, 0 leitor percebe que é 0 filme ¥ que esta em cartaz, sua credibilidade é abalada. Mas se a noticia é que um terremoto destruiu uma cidade no Sri Lanka, um mimero muito reduzido de leitores tera condigdes de comprovar a exatidao da informagio*, Dado este fato, que € congenial ao proprio jornalismo, aestratégia para obter a credibilidade, sobretudo na tele- visio, €impor como indiscutivelo fato que se relata, em grande medida atra- vés da apresentagdo de imagens “que nao mentem jamais”. A verificagdo do segundo momento da crenga no jornalismo —acor- reta selegdo dos elementos que compéem a noticia — € igualmente dificil. Sua comprovagdo (ou nao) exige o conhecimento intimo de realidades que fogem por inteiro da vivéncia do consumidor de informagao. Como saber, por exem- plo, se o relato de uma reuniao politica nao deixa de fora aspectos relevantes, quanto este relato € nossa tinica via de acesso & tal reuniio? Esta é, alids, a justificativa da existéncia do jomalismo como vefculo especializado de trans- misso de informag6es: o fato de que nossa vida cotidiana nos poe em contato com uma parcela bastante restrita das informages de que podemos precisar. Da mesma forma, a verificag4o do terceiro momento, a crenga na correta selecdo das noticias, diante do estoque de “fatos” disponfveis, € ina- cessfvel para a esmagadora maioria dos consumidores de informagao. As ve~ zes, uma vivéncia pontual pode levar ao questionamento dos critérios de sele- do da imprensa. E 0 que ocorre com aqueles que, por alguma eventualidade, se véem envolvidos em algum acontecimento de envergadura (uma passeata, uma greve, uma vernissage) e, com espanto, percebem que ele foi ignorado pelos telejomnais. Ainda assim, este leitor nao terd condigdio de questionar glo- balmente a selegiio das noticias, j4 que 0 universo de fatos dos quais toma conhecimento independente da imprensa € muito restrito. A rigor, na maioria das vezes nao se trata da corregdo ou incorregio na escolha das noticias, mas da imposigao de um conjunto de critérios. A im- prensa impoe a sociedade seus critérios de selegao de informag6es. Frutos de constrangimentos profissionais especificos (cf. Wolf, 1995, p. 159-227; Bourdieu, 1996, p. 18-20), estes critérios passam a ser considerados “naturais” MIGUEL, Lu Fle © janaismo como sistema perio, Tempo Social Rex. Soc USP S Pal, 111 197-208, malo de eindiscutiveis. Assim, o jomalismo exerce uma violéncia simbélica originaria, que € exatamente 0 estabelecimento daquilo que hd de “importante” no mundo. E necessario observar que o jornalismo vai além daquilo que é comumente denominado agenda-setting, isto 6, a determinagao dos temas que compdem a “agenda puiblica” (cf. McCombs & Shaw, 1972) ou, na formu- Jago pioneira de Cohen, das questdes sobre as quais pensar (cf. Cohen, 1969, p. 13). Os jomnais e os noticidrios de radio e TV elegem temas, apresentam os fatos relevantes para a compreensio de tais temas e ainda, num processo mais complexo e mais a longo prazo, ajudam a estabelecer os valores que presidi- ro a apreciagao desta realidade construfda. Se o tema “desempenho da eco- nomia”, por exemplo, é colocado em destaque na agenda publica, torna-se necessdrio identificar quais so os indicadores relevantes (taxa de inflagio, crescimento do PIB, nivel de emprego etc.) e hierarquiz4-los; este proceso revela, ele proprio, qual valor se julga dever perseguir prioritariamente no campo econdmico —estabilidade, desenvolvimento ou redistribuigdo. Da mesma forma, a imprensa ~ sempre entendida em sentido am- plo, ecom predominancia sensfvel da televisdo—desempenha um papel nada negligencivel na produgio de capital simbélico, isto &, do crédito social que permite a certos individuos ocuparem posigdes de autoridade em determina- dos campos (cf. Bourdieu, 1980, p. 203-204). De forma mais especifica, a formagio do capital politico passa, cada vez mais, pela intermediaco do jor- nalismo. E uma realidade que os agentes politicos jé percebem, intuitivamen- te, hd bastante tempo, como demonstra o fato de que as ages politicas sio, cada vez mais, pensadas como artificios para a geraco de noticias (e nao 0 contréio, isto €, 0 jornalista correndo atrds de “fatos” que tém existéncia independente, como o consumidor de informagio tende a acreditar). E evidente que o jornalismo e mesmo a midia como um todo nao possuem um controle absoluto sobre a construgao da agenda, da realidade ¢ dos valores —conforme mostra a ocorréncia de mobilizagdes politicas de grande envergadura feitas contra os meios de comunicago mais importantes*, Mas é inegavel que, por sua posigao estrutural de agregador/difusor de informagao, 0 jornalismo esté habilitado a cumprir um papel chave neste processo. © jornalismo como meta-sistema perito A f€ no sistema perito, afirma Giddens, nao é baseada apenas na experiéncia pritica de seu funcionamento, Sustenta-se também em “forgas re- guladoras além e acima das associagdes profissionais com o intuito de proteger 0s consumidores de sistemas peritos - organismos que licenciam méquinas, mantém vigilancia sobre os padrdes dos fabricantes de aeronaves, e assim por diante” (Giddens, 1991, p. 36-37). Na verdade, ndo ¢ dificil perceber que tais forgas reguladoras atuam como meta-sistemas peritos, jd que a atitude do con- sumidor em relagao a sua fiscalizagao e a seus certificados de qualidade é nova- mente de crenga em conhecimentos especializados que nao possui. “Os exemplos “cléssi- cos” no Brasil so a campanha das diretas- j4 (em 1984) € 0 mo- vimento pelo impea- chment do presidente Collor (em 1992); am- bos sofreram, num primeiro momento, 0 boicote da Rede Glo- bo de televisio que, mais tarde, teve que se curvar diante da mobilizagao popular. 201 MIGUEL, Luis Felipe. © joralsmo como sistema peitoTempo Social; Re. Sociol. USP , Paulo, 11(1); 197-208, maio de 1998. ° Cabe observar que a propaganda comerci al, enquanto meta-sis- tema perito, contribui ‘apenas para a afirma- ‘do da crenga nos sis temas peritos de que fala, € nio para a dis- seminagio de uma ati- tude de descrenga (ressalvadas as exce- goes de praxe). © Outro exemplo foi a reagio ao desabamen: to do edificio Palace no Rio de Janeiro, em fevereiro de 1998, Aumentou a preocu- ppagdo com rachaduras e pilares “inflados”, bem como o nimero de consultas aos 6r- gis piblicos de fisc lizagio de edificagses. Como mostra 0 deba- te atval sobre a Lei de Imprensa. * Creio que € possivel descartar os ombu- dsmen como fonte de controle independen- te sobre a imprensa. Eles funcionam sobre- tudo como instrumen- tos de legitimagao, demonstrando que ~ a0 contrério da maior parte dos cientistas sociais, em especial dos cientistas politi- cos ~ 08 responsdveis, pelos meios de comu- nicagao percebem 0 poder de que dispoem (e se preocupam em tomé-lo mais legitimo). 202 Oconceito de meta-sistema perito, aqui introduzido, pode ser am- pliado para abranger todos os mecanismos que favorecem a universalizagaio da renga —ou descrenga—no funcionamento de sistemas peritos especificos, para além da experiéncia individual dos consumidores. E 0 caso, por exem- plo, da publicidade comercial, cuja agao Giddens ignora sistematicamente. O discurso publicitdrio, embora esteja voltado para a promogao demarcas espe- cificas, sempre afirma a eficdcia e/ou utilidade de toda a sua classe de produ- tos (¢ dos saberes nela materializados)*. Um amincio de uma companhia aérea 6, por exemplo, além do louvor daquela empresa em particular, a reafirmagao da confiabilidade da aviagao como meio de transporte. A influéncia da publi- cidade, que se pode dizer onipresente nas sociedades contemporadneas, denun- cia os aspectos decontrole social presentes na “modernizagio reflexiva”, que aobra de Giddens insiste em desconhecer, Um outro tipo de meta-sistema perito € precisamente 0 jornalismo. Occontato cotidiano com as noticias ajuda a confirmar ou desmentir as cren- as estabelecidas na fiabilidade dos diversos sistemas peritos — pelo simples fato de que o consumidor de informag6es ja nao conta somente com sua expe- rigncia pessoal, mas também com aquelas que Ihes so relatadas. Um exem- plo bastante imediato é 0 impacto que noticias de acidentes aéreos tém na venda de passagens, um impacto efémero, mas sensivel®. O jornalismo, por- tanto, é um foro informal e cotidiano de legitimacao ou deslegitimagao dos diversos sistemas peritos. Cabe perguntar quem cumpre o papel de meta-sistema em relagaio a0 proprio jomnalismo. Existem mecanismos legais que buscam impedir a ca- linia e a difamagio, mas sio morosos e envolvem aspectos polémicos, liga- dos a liberdade de expresso’. Sobretudo, exigem dano definido e nao atin- gem, de forma nenhuma, o segundo ¢ 0 terceiro momentos da fé do consumi- dor de informagio: a confianga na justeza da selecdo dos elementos importan- tes ao relato e dos fatos importantes existentes na “realidade”, Quanto a isto, apenas o proprio jornalismo pode controlar a si mesmo. Ou seja, a responsa- bilidade € colocada nas mios da concorréncia’. No entanto, aconcorréncia, como mecanismo de controle, € muito insuficiente, Em primeiro lugar, a propria pritica jornalistica estrutura certas disposigdes que fazem com que o profissional tenda a selecionar um determi- nado tipo de fato como relevante ~o que ja foi referido antes. Além disso, a competigio por maiores fatias do mercado, ao contrario do que dizem seus apologistas, muitas vezes leva a uniformizagio dos contetidos (cf. Bourdieu, 1996). Basta observar os grandes jornais brasileiros ou a grade de programa- lio das redes de televisdo, que seguem sempre o mesmo padrio, com peque- nas diferengas cosméticas, Entre um telejornal e outro, por exemplo, o dife- rencial esta mais na vinheta de abertura ou na empostagiio de voz do apresen- tador do que no contetido e no enfoque das noticias. Nao s6 no Brasil, alids, as pesquisas t@m comprovado esta similitude basica nos meios de comunicagao, que reduz a concorréncia aos aspectos secundarios. MIGUEL, Lis Fal. Ojmlsmo camo sista prt Tempo Soi Rev Socio. USP S.Paui, 11): 187-208, mio de Mais relevante, porém, é 0 fato de que todos os grandes érgios de imprensa compartilham de uma mesma visio de mundo, que inclui, sobretu- do, o compromisso com uma forma determinada de ordem econémica. Nao se trata de acreditar numa “visao conspirativa” da Historia. Trata-se de perceber que um grande érgio de imprensa é necessariamente uma grande empresa capitalista; ¢, ainda, que sua manutengdo depende de anunciantes que também sio, por sua vez, grandes empresas capitalistas’, Uma tomada de posigao contra ocapitalismo, nestas condigdes, é bastante pouco provavel. Ha um interesse de classe compartilhado pelos controladores dos meios de comunicagio. Por isso, a baz6fia de que a imprensa recebe um “mandato do leitor” (ou, de forma mais ampla, do consumidor de informagao) deve ser rechagada”. O piiblico possui uma importincia secundaria, na medida em que é aexisténcia deste puiblico que torna o veiculo atraente para a propaganda comercial; neste sentido, Debray (1993, p. 302) tem raziio ao dizer que o que a TV faz é “vender um piblico a publicitérios”. Fica claro, portanto, que os anunciantes tém priori- dade nas preocupagées dos 6rgiios de imprensa, assim como sua propria vonta- de de lucro enquanto empresa privada—e que, por conseguinte, eles t¢m um interesse orgnico na manutengao da ordem capitalista. A visao alternativa, de que nao so os proprietérios, mas os jorna- listas, que controlam a produgao de informagées, nao altera significativamen- tea situagao. Deixando de lado a discussdo sobre o mérito desta perspectiva (que ignora o fato de que os jornalistas, para se manterem na carreira, preci- sam internalizar os constrangimentos patronais, exigéncia que se torna tanto maior quanto de mais responsabilidade é a fungdo desempenhada), vale ob- servar que também os jornalistas possuem backgrounds em geral similares entre si, Via de regra, possuem as mesmas origens sociais e, pelo proprio exercicio da profissiio, ocupam locais proximos na hierarquia social. Embora entre jornalistas seguramente se encontre uma variedade de posigdes politicas maior do que entre os proprietarios, ainda assim todos, ou quase todos, falam do mesmo ponto de vista. O importante é perceber que a concorréncia funciona de maneira muito imperfeita como meta-sistema perito para o jornalismo. Ela o faz em alguma medida, como mostram a busca pelo furo de reportagem, adentincia das “barrigas” alheias ou mesmo 0 intento de oferecer a cobertura mais com- pleta. Mas, se no varejo a concorréncia pode promover pequenas diferenci es, no atacado permanece a pressio uniformizante provocada pela maneira de ver o mundo compartilhada pelos jornalistas, pelo interesse de classe dos proprietirios ¢ pela influéncia dos anunciantes. Imprensa e reflexividade Na interpretagdo que Giddens faz da vida contemporiinea, a nogiio de reflexividade é central. Reflexividade significa que “a producao de conhe- cimento sistemdtico sobre a vida social torna-se integrante da reprodugao do * Como jé percebiam, nos anos 40, os insus- peitos Lazarsfeld & Merton (1978, p. 116- 117). " Para uma interessante erftica da ideologia do “mandato do leitor”, (cf. Abramo, 1991, p. 42-44), 203 MIGUEL, Luis Felipe. 0 jornalismo como sistema perio. Tempo Social; Rev. Sociol. USP S. Paulo, 11(1): 197-208, maio de 1999. 204 sistema, deslocando a vida social da fixidez da tradi¢ao” (Giddens, 1991, p. 58- 59). O individuo que num dado momento foi objeto do conhecimento (socio- l6gico, econdmico, psicolégico, médico ou outro) se apropria destes saberes e modifica sua forma de agir. Ou seja, o maior conhecimento sobre a vida social se reflete nas praticas vividas (reflexividade como reflexo); ¢ isto ocorre por- que os agentes sociais estio aptos a refletir sobre este conhecimento (reflexividade como reflexao). Numa palavra, reflexividade significa maior autoconsciéncia, 0 que Giddens, hegelianamente, associa a maior liberdade. Algum grau de reflexividade estd presente em qualquer sociedade, mas somente na modernidade ela é radicalizada a ponto de “se aplicar (em principio) a todos os aspectos da vida humana” (Giddens, 1991, p. 45). As- , um melhor conhecimento do funcionamento do campo econémico é logo incorporado pelos préprios agentes como um plus de racionalidade; uma in- vestigagdo socioldgica sobre 0 casamento pode alterar 0 comportamento de parceiros que desejam alcangar um relacionamento duradouro; uma pesquisa de intengdo de voto € agregada ao célculo estratégico dos eleitores. Es! reflexividade seria a marca positiva da sociedade moderna. Ela garantiria, contra a critica de Habermas, que os sistemas abstratos néo colonizam o “mun- do da vida”, j4 que os agentes leigos se reapropriariam permanentemente da pericia técnica (Giddens, 1991, p. 144-145). Ela ampliaria os espagos de li- berdade, multiplicando — contra a estreiteza da tradigiio — as oportunidades dos individuos. Significaria maior consciéncia e, portanto, maior controle so- bre a propria vida. Em suma, a reflexividade seria o sinal de um crescente poder dos agentes sociais sobre as estruturas da sociedade. As criticas ao otimismo de Giddens sao muitas - a comegar pela mais evidente, de que ele ignora sistematicamente a posigdo dos bolsées me- nos afluentes da sociedade contempordnea, que um comentarista chama de “perdedores da reflexividade [...] com informagao e consciéncia de classe cada vez menores” (Lash, 1997, p. 146). O aspecto que desejo ressaltar, no entanto, é 0 papel estratégico que a imprensa (entendida, como sempre, em sentido amplo) exerce nas sociedades de modemizagio reflexiva. Uma vez que 0 conhecimento sobre a vida social deve ser dissemi- nado para que exerga seus efeitos, a imprensa surge como a principal opera- dora de reflexividade das sociedades contemporaneas. Os resultados de pes- quisas sociolégicas - para dar um exemplo que o préprio Giddens (1991, p. 49) considera de extrema relevancia—s6 entram no circuito da reflexividade, isto 6, s6 passam a alimentar a consciéncia dos agentes depois de processados (ou diluidos) através do jornalismo. Hé uma ampliagao do publico, reduzido para a tese académica sobre, digamos, 0 divércio, amplo para a reportagem na revista feminina ou no noticidrio de TV. E claro que podem existir caminhos alternativos ou etapas intermediérias, como a publicagao de livros de divulga- Go ou mesmo, num nivel ainda mais diluido, de auto-ajuda. Via de regra, porém, a incluso na pauta dos meios de comunicagio representa o diferencial entre o conhecimento cientifico restrito e 0 massificado. si MIQUEL, Lis Felipe: O jornalismo como sistema perito. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, . Paulo, 11(1): 197-208, maio de Tudo isto demonstra a imensa centralidade da midia nas sociedades contemporaneas. Ela forma um importante sistema perito, que conta com a faceta de escapar, em grande parte, dos mecanismos de aferi¢do aos quais se submetem os outros sistemas peritos. E, ela propria, o mais importante meta- sistema perito que garante a validagao (ou nao) da crenga na eficécia dos ‘outros sistemas. E é, ainda, a principal operadora da reflexividade (sem falar em seu papel, cada vez mais dominante, na concessio dos diferentes tipos de capital simbélico). Mesmo despida das caracterfsticas apologéticas que Giddens the confere, a reflexividade encerra, sem diivida, a promessa de mais autoconsciéncia e controle sobre nossas vidas. O problema é saber que al- guém controla os meios deste autocontrole. Midia e democracia Se € ponto pacifico que a imprensa cumpre uma tarefa imprescindi- vel em sociedades complexas e globalizadas, como as do mundo contempora- neo, ¢ se esté demonstrado que ela exerce (ou tem possibilidade de exercer) um poder muito grande, o problema que se coloca é como compatibilizar midiae democracia. E uma questio que curiosamente esté ausente da quase totalidade das discussdes sobre democracia. Tal auséncia no é estranha do lado dos que comungam da crenga elitista de que o regime democrittico é, pouco mais, pouco menos, aquilo que Schumpeter disse — um método para legitimar, através dos votos do povao, a minoria dirigente, Para estes, a concentragio da informagao em poucas mios ¢ até funcional para o sistema. No entanto, a discussiio ¢ igno- rada também por aqueles que se encontram no extremo oposto, os que mostram preocupagiio com os aspectos substantivos da democracia e desejam ampliar 0 espago da participagiio popular. Eles tendem a ver a comunicago como uma varidvel dependente(isto é, um regime mais demoeratico proporcionaria uma ‘menor concentragao da informagao) e no como um dos elementos fundadores da propria possibilidade de ampliagao da democracia. A resposta para o problema da concentragao da informagiio€ simi- larao de qualquer outra concentragdo de poder: trata-se de limité-lo através do proprio poder (no nosso caso, da propria informagio), como Montesquieu e David Hume diziam ja no século XVII. Em outras palavras, é necessério destruir o monopélio da informago, o que se faz apenas com uma auténtica pluralidade de fontes—e, melhor ainda, com a diminuigao do fosso que separa produtores consumidores de informagdes". Quanto ao primeiro ponto, levanta-se a objegdo de que este pluralismo jé € obtido através do mercado competitivo. Trata-se de uma evi- dente faldcia; ninguém de boa fé ¢ em s4 consciéncia acreditaria que os Mari- nho, os Frias e os Abravanel representam a pluralidade da sociedade brasilei- ra, O mercado, em primeiro lugar, nunca é tio competitivo: ele tende a con- centragao, como Marx jé mostrava e as economias capitalistas comprovaram. Esta lei vale para a comunicagao tanto quanto para outros ramos industriais. " Este era o programa de Walter Benjamin (1986, p. 131-132) para o fazer artstico. 205 MIGUEL, Luis Felipe. O jornalismo como sistema perite. Tempo Social; Rev. Sociol, USP S. Paulo, 11(1): 197-208, maio de 1998, © & eventual vitéria de candidatos “menos queridos” pelas clas- ses dominantes nado chega a invalidar este argumento, quando se pensa no esforco de tais candidatos para se tornarem mais pala- tiveis (ou, no mfnimo, menos indigestos) € sobretudo a corte que fazem aos proprietdri- os dos meios de comu- nicagdo. Ver, a respei- to disto, 0 depoimen- to de um assessor de imprensa do Partido Trabalhista britanico (Mungham, 1996) 206 Em segundo lugar, conforme jé foi dito, o mercado homogenefza, no ramo da comunicagio até mais do que em outros. Por fim, 0 mercado exclu. Exclui todos os que nao tém condigses para ingressar ou permanecer nele. E com isso, no caso que aqui interessa, ele exclui alternativas no jogo politico, por excluir informagées, valores e vis6es de mundo!, Numa palavra, por cons- truir uma hegemonia. A realidade é que o mercado ndoé capaz de garantir a descentrali- zagio dos meios de comunicagio, antes empurra-os na diregdio contraria. Se- ria necessdria uma decisao politica, que considerasse um tal estado de coisas incompativel com o exercicio da democracia e determinasse medidas de desconcentragiio que permitissem uma verdadeira pluralidade. E claro que ha um cftculo vicioso: a propria concentracdo da midia impede que a necessida- de de sua desmontagem integre a agenda politica. abe observar ainda que a concentragao atinge transversalmente os diferentes meios de informagio, conforme pesquisas em diferentes paises (in- clusive o Brasil) vém mostrando: editoras de jornais, de revistas ¢ de livros, emissoras de radio ¢ de TV, gravadoras, esttidios de cinema, todas estas rami- ficagdes tendem ase unir em grandes conglomerados. Novos meios, como as publicagdes multimidia, as televisGes por assinatura ou a internet, seguem 0 mesmo caminho. Embora seja verdade que vivemos uma era de miiltiplas fon- tes de informagao, é bem menos verdade que tenhamos nelas uma multiplicidade de discursos. Este € um dado grave para quem almeja uma ampliagdo (ou aprofundamento) da democracia. O segundo ponto, a redugdo da distancia entre produtores e consu- midores de informagao, parece ainda mais utépico. Entretanto, os meios téc- nicos para isto jé esto dispontveis —como mostram experiéncias pioneiras de radios e mesmo televisGes comunitérias. A internet permite sonhar até mesmo com acompleta dissolucdo da fronteira entre quem produz e quem consome informagées: todos serfamos repérteres ¢ leitores de um grande jornal virtual. Mas € claro que a tecnologia no representa uma solugdo; ela pode ser apro- priada de muitas ¢ diferentes formas. Brecht via potencialidades emaneipatérias no rdio; imaginava uma espécie de assembléia popular permanente, com to- das as casas dotadas de emissores e receptores (cf. Dantas, 1996, p. 19). Na verdade, 0 rddio foi usado de forma a reforgar a passividade e 0 estatuto de consumidor de informagao. Ao que tudo indica, este é também o destino tra- cado para a internet. (Entre parénteses, desejo avangar — mas apenas avangar — 0 argu- mento de que 0 custoso “padrdo de qualidade” estabelecido pelos meios de comunicago exerce uma fungao de marcar a disténcia em relacdo ao produto amadoristico que poderia ser oferecido por outras vias. Equipamentos antes de alto prego tornam-se perigosamente acessiveis, como cameras de video, redes de computadores, impresoras de qualidade profissional etc. A elabora~ da vinheta da televisio, com um custo relativo muito superior ao restante da produciio do programa, serve para assinalar a diferenga que o separa daquele MIGUEL, Luis Felipe. O jornalismo como sistema perit, Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 11(1): 197-208, maio de 1999. que seria transmitido por uma rede comunitaria, pirata ou, de forma mais ge- ral, de ndo-profissionais: vale dizer, no-peritos, agentes que ndo possuem os tais saberes especializados dignos de fé. E claro que esta ndio a razdo da existéncia de tal “padrdo de qualidade”, mas um bem vindo subproduto de uma concorréncia que, diante da padronizacao dos contetidos, se faz cada vez mais sobre 0 acessério.) Nio existem solugdes faceis na tarefa de criar uma imprensa mais prépria a um ambiente democratico. Por um lado, seria necessério inverter a tendéncia 4 concentragdo da midia, pulverizando-a em unidades menores, mais préximas dos consumidores e, na medida do possivel, que os envolvessem, Por outro, talvez.fosse preciso romper com um dogma liberal basico — que reconhece apenas individuosna sociedade — e redistribuir os meios de comu- nicagdo entre diferentes grupos representativos. Seja como for, a questo do controle da informagao nao pode mais permanecer fora da pauta daqueles que lutam por sociedades mais democraticas ¢ igualitérias, Recebido para publicagdo em novembro/1998 Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 11(1): MIGUEL, Luis Felipe. Journalism as expert system. Tempo Soci 197-208, May 1999, ABSTRACT: The article analyses the press (understood as news’ diffusion by any means) making use of Anthony Giddens’ concepts in The consequences of modernity. The press is seen as an expert system, that is, a system with technique excellence, whose efficacy depends on the trust of its consumers. From this observation, the article searches to establish the centrality of the press in contemporary political procedures and the defiance it introduces to the democratic order. UNITERMS: press, media, democracy, expert system, MIGUEL, LiFe. O jamal como ssa pert Tempo Soca Re. Soil USP S.Pai, 1(1):197208, mai de REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ABRAMO, Cliudio Weber. (1991) Império dos sentidos: critérios e resultados na Folha de S. Paulo. Novos Estudos Cebrap, Sao Paulo, 31: 41-67. Benramin, Walter. (1986) O autor como produtor. In: Rovner, Sérgio Paulo (org.). Magia e técnica, arte e politica. Sio Paulo, Brasiliense, p. 120-136. Bourniev, Pierre. 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