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Las Rosa
Querido Loureno,
Estou morrendo. Sei disso h um bom tempo, ainda que admitir tal
e com um aperto que se demora em meu peito. Ao fim do dia, ele se acaba
suport-lo.
J a terceira vez nesta tarde que penso em voc, o que decidi tomar
armazm de papai durante todos os dias de uma mesma semana, pensei que
cabe prosa de grandes amores. Ou a cor tragante de seus olhos, sua voz
antes, rachados pelos chinelos de agora, minhas mos trmulas que mal
essa morte, que atualmente se aproxima como um ombro amigo, seja minha
meus dias.
Ter se casado, ter tido filhos? O que fez depois de deixar aquela
algum pela saia para danar, segurado braos que intencionavam fugir?
Ser que minha imagem lhe surge quando seus olhos fitam o horizonte to
aliviar minhas dores com sua beleza, pelos corredores a me escorar entre
Tudo tem sido uma grande espera, e por isso ansiar pelo fim me to
natural. Acho que assim para todo ser humano, mas no costumamos
conversar sobre isso por vergonha de uma repreenso egosta dos nossos.
Sorte que ela no vir de voc - como jamais viria -, se ainda vive com seus
ares de artista contido; o que me deixa confortvel para lhe escrever, para
por fora da convenincia; apesar de ter para si que espero mais por sua
netos. Da minha parte, do pouco que tenho, por outro lado, deixo tudo aos
que ainda espera por muitas canetas e apagadores. Vincius e seus poemas
e livros, alguns que comprei h pouco tempo e nem vou conseguir terminar
compr-los h alguns meses. Entregue para ele, ento, minha caixa de chs,
seus olhos abertos por demais, sua alma lavada - voc gostaria muito dela,
querido, diferentemente do Aurlio, ao que me parece - merecem todas as
quarto. Entregue a ela tambm meu sapato vermelho e meus chapus, ela j
mencionou que sonhou inmeras vezes que os vestia enquanto pintava seus
quadros.
Quanto a voc, fica tudo mais que significa, assim como a memria
que se encontra sulcada em cada uma de minhas rugas, dos cantos da boca
os alunos. E uma gota de cada perfume que me fez sentir bonita naquela
meu amor velado pela dana mascarava aquele que nunca deixei de nutrir
Laura sobre ser um prenncio dessa viagem sem volta que por vezes
aterroriza, por vezes incita a v-la como a aventura na qual jamais pude
Eu, Marta Macedo, confio-lhe todas as estaes do ano por que passei
lucidez. Meus ombros cados. Meu nome dos velhos tempos, meu verdadeiro
Com amor,
Ma!a.