(extrado de Esthtique Thtrale, M. BORIE e outros, SEDES, Paris,
1982)
Louis RICCOBONI
Escute-me eu te ensinarei uma Doutrina que, ainda que ela no seja
aquela de Plato, divina e te convir. Na arte da Representao, a primeira das regras acreditar que tu ests s em meio de mil pessoas E que o Ator que fala contigo o nico que te v, e que somente ele deve entender a verdade de tuas palavras. Quando qualquer pobre diabo interpreta um Prncipe, como um Prncipe que tu deves trat-lo, mesmo que ele seja um aougueiro; Dispe-te ento a escut-lo como se tudo ignorasse suas palavras e acompanha-o em seus pensamentos. (...) E agora ns chegamos a este velho conto de comadre (eu acredito te escutar dizer com nimo) de tua inacreditvel Escola. Sem os olhos, tua palavra est morta; sem os olhos, teu silncio nulo; sem os olhos, o cego caminha perdido. A este dogma do princpio original soma ento a tarefa de ter cem olhos bem desenhados, conforme a Natureza de cem paixes; E quando eles tero sido experimentados, com ajuda do espelho e deles mesmos, tu vers ento mais de mil espectadores aderirem de vez. Sem procurar o arteso, tu o encontrars em ti no menor desejo se consultares sempre teu prprio corao. Ressente o medo e teu olho abatido o expressar; uma grande raiva, teu olho ficar em chamas. A Vergonha dar o horror e a Ironia uma Alegria corrompida, que eu desafio um pintor a reproduzir. O Amor uma doura inegvel, a Preocupao uma tristeza sem dor, a Indiferena um no sei o qu inexplicvel; E aquilo que tu te desgostas ou aquilo que no desejas, a alegria e a dor, se tu os ressentes, eles ultrapassaro o patamar de teu olhar. Pela segunda vez, tu me provocas e me fazes repetir aquilo que eu dissera anteriormente. Eu te deixo, de agora em diante, como Regra Geral.