Você está na página 1de 4

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

JMG
Nº 71002436939
2010/CÍVEL

REPARAÇÃO DE DANOS. AGRESSÃO FÍSICA EM


BAILE DE LOCALIDADE DO INTERIOR. PROVA
QUE INDICA QUE O RÉU, EMBRIAGADO,
DESFERIU UM TAPA OU SOCO NO ROSTO DA
AUTORA, QUE HAVIA SE NEGADO A DANÇAR
COM ELA. FATO OCORRIDO NA PRESENÇA DE
CONHECIDOS. DANO MORAL EVIDENCIADO.
QUANTUM FIXADO CONFORME CRITÉRIO DE
RAZOABILIDADE. RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO.

RECURSO INOMINADO TERCEIRA TURMA RECURSAL


CÍVEL
Nº 71002436939 COMARCA DE TENENTE PORTELA

DULCE HINERASKI RECORRENTE

EDMUNDO WISNIEWSKI RECORRIDO

ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos.
Acordam os Juízes de Direito integrantes da Terceira Turma
Recursal Cível dos Juizados Especiais Cíveis do Estado do Rio Grande do
Sul, à unanimidade, dar parcial provimento ao recurso.
Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes
Senhores DR. EUGÊNIO FACCHINI NETO (PRESIDENTE) E DR. CARLOS
EDUARDO RICHINITTI.
Porto Alegre, 27 de maio de 2010.

DR. JERSON MOACIR GUBERT,


Relator.

RELATÓRIO

1
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

JMG
Nº 71002436939
2010/CÍVEL

A autora buscou reparação moral por suposta agressão (soco


no rosto) ao se recusar a dançar com o réu, em baile na localidade de Alto
Alegre.
O édito singular foi pela improcedência, dada a fragilidade e
contraditoriedade da prova produzida.
Recorreu a autora, alegando ter provado o fato, através de
testemunhas. O réu admitiria a culpa, ao aceitar proposta de transação penal
a partir de termo circunstanciado. Pediu a indenização conforme inicial.
Com contra-razões, vieram para pautar.

VOTOS
DR. JERSON MOACIR GUBERT (RELATOR)
Colegas.
Entendo que merece provimento parcial o recurso.
O conjunto da prova permite concluir que, de fato, por ocasião
do baile na localidade de Alto Alegre, o réu, embriagado, agrediu a autora
com um tapa ou soco no rosto, por ter ela se recusado a dançar com ele. O
evento foi noticiado por duas testemunhas, secundando a versão autoral.
O demandado não negou ter convidado a autora para dançar,
alegando que o fez porque ela estava isolada do resto do grupo, mas ela se
recusou. Disse que "ato contínuo pediu o que estava acontecendo, momento
em que a mesma foi agressiva para consigo" (fl. 18).
A postulante registrou ocorrência policial a partir do fato,
gerando expediente que culminou com a aceitação, pelo réu, de transação
penal oferecida.
Embora a aceitação a proposta de transação penal, pelo autor,
na seara criminal, não gere assunção de culpa (porque é direito público e
subjetivo do autor do fato, segundo corrente com a qual comungo), permite,

2
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

JMG
Nº 71002436939
2010/CÍVEL

ao lado do resto da prova, identificar responsabilidade pelo fato descrito na


inicial.
A decisão recorrida asseverou que as duas testemunhas
arroladas pela autora confirmaram sua versão, mas seriam contraditórias ao
referirem qual o lado do rosto atingido (uma falou o lado direito, outra o lado
esquerdo).
Não vejo, disso, tamanho descrédito dado pelo juízo leigo.
Dependendo da posição em que a pessoa estivesse, alguém poderia
enxergar um tapa no lugar de um soco, sem que daí se depreendesse que o
fato (agressão) não teria ocorrido.
De sua vez, as pessoas que referiram nada ter visto não
prestam para afastar a possibilidade de ocorrência do fato. Em qualquer
festividade (ou evento) em que se verifique algum incidente por certo haverá
quem nada veja, sem que daí se possa dizer que o fato inexistiu.
Todo o lastro probatório indica que o evento se deu, mesmo,
conforme a narrativa exordial.
Entender-se o contrário significaria que houve uma espécie de
complô contra o demandado, envolvendo várias pessoas, o que não é lógico
e nem vem confortado por qualquer outra evidência.
Quanto ao abalo moral, é inerente à agressão física
perpetrada, mormente de um homem contra uma mulher.
A festa, ademais, reunia pessoas conhecidas de ambas as
partes, moradores próximos, aliás, o que aumenta tanto a sensação de dor
como a de humilhação.
Nesse contexto, o abalo à personalidade se mostra evidente,
requerendo reparação de condão extrapatrimonial.

3
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

JMG
Nº 71002436939
2010/CÍVEL

Quanto ao valor, entendo suficiente, como em casos análogos,


o montante de R$ 2.000,00, com IGP-M a partir da publicação deste, mais
juros de 1% ao mês, contados da citação.
Voto por dar parcial provimento ao recurso, condenando o
autor a indenizar a autora, conforme fundamentação supra, sem
sucumbência.

DR. EUGÊNIO FACCHINI NETO (PRESIDENTE) - De acordo com o(a)


Relator(a).
DR. CARLOS EDUARDO RICHINITTI - De acordo com o(a) Relator(a).

DR. EUGÊNIO FACCHINI NETO - Presidente - Recurso Inominado nº


71002436939, Comarca de Tenente Portela: "DERAM PARCIAL
PROVIMENTO AO RECURSO. UNÂNIME."

Juízo de Origem: VARA TENENTE PORTELA - Comarca de Tenente Portela

Você também pode gostar