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Solido!

Quanto tempo ainda tenho que esperar, para receber a sua visita? O tempo
implacvel, indomvel e no espera por ningum. J no tenho o vigor da
adolescncia nem a sade de outrora. Ainda no me acostumei aqui, tudo
estranho, sinto falta do meu cantinho, das crianas... so tantas as
lembranas... imagens que vo se perdendo com o tempo, mgoas e
ressentimentos vo ocupando o seu lugar. Tudo aqui frio, gelado, em nada se
compara, exceto a compaixo dos cuidadores que tentam nos acolher.. tenho
pesadelos noturnos e ningum para me acalentar... quanto tempo ainda tenho
que esperar?

Hoje meu aniversrio, um clima diferente se instala dentro de mim, a


esperana que anda adormecida resolve dar o ar de sua graa, tudo parece
renovado... o dia se passa e nada acontece... nem flores, nem um telefonema
se quer... nada,. Simplesmente, nada! Sei que so muito ocupados, meus
filhos... quem sabe amanh? A desiluso um sentimento que tem forte
presena por aqui, tento me controlar, mas impossvel evitar as lgrimas. s
noites so longas, frias, assustadoras o sono demora chegar, tento no pensar
em mais nada, apenas adormeo.

Ao amanhecer, tento me levantar, no consigo! Aquela a quem me levara aos


mais longnquos lugares, hoje no consegue mais suportar o meu fragilizado
corpo moribundo. Fico a espera de uma alma bondosa que possa me ajudar, a
solido tem sido minha companheira diria, no quero ser sua amiga, apenas
tento suport-la para amenizar o sofrimento. Tenho fome, o caf est sobre o
criado mudo.. j no consigo me alimentar sozinha. Lgrimas a escorrer pelo
rosto cheio de rugas e marcas cicatrizadas pelo tempo.

Amanh ser dia de visitao, tentarei me alegrar, como se para mim fosse,
enxugarei as lgrimas, conterei o choro. Em seu lugar, risos, mesmo que
superficial e ao ouvir o fechar do porto, voltarei minha dura realidade a
espera de ti.

Autor: Queiroz(27/07/16)
Queiroz_smv@hotmail.com

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